AGENTES PÚBLICOS (Continuação)

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1 Curso/Disciplina: Noções de Direito Administrativo / 2017 Aula: Agentes Públicos (Parte II) / Aula 10 Professor: Leandro Velloso Monitora: Kelly Silva Aula 10 AGENTES PÚBLICOS (Continuação) Na aula anterior foi dada uma noção conceitual de classificação do regime jurídico dos servidores públicos de modo geral. Você não pode esquecer que o titular de cargo, emprego ou função pública estará vinculado ao conteúdo dos agentes administrativos, que serão titulares de um cargo público efetivo ou de um cargo vitalício. Os cargos efetivos são estatutários, vinculados a um regime jurídico dos servidores públicos civis. Os cargos públicos vitalícios são aqueles que estão vinculados às carreiras típicas do Estado. Os cargos em comissão são aqueles de livre provimento, que ingressam na Administração sem concurso público, e são para atividades de direção, chefia e assessoramento (essas atividades devem estar previstas na legislação). Agora vamos estudar os aspectos constitucionais indispensáveis para qualquer concurso sobre o tema agentes públicos. 1. ACESSO DOS SERVIDORES: A base jurídica é o art. 37, I, da Constituição: I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Assim, o acesso de todos os brasileiros e estrangeiros na Administração Pública sempre se dará por lei. Tecnicamente, toda atividade pública a ser desenvolvida por um servidor tem que ter uma lei. A importância do art. 37, I, da Constituição é que decretos e atos administrativos não podem modificar a estrutura dos atos da administração de modo geral, não vão poder ficar determinando atividades que envolvem grupamento de servidores ou, até, acesso de servidores na Administração. Assim, o acesso à Administração sempre se dará conforme previsão em lei. 2. INVESTIDURA: Página1 A base jurídica é o art. 37, II, da Constituição: II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,

2 ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Investidura é um ato administrativo composto de nomeação e posse (cargo público), ou de convocação e contratação (emprego público). O resultado da investidura é o exercício. A investidura termina com a posse para o cargo público, e com a contratação para emprego público, e garante o efetivo exercício. Então, é a partir da investidura que enxergamos a possibilidade do efetivo exercício para a execução das atividades. As funções de confiança serão desempenhadas, exclusivamente, por titulares de cargo efetivo. Assim, função de confiança só pode ser executada por aquele titular de cargo público efetivo. Então, a função de confiança é uma função acessória, que vai ser ocupada pelo titular de cargo efetivo e que garante ao servidor, até mesmo, uma retribuição pecuniária. 3. DIREITO DE GREVE E LIBERDADE SINDICAL: A base jurídica é o art. 37, VI e VII, da Constituição: VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical; VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Para fins de prova e de acordo com os últimos julgados, a Constituição garante o direito de greve que será exercido nos termos de lei específica. Assim, a Constituição não garante o exercício do direito de greve, o que ela garante é o direito. O STF já rechaçou desde 2009 até este ano de 2017 que nem todo servidor tem o direito de greve, em razão das suas atividades essenciais ao Estado. Ademais, na falta de lei específica, o STF entende que deve ser aplicada a lei geral da greve do setor privado (lei nº 7.783/89). Algumas atividades e carreiras, por serem essenciais a estrutura do Estado, não poderão ser absorvidas pelo direito de greve. Elas envolvem segurança nacional, paz social. Assim, todas as pessoas que estão no art. 144 da Constituição, bem como as forças armadas previstas nos arts. 42 e 142 não estão abrangidas pelo direito de greve da Constituição. Deste modo, qualquer tipo de paralização ou de diminuição do serviço, em certos casos, é vedada em razão da gravidade da atividade prestada. Diferente é a liberdade sindical, que o inciso diz ser livre a sindicalização de qualquer servidor civil. Ou seja, são aqueles servidores que não fazem parte da atividade militar. 4. REMUNERAÇÃO: Página2 A previsão está no art. 37, X ao XV, da Constituição:

