UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGENS

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1 11 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGENS EQUENI S. RIOS PASSOS ESTRUTURA DE INFORMAÇÃO E SINTAXE EM COMUNIDADES AFRODESCENDENTES: tópico e foco Salvador - BA 2016

2 12 EQUENI S. RIOS PASSOS ESTRUTURA DE INFORMAÇÃO E SINTAXE EM COMUNIDADES AFRODESCENDENTES: tópico e foco Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens da Universidade do Estado da Bahia UNEB, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Estudo de Linguagens. Orientadora: Profª. Drª. Lúcia Maria Parcero Salvador BA 2016

3 13 EQUENI S. RIOS PASSOS ESTRUTURA DE INFORMAÇÃO E SINTAXE EM COMUNIDADES AFRODESCENDENTES: Tópico e Foco Data da defesa: Banca Examinadora Profª. Drª. Lúcia Maria de Jesus Parcero - Orientadora Universidade do Estado da Bahia - UNEB Prof. Dr. Carlos Felipe da Conceição Pinto Universidade Federal da Bahia - UFBA Profª. Drª. Norma da Silva Lopes Universidade do Estado da Bahia - UNEB

4 Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. Rm

5 15 AGRADECIMENTOS Minha gratidão ao meu melhor amigo, companheiro, conselheiro, a Você Espírito Santo, minha adoração, meu amor, pelas madrugadas quando eu podia sentir o doce toque da sua companhia. Agradeço ao maior bem que Deus me deu, meus filhos Naor e Roan, joias preciosas, amores da minha vida. Nilton, meu companheiro, pelo incentivo, pelo ânimo, por estar sempre pronto a dissipar as impertinências durante minha jornada acadêmica e por acreditar que eu sempre faria o melhor. Seu apoio foi imensurável. A minha mãe, Genelice, por estar sempre me cobrindo de orações, suas interseções foram o segredo das muitas vitórias alcançadas, mãe. A minha orientadora, prof. Lúcia Parcero, por quem tenho profundo respeito e admiração. Agradeço as sugestões preciosas, os comentários pertinentes, as discussões enriquecedoras, a paciência e confiança depositada em mim, também pela profunda sabedoria de saber escutar as apreensões de uma mestranda. A minha admirável professora Norma, a qual marcou minha vida acadêmica com suas inspiradoras aulas, na especialização. Muito obrigada por me fazer acreditar que eu conseguiria. Você é parte da minha história de conquistas. É com muita honra que agradeço ao professor Felipe Pinto, alguém pelo qual tenho profunda admiração pela competência e humildade, frente a consistente bagagem intelectual. Albete, minha amiga, irmã, sempre presente nos momentos de alegria e risos, e atenta as minhas angústias, divido com você esse momento de vitória, minha amiga. Ao quarteto fantástico, Fernanda, Tania e Daiane, torcedoras fiéis. Amo vocês. A minha família de modo geral, primos e primas que são como irmãos. Vocês alegram minha vida. A vocês colegas do mestrado, pela boa convivência e disponibilidade, em especial Karine pelo grande apoio e acolhimento, você veio para ficar amiga. Deus, muito obrigada por ser real na minha vida, pelo bálsamo derramado nos momentos em que a angústia, a fraqueza, a insegurança e o medo tentaram debilitar minhas certezas e esperanças. A todos que, de alguma forma, estiveram comigo nessa caminha acadêmica.

6 16 RESUMO: Dentre os diferentes fenômenos manifestos na oralidade, por falantes do português afro rural, a proposta seleciona investigar as estratégias de marcação de foco e tópico e os aspectos variáveis sintáticos/discursivos dessas construções realizadas por falantes do português das comunidades rurais afrodescendentes, Boitaraca, Jatimane e Laranjeiras, localizadas na Costa do Dendê-BA, no intuito de identificar os mecanismos como se propagam, a produtividade e a realização sintática que pode provocar maior interferência no português popular brasileiro. A vertente teórica para análise sintática das construções segue a corrente gerativista, na versão da Teoria de Princípios e Parâmetros formalizada por Chomsky (1995). A análise sintática do tópico foi realizada à luz dos estudos de Araújo (2009) e para análise do foco, os pressupostos apresentados por Pinto (2008). A discussão da constituição sócio-histórica do português segue a visão de Lucchesi (2003, 2009), Mattos e Silva (2004, 2008) e Petter (2008). Os resultados mostram que as manifestações de tópico e foco nessas comunidades específicas, podem vir a ser atribuídas à forma de aquisição do PB, bem como a relação de contato dessas línguas na oralidade. Haja vista o foco e o tópico se manifestarem de forma crescente em relação à faixa etária e culminarem em maior número de realizações na faixa etária maior. Palavras-chave: Tópico. Foco. Clivagem. Estrutura da informação. Comunidades afro rural. ABSTRACT: Among the different phenomena manifests in orality, by the Portuguese rural african, the proposal selects investigate strategies for marking of focus and topic and the variable aspects syntactic/discursive of these constructions made by the Portuguese speakers of rural communities afrodescendants, Boitaraca, Jatimane and Orange trees, located on the Dendê Coast-BA, in order to identify mechanisms to spread, productivity and syntactic realization that can cause greater interference in the popular Brazilian Portuguese. The theoretical model for parsing of the buildings follows the current generative, in the version of the Principles and Parameters theory formalized by Chomsky (1995 ). Parsing of the topic was held in the light of Araujo studies (2009) and to focus the analysis, the assumptions presented by Pinto (2008). The discussion of the historical partner of the Portuguese constitution follows the vision of Lucchesi (2003, 2009), Mattos and Silva (2004, 2008) and Petter (2008). The results show that the manifestations of topic and focus in these specific communities, may be attributed to the manner of acquisition of PB, as well as the contact relationship of these languages in orality, considering the focus and topic manifest themselves increasingly in relation to age and culminate in more achievements in older age. Keywords: Topic. Focus. Cleavage. Structure of information. african rural communities.

7 17 LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro Distribuição geral dos informantes 77 Quadro Composição das variáveis 79 Tabela Distribuição das construções de tópico e foco em Jatimane 82 Tabela Distribuição das construções de tópico e foco em Laranjeiras 83 Tabela Distribuição das construções de tópico e foco em Boitaraca 84 Tabela Quantificação geral das construções por faixa etária 84 Tabela Construções gerais de tópicos 89 Tabela Natureza gramatical do tópico 97 Tabela Construção geral das construções de foco 99 Tabela Natureza gramatical do foco 104

8 18 LISTA DE ABREVIATURAS Agr...Sintagma de Concordância CLLD...Deslocamento à esquerda clítica CP...Sintagma complementizador CT...Construções de tópico DE...Deslocamento à esquerda DP...Sintagma determinante ec...categoria vazia (sem realização fonológica) FinP...Sintagma de finitude FocP...Sintagma foco ForceP...Sintagma de força ilocucionária IP...Sintagma flexional LF...Forma lógica L2...Segunda língua PP...Sintagma preposicional QU...Sintagma interrogativo SN...Sintagma nominal SP...Sintagma Preposicional SPEC...Specifier -Especificador SVO...Sujeito verbo objeto Top...Topicalização TopP...Sintagma tópico VP...Sintagma verbal WCO...Cruzamento fraco (weak crossover-wco)

9 19 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 11 2 A PERSPECTIVA GERATIVISTA E A TEORIA SINTÁTICA Formulações gerativistas estendidas A ordem dos constituintes:estrutura sintática e estrutura informacional Tópico e Foco: distintas funções As diferenças sintáticas Tópico: sintaxe e discurso A perspectiva discursiva A perspectiva sintática Tipos de tópico Foco: Posições teóricas Foco: estrutura informacional Foco: estrutura sintática Clivagem 63 3 ASPECTOS SÓCIO-HISTÓRICOS E O PROCESSO DE POLARIZAÇÃO A transmissão linguística irregular A configuração dos fenômenos linguísticos do PB 70 4 ABRAGÊNCIA DO ESTUDO E METODOLOGIA O enquadramento teórico das análises Metodologia Seleção dos informantes A escolha das comunidades Descrição das comunidades Aspectos estruturais dos dados Elementos linguísticos evidenciados 85

10 Apresentação dos dados investigados Foco x clivagem 86 5 ANÁLISE DOS DADOS LINGUÍSTICOS Classificação dos tópicos nos corpora do PB afro rural Topicalização de objeto direto (TOD) Tópico Pendente com Retomada Tópico Cópia Construções tópico-sujeito Tópico Pendente Tópico Duplo Sujeito/com Cópia Topicalização Selvagem Tópico Locativo Deslocamento à esquerda clítica Considerações dos dados para o tópico Apresentação do foco nos corpora Classificação das construções de Foco nos corpora afro rural 99 CONSIDERAÇÕES 107 REFERÊNCIAS 110 INTRODUÇÃO Os estudos relacionados ao português brasileiro têm buscado explicações para o profícuo número de construções da língua e as acentuadas marcas que resultaram na distinção do português europeu (PE). Elucidar o processo de formação, diferenciação e os caminhos traçados pelo português brasileiro (PB), até o atual formato de língua, têm sido uma

11 21 inquietação para estudos embasados em distintas orientações teórico metodológicas e fenômenos associados à interface entre o estatuto sintático e o estatuto informacional dos constituintes periféricos, compreender essa relação é, portanto, poder deslindar a motivação de determinadas estruturas, em especial a aquisição destas com constituintes deslocados da ordem básica da língua, consensualmente SVO. Inclui na proposta desta pesquisa investigar as formas in situ e de inversão em que o argumento do predicador verbal se desloca à periferia esquerda da oração ou alterações que interferem na ordem SVO. As estruturas marcadas em (1) exemplificam a alteração dessa ordem. (1) a. Essa piaçava toda, a gente se mata tentando arrancar.(l-bj.c.s.62) b. A ultima vez que veio aqui, os político só fez enrolar.(b-b.g.72) c. Num volta nunca mais pr aqui, todos que recebeu poposta de trabaio (B.R.O.J.55) Todas as sentenças relacionadas acima exigem uma análise de determinadas condições, como a coexistência de diferentes padrões e propósitos subjacentes às ordens alternativas de arranjo dos constituintes. Todas as sentenças em (1) são estruturas possíveis na língua portuguesa, apesar de não estarem estruturadas na ordem básica. Por convenção, a ordem básica é a ordem neutra de uma língua, aquela que ocorre de forma menos marcada e não procede de uma derivação. Por marcada, entende-se a ordem associada a uma condição, seja de caráter sintático, semântico, prosódico ou pragmático. Não são recentes as inquietações acerca de estruturas comprometidas pela marcação, no PB e distanciadas da ordem básica, nem destas se constituírem como objeto de abordagens científicas e de elucubrações dentro do amplo universo de estudo da língua. O uso da expressão ordem básica implica, diante das produtivas fileiras teóricas, considerar diferentes posições e a possibilidade da existência de análises alternativas, com validade e pertinência aceitáveis. Quadros teóricos alternativos, com frequência, geram análises nem sempre compatíveis à proposta do outro, contudo, a razoabilidade de distintas interpretações torna-se inteligível desde que haja coerência nos pressupostos que o norteia. Atentar para as distintas posições interpretativas no estudo dos dados achados é avançar na compreensão de fenômenos complexos da língua, sobretudo quando há o confronto de dados sincrônicos com registros historicistas, haja vista estes constituírem um imponderável arquivo para explicar como os traços fixados, a partir da convivência de distintas línguas em um mesmo espaço geográfico, alteraram a estrutura linguística do PB nos níveis semântico, fonético, morfológico e sintático, a exemplo da ordem marcada.os estudos de Kato (1989) e Galves

12 22 (1998) demonstram o distanciamento entre o PE e o PB, por meio de realizações de algumas estruturas no PB, não identificadas na variedade do português que o originou o Português Europeu. Muitos dos fenômenos presentes na estrutura corrente do PB estão, comprovadamente, associados a fatores de ordem sócio-histórico-cultural determinantes na configuração do cenário de formação do português. Assevera tal proposição, a aproximação da estrutura linguística do PE com as línguas autóctones e a multiplicidades de línguas aportadas na colônia. Nessa composição multiétnica, a presença do africano na colônia portuguesa ocorreu de forma mais consolidada, definida e duradoura em relação às demais populações. Contudo, asações opressoras do contexto deram origens a espaços de resistência no sistema escorchante, entram no cenário os quilombos,comunidades predominantemente negrasque foram se estabelecendo ao longo das décadas. Fatores particularizantes do processo de modificação do contexto socioculturalrevelam como a história interna de uma língua está intrinsecamente ligada à história de seu povo e aos acontecimentos políticos sociais, determinantes para alterações, mudanças e surgimentos de fenômenos variados no percurso traçado pela língua.dentre os diferentes fenômenos manifestos na oralidade, por falantes do português afro rural, a proposta objetivainvestigar as estratégias de marcação de foco e de tópico, nas comunidades rurais afrodescendentes, Boitaraca, Jatimane e Laranjeiras,eos mecanismos como se propagam, a produtividades e a realização sintática que pode provocar mais interferência no português popular brasileiro. A confluência dos fatores sócio-históricos que contribuíram para o isolamento do africano em comunidades quilombolas foi responsável pela preservação de traços do primeiro século de aquisição do português pelos africanos, a sistematização das construções na variedade usada nessas comunidades poderá revelar diferenças sintáticas existentes em relação à variedade urbana, como as estratégias de foco e tópico. Tendo em consideração que, de modo geral, as construções sintáticas de tópico e foco estão presentesem todas as línguas, e que os tipos de manifestação dessas estruturas se encarregam de fazer a distinção entre as diferentes línguas e suas variedades sociais, a hipótese inicial assenta-se no argumento de que as estratégiasde construção se diferem do português dos centros urbanos em relação à produtividade e às funções sintáticas dos constituintes focalizados e topicalizados, que não são correspondentes entre si, como também não correspondem exatamente às estratégias empregadas nas construções do português urbano.

13 23 A análise das construções será realizada sob a perspectiva sintática e discursiva, a primeira no sentido de analisar o comportamento sintático dos constituintes na sentença; a segunda, para reconhecer os traços do elemento evidenciado na sentença. As funções discursivas tópico e foco se referem ao papel que determinados constituintes desempenham na sentença de algumas línguas e constituem-se como forma, dentre as diversas existentes nas línguas, de fixar a atenção do ouvinte sobre uma parte do enunciado. No entanto, se distinguem uma da outra sob vários aspectos, a focalização sempre incide sobre o constituinte que veicula a informação não compartilhada pelos falantes, enquanto que a topicalização se aplica ao constituinte que veicula a informação compartilhada pelos falantes. Asestratégias de marcação de foco são estudadas porribeiro (2009) epinto (2008)em termos de noção discursiva, pressuposição e não pressuposição, em conformidade com a visão de Zubizarreta (1998),para quem o foco é a parte não pressuposta da sentença. O teste de pergunta e resposta empregado por Chomsky(1977) e Jackendoff (1972) traz a possibilidade de determinar a estrutura focal da sentença, através da bipartição dos componentes focal e pressuposicional. A estrutura focal (assinalada por F ) pode ser melhor explicada através do par pergunta / resposta exemplificado nas sentenças 1 : (2) a. O que aconteceu? b. [ F João comeu a torta]. (3) a. O que João fez? b. João [ F comeu a torta]. (4) a. O que João comeu? b. João comeu [ F a torta]. No par de perguntas e respostas, a resposta constitui a estrutura focal ou parte da asserção que corresponde à substituição do pronome interrogativo. A pressuposição é a parte resultante da substituição do foco por uma variável. Em (2b), o foco cobre toda sentença; em (3b), o predicado; em (4b), o objeto direto. A resposta dada a questão (2a) apresenta-se como um comentário que descreve uma situação a ser totalmente adicionada ao conhecimento do interlocutor e se adequa a um tipo de pergunta correspondente à ideia de ser esta uma informação não compartilhada.em uma situação comunicativa distinta do par 1 Os exemplos foram traduzidos de ZUBIZARRETA, Prosody, Focus, and Word Order. 1998

14 24 pergunta/resposta, o sintagma ou elemento focalizado pode ser identificado a partir do contexto pragmático discursivo, a exemplo de (4b). Para o estudo do tópico, a análise tomará a definição proposta por Araújo (2009, p.232), para quem o tópico consiste como um direcionamento do discurso, sinalizando que o falante pressupõe ser esse constituinte uma informação conhecida do ouvinte. (5) a. Quem a Maria beijou? b. A Maria beijou Rafael. Quando o falante passa essa informação ao ouvinte, este tem conhecimento de quem é a Maria, porém quem ela beijou pode ser ou não conhecido do ouvinte, é a informação não pressuposta. O constituinte Maria relaciona-se ao conhecimento comum na comunicação entre os falantes. A partir da informação pressuposta, o falante elabora o próximo esquema proposicional para o quê pretende dizer.o princípio da informatividade inserido nesse paradigma está relacionado ao conhecimento partilhado entre os interlocutores e é considerado um dos aspectos básicos da organização da linguagem, ocupando o centro das interações entre sintaxe, semântica e pragmática. Preliminarmente, a aplicação desse princípio está direcionada ao estudo do estatuto informacional dos referentes nominais que, devido a seu caráter de interface, interfere na ordenação que cada elemento linguístico assume na sentença. Na perspectiva do fluxo da informação, a sentença tem sua carga informacional organizada em duas partes: uma constituída pelo conhecimento partilhado entre os participantes e carrega a maior parcela da informação; a segunda formada pela parte menor,é encarregada de fornecer a informação não pressuposta e traz o foco da sentença. Nesse contexto, é possível identificar o primeiro referente como predizível e o segundo como imprevisto. Assim, o importe informacional apresenta duas funções pragmáticas: o tópico e o foco. Sistematizar a manifestação dessas duas funções nas comunidades afrodescendentes, na perspectiva deste estudo, poderá contribuir para entender o movimento traçado pela história da língua portuguesa ao longo do tempo, em função do seu contato com as línguas africanas, bem como compreender os elementos condicionadores das manifestações de tópico e foco entre o português afro rural e o português urbano, haja vista existir certas limitações explanatórias nos estudos tradicionais sobre a ocorrência desses fenômenos, uma vez que são postergados alguns aspectos pragmáticos, quando não, se confundem com aspectos estruturais e lógico-semânticos na abordagem dos estudos de sentenças que se distanciam da estrutura

15 25 neutra da língua. As análises devem considerar que determinados fatos sintáticos, em especial aqueles que se referemà conceituação e classificação, dependem do contexto para sercompreendidos, isso significa dizer que devem estar inseridos e ser analisados na sintaxe,tendo em vista a linguagem como comunicação. Os resultados apresentados nesta pesquisa foram extraídos da análise sintática dos tipos de foco e tópico, a função sintática dos constituintes, classificação, maior ou menor frequência dessas construções e as estratégias particularizantes da estrutura sentencial do português nas comunidades em estudo. Tal percurso viabilizou reunir evidências consistentes para uma descrição das similitudes pertinentes à modalidade de língua urbana, as diferentes estratégias e tipos de tópico e foco. A metodologia compreende a construção dos corpora, constituídos por um arquivo de 720 horas de gravações obtidas nas três comunidades: Jatimane, Boitaraca e Laranjeiras, todas localizadas na Costa do Dendê,pertencente ao Baixo Sul, região litorânea da Bahia. O estudo tem como base a vertente da Teoria Gerativa da Gramática, na versão da Teoria de Princípios e Parâmetros formalizada por Chomsky (1995). A análise sintática do tópico dar-se-á luz dos estudos de Araújo (2009). Para análise do foco tomar-se-á os pressupostos de Pinto (2008)e Ribeiro (2009). O aporte para discussão da constituição sóciohistórica do português fundamenta-se nos pressupostos teóricos de Luchessi (2003, 2009), Matos e Silva (2004, 2008) e Petter (2007). A abordagem da pesquisa encontra-se organizada em cinco sessões distribuídas da seguinte forma: Na primeira seção são apresentados os pressupostos teóricos que sustentam o trabalho, objetivos, problemática, procedimentos metodológicos adotados e uma síntese dos resultados. A segunda sessãodiscorre sobre o importe informacional e sua relação com a sintaxe. É organizada uma discussão mais abrangente sobre as principais funções discursivas do tópico e do foco, conceitos e as diferenças sintáticas e semânticas dessas construçõesno âmbito do funcionalismo,e com maior profundidadena vertente teórica da corrente gerativista, na versão da Teoria de Princípios e Parâmetros formalizada por Chomsky (1995).É feita uma revisão tipológica sobre tipos de tópico e foco no PB e suas estratégias de manifestações. Abordo a visão cartográfica de Rizzie Belletti (2008), sobre a existência de duas posições distintas para o tópico e ofoco: o Spec de FocP no CP expandido e Spec de FocP interno ao IP.

