CONFEDERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO BRASIL - CSPB, entidade sindical de grau superior, representativa

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1 EXCELENTÍSSIMA SENHORA MINISTRA PRESIDENTE DO EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, CONFEDERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO BRASIL - CSPB, entidade sindical de grau superior, representativa dos servidores públicos, CNPJ nº / , registro sindical nº /93-55, por seu Diretor Presidente, JOÃO DOMINGOS GOMES DOS SANTOS, brasileiro, casado, funcionário público municipal, CPF nº , por seu representante legal, vem, por intermédio de seus procuradores devidamente constituídos, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 102, inciso I, alínea a, da Constituição Federal, e na Lei nº 9.868/1999, ajuizar a presente AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE C/C MEDIDA DE URGÊNCIA

2 em face do artigo. 14 da Lei 2.409/010, do Estado do Tocantins, de origem da Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins, CNPJ / , com sede na Praça dos Girassóis, sem número, centro, Palmas-TO, CEP , sancionada pelo Governo do Estado do Tocantins, CNPJ nº / , na pessoa de seu governador, representado pelo Procurador Geral do Estado, podendo ser encontrado na Quadra 202 Norte, Conjunto 03, Avenida Teotônio Segurado, esquina com a Avenida LO 04, Palmas-TO, CEP , pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. SOBRE O CABIMENTO DA ADI A ação direta de inconstitucionalidade, prevista no art. 102, inciso I, alínea a, da Constituição Federal, tem como objeto a declaração de inconstitucionalidade, em caráter concentrado e abstrato, de lei ou ato normativo federal ou estadual. Sabe-se que as Leis Estaduais sancionadas pelos Governadores de Estado são atos normativos primários, e que produzem efeitos vinculantes desde o momento de sua entrada em vigor.

3 Portanto, a presente Ação Direta de Inconstitucionalidade é plenamente cabível. SOBRE O ATO IMPUGNADO A Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins aprovou a Lei Estadual nº 2.409/2010 lei esta sancionada pelo Governador e publicada no Diário Oficial Estadual em 16 de Novembro de A referida legislação dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Tocantins, onde especialmente em seu artigo 14 possui a seguinte dicção: Art. 14. A remuneração do cargo integrante da carreira de nível superior não poderá ser superior a 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco décimos por cento) do subsídio mensal do cargo de Juiz de Direito Substituto. SOBRE A INCONTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 14 DA LEI Nº 2.409/2010

4 O Requerente entende seu inconstitucional o artigo 14 da Lei nº 2.409/2010 em face do disposto no inciso IX do artigo 9º da Constituição Estadual. Pois bem! Confiram os doutos e cultos Magistrados a desconformidade do disposto no art. 14 da Lei nº 2.409/2010 com a norma contida no inciso XI do artigo 9º da Constituição Estadual, in verbis: a) Lei nº 2.490/2010, art. 14: b) (...). Art. 14. A remuneração do cargo integrante da carreira de nível superior não poderá ser superior a 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco décimos por cento) do subsídio mensal do cargo de Juiz de Direito Substituto. Constituição do Estado do Tocantins, artigo 9º, inciso XI: Art. 9º (omissis). (...). XI a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos, e os proventos, pensões ou outra qualquer espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais

5 ou de qualquer outra natureza, NÃO PODERÃO EXCEDER O SUBSÍDIO MENSAL, EM ESPÉCIE, DOS MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Muito importa consignar-se, por pertinente e oportuno, que a norma transcrita da Constituição Estadual NÃO É COMPATÍVEL, sequer reflexivamente, com as disposições do inciso XI e 12 do artigo 37 da Constituição Federal. Posto assim, confrontando-se as normas legais e constitucionais, forçoso reconhecer que o art. 14 da Lei nº 2.409/2010 contraria o disposto no artigo 9º, inciso XI, da Constituição Estadual, espicaçando-o, sob duplo aspecto, de uma penada só: Quando modifica o cargo-paradigma da remuneração e do subsídio, substituindo a indicação do Ministro do Supremo Tribunal Federal pelo de Juiz de Direito Substituto; Quando, em decorrência da modificação do cargo-paradigma, reduz o valor do teto legal remuneratório do Impetrante estabelecido pela Constituição do Estado, fixando-o em 90.25% do cargo de Juiz de Direito Substituto, tornando, da mesma forma, inútil o disposto no artigo 9º, inciso XV, da Lei Maior Estadual.

