Alegou, ainda, que os juros cobrados na CDA não ilegais, uma vez que superiores à taxa SELIC.

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1 fls. 193 SENTENÇA Processo Digital nº: Classe - Assunto Requerente: Requerido: Procedimento Ordinário - Crédito Tributário Fazenda do Estado de São Paulo C O N C L U S Ã O Aos quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016, promovo os presentes autos conclusos ao MM. Juiz de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos, Exmo. Sr. Dr.Rafael Tocantins Maltez. Eu, Meire Aparecida Favretto Assistente Judiciário, subscrevi. Vistos. XXXXXXXXXXXX XXXXXX LTDA,ajuizou ação ordinária de anulação de protesto de CDA, com pedido de antecipação de tutela, em face do ESTADO DE SÃO PAULO. Alegou a autora que tomou conhecimento da emissão de título, protestando a CDA nº X.XXX.XXX.XXX, referente à GIA de ICMS de julho/2015, por meio da intimação emitida pelo 2º Tabelião de Protestos de Letras e Títulos de Guarulhos, Estado de São Paulo, com vencimento para o dia 22/12/2015. Sustentou que não há lei específica que dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda. Assim sendo, afirmou ser infundada e arbitrária a atitude da ré de encaminhar a referida CDA para protesto. Apresentou como caução precatório judicial alimentar. Alegou, ainda, que os juros cobrados na CDA não ilegais, uma vez que superiores à taxa SELIC. Pediu seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, para determinar o cancelamento e/ou sustação do protesto da CDA nº X.XXX.XXX.XXX, perante o 2º Tabelião de Protestos de Letras e Títulos de Guarulhos, Estado de São Paulo, com vencimento para o dia 22/12/2015. Ao final, pediu: a) o cancelamento do referido protesto, pois o débito foi quitado por meio do encontro de contas, protocolada em 25/08/2015, com o precatório oferecido, pois houve a compensação; b) o reconhecimento da ilegalidade e inconstitucionalidade do protesto, pelo vício formal da Lei /12; c) a exclusão dos juros superiores à taxa SELIC do débito tributário em questão; d) o cancelamento e ou - lauda 1

2 fls. 194 Sustação definitiva do protesto em questão. A ré apresentou CONTESTAÇÃO a fls. 101/116, alegando, em apertada síntese: a legalidade do protesto da certidão da dívida ativa; a legalidade dos juros com base na taxa média de mercado. Pugnou pela improcedência dos pedidos constantes na exordial. Houve réplica a fls. 123/140. É o relatório. Fundamento e DECIDO. É caso de julgamento antecipado, pois desnecessária a produção de provas, nos termos do art. 330, inciso I do CPC. Inicialmente, quanto ao pedido de cancelamento do referido protesto, sob a alegação de que o débito foi quitado por meio do encontro de contas, com o precatório oferecido, havendo a compensação, não há de ser acolhido, tendo em vista que não houve a compensação tributária de fato, mas apenas o pedido administrativo para compensação a fls. 46/68. No mais, a CDA é título executivo extrajudicial, nos expressos termos do art. 585, VII, do Código de Processo Civil. O Código de Processo Civil, em seu artigo 585, prevê a certidão de dívida ativa como título executivo extrajudicial. A saber: Art São títulos executivos extrajudiciais: (...) VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; O ilustre doutrinador Fábio de Vasconcellos Menna se posicionou em relação à certeza e liquidez de um título executivo extrajudicial:... por declaração expressa da lei, atribui ao credor a certeza do direito para mover o órgão judiciário na forma do processo de execução... (Elementos do Direito Processo Civil; Menna, Fábio Vasconcellos; 6ª edição; São Paulo: Premier Máxima; 2007; pág. 134). Por seu turno, a Lei 9.492/97, a qual disciplina normas referentes aos protestos de títulos aduz o seguinte: Art. 1º- Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Assim, o art. 1º da Lei 9.492/97 permite o protesto de obrigação - lauda 2

3 fls. 195 originada em títulos e outros documentos de dívida. Ante o mencionado acima, comprova-se a licitude do protesto de títulos, o que, por conseguinte, resulta a permissão em nosso ordenamento jurídico a protestar dívida ativa, uma vez que tem natureza de título executivo extrajudicial. Por outro lado, o Município está autorizado a protestar o título, ante o art. 44 da Lei 4.213/93: Art. 44. Ao Departamento do Tesouro, da Secretaria de Finanças, cabe o desempenho das seguintes atribuições específicas: I - supervisão e execução das atividades relativas a: a) guarda de bens e valores do Município; b) Caixa Único do Tesouro Municipal; c) administração da dívida pública interna e externa; d) arrecadação e recolhimento das receitas públicas; e) administração e movimentação de contas bancárias; f) realização dos pagamentos da despesa pública; g) administração das aplicações de disponibilidades financeiras; h) inscrição da dívida ativa; i) acionamento para a cobrança da dívida ativa; j) baixa por pagamento; l) emissão de certidão relativa a tributos. da CDA. A lei Estadual /2008, art. 1º, I e II, também permite o protesto Mister ressaltar que antes de haver o protesto, há a concessão de prazo para que quite o débito. Assim, o protesto acaba por se revelar medida menos gravosa, já que antes mesmo da inclusão do nome do devedor na SERASA, este terá a oportunidade de pagar a dívida, ao passo que no caso de execução fiscal, pelo simples ajuizamento há a comunicação à SERASA, vale dizer, antes mesmo da citação, não havendo, portanto, possibilidade do pagamento antes da inclusão. o protesto da CDA. Dessa forma, sob qualquer ângulo que se analise a matéria, é possível Não discrepa desse entendimento o pronunciamento do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo-1ºTACivSP: PROTESTO - Certidão da dívida ativa da Fazenda Pública - Irrelevância da presunção, disposta no artigo 204 do CTN, de certeza, liquidez e efeito de prova pré-constituída - Admissibilidade da realização do protesto facultativo para prova da falta de pagamento, da mora, do inadimplemento. Ementa da Redação: Tendo-se em vista que a dívida ativa da Fazenda - lauda 3

4 fls. 196 Pública, regularmente inscrita, se presume certa, líquida e tear o efeito de prova préconstituída, de acordo com a previsão do artigo 204 do CTN, a realização do protesto da certidão para prova da falta de pagamento, da mora, do inadimplemento é facultativa. AgIn ª Câm. - j rel. Juiz Cerqueira Leite. ACÓRDÃO - Ementa do Tribunal: Medida cautelar - Sustação de protesto - Título da dívida ativa - IPTU - Documento de dívida passível de protesto - Art. 3º da Lei nº 9.492/97 - Protesto extrajudicial previsto em lei local Admissibilidade - Ato de persuasão e coerção típico de auto-executoriedade dos atos administrativos, menos gravoso e oneroso do que a execução fiscal - Ausência de interesse processual - Extinção ex officio da medida cautelar e agravo prejudicado. Vistos, relatados e discutidos estes autos de AgIn , da Comarca de Araraquara, sendo agravante Prefeitura Municipal de Araraquara e agravada Imobiliária Jeremias Borsani S.C. Ltda. Acordam, em 2ª Câm. do 1º TACivSP, por v.u., de ofício, julgar extinto o processo, prejudicado o recurso. deferiu liminar. Ajuizada medida cautelar de sustação de protesto, o juízo a quo Entretanto, nota-se que o documento apresentado a fls. 77 do processo cautelar em apenso, apenas relata o processo administrativo com o requerimento do parcelamento, não há nos autos provas de que houve o pagamento das parcelas. Isto posto, de ofício, com fundamento no artigo 267, VI, e parágrafo terceiro, do CPC, julga-se extinto o processo cautelar, revoga-se a liminar. Oficie-se ao juiz para a lavratura do protesto. Presidiu o julgamento o Juiz Amado de Faria e dele participaram os Juízes Gonçalves Rostey e Nemer Jorge. São Paulo, 11 de junho de CERQUEIRA LEITE, relator. (Fonte: RT nº 819/ ) Nesse sentido: Sustação de protesto - CDA - Possibilidade de protesto - Inteligência do art. 1º, da Lei 9.492/97, que amplia a competência dos cartórios para protestarem outros títulos de dívida que não sejam apenas cambiais - Existência de Lei Municipal autorizando a Fazenda Pública a enviar a protesto certidões de dívida ativa - Competência do Município para regular os mecanismos extrajudiciais para satisfação do crédito - Sentença mantida - Recurso improvido. (Apelação Com Revisão , Relator(a): Eutálio lauda 4

5 fls. 197 Porto, Comarca: Araraquara, Órgão julgador: 15ª Câmara de Direito Público, Data do julgamento: 21/08/2008, Data de registro: 30/09/2008). g.p. Como posicionado acima, o recurso com a finalidade de suspender os efeitos do protesto foi improvido, tornando evidente a possibilidade de protestar dívida ativa. Bem como: Protesto de certidão de dívida ativa - Suspensão, pelo Presidente do Tribunal de Justiça, da execução de liminares concedidas em medidas cautelares - Presentes os requisitos de manifesto interesse público e necessidade de evitar grave lesão à ordem e à economia públicas (artigo 4º da Lei n , de 30 de junho de 1992) - Não provimento dos agravos.- (Agravo Regimental , Relator(a): Paulo Fernando Lopes Franco, Data de registro: 05/07/2006). Em face dos julgados acima, cristalina é a posição e a permissão da matéria posta nos autos, podendo nestes termos, ocorrer o protesto de certidão de dívida ativa. Ademais, não comprovada a inexistência da dívida a macular a CDA. Mas não é só. Conforme ensinamento de Guiseppe Lumia o ordenamento jurídico não resulta de uma simples justaposição de normas, mas constitui um sistema no qual cada norma recebe totalmente o seu significado da sua relação com as outras normas, à luz das quais é interpretada: ao instrumento teleológico acrescenta-se, portanto, o instrumento sistemático (Elementos de Teoria e Ideologia do Direito, São Paulo: Martins Fontes, 2003, pág. 80). Dessa forma é ferir o sistema permitir-se o protesto de uma dívida de um particular, que somente lhe interessa, e não permitir o protesto de uma dívida pública, cujo pagamento a toda sociedade interessa. Quiçá, como exposto no julgado citado, representa meio eficaz e menos oneroso, para as partes e o Estado, de recebimento dos créditos tributários. Oportuno mencionar que a medida de protesto extrajudicial da certidão de dívida ativa foi admitida pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo no julgamento do Agravo Regimental nº /6-01, por maioria de votos. De outra banda, a questão já foi posta em Ação Civil Pública que tramitou perante a 2ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos (Autos nº 8419/2008), na qual declarou-se a legitimidade do protesto da CDA. Por fim e o mais importante: o protesto da CDA tem amparo legal: Art. 1º da Lei 9.492/97: Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. - lauda 5

6 fls. 198 Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas. (Incluído pela Lei nº , de 2012). Cumpre dizer que, na Cartilha sobre Dívidas Ativas e Execuções Fiscais Municipais, do Tribunal de Justiça de São Paulo, de autoria da Corregedoria Geral de Justiça, 3ª edição atualizada, dispões nas considerações iniciais, item I, subitem 4 o seguinte: O tribunal de Contas do Estado de São Paulo 'entende que é possível que os Municípios enviem a protesto extrajudicial as Certidões de Dívida Ativa, documentos estes hábeis para tanto, nos termos de Lei Federal n 9492/97, auxiliando tal sistemática na otimização da cobrança dos créditos municipais e possibilitando a redução do montante inscrito a esse título' (Tribunal Pleno, TC n /026/10, sessão de ). No mesmo sentido, o Conselho Nacional de Justiça recomenda o protesto de certidão da dívida ativa como meio de agilizar o pagamento de títulos e outras dívidas devidas ao governo, inibir a inadimplência e contribuir para a redução do volume de execuções fiscais ajuizadas, o que resultará na melhoria da prestação jurisdicional e na diminuição dos gastos públicos com a tramitação de ações dessa natureza. ' Pedido de Providências. Certidão de Dívida Ativa. Protesto Extrajudicial. Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Legalidade do ato expedido. Inexiste qualquer dispositivo legal ou regra que vede ou desautorize o protesto dos créditos inscritos em dívida ativa em momento prévio à propositura da ação judicial de execução, desde que observados os requisitos previstos na legislação correlata. Reconhecimento da legalidade do Ato Normativo expedido pela Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro. (CNJ PP relatora Conselheira MORGANA DE ALMEIDA RICHA 102ª Sessão j. 6/4/2010 Dje n 62/2010 em 8/4/2010 pag. 8/9). É verdade que 'A jurisprudência do Superior Tribuna de Justiça tem afirmado a ausência de interesse em levar a protesto a certidão de dívida ativa, título que já goza de presunção de certeza e liquidez e confere publicidade à inscrição do débito de dívida ativa' (AgRg no Ag n /PR, 1ª turma, relator Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, j. 17/5/2011, Dje 25/5/2011). Contudo, se não efetuado o pagameto na fase de cobrança administrativa ou extrajudicial, a CDA pode ser protestada. 'o protesto de certidão de dívida ativa não é necessário, mas também não se diga ser nocivo, dado o caráter público da informação nele contida. Por conseguinte não é razoável cogitar de dano moral in re ipsa pelo simples protesto sa certidão de dívida ativa' (STJ, Resp n /RJ, 2ª turma, relatora Ministra ELIANA CALMON, J. 18/11/2008, dje 15/12/2008). Ao crédito público líquido, certo, exigível e não pago deve-se dedicar o mesmo cuidado normalmente outorgado a créditos particulares representados por títulos executivos igualmente protestáveis. É oportuno lembrar que, para protesto de títulos de crédito e outros documentos de dívida, não são exigíveis custas, despesas e emolumentos do credor ou do apresentante, exceto se ele desistir do protesto e retirar o título ou documento antes da sua lavratura (Lei Estadual n de 29/12/2000)." Ademais, em recente decisão datada de 29/04/2015, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo assim decidiu: - lauda 6

7 fls. 199 PROTESTO DE CDA Por maioria de votos, foi REJEITADA A ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE do art. 25 da Lei nº /2012, que incluiu o parágrafo único ao art. 1º da Lei nº 9.492/1997, que autoriza o protesto de CDA pelo Fisco, permitindo o protesto de Certidões da Dívida Ativa dos entes Federados e das respectivas autarquias e fundações públicas. - ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE nº , Rel. Arantes Theodoro, j. 29/4/2015. Ante o mencionado acima, comprova-se a licitude do protesto de títulos, o que, por conseguinte, resulta a permissão em nosso ordenamento jurídico a protestar dívida ativa, uma vez que tem natureza de título executivo extrajudicial. No presente caso, porém, o protesto da CDA se tornou indevido pela inconstitucionalidade dos juros de mora aplicados, pois o próprio Supremo Tribunal Federal, na ADIN 442/SP, entendeu que o cálculo dos juros, com base na Lei Estadual 13918/2009 é inconstitucional, por prever percentual de juros superiores à SELIC. Cumpre apenas esclarecer que a inconstitucionalidade dos juros de mora aplicados no título em questão NÃO desconstituem o tributo calculado em sua forma simples. No entanto, diante da necessidade de proceder a retificação dos juros de mora aplicados à CDA em questão, é de rigor sustar os efeitos da CDA já protestada. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulados por XXXXXXXXXXXX X XXXXXXXXX XXXX em face do ESTADO DE SÃO PAULO, para cancelar o protesto da CDA nº , perante o 2º Tabelião de Protestos de Letras e Títulos de Guarulhos, Estado de São Paulo, em razão da inconstitucionalidade dos juros aplicados, por serem superiores à taxa SELIC, devendo a ré formalizar nova CDA, aplicando-se somente a taxa SELIC. Torno definitiva a antecipação de tutela concedida. Ante a sucumbência, arcará o réu com as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios que arbitro em R$1.500, nos termos do artigo 20, 4º, do Código de Processo Civil. P.R.I. Guarulhos, 17 de fevereiro de DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI /2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA - lauda 7

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