Manual de Nutrição Enteral da Comissão de Nutrição Parenteral e Enteral Hospital São Paulo / Unifesp. Atribuições dos Profissionais Enfermeiros
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1 Manual de Nutrição Enteral da Comissão de Nutrição Parenteral e Enteral Hospital São Paulo / Unifesp Atribuições dos Profissionais Enfermeiros 1. Orientar o paciente, a família ou o responsável legal quanto à utilização e controle da TNE 2. Preparar o paciente, o material e o local para acesso enteral 3. Prescrever os cuidados de enfermagem na TNE, no nível hospitalar, ambulatorial e domiciliar. 4. Participar da escolha da via de administração da NE em consonância com o médico. 5. Assessorar o médico na instalação do acesso por estomia, de preferência no Centro Cirúrgico. 6. Proceder ou assegurar a colocação da sonda oro/nasogástrica ou transpilórica. 7. Encaminhar o paciente para exame radiológico para localização da sonda. 8. Assegurar a manutenção da via de administração. 9. Receber a NE e assegurar a sua conservação até a completa administração. 10. Proceder à inspeção visual da NE antes de sua administração. 11. Avaliar e assegurar a administração da NE observando as informações contidas no rótulo, confrontando-as com a prescrição médica. 12. Avaliar e assegurar a administração da NE observando os princípios de assepsia. 13. Detectar, registrar e comunicar a EMTN e/ou o médico responsável as intercorrências de qualquer ordem técnica e/ou administrativa. 14. Garantir o registro claro e preciso de informações relacionadas à administração e à evolução do paciente quanto ao peso, sinais vitais, tolerância digestiva e outros s/n. 15. Garantir a troca do curativo e/ou fixação da sonda enteral, com base em procedimentos preestabelecidos. 16. Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a atualização de seus colaboradores. 17. Elaborar e padronizar os procedimentos de enfermagem relacionados à TNE. 18. Participar do processo de seleção, padronização, licitação e aquisição de equipamentos e materiais utilizados na administração e controle da TNE. 19. Zelar pelo perfeito funcionamento das bombas de infusão. 20. Assegurar que qualquer droga e/ou nutriente prescritos sejam administrados na mesma via da NE, conforme procedimentos preestabelecidos. RESPONSABILIDADES 1. Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a capacitação e atualização de seus colaboradores.
2 2. Treinar a equipe de enfermagem quanto aos princípios de Boas Práticas de Administração da Nutrição Enteral, seguindo uma programação preestabelecida de acordo com as necessidades da unidade, sendo o treinamento registrado em livro próprio. 3. Desenvolver, rever e atualizar os procedimentos relativos ao cuidado com o paciente em TNE. 1. Encaminhar o profissional ao Núcleo de Assistência à Saúde do Funcionário (NASF) ao suspeitar ou confirmar enfermidade e na presença de lesão exposta. RECEBIMENTO DA NE A NE é preparada, armazenada e distribuída pelo Central de Nutrição e Dietética (CND) sendo de responsabilidade do enfermeiro o recebimento desta na unidade nos horários preestabelecidos às 9, 12, 15, 18, 21 e 6 horas para adultos, acrescentando-se para crianças menores a alimentação noturna às 24 e às 3 horas. Neste momento, deve-se verificar a integridade da embalagem e a presença de elementos estranhos ao produto. A CND distribui a dieta na temperatura adequada para ser administrada e não deve ser aquecida nem resfriada na unidade. O rótulo deve especificar o nome do paciente, leito, registro hospitalar, composição qualitativa e quantitativa de todos os compartimentos, volume total, velocidade de infusão, via de acesso, data e hora da produção, prazo de validade, número seqüencial de controle e condições de temperatura para conservação e nome e número do Conselho Profissional do responsável técnico pelo processo. LOCAL DE MANUSEIO DA NE 1. O balcão deve ser revestido de material liso e impermeável evitando acúmulo de partículas e microorganismos e ser resistente aos agentes sanitizantes. 2. Organizar o balcão retirando medicamentos e materiais estranhos à NE. 3. Manter o local e suas adjacências em rigorosa condição de higiene. 4. Limpar o local com água e sabão líquido, secar com papel toalha e, a seguir, desinfetar com álcool etílico. ORIENTAÇÕES AO PACIENTE E FAMILIARES A enfermeira deve orientar: 1. Sobre a terapia enteral seus objetivos e riscos, ressaltando a importância da participação do paciente e da família durante todo o processo 2. Sobre a via de administração da NE, a necessidade da sonda e as possíveis intercorrências que deverão ser comunicadas imediatamente à equipe de enfermagem.
3 BOMBAS 1. Compete à enfermeira treinar a equipe na utilização de bombas infusoras. 2. Compete à enfermeira encaminhar periodicamente as bombas de infusão ao Departamento de Engenharia Biomédica (DEB) para que sejam calibradas e revisadas. Estas manutenções devem ser registradas em livro próprio. 3. A equipe de enfermagem deve limpar e desinfetar diariamente as bombas empregando compressas levemente umedecidas com água e sabão líquido. 2. Antes de instalar a TNE, o profissional de enfermagem deve limpar a bomba de infusão e verificar o funcionamento adequado do equipamento. Monitorização do Paciente - Controlar PA, pulso e temperatura pelo menos a cada 8 horas; - Verificar peso: em neonatos diariamente; em adultos e crianças na primeira semana diariamente, e a partir da segunda semana 3 vezes/semana. Na vigência de retenção hídrica manter verificação diária. - Balaço hídrico: neonatos e pacientes graves diariamente; adultos e crianças estáveis diariamente na primeira semana, e após 1 vez por semana. - Controlar glicosúria ou glicemia capilar: no mínimo duas vezes ao dia - Diurese: em pacientes estáveis diariamente na primeira semana, e após uma vez por semana. - Eliminações intestinais: observar diariamente quanto à freqüência e características. Cuidados Gerais - Proporcionar ao paciente assistência de enfermagem individualizada atendendo suas necessidades humanas básicas e informando-o quanto à sua evolução. - Adotar medidas de higiene e conforto que proporcione bem estar ao paciente, dando atenção especial a higiene das cavidades (oral e nasal). - Estimular atividade física adequada: deambulação, exercícios passivos ou ativos, mobilização no leito.
4 Cuidados com a Via de Acesso SONDAS ENTERAIS Verificar as condições de fixação da sonda e providenciar a troca sempre que necessária. A fixação da sonda deve ser feita com adesivo hipoalergênico evitando pressão sobre a asa do nariz e a tração da sonda. A sonda poderá ser fixada na face evitando-se a área de pilosidade, no nariz ou na testa. OSTOMIAS Realizar o curativo da ostomia diariamente e sempre que necessário com solução fisiológica 0,9% e PVPI, mantendo curativo oclusivo (SPCIH). O local deve ser observado quanto aos sinais de infecção, condições dos pontos de fixação da sonda à pele e extravasamento do conteúdo digestivo. Iniciar medidas de proteção da pele, utilizando curativo de hidrocolóide placa, se houver sinais de extravasamento de conteúdo digestivo pela inserção da sonda Registros O enfermeiro deve registrar na prescrição de enfermagem: - horários para a administração da dieta - o volume de água a ser administrado para a limpeza da sonda - os cuidados com a fixação e curativos das estomias - cuidados de higiene - balanço hídrico: registrar volumes de medicamentos, água e dieta oferecida pela sonda, débito urinário, o volume e o aspecto do resíduo. As intercorrências com o paciente e os dados referentes a TNE deverão ser registradas na folha de evolução do paciente garantindo a disponibilidade de informações necessárias à avaliação do paciente e eficácia do tratamento. Condutas Diante das Complicações ALTERAÇÕES DA DIETA - Não administrar a NE. - Contatar a nutricionista responsável e devolver a NE. - Comunicar o médico.
5 RELACIONADAS À SONDA Em caso de obstrução: - Nunca passar fio guia com a sonda locada. - Tentar desobstruir com água morna e seringa sob pressão. Não obtendo sucesso a sonda deverá ser repassada. Em caso de deslocamento e remoção acidental: - Não administrar dieta sem antes relocar a sonda e confirmar posicionamento, conforme descrito em procedimento de passagem da sonda. COMPLICAÇÕES GASTROINTESTINAIS As complicações inerentes a TNE tais como: distensão abdominal, náusea, vômito, obstipação intestinal, diarréia e/ou mau odor, presença de sangue nas fezes e resíduo gástrico: - Comunicar ao médico e à nutricionista e investigar possíveis causas. Tipos de Sondas para Nutrição Enteral Atualmente existem no mercado sondas de diferentes características que atendem diversas finalidades. As principais características a serem consideradas na seleção de uma sonda são: o material, comprimento e diâmetro, guia, peso, extremidades distal e proximal e visibilidade ao raio X. Material: deve proporcionar conforto e bom desempenho para administração da NE. O silicone e o poliuretano são os materiais mais utilizados, sendo o segundo o de escolha por ser mais resistente ao colabamento e apresentar ótima biocompatibilidade, apesar de ser menos flexível que o silicone. Comprimento: é mensurado em polegadas, uma polegada (inch) eqüivale a 2,45cm. As sondas enterais pediátricas medem entre 50 e 91cm, para adultos entre 91 e 110 cm. A escolha do comprimento se relaciona com a estatura do paciente e a localização da sonda no trato gastrointestinal. Diâmetro: o diâmetro externo é conhecido como OD (outer diameter) é mensurado em French (F), 1F eqüivale a 0,33mm. O diâmetro interno é conhecido como ID (inner diameter). Deve se observar o calibre interno, pois sondas do mesmo OD podem apresentar diferentes ID, dependendo do material de confecção. Na seleção do diâmetro da sonda deve se considerar o tipo e modo de administração da dieta. Em neonatos utiliza-se sonda número 6F, em crianças entre 6F e 10F e em adulto entre 8 e 12 F. Guia: instrumento que facilita a passagem da sonda. Apresenta características que variam de acordo com o fabricante: flexibilidade, pré-inserção na sonda sem danificar a mesma, dispositivo de segurança para impedir o seu deslocamento através dos orifícios na extremidade distal da sonda, pré-
6 lubrificação ou confecção em teflon para facilitar a retirada e dispositivo que permite testar o posicionamento da sonda. Peso: localizado na extremidade distal, tem a função de facilitar a passagem e migração da sonda. O material mais comumente utilizado na fabricação é o tungstênio, mas também pode ser de aço ou silicone. São de forma esférica ou cilíndrica, com peso de três, cinco ou sete gramas. Existem no mercado sondas disponíveis sem peso na extremidade. Extremidade Distal: de formato arredondado com orifícios de saída lateralizados, com finalidade de minimizar o risco de obstrução. Extremidade Proximal: via de entrada da sonda. Suas características estão relacionadas com a praticidade e segurança no manuseio da sonda: dispositivo que permite o encaixe seguro entre a ponta do equipo e a sonda, adaptação de seringas tipo luer, tampa oclusora protetora para a via de entrada. Há sondas disponíveis no mercado que possuem via de entrada separada para administração de medicamento e água. Visualização ao raio X: pode ser total ou através de fio radiopaco. As sondas tipo Levine, apesar de não serem indicadas, ainda são utilizadas para alimentação intragástrica. Quando isso for inevitável deve se atentar para alguns cuidados: não deve ser utilizada quando a locação for pós-pilórica, estar atento ao calibre, esse tipo de sonda requer calibre menor, o polietileno (material da sonda) em meio ácido torna-se rígido e friável, o que contraindica o seu uso por longo período, e deve ser trocada a cada 72 horas (SCIH). Para ostomias realizadas por procedimento endoscópico percutâneo existem no mercado kits específicos para gastrostomia e jejunostomia. O kit compõe-se da sonda e dispositivos necessários para a realização do procedimento endoscópico percutâneo. Para ostomias realizadas por procedimentos cirúrgicos videolaparoscópicos ou convencionais, existem no mercado sondas de silicone específicas para gastrostomias e jejunostomias. Os cateteres tipo Folley, drenos de Mallecot ou de Petzzer ainda são utilizados para gastrostomia, assim como as sondas de polietileno para jejunostomia. Nas gastrostomias os cateteres citados podem ser substituídos após quatro semanas por dispositivos de silicone com válvula unidirecional (button). Enfª Maria das Graças Leite COREN/SP: Set/2004
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