6 A instituição de subteto levando em consideração o subsídio do cargo de Juiz de Direito Substituto vai à contra mão de nossa Carta Política, que já prevê o limite levando em consideração o subsídio do Desembargador do respectivo Tribunal de Justiça. É Salutar que somente esta sendo discutido o subteto do Servidor do Poder Judiciário de NIVEL SUPERIOR, já que os demais Servidores já possuem regulamentação própria na mesma Lei Estadual. A aplicação do redutor em relevo, não apenas fere a Constituição Federal, mais também cria desigualdade de vencimento entre os servidores públicos de nível superior, ferindo assim também ao principio da isonomia. SOBRE O PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS O texto constitucional sempre foi categórico ao assegurar a irredutibilidade de vencimentos como um princípio, tanto é verdade que resguardou esse direito tanto para trabalhadores da iniciativa privada, quanto para os servidores públicos.

7 ...Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:... VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;......art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:... XV - o subsídio e OS VENCIMENTOS DOS OCUPANTES DE CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS SÃO IRREDUTÍVEIS, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I;... (grifo nosso) Ao apreciar a aplicabilidade desse princípio constitucional, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL formalizou diversas jurisprudências que se amoldam perfeitamente a violação combatida neste mandado de segurança, senão vejamos: "...A garantia constitucional da irredutibilidade do estipêndio funcional traduz conquista jurídico-social outorgada, pela

8 Constituição da República, a todos os servidores públicos (CF, art. 37, XV), em ordem a dispensar-lhes especial proteção de caráter financeiro contra eventuais ações arbitrárias do Estado. Essa qualificada tutela de ordem jurídica impede que o poder público adote medidas que importem, especialmente quando implementadas no plano infraconstitucional, em diminuição do valor nominal concernente ao estipêndio devido aos agentes públicos. A cláusula constitucional da irredutibilidade de vencimentos e proventos que proíbe a diminuição daquilo que já se tem em função do que prevê o ordenamento positivo (RTJ 104/808) incide sobre o que o servidor público, a título de estipêndio funcional, já vinha legitimamente percebendo (RTJ 112/768) no momento em que sobrevém, por determinação emanada de órgão estatal competente, nova disciplina legislativa pertinente aos valores pecuniários correspondentes à retribuição legalmente devida." (ADI MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em , Plenário, DJ de ) No mesmo sentido: RE AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em , Primeira Turma, DJE de (grifos nossos) "...O princípio da irredutibilidade de vencimentos deve ser observado mesmo em face do entendimento de que não há direito adquirido a regime jurídico. Precedentes." (RE AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em , Segunda Turma, DJ de )... (grifo nosso)

9 "...É firme a jurisprudência do STF no sentido de que a garantia do direito adquirido não impede a modificação para o futuro do regime de vencimentos do servidor público. Assim, e desde que não implique diminuição no quantum percebido pelo servidor, é perfeitamente possível a modificação no critério de cálculo de sua remuneração." (AI AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em , Primeira Turma, DJ de )... (grifo nosso) "...Irredutibilidade de vencimentos: garantia constitucional que é modalidade qualificada da proteção ao direito adquirido, na medida em que a sua incidência pressupõe a licitude da aquisição do direito a determinada remuneração. Irredutibilidade de vencimentos: violação por lei cuja aplicação implicaria reduzir vencimentos já reajustados conforme a legislação anterior incidente na data a partir da qual se prescreveu a aplicabilidade retroativa da lei nova." (RE , Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em , Plenário, DJ de ) No mesmo sentido: AI AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em , Segunda Turma, DJE de ; RE AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em , Segunda Turma, DJE de ; AI ED, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em , Segunda Turma, DJE de ; RE , Rel. Min. Ilmar