16 26 Na seção trêssão revistas questões sócio-históricas sobre a constituição da língua portuguesa brasileira enfocando aspectos fundamentais, como o contato entre língua no seu processo de formação. Na seçãoquatro apresento os pressupostos metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa, a escolha das comunidades para constituição dos corpora, a seleção dos informantes, definição das variáveis dependentes, critérios de seleção dos dados, os aspectos gramaticais dos dados gravados.umsucinto relato histórico das comunidades, os quadros com a distribuição dos informantes e objetos analisados. Na quinta seçãofoi desenvolvida a análise dos corpora,na vertente das teorias expostas no trabalho. São apresentados os resultados das análises, ocorrências das construções de tópico e foco, bem como os tipos e a natureza gramatical dos constituintes mais frequentes nas estruturas encontradas. Por fim, as considerações com uma reflexão sobre as informações consideradas importantes, as construções e tipologias encontradas. 2 A PERSPECTIVA GERATIVISTA E A TEORIA SINTÁTICA O modelo teórico adotado para análise de questões sintáticas das construções em estudo é a corrente gerativista e a teoria da estrutura sintagmática, X-Barra, proposto por Chomsky (2004). Será, portanto apresentada a vertente teórica da pesquisa que dará conta da discussão sobre a organização interna da sentença e dos constituintes.

17 27 Nos postulados dos estudos gerativistas, a sintaxe é um componente autônomo, no sentido de ser governado por suas próprias regras em relação ao componente pragmático, construídas baseadas em princípios e parâmetros que independem do uso. Os princípios são propriedades gramaticais válidas em todas as línguas naturais; os parâmetros são as opções de escolhas e compreendem as possibilidades de variação presentes em todas as línguas (constituição binária). Com vista na ideia de módulos autônomos e o estudo isolado da sintaxe, há de se considerar, no entanto, a existência de pontos de interseção entre os diferentes componentes gramaticais (léxico, fonologia, morfologia e semântica), tendo em vista ser o léxico a fonte da qual a sintaxe retira as palavras para criar os sintagmas e as sentençasque, posteriormente, receberão a leitura fonológica- PF, e uma interpretação semântica básica conhecida como forma lógica-lf, conforme Kenedy (2013). O exemplo esclarece essa relação. (06) a. Pedro ganhar um relógio de ouro. b. Pedro ganhou um relógio de ouro. Ao construir uma sentença com o verbo ganhar, o léxico informa a seleção requerida pelo verboganhar, ou seja, dois argumentos: um comprador e o objeto comprado. A seleção deverá ser condizente com a semântica do verbo. O argumento externo deve ser capaz de receber a ação denotada pelo verbo; e o argumento interno/ complemento, de sofrer a ação de ser entregue. Contudo, em (06a), os itens dispostos são insuficientes para gerar uma sentença, uma vez que o verbo no infinitivo impossibilita a sentença de ser pronunciada. Como o constituinte Pedro atende a propriedade requerida pela flexão do verbo, começam a atuar os componentes interpretativos, o fonológico dita a forma da pronúncia, o semântico a forma de interpretação, resultando na construção de (06b). Até formar tal estrutura, fez-se necessário entrar em ação as regras para posicionar cada item lexical na estrutura, como o sujeito e o complemento, esse comando vem da sintaxe, embora o processo de derivação se mostre autômato, a sentença obedece às regras específicas de organização e constituição da língua. A relação entre o componente fonológico e semântico ocorre por meio da mediação da sintaxe, não é direta, as estruturas ambíguas da língua servem para evidenciar essa relação. (07) a. O professor falou com o aluno parado no corredor. b. O professor falou com o aluno que estava parado no corredor.

18 28 c. O professor, parado no corredor, conversou com o aluno. (08) a. A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos. b. A polícia cercou o ladrão do banco que ficava na rua Santos. c. A polícia cercou o ladrão do banco quando estava na rua Santos. A ambiguidade das estruturas sintáticas em (07a) e (08a) é gerada em função de o componente fonológico interpretar duas estruturas distintas de uma única forma, no entanto, os dois sentidos se evidenciam porque o componente semântico interpreta como duas sentenças distintas, haja vista uma sequência de palavras não exprimir, semanticamente, uma única forma de interpretação. Isso ocorre devido à possibilidade de uma sequência de palavras se estruturarem de distintas maneiras. Os diferentes sentidos possibilitados por essas estruturas podem ser explicados pela forma como os constituintes contíguos podem ser combinados. Dentro dessa vertente dos princípios e parâmetros, o Programa Minimalista e o modelo de derivação por frase, postulado por Chomsky (1995, 2004), respectivamente, defendem a existência de princípios que subjazem à gramática de todas as línguas e propõe ser a faculdade da linguagem composta por um léxico e um sistema computacional - dois componentes interligados. Com base na abordagem dos Princípios e Parâmetros de uma estrutura sintática, hierarquicamente complexa, aprofundou-se a interpretação da organização sintática dos constituintes dentro da sentença. Através da teoria X-Barra, estuda-se a organização sintática estrutural dos constituintes das sentenças, comprovando serem estas formadas por meio de relações lógicas e de associação estabelecida entre os constituintes menores que, associados a outros, constituem a estrutura maior - a oração. No âmbito dessa teoria, a estruturação das sentenças é construída com base nas relações lógicas e na associação entre constituintes menores que, ao se unirem, geram uma estrutura sentencial maior. Conforme Mioto (2007, p. 46), a Teoria X-Barra possibilita representar um constituinte, sendo necessária para especificá-lo quanto à natureza, às relações internas estabelecidas e a forma como se hierarquizam para constituir a sentença. O módulo da gramática que permite representar um constituinte. Ela é necessária para explicitar a natureza do constituinte, as relações que se estabelecem dentro dele