3 X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento) XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicandose como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, ) XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo; XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, 4º, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) O agente administrativo recebe um salário base, que é chamado de vencimento. A esse vão ser agregadas outras parcelas pecuniárias (adicional de tempo de serviço, férias, horas-extras, adicional noturno) e, ao final, terá a remuneração. Então, agente administrativo recebe vencimento (base) e o seu somatório, que juntos são a remuneração. Em contrapartida, o agente político tem como base a chamada parcela única mensal, fixada em lei, que é o subsídio. Esse subsídio é o valor considerado pela execução das suas atividades, tendo em vista que ele não tem salário. Aquilo que se agrega no contracheque daquele titular da atividade política, jamais será incorporado, sendo somente um acréscimo pecuniário. Página3 O inciso X do art. 37 da Constituição, traz o teto remuneratório. Ninguém recebe mais que o subsídio mensal do Ministro do STF. O subsídio do agente político ou a remuneração do agente administrativo não pode ser superior ao subsídio do Ministro do STF. Atualmente, muito servidor recebe acima do teto previsto em lei e quando a Administração verifica que está pagando a mais, ela faz glosa, ou seja, diminui a remuneração para atingir o teto remuneratório. No inciso XII, observa-se o chamado direito de paridade, ou seja, os vencimentos pagos aos cargos do Poder Legislativo e Judiciário não podem ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo. Isso significa que não podem

4 ser pagos porque todos devem receber basicamente valores quase que iguais. Assim, existe uma paridade de vencimentos no sentido de que ninguém recebe mais do que o Presidente da República, chefe do Executivo. O inciso XII traz a vedação qualquer tipo de vinculação de qualquer espécie remuneratória. Então, o adicional de tempo de serviço (ATS) da Polícia Federal não pode ser exigido pela Polícia Rodoviária Federal. Ou seja, todos os acréscimos pecuniários de cargos públicos não podem ser vinculados a outros cargos e, muito menos, sofrer qualquer tipo de equiparação. Isso porque o inciso XIII não prevê qualquer tipo de isonomia, ou seja, o titular de cargo público não tem direito a isonomia salarial porque é proibido qualquer tipo de vinculação para fins de equiparação remuneratória. O inciso XIV diz não ser possível acréscimo sobre acréscimo. Ou seja, não é possível ter sobre o terço de férias outro acréscimo. O objetivo é o enxugamento da máquina pública. O inciso XV traz o princípio da irredutibilidade do subsídio ou do vencimento, salvo os aspectos previdenciários e tributários vinculados ao assunto. 5. ACUMULAÇÃO: Previsão está no art. 37, XVI e XVII, e 9º e 10º, no art. 38, III, art. 95 e art. 127, da Constituição: XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001) XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Página4 A acumulação é proibida, salvo as exceções que a Constituição prevê. Assim, a acumulação em cargo público somente é possível em casos excepcionais, previstos na própria Constituição. Leis municipais, estaduais ou federais não podem prever outras atividades que envolvem acumulação. As hipóteses desses incisos trazem

5 dois cargos de professor, ou um cargo de professor e um cargo técnico-científico, ou dois cargos na área da saúde em profissões regulamentadas, ou vereador com o cargo, ou juiz/promotor com magistério. As condições para a acumulação são duas: 1) Observância do teto remuneratório; e 2) Disponibilidade de horário. Essas mesmas regras se estendem para os aposentados e pensionistas da Administração. No 10, em especial, foi destacado a proibição nascida na reforma administrava de 1998, que proibiu a partir daquele momento que servidores pudessem acumular proventos de aposentadoria e pensões objeto de atividade previdenciária pública, ou seja, do setor público, salvo se os cargos que originaram a pensão fossem acumuláveis na Constituição. Assim, dois cargos de professor em que um destes gera pensão para um viúvo, este, caso seja servidor, só poderá acumular a pensão com o cargo se ambos forem acumuláveis de acordo com a Constituição. Isso, por enquanto, não se aplica ao RGPS. O 9º do art. 37 diz que empresa pública e sociedade de economia mista não observam o teto, salvo se ela for dependente. Ou seja, ela recebe dinheiro público para se manter (não para investir) e, em razão disso, a remuneração dos seus servidores tem que obedecer ao teto. Obviamente, isso tem implicação na acumulação. Por outro lado, se a empresa for independente, não será necessária a observância do teto remuneratório e suas consequências. Cabe destacar que a acumulação se refere à área pública, e não à privada. 6. ESTABILIDADE: Está prevista no art. 41 da Constituição: Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) O efetivo exercício após três anos garante a estabilidade do servidor. Logo, faz com que ele seja aprovado no estágio probatório. Existe uma recente possibilidade de mudança do art. 41, que é uma lei complementar que pode vir a ser aprovada. Página5 Alguns estatutos preveem estágio probatório menor. Isso não é um problema, pois a Constituição não traz elementos do estágio probatório, apenas traz a estabilidade, que prevê a perda do cargo somente por sentença judicial transitada em julgado ou por processo administrativo disciplinar.