RELATÓRIO SOBRE A PESQUISA EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE UM INSTRUMENTO EXECUTIVO INFORMATIZADO INFANTIL: JOGO DAS CARTAS MÁGICAS

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1 RELATÓRIO SOBRE A PESQUISA EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE UM INSTRUMENTO EXECUTIVO INFORMATIZADO INFANTIL: JOGO DAS CARTAS MÁGICAS Aluna: Thais Campinho Orientador: Jesus Landeira-Fernandez Introdução O presente relatório corresponde ao trabalho de campo realizado no ano corrente pelo Departamento de Psicologia da PUC-Rio no intuito de validar um software denominado Jogo das Cartas Mágicas [1], para a avaliação das funções executivas em crianças. As funções executivas são processos mentais superiores, envolvidos no processamento das informações e no gerenciamento das demandas ao nosso redor [2]. Para um bom desempenho nas tarefas escolares, necessita-se de um bom desenvolvimento das habilidades executivas, pois estas englobam aspectos funcionais de motivação, comportamento e sociabilidade. O papel da neuropsicologia nesta pesquisa é fazer uso de medidas quantitativas de desempenho e tecnologias para produção dados que, em conjunto, permitem a observação das relações cérebro-comportamento a partir de conhecimentos na investigação de alterações cognitivas, psicomotoras ou comportamentais associadas a patologias congênitas ou adquiridas. Tendo em vista sua importância, temos que saber avaliá-las, inclusive, para detectar o grau de desenvolvimento e qual o impacto da função executiva nas atividades escolares. A utilização de computadores em testes psicológicos é escassa, embora tal tecnologia esteja em alta. Autores já apontam como vantagens do uso de testes informatizados, tais características: maior precisão na aplicação e correção, armazenamento inteligente de dados, com possibilidade de fácil cruzamento de dados para comparações intertestes e reteste, maior mobilidade de aplicação, além da abragência em aplicar testes mais de uma pessoa por vez [3]. Ademais, os estudos para sua produção em âmbito nacional também é diminuta, sendo esses fatores que trilharam a passagem desta pesquisa.

2 Para este trabalho, visitou-se escolas com alunos de 6 a 9 anos e aplicado avaliações das funções executivas por testes já fidedignos e a validação do jogo, que também foi criado a partir de um método já comprovado em estimar as funções executivas em crianças. Objetivo Evidenciar a validação de uma bateria computadorizada de denominação Jogo das Cartas Mágicas, que visa a avaliação das habilidades executivas em crianças de possuam idades de seis a nove anos, com propósito de verificar a usabilidade desse instrumento computadorizado para avaliação e inovação tecnológica e além de sua convergência com os demais testes aplicados. Ainda, como objetivos secundários, destaco a investigação do processo de desenvolvimento das funções executivas e a análise das possíveis diferenças sob a óticas das variáveis sócio-demográficas, tais como escolaridade e gênero. Metodologia A amostra desta pesquisa compõe-se em crianças de seis a nove anos de idade, de ambos os sexos e estando regularmente matriculadas em instituições de ensino pública e particulares. Para selar a participação na pesquisa, todos os participantes devem preencher os critérios mencionados e, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido em todas as etapas de aplicação. Para manter a uniformidade da amostra, também foram adotados algumas fronteiras na amostra: ausência de dificuldades de aprendizagem, atraso escolar, necessidades sensoriais especiais, transtornos mentais diagnosticados e nem um valor de QI estimado abaixo do percentil 80. Utilizando testes neuropsicológicos como forma de avaliação cognitiva dos sujeitos da pesquisa, com a função de um comparativo com o jogo em questão, pode-se ter a possibilidade de validação e confiabilidade do Jogo das Cartas Mágicas (JCM), podendo ter a evidência da eficácia do instrumento. Para avaliação das funções executivas, seis instrumentos foram utilizados antes do contato da criança com o JCM: 1. Escala Wechsler Abreviada de Inteligência (WASI) fornece informações de conhecimento verbal, processamento de informação visual, raciocínio espacial e

3 não verbal sob contextos de inteligência fluida e cristalizada, além de gerar o valor de QI necessário para a categorização da amostra; 2. Tarefa Stroop, para avaliar a atenção seletiva, controle inibitório e de interferência; 3. Teste dos cinco dígitos (FDT) permite avaliar a velocidade do processamento cognitivo e controle de interferência; 4. Subteste Dígitos das Escalas Wechsler de Inteligência (WISC IV), para ajuizar a atenção e memória de trabalho; 5. Teste de Trilhas avalia a velocidade da atenção, sequenciamento, flexibilidade mental e busca visual e função motora; 6. Teste de Fluência Verbal (FAS), para mensurar a habilidade da memória de trabalho verbal e associação semântica. 7. Inventário de Habilidades (SRSS) mapeia as competências acadêmicas, faculdades sócias e comportamentais sobre a criança. Tal questionário foi aplicado nos participantes e também em seus pais e professores, e depois foram comparados para colher diferentes versões das situações envolvendo a criança. Estes testes foram utilizados pré-etapa do jogo, divididos em duas etapas, para análise do nível das crianças e comparação do desempenho destas em relação ao instrumento computadorizado. O instrumento informatizado JCM baseou-se na tarefa Dimensional Change Card Sort. Possuindo 3 etapas: classificação por cor (12 itens), por forma (12 itens) e por cor e forma (24 itens). O Jogo avalia funções executivas tais como controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva em crianças pré-escolares e escolares. Resultados Os dados apresentados neste resumo, referente ao projeto explicitado, referem-se aos resultados de todos os testes definidos previamente neste relatório. Abaixo contem o produto das aplicações realizadas pela autora deste relatório, enfatizando a entrada de outros resultados levantados por outras alunas de Iniciação Científica na pesquisa. Nesta pesquisa foram avaliadas 14 crianças da Zona Norte do Rio de Janeiro, sendo todas de instituições particulares. As crianças de 6 anos correspondiam a 14,28% do total, sendo a maior parte 64,28% crianças de 8 anos e por fim 21,42% categoriza as crianças de 9 anos. Ressalto que na aplicação do WASI nenhum participante teve um valor de QI abaixo do percentil 80, o que limitaria sua participação na pesquisa. Os resultados obtidos mostraram

4 que 47% dessas crianças obtiveram um QI total mediano, e 35,3% um QI total mediano superior, sendo o restante (10,8%) um QI total superior ou muito superior. Outro teste que obteve resultado curioso foi o Teste de Trilhas que apesar de possuir linguagem simples (domínio do alfabeto português e da ordem de número naturais) seus resultados foram surpreendentes. Em todos os casos, ordenar os números obteve valor maior que ordenar letras, logo, o resultado da associação destas etapas foi tal que 50% correspondiam a categoria Normal, 14,28% a Acima e 35,71% são de categoria Baixo ou Muito Abaixo. Contrastando com os valores da etapa de alternância entre letras e números que obteve 42,85% da categoria Acima e Muito Acima, 42,85% Normal e apenas 2 participantes (14,28%) da categoria Abaixo. Os dados provenientes dos resultados do WASI servem como medida junto com todos testes citados na metodologia para a verificação de validade convergente com o Jogo das Cartas Mágicas. Deste modo, os demais resultados serão apresentados junto com a versão final da pesquisa. Conclusões A avaliação neuropsicológica[4] de tais funções executivas tem ganho destaque acadêmico e pesquisadores tem produzido muito conteúdo acerca do tema enfatizando a importância da associação tecnológica a este estudo. A adesão da informática permite maior rapidez na colheita e na análise de dados, maior gama de estímulos - vantajosa para idades mais ternas- e um controle rigoroso do tempo de reação. Estes fatores, além de limitantes dentro de uma pesquisa quantitativa, ganha um valor sustentável ao diminuir o gasto de papéis para a aplicação dos testes. Como aluna da Graduação de Psicologia, percebo a importância da vivência das teorias aprendidas no curso e como essa riqueza de caminhos também é o alcance que a profissão do psicólogo tem. A pesquisa permitiu um contato com testes psicológicos e a produção de seus dados e o rigor de cada um deles deu segurança no projeto que fazia parte. Destaco também a importância dos professores e pais que foram ponte entre a autora e as crianças ao quebrar a estranheza dos participantes diante de tarefas que nunca antes feitas. Esta relação está quantificada nos resultados de modo positivo. Referências

5 1. PIRES, MOGRABI, FICHMAN. (2016). Evidencias de validade de um instrumento executivo informatizado infantil: Jogo das cartas Mágicas- Neuropsicologia Latinoamericana, 8(1), Doi: /j.tics Instituto Paulista de Déficit de Atenção (site). Acessado em 27 de julho de PERIN, VIERIA (2006). Avaliação Neuropsicológica: o Computador e a Internet como Meios. III PsicoInfo. PUC-SP. 4. LURIA, A. R. (1981). Fundamentos de neuropsicologia. São Paulo: Edusp.