10 Galvão, julgamento em , Plenário, DJ de (grifo nosso). No caso em apreço, resta evidente que a aplicação do artigo 14 da Lei na prática, aplica um redutor remuneratório, que resulta em diminuição dos vencimentos de alguns Servidores do Poder Judiciário, prática vedada pelas normas constitucionais, conforme ampla jurisprudência do STF. SOBRE A APLICAÇÃO DA RESOLUÇÃO Nº 13 DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA O Conselho Nacional de Justiça em 21 de Março de editou a Resolução nº 13, que dispõe sobre a aplicação dos tetos remuneratórios e os subsídios dos membros do Poder Judiciário, veja-se: Art. 1º No âmbito do Poder Judiciário da União, o valor do teto remuneratório, nos termos do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal, combinado com o seu art. 93, inciso V, é o subsídio de Ministro do Supremo Tribunal Federal e corresponde a R$ ,00 (vinte e quatro mil e quinhentos reais). Art. 2º Nos órgãos do Poder Judiciário dos Estados, o teto remuneratório constitucional é o valor do subsídio de Desembargador do Tribunal de Justiça, que não pode exceder a 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco

11 centésimos por cento) do subsídio mensal de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Da mesma sorte o artigo 7º da mesma recomendação determinou a regulamentação da matéria: Art. 7º Os Tribunais ajustar-se-ão, a partir do mês de junho de 2006, inclusive, aos termos desta Resolução. Assim, o que se requer é apenas seguir as orientações do Conselho Nacional de Justiça que limitou a aplicação do teto levando em consideração o subsídio do Desembargador do Tribunal de Justiça e não do Juiz de Direito Substituto. SOBRE A TUTELA LIMINAR CAUTELAR Nos termos do art. 10, da Lei nº 9.868/99, o e. STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, tem competência para deferir medida cautelar em sede de ação direta de inconstitucionalidade. O deferimento da medida tem o condão de suspender liminarmente a eficácia do dispositivo impugnado, com efeitos ex nunc, salvo se o Tribunal expressamente

12 entender que deva conceder-lhe efeitos retroativos (art. 11, 1º, da Lei nº 9.868/99). De acordo com o 3º do art. 10 da Lei da ADI, em caso de excepcional urgência, a Corte poderá deferir a liminar sem a audiência das autoridades das quais emanou a norma impugnada. A concessão de liminar em ADI, segundo os ensinamentos do Exmo. Ministro Luís Roberto Barroso, depende da configuração de quatro requisitos: (a) fumus boni iuris; (b) periculum in mora; (c) irreparabilidade ou insuportabilidade dos danos causados pelo ato normativo impugnado; e (d) necessidade de garantir a ulterior eficácia da decisão. No presente caso estão plenamente configurados todos os requisitos. Desta forma, entendemos ser necessário o deferimento da liminar requerida, para que suspenda os efeitos do artigo 14, da Lei nº 2.409/2010 do Estado do Tocantins, em decorrência da contrariedade direta com os dispositivos constitucionais dos artigos 5, caput, 37, caput, inciso XI e parágrafo 12, 102, caput e inciso I e alínea a e 103, caput e inciso IX, bem como a Lei nº 9.868/99 e a Resolução nº 13 do CNJ, que trazem

13 prejuízos de toda ordem aos Servidores de nível superior do Poder Judiciário Tocantinense. SOBRE OS PEDIDOS Diante de todo o exposto, requer-se seja conhecida a presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, tendo em vista o preenchimento de seus pressupostos de admissibilidade, para que: a) Seja concedida medida cautelar para determinar liminarmente a suspensão imediata dos efeitos do artigo 14 da Lei nº 2.409/2010 do Estado do Tocantins, visto que presentes os requisitos, nos termos dos artigos 10 e 11 da Lei nº 9.868/99, até o julgamento final do feito; b) Ao final, seja julgada procedente a presente Ação Direta de Inconstitucionalidade para, ratificando a liminar, declarar a inconstitucionalidade, com redução de texto, do artigo 14 da Lei nº 2.409/2010 do Estado do Tocantins, em virtude das violações à Constituição Federal e demais matérias sobre o tema.

14 A Notificação do Estado do Tocantins e da Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins, em endereços já apresentados, para manifestarem no prazo legal, tudo em conformidade com o artigo 10 da Lei nº 9.868/99. Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais). Espera receber mercê. Brasília, 05 de Julho de Roberto Lacerda Correia OAB-TO nº (assinada eletronicamente)