INCIDÊNCIA DE DANOS POR FRIO NO ARMAZENAMENTO REFRIGERADO DE PÊSSEGOS 0740 SUBMETIDOS A TRATAMENTO TÉRMICO
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1 INCIDÊNCIA DE DANOS POR FRIO NO ARMAZENAMENTO REFRIGERADO DE PÊSSEGOS 0740 SUBMETIDOS A TRATAMENTO TÉRMICO Autores : Thaina Raupp Duarte, Daniela Tomazelli, Catherine Amorin, Bruna Miranda Costa, Dienifer Evaldt Selau, Fernando Cerbaro Palhano, Emilio Della Bruna, Eduardo Seibert. Identificação autores: Daniela Tomazelli Bolsista PIBITI Edital 503; Orientador Eduardo Seibert, IFC-Campus Santa Rosa do Sul. Resumo O brasil produz anualmente aproximadamente 200 mil toneladas de frutas de caroço sendo os pêssegos a principal fruta de caroço produzida. O desenvolvimento de novas cultivares, com menores exigências de frio tem possibilitado, lentamente, o aumento da produção. Em armazenamento refrigerado os pêssegos são muito suscetíveis aos danos por frio, como a lanosidade, que diminui seu tempo em armazenagem com boa qualidade. O trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade pós-colheita das seleções 0740 de pêssego do programa de melhoramento de frutas de caroço da epagri urussanga. Os frutos foram submetidos ao condicionamento térmico antes do armazenamento refrigerado a 0 o c, visando adiar a manifestação de danos por frio. As avaliações ocorreram na colheita e na maturação após a colheita e depois de 7, 14, 21 e 28 dias a 0ºc. Frutos sem o condicionamento térmico constituíram o tratamento testemunha. Os frutos foram avaliados quanto à perda de massa fresca, firmeza de polpa, conteúdo de suco extraível e danos por frio. A perda de massa fresca aumentou com o tempo em armazenamento, apesar do aumento da desidratação em nenhum momento os frutos apresentaram má aparência. A firmeza da polpa diminuiu constantemente durante o armazenamento. O condicionamento levou a uma significativa maior perda de firmeza. O conteúdo de suco diminuiu ao longo do período de armazenagem e o condicionamento térmico não foi eficiente em aumentar ou manter a suculência, seja por medida subjetiva ou objetiva. O condicionamento não foi efetivo em evitar ou adiar a incidência de lanosidade. Introdução A refrigeração é a principal técnica para a preservação da qualidade de frutas e hortaliças após a colheita, reduzindo a velocidade dos processos metabólicos do vegetal, tais como a respiração, a transpiração e a produção de etileno (Vitti et al., 2007). Entretanto, várias espécies de frutas são sensíveis à baixa temperatura, levando há um limite crítico para cada cultivar. Uma vez abaixo deste limite, e dependendo do tempo de exposição, uma série de distúrbios fisiológicos associados ao frio pode se desenvolver (Chitarra e Chitarra, 2005). Os pêssegos e as nectarinas são suscetíveis aos danos por frio. Lanosidade, escurecimento da polpa, retenção de firmeza, baixa suculência, falha no amadurecimento, acumulação de pigmentos vermelhos na polpa e falta de aroma e sabor são sintomas que podem ocorrer em pêssegos após a armazenagem refrigerada
2 prolongada (KLUGE; SCARPARE FILHO; PEIXOTO, 2001). A falta de suculência, a lanosidade, a ausência de aroma e sabor e o fato de nunca amadurecerem normalmente são as principais queixas feitas pelos consumidores em relação a frutas de caroço. Para prevenir os danos por frio que depreciam a qualidade dos frutos, algumas estratégias vem sendo estudadas como a procura por cultivares resistentes, o controle da atmosfera de armazenagem, o uso de bloqueadores de etileno, a aplicação de tratamentos térmicos como o aquecimento intermitente e o atraso na armazenagem refrigerada ou condicionamento (Seibert et al., 2010). O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade pós-colheita de pêssegos da seleção 0740 submetidos a tratamentos térmicos visando evitar ou adiar a manifestação de danos por frio durante o armazenamento refrigerado. Material e Métodos Pêssegos das seleção 0740 foram colhidos no estádio de maturação fisiológica na estação experimental da Epagri, em Urussanga, na safra de Após foram imediatamente transportados ao Laboratório de Pós-colheita do Campus Santa Rosa do Sul do Instituto Federal Catarinense, onde foram higienizados com hipoclorito 0,05%, secados, selecionados e individualizados aleatoriamente em bandejas alveoladas, sendo após aplicado o tratamento de condicionamento térmico. Frutos armazenados em frio logo após a colheita constituíram o tratamento testemunha. Para o condicionamento térmico os frutos foram colocados a 20ºC por 24 horas sendo após armazenados em frio a 0ºC. Os frutos dos dois tratamentos foram armazenados em uma câmara fria a 0ºC dispostos em bandejas alveoladas envoltos por bolsas plásticas e dentro e caixas de papelão. As avaliações ocorreram na colheita e na maturação após 7, 14, 21, e 28 dias de armazenamento. Em cada saída foram avaliados perda de massa fresca (%), firmeza da polpa (N), conteúdo de suco subjetivo e objetivo. A perda de massa fresca (%) foi determinada por diferença de peso entre a instalação do experimento e cada avaliação após armazenagem refrigerada e período de amadurecimento a 20 C. A firmeza da polpa (N) determinada em lados diametralmente opostos com uso de penetrômetro manual equipado com ponteira de 8 mm de diâmetro após remoção da epiderme. O conteúdo de suco subjetivo foi avaliado partindo os pêssegos pela região equatorial em duas metades e apertando uma metade com a mão para classificar
3 visualmente pelo seu grau de suculência em: 0 = sem suculência (sem liberação de suco), 1 = baixa suculência (pouca liberação de suco), 2 = moderada suculência (moderada liberação de suco) e 3 = alta suculência (abundante liberação de suco). O conteúdo de suco objetivo foi realizado através do método de Infante et al. (2009). Com os valores de firmeza da polpa e conteúdo de suco objetivo foi elaborada uma curva de firmeza da polpa versus conteúdo de suco extraível e realizada uma análise de regressão e correlação para frutos colhidos e amadurecidos normalmente sem danos. Esta curva foi base para indicar o padrão de amadurecimento de cada cultivar sem lanosidade. O experimento foi conduzido em delineamento experimental completamente casualizado, com 15 repetições por tratamento e data de avaliação. A unidade experimental foi 1 fruto. A variância dos dados foi analisada pelo programa de análise estatística SISVAR e as diferenças entre as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05). Resultados e discussão A desidratação oscilou entre os dois tratamentos, não estabelecendo um padrão ao longo dos dias (Gráfico I). Houve diferença estatística entre os dois tratamentos em todos os dias de armazenamento. O tratamento testemunha apresentou menores médias em relação ao condicionamento nas saídas de 0, 7 e 21 dias. Aos 14 e 28 dias de armazenamento o tratamento testemunha apresentou médias maiores do que o condicionamento. Gráfico I: Perda de massa fresca (%) em pêssegos 0740 submetidos ao condicionamento térmico e testemunha armazenados por até 28 dias a 0 o C.
4 A variável firmeza apresentou diferença estatística somente nas saídas de 7, 21 e 28 dias, quando o tratamento testemunha mostrou médias mais elevadas. Nos dias 0 e 14 não houve diferença estatística (Gráfico II). Em todos os dias de armazenamento as maiores médias foram obtidas no tratamento testemunha, pois os frutos que compunham este tratamento não permaneceram um dia a temperatura ambiente (20ºC) antes do armazenamento como os frutos do tratamento condicionamento. Como o tratamento condicionamento permaneceu um dia a antes do armazenamento para amadurecimento, acelerou seu metabolismo favorecendo a perda de firmeza da polpa. A firmeza se manteve alta somente até a saída de 7 dias, após decaiu, oscilando pouco entre as saídas. Gráfico II: Firmeza de polpa (N) em pêssegos 0740 submetidos ao condicionamento térmico e testemunha armazenados por até 28 dias a 0 o C. Para a análise de conteúdo de suco subjetivo houve diferença nas saídas de 7 e 28 dias. Nos dias de armazenamento 14 e 21 não se obteve diferença estatística. Para a saída de 0 dias não houve mensuração do suco subjetivo pois os frutos apresentavam alta firmeza, impossibilitando estimar esta variável (Gráfico III).
5 Gráfico III: Suco subjetivo em pêssegos 0740 submetidos ao condicionamento térmico e testemunha armazenados por até 28 dias a 0 o C. O conteúdo de suco avaliado de forma objetiva oscilou entre os dois tratamentos durante todos os dias de armazenamento e isto indica que, por este método de avaliação, o tratamento condicionamento térmico não foi eficiente em aumentar a suculência dos frutos. O tratamento testemunha e condicionamento térmico não apresentaram diferença estatística. Ao longo dos dias de armazenamento a quantidade de suco presente no fruto foi decaindo, para ambos os tratamentos (Gráfico IV). Gráfico IV: Conteúdo de suco objetivo (%) em pêssegos 0740 submetidos ao condicionamento térmico e testemunha armazenados por até 28 dias a 0 o C. Os danos por frio se manifestaram apresentando lanosidade de intensidade baixa a média, não causando danos excessivos aos frutos. A lanosidade é um dano por frio que é um grande problema em frutas de caroço. A lanosidade mostrou maior incidência no tratamento testemunha, e menor no tratamento condicionamento, exceto na saída de 14 dias (Gráfico X). Durante todas as saídas a lanosidade oscilou, não apresentando um padrão específico.
6 Conclusão Pêssegos da seleção 0740 são pouco suscetíveis ao desenvolvimento de danos por frio com o passar do tempo em armazenamento refrigerado. O condicionamento térmico não foi efetivo em evitar a manifestação de lanosidade. Referências CHITARRA, M.I.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2.ed. Lavras: Ufla, p. KLUGE, R.A; SCARPARE FILHO, J.A.; PEIXOTO, C.P. Distúrbios fisiológicos em frutos. Piracicaba: Fealq, 2001a. 56p. SEIBERT, E.; LEAO, M.L.; RIETH, S.; BENDER, R.J. Efeito do condicionamento na qualidade de pêssegos Maciel. Acta Scientiarum Agronomy, Maringá, v. 32, n. 3, p , 2010 VITTI, D.C.C.; KLUGE, R,A.; JACOMINO, A.P.; LIMA, G,P,P.L. Tratamento térmico para controle da Lanosidade em pêssegos Dourados-2 refrigerados. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, v.42, n.12, p , dez
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