19 29 e o modo como os constituintes se hierarquizam para formar a sentença. (MIOTO, p. 46). Em resumo, a teoria X-barra possibilita entender a organização sintática estrutural dos constituintes da sentença, em especial quando a ordem gerada é resultado de fenômenos que alteram a estrutura básica dos sintagmas da língua. De forma esquematizada, esse modelo de descrição confere uma projeção sintagmática numa estrutura plena (XP) constituída por um núcleo (X) que, ao combinar com o complemento, projeta um nível intermediário (X ). No nível X inserem-se os especificadores formando, por fim, uma projeção plena (XP) 2 XP Spec X X Adjunto X Complemento A representação no esquema demonstra com precisão a organização hierárquica que pode ser maior que X e menor que XP, e faz uma distinção sintática entre o completo e o adjunto. O léxico serve como ponto de partida para as operações sintáticas da teoria e se configura como um repositório encarregado de armazenar o material lexical e funcional da língua, (matrizes de traços formais, fonológicos e semânticos). É do léxico que saem os elementos que serão organizados pelo Sistema Computacional - espécie de máquina mental que gera as expressões linguísticas para dar início às operações. A derivação de cada objeto linguístico acontece, portanto, quando os elementos lexicais são selecionados para formar a numeração- conjunto de itens lexicais convocados para derivação da sentença, uma ocorrência que envolve um conjunto de operações que geram as sentenças. Todos os itens selecionados passam por procedimentos sintático- 2 Tem-se duas projeções, a máxima, do sintagma XP ou X, a projeção intermediária X e seu núcleo X. Existe ainda as posições Spec, adjunto e complemento. A primeira é ocupado pelo sujeito da oração ou por um modificador externo. O complemento encontra-se próximo do núcleo (X); o adjunto posiciona-se ao lado do constituinte intermediário (X ). (MIOTO, 2007, p. 46).

20 30 computacionais, para só então, estruturarem-se em uma expressão linguística pronta para ser articulada nos sistemas de desempenho. A primeira e mais básica das operações do Sistema Computacional é Selecionar, a qual retira de um subgrupo de léxico- a numeração. A segunda é Merge, com finalidade de combinar dois itens lexicais e gerar um objeto mais complexo, como as sentenças não se constituem de palavras isoladas. A operação Juntar (Merge) é a operação que gera objetos sintáticos como os sintagmas, orações e frases, no entanto ela não se aplica apenas aos itens lexicais, mas, a objetos complexos criados por ela mesma. É a operação de concatenação, expressa a recursividade, possui a propriedade de unir dois objetos sintáticos para formar estruturas sintagmáticas maiores e rotula o objeto sintático formado, possibilitando identificar suas propriedades. A terceira operação chama-se Move 3 (mover) que consiste em retirar um objeto de sua posição sintática e deslocá-lo para diferentes posições na frase. É através da operação Move que ocorrem os vários tipos de ordenação dos constituintes na sentença, ou seja, representações sintáticas complexas, como a topicalização. Por último Spell-out 4, o momento em que a derivação é retirada do Sistema Computacional e dividida em duas partes, um ponto de bifurcação, onde a operação Spell-Out inicia o procedimento de separação entre traços fonológicos e traços semânticos, os traços fonológicos são direcionados à Forma Fonética e os traços semânticos à Forma Lógica. As representações advindas da interface se dirigem aos sistemas de desempenho, ou seja, logo após serem desprendidos são despachados para os respectivos componentes da gramática. O esquema ilustrado descreve tais procedimentos operacionais até a estruturação das sentenças. LEXICO depósito de itens de uma língua L NUMERAÇÃO (itens selecionados do Léxico para derivação) 3 Termo inglês que significa mover, deslocar. 4 Significa dividir, separar. Não se configura em uma operação propriamente computacional. (KENEDY, 2013, p. 132)

21 31 COMPUTAÇÃO SINTÁTICA (conectar, copiar, concordar) SPELL-OUT Níveis de interface FORMA FONÉTICA (PF) (Provê instruções fonéticas) FORMA LÓGICA (LF) (Provê instruções semânticas) I - Sistema Cognitivo Sensório Motor (Articulatório-Perceptual) lê informação fonética II - Sistema Cognitivo Conceitual - Intencional lê informação semântica Sistemas de Desempenho No encandeamento, a numeração através do processo de seleção de elementos do léxico para derivação sintática abastece o sistema computacional, o qual produzirá as expressões que serão enviadas ao sistema conceptual-intencional, através de uma interface semântica (Logical Form) e ao sistema articulatório-perceptual através de uma interface fonética (Phonological Form), atendendo assim, o Princípio da Interpretabilidade Plena, ou seja, o conjunto das restrições cognitivas que os sistemas de interface impõem ao funcionamento da linguagem humana. Tal culminância significa que o objeto linguístico satisfez as condições de legibilidade de interface. Obedecidas às condições apresentadas e estando integralmente legível nos dois sistemas, tem-se como resultado a derivação convergente, conforme Chomsky (1995). Todas as línguas geram expressões que veiculam informações no âmbito fonológico e semântico, a fim de servir como instruções para o sistema de desempenho, tal asserção explica porque as informações disponibilizadas nos níveis de representação linguística devem ser interpretáveis e legíveis nas interfaces fonéticas e lógicas. A partir de PF, as representações expressas, fonologicamente, tornam-se legíveis na língua; em LF passa a ser legível a informação necessária à interpretação semântica, a qual exprime as informações de traços semânticos e de traços formais interpretáveis. Informação

22 32 de ordem fonológica não poderá ser lida em LF, assim como a de ordem semântica não poderá ser lida em PF. Assim, esse modelo de derivação prevê duas diferentes formas de computação, a primeira, gera palavras e a segunda gera sentenças, a operação se dá, respectivamente, de dentro e fora do léxico, no caso na sintaxe. Os sintagmas são então construídos obedecendo as duas operações sintáticas básicas, Juntar (Merge) e Mover (Move), em conformidade com requerimentos paramétricos pertinentes a cada língua. Juntar (Merge) exprime as assimetrias de hierarquias existentes nos núcleos lexicais - as relações de complementação (núcleo e complemento), especificação (especificador e núcleo) ou modificação (adjunção).as propriedades do núcleo se projetam na estrutura maior e mostram como o elemento de maior eminência na estrutura determina a posição dos elementos dentro do sintagma. Merge gera uma série infinita de expressões agrupadas hierarquicamente e encarregadas de estabelecer a estrutura argumental de núcleos predicadores, encadeando informações à estrutura, assim viabilizar o movimento de constituintes já alçado à posição mais alta. Em resumo, a constituição da estrutura do sintagma acontece através da interação das propriedades selecionais requeridas pelo núcleo, que seleciona seus complementos e especificadores ligados por Merge, como demonstra o exemplo. (09) VP DP V V DP O menino plantar uma árvore O núcleo plantar c-seleciona um argumento interno (complemento), uma árvore, (constituinte de traço nominal) através da operação sintática Juntar (Merge), o sintagma é formado por Merge do determinante uma ao nome árvore, ambos retirados da numeração. A partir da união do núcleo e do complemento, Merge forma uma projeção intermediária do núcleo, em sequência é concatenado à posição de especificador do núcleo outro item nominal, o argumento menino.

