EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR GESIVALDO NASCIMENTO BRITTO DD. PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR GESIVALDO NASCIMENTO BRITTO DD. PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA, por seus Diretores, vêm, à presença de Vossa Excelência para aduzir e requer o seguinte. I DA QUESTÃO O presente requerimento visa assegurar aos servidores inativos do Tribunal de Justiça da Bahia que a gratificação denominada Vantagem Especial de Eficiência seja paga aos aposentados e pensionistas no mesmo valor estipulado aos servidores ativos. A referida gratificação foi instituída por lei estadual que autorizou o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia a utilizar parte dos recursos arrecadados das custas dos serviços forenses, multas e outras cominações incidentes sobre as custas, para melhoria da remuneração de todos os servidores do Poder Judiciário, a título de estímulo à eficiência, que não será incompatível com qualquer outra vantagem instituída. Em Acórdão lavrado no Mandado de Segurança Coletivo nº concedeu a segurança para:... determinar a autoridade coatora que seja implementado, com imediato reflexo na remuneração dos servidores a incidência do percentual de 18% (dezoito por cento), vigente a partir de , sobre a parcela do adicional de função (Lei Estadual nº 6.355/1991), e sobre a vantagem, denominada 263 (Lei Estadual nº 6.677/1984) e sobre as vantagens instituídas pelas Lei Estadual nº 7.816/2008 e nº 4.967/1989.

2 Ocorre que, a falta de metodologia única para calcular a gratificação resultou em pluralidade de valores atribuídos aos servidores, com variações compreendidas entre R$ 574,38 e R$ 1.609,68. No Processo Administrativo nº TJ-ADM-2014/42528, foi realizada consulta com objetivo de uniformizar a metodologia de cálculo da Vantagem Especial de Eficiência, tendo o Exmo. Presidente fixado o patamar único e individual de R$ 1.117,77: Acolho os Pareceres nº 1.125/2018 e 1.808/2018 em todos os seus termos, os quais ficam fazendo parte integrante desta decisão, para determinar à Diretoria de Recursos Humanos que proceda à revisão dos valores atribuídos à vantagem especial de eficiência (em suas diversas nomenclaturas), fixando-lhe o patamar único e individual de R$ 1.117,77 (hum mil, cento e dezessete reais e setenta e sete centavos). Cumpra-se. Os autos foram encaminhados à Douta Consultoria da Presidência para solucionar os questionamentos, a respeito dos efeitos da decisão, feitos pela Coordenação de Pagamento desse Tribunal: Em virtude do recebimento, por esta Coordenação, do processo administrativo TJ-ADM-2014/42528, no qual contém ordem do Excelentíssimo Desembargador Presidente deste Tribunal, determinando que a vantagem Especial de Eficiência seja fixada em valor nominal e uniforme a todos os servidores do Poder Judiciário, solicito os bons préstimos de Vossa Senhoria, no sentido de providenciar alguns esclarecimentos. No que se refere aos servidores ativos, a correção dos valores relacionados à retro mencionada vantagem, não há nenhuma dúvida, contudo, aos servidores inativos, dúvidas pairam: 1. A decisão se estende aos servidores inativos? 2. Em sendo aplicada a decisão aos inativos, como implementar essa correção, já que alguns forma aposentados pela média, com proventos proporcionais, outros proventos integrais. 3. Havendo redução, pode ser feita sem que os atingidos sejam previamente notificados? 4. Havendo acréscimo, será corrigido o valor da gratificação, ou será pago como diferença? 5. Em ambas as situações anteriores, poderá ser feito, considerando o Decreto aposentador e o correspondente ato homologatório julgado pela Corte de Contas do Estado, em que se basearam nos proventos da época da inativação? Assim, a fim de prevenir responsabilidades, solicito orientação de como proceder sobre os questionamentos acima, a fim de cumprir com segurança a Decisão À fl. 793.

3 Ante a falta de manifestação para dirimir a questão em comento, desde , necessário requerer a concessão da paridade da referida vantagem. II DO PRINCÍPIO DA ISONÔMIA E DA PARIDADE ENTRE OS SERVIDORES ATIVOS E INATIVOS A não concessão da extensão da gratificação aos servidores aposentados, no mesmo valor concedido aos ativos, configuraria manifesta afronta aos princípios constitucionais da paridade e isonomia. A regra constitucional da paridade não se limita ao direito à irredutibilidade do valor nominal dos proventos e à concessão dos mesmo índices de revisão geral remuneratória, abrangendo também ao que se refere a quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade de mesmo nível. Até mesmo porque não existe incompatibilidade entre a natureza jurídica do benefício e a condição de inatividade. Veja-se a redação do art. 40, 4º da Constituição Federal: Art Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.... 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores:... O constituinte entendeu conferir também aos inativos aqueles acréscimos decorrentes de reclassificação ou de reestruturação: reavaliações feitas sobre a estrutura de cargos e carreiras quando o governo entende reapreciar o seu valor. Por vezes, no entanto, essas medidas são resultado de uma longa luta travada pelos servidores no sentido de obter um melhor reconhecimento da sua situação funcional. Alguns se aposentam, antes de ver logrado o fruto dos seus esforços, por essa razão o constituinte estendeu aos inativos os aumentos dessa natureza.

4 O aludido parágrafo não se refere somente ao que o aposentado percebia como salário de servidor público em atividade, mas ao que o Estado lhe pagava como vencimento adicionais e outras vantagens; ou seja, em síntese, os inativos perceberão sempre o que estiverem percebendo os servidores da ativa, em regra. Vale citar o Ministro Marco Aurélio quanto ao tema: A revisão dos proventos da aposentadoria e a extensão aos inativos de quaisquer benefícios e vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade pressupõem, tão-somente, a existência de lei prevendo-os em relação a estes últimos. O silêncio do diploma legal quanto aos inativos não é de molde a afastar a observância da igualação, sob pena de relegar-se a atuação do legislador ordinário como se a este fosse possível introduzir, no cenário jurídico, temperamentos à igualdade. Uma vez editada lei que implique outorga de direito aos servidores em atividade, dá-se pela existência da norma constitucional, a repercussão no campo patrimonial dos aposentados. (STF AgR. : RJ, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 07/05/2013, PRIMEIRA TURMA, Data de publicação: DJ 12/06/2013) Nesse sentido, também aduz o Ministro Luís Roberto Barroso: A regra constitucional da paridade, repito, não garante aos inativos somente o direito à irredutibilidade do valor nominal dos proventos e a à revisão remuneratória geral dada aos ativos, mas sim às vantagens decorrentes de quaisquer benefícios posteriormente concedidos aos ativos, desde que baseados em critérios objetivos. (RE , Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 09/10/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-026 DIVULG PUBLIC ) Portanto, os inativos fazem jus à majoração posteriormente aplicada à remuneração dos cargos que servem de parâmetro para o cálculo de benefícios, ainda que a lei seja omissa a tal respeito. Ante o exposto, requer que a gratificação denominada Vantagem Especial de Eficiência seja paga aos aposentados e pensionistas no mesmo valor conferido aos

5 servidores ativos, contudo, não no mesmo percentual, a contar de 18/06/2018, data em que a vantagem foi recalculada para os servidores em atividade. P. deferimento. Salvador-BA, 29 de março de ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA