ALICE BEIJA-FLOR. De repente, aquela menina de nove anos dispara perguntas no meio do jantar com a família. Todos à mesa a olham curiosos.

Transcrição

1 PB Episódio #26 Nível II Intermédio (B1-B2) Texto e Voz: Jorge Reis ALICE BEIJA-FLOR De repente, aquela menina de nove anos dispara perguntas no meio do jantar com a família. Todos à mesa a olham curiosos. - Por quê não nasci passarinho? Como pouco, gosto de comer sementes, principalmente as de girassol, adoro observar tudo do alto, amo ficar em cima de árvores e, além disso, minha voz é fina e eu sou pequenininha. Na escola todos ficam piando toda vez que eu faço uma pergunta para a tia. Todos se entreolham e voltam a comer sem dar muita atenção àquela menina estranha com cabelos desarrumados. Sua mãe somente sorri; já está acostumada com a estranhice da filha mais velha. Alice era assim: uma mistura de Pipi Meialonga com Dora, a exploradora. Queria estar em todos os lugares ao mesmo tempo, explorar o mundo, fazer justiça aos fracos e oprimidos (ou frascos de comprimidos, como a mesma gostava de dizer) e jogar futebol com os meninos. Ninguém queria ser do time dela, mas a menina não se importava muito com esse detalhe. O que ela queria mesmo era correr e sentir o vento no rosto misturado com o salgadinho do suor. O que ninguém sabia, ninguém mesmo, era que Alice queria virar um passarinho. De verdade! Mas ela não sabia como. No dia posterior ao jantar ela decidiu começar o plano para virar um passarinho. Começou a pesquisar na internet como era a vida dos passarinhos que ela mais gostava. Conseguiu informação sobre os quatro tipos que achava mais interessantes: colibri, joão-de-barro, periquito e pavão. Mas, como pavão não é passarinho e não voa, a menina mudou de ideia e decidiu não gostar mais desse bicho bobo. Ficou sabendo que o colibri é o único passarinho que voa para trás e que o joão-de-barro constrói o seu ninho com barro de verdade. Porém, depois que leu que este passarinho mata a sua companheira fechando-a lá dentro do ninho e que ele não trabalha aos domingos e nos dias santos, desistiu de gostar dele também. Ao ler sobre os periquitos a menina não achou nada de especial sobre eles. Não sobrou mais nada a não ser tentar virar um colibri. Na verdade gostava mais do nome beija-flor. Isso! Iria virar um beija-flor cor de abóbora, a sua cor preferida.

2 A menina estava pronta para virar um beija-flor. Foi até o jardim e pegou uma flor. Com sua língua tentou tirar o néctar daquele hibiscos vermelho mas não conseguiu nada, nem uma gotinha! Não desistiu. Pegou outra, pois pensou que aquela flor estava vazia. Nada. Pegou doze flores e só um gosto agridoce permaneceu em sua boca. Voltou para casa. - Mãe, quando vai no supermercado? Posso ir junto? Aquela menina não dava tiro no escuro, sabia exatamente o que queria. Voltou para casa com oito caixas de néctar de frutas. E assim a vidinha da Alice continuou. Os pais, tão atarefados que não conseguiam perceber que sua filha só bebia néctar da caixinha. Até que um dia a menina ficou doente. Estava muito fraquinha, coitada. Não tinha forças nem mesmo para virar beija-flor. Não queria contar sobre seus planos para ninguém e, na cama, toda desmilinguida, caiu nas armadilhas do pai psicólogo e, por fim, confessou que queria se tornar um beija-flor cor de abóbora. O pai suspirou, prometeu que não contaria para ninguém se ela o ajudasse a ajudá-la a conseguir o seu plano. Disse que nem todos os sonhos eram possíveis, mas que alguns poderiam ser adaptáveis. Alice concordou, comeu uma sopa de ervilha e voltou a ser feliz. Na semana seguinte, Fernando, o pai da Alice, a levou a uma costureira amiga da família. A costureira pegou todas as medidas da Alice. A menina não entendeu nada, porém confiava no pai. Duas semanas se passaram sem maiores detalhes quando numa tarde qualquer Alice chegou da escola e teve uma surpresa. Fernando havia construído uma casa na árvore do jardim! Uma casa cheia de flores. Dentre elas uma especial: um hibiscos enorme de plástico com um canudo amarelo saindo dele. Do canudo saía água com açúcar e no chão da casa de madeira havia algo extremamente legal: uma fantasia de beija-flor cor de abóbora.

3 GLOSSÁRIO O significado destas palavras neste texto. Disparar perguntas fazer muitas perguntas Semente, a parte da flor e do fruto para sua própria reprodução Piar som produzido pelas aves Tia, a nome pelo qual as crianças tratam a professora primária Entreolhar-se olhar-se entre si Estranhice qualidade de quem é estranho, diferente Oprimir pressionar, afligir Suor, o transpiração Virar um passarinho transformar-se num passarinho Agridoce simultaneamente ácido e doce Néctar de frutas, o suco de frutas Dar tiro no escuro fazer algo sem conhecer ou prever o resultado Atarefado ocupado, com muito para fazer Desmilinguido enfraquecido Armadilha, a plano para enganar Costureiro quem faz roupa Medida, a o tamanho Canudo, o pequeno cano, tubo Fantasia, a máscara, disfarce

4 EXERCÍCIOS I. Ouça o texto e preencha os espaços em branco com as palavras/expressões que faltam neste excerto. De repente, aquela menina de nove anos dispara perguntas no meio do jantar com a família. Todos à mesa a olham curiosos. - Por quê não nasci a)? Como pouco, gosto de comer sementes, principalmente as de girassol, adoro observar tudo do alto, amo ficar em cima de árvores e, além disso, minha voz é fina e eu sou pequenininha. Na escola todos ficam b) toda vez que eu faço uma pergunta para a tia. Todos se entreolham e voltam a comer sem dar muita atenção àquela menina estranha com cabelos desarrumados. Sua mãe somente sorri; já está acostumada com a estranhice da filha mais velha. Alice era assim: uma mistura de Pipi Meialonga com Dora, a exploradora. Queria estar em todos os lugares ao mesmo tempo, explorar o mundo, fazer justiça aos fracos e c) (ou frascos de comprimidos, como a mesma gostava de dizer) e jogar futebol com os meninos. Ninguém queria ser do time dela, mas a menina não se importava muito com esse detalhe. O que ela queria mesmo era correr e sentir o vento no rosto misturado com o d) do suor. O que ninguém sabia, ninguém mesmo, era que Alice queria virar um passarinho. e)! Mas ela não sabia como. No dia posterior ao jantar ela decidiu começar o plano para virar um passarinho. Começou a pesquisar na internet como era a vida dos passarinhos que ela mais gostava. Conseguiu informação sobre os quatro tipos que achava mais interessantes: f), joão-de-barro, periquito e pavão. Mas, como pavão não é passarinho e não voa, a menina mudou de ideia e decidiu não gostar mais desse bicho bobo. Ficou sabendo que o colibri é o único passarinho que voa para trás e que o joão-de-barro constrói o seu g) com barro de verdade. Porém, depois que leu que este passarinho mata a sua companheira fechando-a lá dentro do ninho e que ele não trabalha aos domingos e nos dias santos, desistiu de gostar dele também. Ao ler sobre os periquitos a menina não

5 achou nada de especial sobre eles. Não sobrou mais nada a não ser tentar virar um colibri. Na verdade gostava mais do nome h). Isso! Iria virar um beija-flor cor de abóbora, a sua cor preferida. II. Escolha a resposta correta, de acordo com a informação do texto. a. Alice era uma menina: 1) desarrumada. 2) cansativa. 3) triste. 4) curiosa. b. Ela queria ser um passarinho para: 1) poder fazer ninho. 2) sentir o vento na cara. 3) voar. 4) viver com outros pássaros. c. Decidiu ser um colibri porque: 1) ele é o único pássaro capaz de voar para trás. 2) ele faz o ninho com barro. 3) os periquitos matam as companheiras. 4) era o único dos seus pássaros preferidos que era interessante e bom. d. Ao princípio, seus pais: 1) não perceberam o que se passava. 2) não levaram Alice a sério. 3) não se importaram que a filha não comesse. 4) acharam boa ideia a filha só beber néctar de fruta.

6 e. Por fim, seu pai conseguiu ajudar Alice: 1) explicando que ela não podia ser um passarinho. 2) contribuindo para o seu sonho. 3) fazendo sopa de ervilhas. 4) comprando um beija-flor para a família. III. Preencha os espaços com os verbos entre parênteses no Pretérito Perfeito do Indicativo. a. Alice (perguntar) a seus pais por que não era pássaro. b. Eles não (saber) o que responder. c. Ela (pesquisar) na net sobre passarinhos e (decidir) em qual queria se transformar. d. Alice (deixar) então de comer, passando a beber apenas néctar de frutas. e. Finalmente, ela (ficar) fraca e (adoecer). f. Seu pai (falar) com ela e (dizer) que ela precisava comer. g. Ele (conseguir) convencer sua filha a comer outra vez.

7 IV. Como se chamam estes pássaros? Arara Canário Colibri/Beija-flor João-de-barro Pagagaio Periquito Pica-pau Tucano a) b) c) d) e) f) g) h)

8 V. Complete com a preposição adequada. a de em para a. Eles perguntaram Alice de que pássaro gostava mais. b. Ela gostava várias aves. c. Alice não contou ninguém o que pretendia fazer. d. Sua mãe queria levá-la um médico amigo da família. e. Alice só confiava seu pai.

9 SOLUÇÕES I. a. Passarinho b. Piando c. Oprimidos d. Salgadinho e. De verdade f. Colibri g. Ninho h. Beija-flor II. a. 4) b. 2) c. 4) d. 1) e. 2) III. a. Perguntou b. Souberam c. Pesquisou; decidiu d. Deixou e. Ficou; adoeceu f. Falou; disse g. conseguiu

10 IV. a. periquito b. tucano c. papagaio d. colibri/beija-flor e. arara f. pica-pau g. joão-de-barro h. canário V. a. para b. de c. para d. a e. em