23 33 Por expressar a propriedade da recursividade Merge, a ligação dos constituintes gera uma estrutura mais ampla que será a projeção máxima do núcleo verbal-vp. Ao projetar os núcleos aos respectivos argumentos 5, Merge adjunge elementos à estrutura sintática, diferente do que ocorre com os argumentos, e estende a projeção do núcleo que os seleciona. Na adjunção, um constituinte une-se a um sintagma nominal sem ter sido selecionado por ele, agregando-lhe um elemento não argumental na projeção máxima do constituinte, sem modificá-lo, mas expandindo-o em mais uma camada da mesma natureza categorial, isso resulta no acréscimo de camadas hierárquicas à estrutura. A projeção gerada permanece um XP, caso um argumento se ligue ao núcleo, gera não só uma projeção intermediária desse núcleo, como também a projeção máxima do núcleo, como demonstrado. XP XP Adjunto Arg2 X X Arg1 A forma como Merge opera por projeções de núcleos ou outros elementos faz com que os sintagmas tenham diferentes estatutos na construção da sentença. Dentro dessa organização estrutural de concatenação dos elementos, se distinguem as relações hierárquicas entre os itens lexicais: especificação e complementação, estabelecidas por argumentos de um núcleo, e a adjunção, por elementos não selecionados por um núcleo. Por fim, a estrutura hierárquica adquirirá uma forma fônica em conjunto a um correspondente semântico, a derivação resultará em instruções para o sistema de desempenho. Em linhas gerais, esses são os pressupostos da corrente teórica que darão suporte as análises que se propõe a pesquisa, sobre as estruturas linguísticas do PB que o distanciou do PE. A natureza da pesquisa se estende aos aspectos sintáticos do objeto, e a proposta de estudo está com maior profundidade ligada ao mecanismo da computação sintática proposto pelo gerativismo, o qual se sustenta em operações do tipo Merge, de concatenação. Neste 5 Para Kato e Mioto (2009), uma vez que núcleos têm projeções máximas, o número de argumentos por eles selecionados se limita a três. Dentro da estrutura oracional, o verbo é o predicador de maior eminência podendo apresentar de três a quatro argumentos, para Raposo (1992, p. 275), não é possível ter predicadores que comportem de quatro a cinco argumentos.

24 34 segmento, as considerações contidas na gramática gerativa não podem ser postergadas quando se trata de investigar constituintes que aparecem deslocados da estrutura básica do PB, como as funções discursivas tópico e foco, e os mecanismos sintáticos envolvidos para a derivação dessas sentenças marcadas. Araújo (2008, p. 23) cotejando algumas posições teóricas, como a de Chomsky (2004), na qual a estrutura da informação faz parte do componente gramatical, a autora pontua que defender que a estrutura da informação faz parte do componente gramatical implica considerar que os constituintes já entram na computação sintática com algum traço para ser verificado na interface da sintaxe com o discurso. Assim, quando os itens lexicais entram na computação sintática, são checados os traços s-seleção ligados ao papel temático. A estrutura de uma frase apresenta, portanto, uma complexidade mais extensa do que aparentemente se vê, há de se considerar que a construção de uma sentença não se limita apenas aos componentes estruturais, comumente analisados, como o fonológico, sintático e semântico. Agrega-se a essa proposição, a inter-relação desses componentes, a hegemonia exercida de um sobre os demais, bem como, os efeitos discursivos pretendidos por essas construções. 2.1 Formulações gerativistas estendidas Como a proposta da pesquisa é sobre as funções discursivas foco e tópico, mapeadasdentro da cartografia sentencial da gramática gerativa, e mais especificamente, no quadro dateoria de Princípios e Parâmetros de Chomsky (2004), considera-se interessante realizar uma breve explanação sobre a cartografia sentencial desenvolvida por Rizzi (1997) e Belletti (2001), ou seja, a posição ocupada por constituintes na estrutura da sentença. Nas formulações de estudos gerativistas, Mioto (2001), Rizzi (1997) e Belletti (2001), analisando a propriedade de recursividade expressa por Merge, entendem que a ligação dos constituintes gera uma estrutura mais ampla que será a projeção máxima do núcleo verbal-vp. Ao projetar os núcleos aos respectivos argumentos, Merge adjunge elementos à estrutura sintática, diferente do que ocorre com os argumentos, e estende a projeção do núcleo que os seleciona.

25 35 Rizzi (1997) fundamentada nos estudos de sentenças com estruturas interrogativas, no italiano, expande o CP 6 com base em constituintes tópico e foco e propõe uma projeção para a categoria sintagmática CP que seria partida em núcleos funcionais, ou seja, formado por vários constituintes que atuam por meio de dois subsistemas. O primeiro ForceP/FinP 7 se caracteriza por apresentar propriedades estruturais e estabelece a relação entre o CP e as estruturas inferiores e superiores; o segundo, TopP e FocP, relacionado a essa análise, estabelece posições de especificador para alojar o tópico e o foco, correspondem respectivamente às informações tópico-comentário e foco-pressuposição. Nas extremidades localizam-se as projeções ForceP e FinP que encerram o sistema CP. A categoria ForceP codifica o tipo de sentença (declarativa, interrogativa, exclamativa e relativa, dentre outras). Nessa mesma proposta, Mioto (2001) explica que no PB, a distinção entre uma sentença declarativa simples e uma interrogativa é realizada a partir do CP, sem, contudo ser evidenciado a presença de algum elemento que expresse esse domínio, como exemplificado. (10) a. Tereza viajou para Europa. b. Tereza viajou para Europa? As estruturas em (10) possuem segmentos idênticos, a distinção recai sobre a entonação marcada pela alteração no final do enunciado de (10b), no qual a informação fonológica é codificada por ForceP (especificação de força) inserido no CP (abstrato). Ocorre então a codificação sequenciada pela distinção entre a sentença declarativa e a interrogativa.as categorias ForceP e FinP são formadas, assim, pela relação estabelecida com a estrutura superior, que nas encaixadas é a sentença matriz, e nas matrizes o discurso prévio. Os exemplos extraídos de Mioto (2001) explicam a relação. (11) a. O João perguntou [ForceP onde (que) a Maria encontrou o Pedro]. b. # O João perguntou [ForceP que a Maria encontrou o Pedro no cinema]. a. O João acha [ForceP que a Maria encontrou o Pedro no cinema]. b. *O João acha [ForceP onde (que) a Maria encontrou o Pedro]. 6 Assim como Rizzi (1997) expande o CP, Belletti (2001) trabalha com a expansão do IP e interpreta que diferentes posições podem estar associadas à área interna do IP, e são preenchidas pelo tópico e foco. 7 ForceP/FinP- Sobre esse subsistema,zanfeliz (2002, p.28) o caracteriza por apresentar propriedades estruturais e tratar das relações entre o sistema CP e os sistemas mais altos, sentenças matrizes ou a articulação com o discurso, e classifica o tipo da sentença (declarativa, interrogativa, relativa, clivada, etc). FinP está relacionado com a especificação de tempo do sistema IP mais baixo e conecta o sistema CP com o sistema IP, codificando as informações que determinam a finitude da sentença.

26 36 A categoria ForceP comanda o encaixe das interrogativas em (11a), e as completivas em (11b). Nas sentenças em (11a-a ), perguntar subcategoriza um ForceP interrogativo; (11b ) expressa um ForceP declarativo; em (11b-b ), achar subcategoriza um ForceP declarativo; (11a ), atende a condição anterior, o que não acontece em (11b ) que possui um ForceP interrogativo. Além de conter os sintagmas de Força e Finitude, insere-se ainda na camada complementizadora, os sintagmas de Tópico (TopP) e de Foco (FocP), em consonância com a hierarquia proposta por Rizzi: ForceP>TopP>FocP>TopP>FinP>IP. Pinto (2010, p.105) explica que aproposta de Rizzi (1997) assume as projeções de TopP e FocP apenas quando há a presença do elemento discursivo, já as projeções ForceP e FinP, estas são obrigatórias, ou seja, os sistemas Força e Finitude são imprescindíveis ao sistema complementizador, já as categorias tópico e foco necessitam ser evocadas para se fazerem presentes, caso isso ocorra, ficarão entre os sistemas Força e Finitude. Para a categoria TopP, o exemplo dado por Rizzi(1997, p.286), através do esquema X-barra seria: (12) [ T Os meninos], eles ficaram na piscina. TopP XP Os meninos (Tópico) Topº Top YP elesi ficaram na piscina (Comentário) O constituinte com a função de tópico (XP), em (12), c-comanda o sintagma focalizado. A categoria Top é, portanto, uma projeção específica para o tópico e codifica informações do tipo tópico-comentário. O tópico será o especificador de TopP, correspondente à informação compartilhada, o comentário constitui uma espécie de predicado aplicado ao tópico. No caso do foco, a categoria Foc é específica para alojar o constituinte foco. Ambos os núcleos são ativados para corresponderem essas funções, respectivamente, e deverão ser acomodados à periferia esquerda da oração. A focalização à esquerda da sentença é claramente representada pela categoria funcional FocP. Seu especificador está destinado a

27 37 alojar o foco e as expressões-qu. Representados dentro do modelo Teórico X-Barra, essa categoria projeta seu especificador e complementos, conforme estrutura o exemplo: FocP ZP (foco) Foc Focº WP (pressuposição) Em ZP localiza-se o foco, WP tem-se a pressuposição, ZP ocupar um lugar no Spec de FocP e se constitui um operador que vincula uma variável. Para estrutura de foco, infere-se que o especificador recebe a não pressuposição, e o complemento, a pressuposição. No especificador de FocP assenta o foco deslocado e a expressão interrogativa qu. Belletti (2001), semelhante à proposta de Rizzi (1997) para o CP, defende a existência de duas posições para alojar o foco: o Spec de FocP interno ao IP, consoante Rizzi 8 (1997), e o Spec de FocP dentro do CP expandido.os constituintes situados à periferia esquerda, até então compreendidos como adjuntos a IP ou a CP passam, nessa proposta, a serem apresentados como especificadores de TopP e FocP. (13) a. [IP meu carro, [IP eu estacionei na garagem]] (não na rua) TopP XP (tópico) Topº Top ZP (comentário) O tópico preenche o XP e o comentário é o completo em ZP. b. [FocP Meu carro, [IP eu estacionei na garagem]] (não na rua) 8 Belletti (2001), Kiss (1998) e Zubizarreta (1997) identificam dois tipos de foco: um localizado na periferia esquerda da sentença, foco contrastivo; e o outro na área interna ao IP, foco de informação.

28 38 FocP XP (foco) Foc Foc WP(pressuposição) Em (13b), o foco preenche o especificador XP, e a pressuposição WP, é o complemento. Conforme Zanfeliz (2002, p.32), o núcleo Top estabelece um tipo de predicação alta dentro do sistema CP tal como Agr dentro do sistema IP, que conecta um sujeito e um predicado. A diferença básica entre Top e Agr é o fato do primeiro envolver um especificador em posição A. Em (13b), o especificador XP é preenchido pelo foco e WP, a pressuposição é o complemento. Fica claro, assim, que o CP responde por duas informações distintas e obrigatórias: o sistema de Força que determinará o tipo da oração, interrogativa, exclamativa, declarativa e definirá a projeção mais externa do complementizador; o sistema de Finitude que determinará se a oração é ou não finita, sua relação é estabelecida com os elementos dentro do IP e a natureza finita deste. Assim,Força e Finitude podem co ocorrerem numa só projeção quando não houver outro sintagma que interfira entre eles. Em síntese, é o complementizador que determinará o tipo de sentença a que se vincula. No caso do que introduz orações finitas, o complementizador abstrato introduz as orações infinitivas. (14) a. A Joana viu que o trem partiu. b.a Joana foi correr. As sentenças comprovam que os complementizadores mostram a relação existente entre a camada complementizadora e o sintagma flexional. Como apresentado, o sistema cartográfico investe em uma estrutura complexa ao expandir o CP e perpassa da estrutura sintática analisada pela proposta minimalista, apesar de recorrer ao minimalismo no estudo dos sintagmas à periferia esquerda da sentença. 2.2 A ordem dos constituintes: estrutura sintática e estrutura informacional

29 39 O estudo da ordem dos constituintes dentro de uma sentença torna imperativo, de antemão, um célere elucidar do que é interno à língua, ou seja, a estrutura, e o que é considerado no contexto comunicativo, o discurso. A discussão dimana de dois polos teóricos formalismo e funcionalismo,para melhor compreender o processo de produção das estruturas e o estudo da língua em seu uso real. Concernente às posições teóricas, o enfoque formalista concebe a linguagem como objeto abstrato, substancializado por meio de sentenças explicitadas pela gramática nos aspectos formais da sintaxe. Independente da configuração semântica e pragmática facultada pelos processos enunciativos, a sintaxe é priorizada em relação à semântica, e esta em relação à pragmática, a partir desse princípio, o sistema de regras formais encarregado da sintaxe, só pode ter a estrutura sintática abstrata sistematizada em contexto real de comunicação, após estar convencionalmente estabelecida. No axioma funcionalista, a linguagem se constitui como instrumento de comunicação e interação social. Os arranjos estruturais da língua resultantes de tal conjunção são determinados pela natureza das funções linguísticas, de modo que a função exercida pela linguagem, socialmente, determina a forma, ou seja, as estruturas fonológicas gramaticais e semânticas.em convergência, os estudos funcionalista e gerativista têm demonstrado que a estrutura sintática de uma língua estabelece estreita relação com a estrutura informacional da sentença, esta, rege por meio de regras e convenções a relação do conhecimento compartilhado entre falante e ouvinte, bem como a estrutura formal da sentença. As questões sintáticas e a posição ocupada por um constituinte, do ponto de vista da sintaxe, não podem postergar as alterações informativas que tal ordem pode acarretar, haja vista ser na estrutura formal do discurso que se manifestam as implicações comunicativas. Para melhor clarear a compreensão da interface existente entre a estrutura sintática e a informacional, alguns pontos da corrente funcionalista, em relação à perspectiva funcional da sentença, serão considerados. Assim em construções como: (15) a. Dentro do carro,tereza estava bem aquecida. b. Tereza estava bem aquecida dentro do carro. Apesar dos itens lexicais das sentenças se estruturarem de forma distintas, semanticamente, o conteúdo proposicional de ambas as estruturas veiculam as mesmas condições de verdade da asserção, ou seja, as construções são verdadeiras sob as mesmas circunstâncias. As sentenças em (15) descrevem uma mesma situação: o que acontece com Tereza.Contudo, há no significado algo que distingue essas sentenças, apesar de veicularem a mesma proposição,os

30 40 contextos discursivos em quepodem figurar são distintos, (15a) parece responder a pergunta: o que aconteceu dentro do carro? e (15b) Como estava Tereza? A distinção é, portanto informacional.assim, mesmo que semanticamente essas sentenças veiculem a mesma proposição, que equivale o mesmo valor de verdade, não são pertinentes a um mesmo contexto discursivo. De forma consensual, nos estudos linguísticos, conforme apresenta Pinto (2008), a distribuição da informação no texto organiza-se a partir do conhecimento Dado para o conhecimento Novo, um ajuste considerado como uma tendência natural nas línguas, a informação conhecida preceder à informação nova. Assim em (15a), o constituinte, dentro do carro, pode ser visto como informação conhecida, enquanto, ela estava bem aquecida, a informação nova. Em (15b), o processo de interpretação ocorre de forma inversa, isso porque as suposições dos falantes sobre o conhecimento mental do interlocutor interferem na estrutura formal da sentença. As diferentes variações de organização dos itens lexicais sãoatribuídasà estrutura da informação e interferem na compreensão assumida pelo falante sobre o que é conhecido, informação nova e informação conhecida no discurso. É esse componente linguístico, denominado de estrutura da informação,responsável pela variação apresentada nas escolhas estruturais das sentenças, bem como, determinar diferentes articulações informacionais e associar-se ao que é considerada informação nova e informação velha, entre os interlocutores. A estrutura da informação se configura no componente da gramática e esta se encarrega de regular as manifestações formais, tendo em conta sempre o contexto discursivo do enunciado, é nessa operação que dá a interface. Entender, portanto, como o falanteadministraofluxoda informaçãorequerestabelecer uma relação entre as suposições do falante e o conhecimento do ouvinte. Dentro do modelo apresentado por Lambrecht (1994, p.6), aadministração dofluxodainformação compreendetrêsfunções:comfoconopredicado(caracteriza o tópicocomentário),comfoconoargumento(identificacional)ecomfoco estendido a todasentença (advindo de umeventoouapresentacional). Essas funções são categorias com noções independentes, mas ao mesmo tempointerrelacionadas e associadas a propriedades estruturais dos enunciados formandotrês conjuntos de conceitos que vão explicar aestruturadainformação, são eles 9. 9 The most important categories of information structure are (i) pressupposition and assertion, which have to do with the structuring of propositions into portion which a speaker assume na andressee already knows or

31 41 (i) A pressuposiçãoe asserção que (ii) Ativaçãoeidentificabilidade dereferentes, estesconceitosreferem-se às suposições ou assunção dofalante sobre a natureza das representações mentais dosreferentese asexpressõeslinguísticasnamentedoouvintedurante o atocomunicativo. Estes referentes dodiscurso configuram-setanto em entidades como proposições, que ao serem inseridas aoconjunto de pressuposições, arepresentaçãomentaldaproposiçãoe asrepresentaçõesdasentidades acabam por fundir-se. (iii)tópicoefoco que se referem à relação entre as proposições e os elementos que as compõem em dado contexto discursivo. Essas funções relacionam-se ao julgamento de um dos interlocutores acerca do que é predizível no discurso. O valor informacional é expresso, portanto, de acordo com os estados mentais e as representações que os interlocutores têm sobre um assunto. Parte do sentidoproposicional poderá constituir distintos tipos de informação, adependerdasituaçãocomunicativaem que é expressa.para Lambrecht (1994),ainformaçãoque é transmitida ao ouvinteinfluenciaa representaçãomental que este faz sobreomundo. Essarepresentação éconstituídapor um conjuntodeproposiçõesqueoouvinteconhece,acredita,ouconsidera essencial nocontexto comunicativo. Entretanto, ainfluência exercida sobre a representaçãodoouvinte afeta apenas uma pequenaporçãodarepresentação mental, justamente a de maior relevância. A partir do valor, a informação pode ser nova ou velha, contudo, Lambrecht (1994) considera que a informaçãotransmitidaporumaproposição,não deve equivaler ou sersegmentada a itens lexicais isolados nassentenças, ou seja, a informação considerada tanto Nova quanto Velha não pode funcionar de forma desassociada. Em função de uma melhor distinção, o autor estabelece os termos pressuposição e asserção, os quais subjazemà noçãode proposição. Sobre a ordem dos constituintes e os efeitos discursivos advindos desse arranjo, Zubizarreta (1998) advoga que as línguas dispõem de uma ordem básica,estabelecida independentemente de tais efeitos discursivos, e uma ordem marcada que refletirá os efeitos discursivos. Para além de uma sintaxe não marcadadas línguas, há uma ordem livre motivada no discurso e que induz o falante a realizá-la, no intuito de satisfazer os requerimentos assomados no contexto comunicativo, para isso, recorre a mecanismos disponibilizados pela língua, que assegure uma estrutura organizacional correspondente a uma comunicação mais efetiva. does not yet know (ii) identifiability and activation, which have to do with a speakerr s assumptions about the statuses of the mental representations of discourse referente in the addressee s mind at the time of na utterance,(iii) topic and focus, which have to do with a speaker s assessment of the relative predictabilityvs. Unpredictability of the relations between propositions and their elements in given discourse situations. (LAMBRECHT 1994, p.6)

32 42 Conforme a proposta de Rizzi (2002), o movimento de constituintes para construir a sentença de ordem marcada se realiza para atender, no âmbito gerativo da gramática a sintaxe, os requerimentos relacionados ao discurso. Tanto a ordem direta, quanto a marcada refletem a relação existente entre a estrutura da informação e os requerimentos sintáticos da língua.é consenso nas análises linguísticas à existência de mecanismos e projeções, disponibilizadas pelas línguas aos seus falantes, como forma de organização estrutural no âmbito sintáticodiscursivo.esses recursos possibilitam dar ênfase a determinados constituintes do discurso considerados de maior interesse pelo informante, uma forma de atrair a atenção do ouvinte numa efetiva situação comunicativa. