MELHORANDO O PERFIL NUTRICIONAL DE ESCOLARES DE TRÊS ESCOLAS DE GOIÂNIA, GOIÁS

Transcrição

1 MELHORANDO O PERFIL NUTRICIONAL DE ESCOLARES DE TRÊS ESCOLAS DE GOIÂNIA, GOIÁS JOTA, Michelle Godoi Branquinho 1 ; OLIVEIRA, Giovanna Angela Leonel 2 ;CARVALHO, Larisa Franklin de 3 ;SILVA, Débora Mendes 4 ; COSTA, Paulo Henrique Batista dos Santos 5 ; SILVEIRA, Nusa de Almeida 6. Palavras-chave: antropometria, escolar, educação nutricional, perfil nutricional. Introdução Nas últimas décadas, o Brasil tem passado por um processo de transição nutricional. Dados evidenciam uma diminuição da desnutrição no país, mas que varia de intensidade de acordo com a região e o segmento social. Em contrapartida, observa-se que a prevalência de obesidade tem aumentado em todos os segmentos sociais e faixas etárias, decorrente do elevado consumo de alimentos com alta densidade energética e diminuição da prática de atividade física (YOKOTA, 2010). Destaca-se ainda o papel dos meios de comunicação massiva, em especial da televisão, como importantes fatores na determinação do perfil nutricional atual da população brasileira. A alimentação sofreu considerável e perigosa transição, sendo os fast-foods os preferidos, principalmente por parte das crianças. Os lanches saudáveis como frutas e sucos deram lugar a sanduíches calóricos acompanhados de refrigerantes. Os índices antropométricos em crianças servem para avaliar o crescimento destas e indiretamente para caracterizar o estado nutricional da população, ao que se tem chamado de antropometria nutricional (ANJOS, 1988; MONTEIRO, 1986). *Resumo revisado pela coordenadora da Ação de extensão: A Educação em Saúde e a Educação Ambiental como estratégias de Promoção da Saúde do Escolar. Cadastro PROEC/UFG: ICB 84 - Nome da coordenadora: Profª Drª Nusa de Almeida Silveira 1 Acadêmica de Nutrição/UFG bolsista PROEXT - michellegbjnut@hotmail.com 2 Acadêmica de Nutrição/UFG bolsista PROBEC - giovanna_angela@hotmail.com 3 Acadêmica de Nutrição/UFG voluntária - lari_fc@hotmail.com 4 Acadêmica de Nutrição/UFG voluntária - debora_mendes09@hotmail.com 5 Acadêmico de Nutrição/UFG voluntário PROVEC - phbs.nutri1@gmail.com 6 Professora do ICB/UFG nusa@icb.ufg.br

2 A avaliação do estado nutricional em crianças, sendo escolares ou não, são feitas a partir da aferição do peso e da estatura em relação à idade e ao sexo da criança (VASCONCELOS, 2000). Assim a antropometria nutricional no ambiente escolar apresenta-se como importante ferramenta na detecção de desvios do estado nutricional, sendo ponto de partida para a promoção do desenvolvimento de ações educacionais em saúde, voltadas para as políticas públicas, objetivando o crescimento saudável da criança e do adolescente. Diante o exposto o presente estudo tem como objetivo traçar o perfil nutricional de crianças de três escolas da rede pública a fim de identificar desvios no estado nutricional e elaborar estratégias de educação alimentar e nutricional que promovam a aquisição de hábitos alimentares saudáveis e melhora da qualidade de vida entre os escolares. Metodologia Foram selecionadas turmas das escolas que fazem parte do projeto de extensão: A Educação em Saúde e a Educação Ambiental como Estratégias de Promoção da Saúde do Escolar do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG). A equipe que realizou a coleta de dados antropométricos das crianças foi composta por alunos do curso de graduação em Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG), bolsistas e voluntários do projeto de extensão (cadastro na PROEC/UFG: ICB 84). A amostra foi composta por 105 estudantes da Escola Municipal João Braz (EMJB), com idade entre 8 e 11 anos, por 60 crianças do Centro de Educação Infantil Bezerra de Menezes (CEIBEM), entre 1 a 6 anos. Foram inclusos também na análise, os dados de 90 alunos entre 8 e 11 anos, da Escola Municipal Professor Aristoclides Teixeira (EMPAT), que foi incluída no projeto no ano de Foram elaboradas fichas para a anotação de dados dos escolares tais como: data de nascimento, peso (kg) e altura (m). O peso corporal foi aferido utilizando-se uma balança portátil, com capacidade máxima de 150 kg. A altura foi determinada pela utilização de uma fita métrica fixada em parede plana, sem rodapé. Calculou-se: IMC (kg/m²), percentil segundo Estatura/Idade, IMC/Idade e Peso/Idade, através do software WHO Anthroplus A classificação do estado nutricional foi realizada mediante a comparação do

3 conjunto das variáveis do percentil do escolar com os valores de referência da OMS, Os resultados juntamente com a classificação do seu perfil nutricional foram informados para os alunos na semana posterior à coleta de dados. A partir dos resultados da antropometria, estão sendo desenvolvidas neste ano, atividades de educação alimentar e nutricional na EMJB e na EMPAT. As intervenções acontecerão mensalmente. Este trabalho relata a primeira atividade realizada em cada uma das escolas com duração de 40 minutos, na qual se desenvolveu o tema açúcares e hábitos alimentares saudáveis. A equipe elaborou um mural com o tema açúcar o qual foi fixado à parede da EMJB e que no mês seguinte seguirá para a EMPAT. A estratégia utilizada nas escolas foi a Trilha da Saúde, que consistiu em dividir os escolares em quatro equipes, sendo cada uma supervisionada por um monitor. As equipes foram diferenciadas por cores, tendo cada uma o seu peão com a cor correspondente. O dado utilizado na trilha foi confeccionado com papel cartolina e os peões por garrafas pet contendo água corada por anilina, cada uma com a cor correspondente da equipe. Todos os materiais utilizados, incluindo a trilha foram feitos pelos próprios membros do projeto. Cada equipe jogava o dado na sua vez, tendo no decorrer da trilha três possibilidades de jogadas, de acordo com o número sorteado no dado: pergunta, atitude ou número da posição correspondente na trilha. As perguntas foram referentes a alimentos saudáveis, maneiras de melhorar a qualidade de vida e consequências de uma má alimentação. As atitudes reuniram exemplos de más ou boas escolhas que remetiam à alimentação saudável e qualidade de vida; caso fosse feita uma má escolha o peão voltava posições na trilha e se fosse uma boa escolha o peão avançava à frente. O número da posição correspondente na trilha passava a vez da jogada para a próxima equipe. Resultados e Discussão Através da análise de dados verificou-se na avaliação antropométrica, que foram classificadas como eutróficas 84% das crianças do CEIBEM, 73% das crianças da EMJB e 73% das crianças da EMPAT (Figura 1). Nas três escolas o risco de sobrepeso foi o desvio nutricional mais evidente, sendo, 8% no CEIBEM; 9% na EMJB; 10% na EMPAT. Também

4 nota-se nos resultados, a prevalência, de sobrepeso e obesidade entre os escolares, sendo que na EMJB a incidência de obesidade foi igual ao de risco de sobrepeso (9%). Figura 1. Avaliação antropométrica de escolares de três escolas da rede pública de Goiânia. Dados expressos em percentuais. Os alunos classificaram-se em sua maioria como eutróficos, no entanto foi detectado em alguns deles um estado nutricional inadequado. A variável magreza apresentou-se em 2% na EMJB e 4,5% na EMPAT. Os escolares se mostraram empolgados com a atividade de educação nutricional e responderam positivamente, tendo um bom desempenho com as perguntas da trilha. A fase da infância é propícia para a formação de bons hábitos alimentares. É nesta fase que as crianças começam a formar e assimilar os padrões de comportamento alimentar, o que implica na escolha e quantidade de alimentos, horários e ambiente das refeições (ANDERSON, 2004). Este processo inicia-se nesta fase e se estende por todas as demais fases do ciclo de vida (BRASIL, 2003; PÉREZ-RODRIGO, 2001), tornando necessária a prática de educação alimentar e nutricional com os escolares. Pesquisas que utilizaram educação alimentar e nutricional com crianças e adolescentes, como uma das estratégias de intervenção, relataram melhora nos conhecimentos nutricionais, atitudes e comportamentos alimentares, acarretando também mudanças nos hábitos alimentares dos demais membros da família (MULLER, 2001; PÉREZ-RODRIGO, 2001). Conclusões A incidência de inadequação do perfil nutricional em alguns escolares aponta para o risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade o que revela a

5 importância de monitorar, através da antropometria, o crescimento e o desenvolvimento de escolares das escolas participantes do projeto. Há também necessidade de intervenções em educação e saúde, visando: prevenir desvios no estado nutricional; promover o aconselhamento nutricional; melhorar o padrão alimentar; e motivar a prática de atividades físicas, promovendo assim a saúde e a qualidade de vida nas escolas. Referências Bibliográficas ANDERSON, A. S.; PORTEOUS, L. E. G.; FOSTER, E.; HIGGINS, C.; STEAD, M.; HETHERINGTON, M.; ADAMSON, A. J. The impact of a school-based nutrition education intervention on dietary intake and cognitive and attitudinal variables relation to fruits and vegetables.public Health Nutrition, v. 8, n. 6, ANJOS, L. A. Antropometria nutricional: uso de dados de peso e altura na avaliação do estado nutricional de crianças com menos de 10 anos de idade. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Rio de Janeiro, v.2, n. 2, p. 7-16, BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. 2. ed. Brasília, DF., MONTEIRO, C. A.; BENICIO, M. H. D A.; ZUÑIGA, H. P. P.; SZARFARC, S. C. Estudo das condições de saúde das crianças do Município de São Paulo, SP, Brasil, II - Antropometria nutricional. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 20, n. 6, p , MULLER, M. J.; MAST, M.; ASBECK, I.; LANGNASE, K.; GRUND, A. Preventions of obesity - it is possible? Obesity Reviews, v. 2, n. 1, p , PÉREZ-RODRIGO, C.; ARANCETA, J. School-based nutrition education: lessons learned and new perspectives. Public Health Nutrition, v.4, p , 2001 VASCONCELOS, F. A. G. Avaliação nutricional de coletividades. Florianópolis: Editora da UFSC; YOKOTA, R. T. C. et al. Projeto A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis : comparação de duas estratégias de educação nutricional no Distrito Federal, Brasil. Revista de Nutrição, Campinas, v. 23, n.1, p.37-47, FINANCIAMENTO: MEC/Sesu (edital PROEXT 2011).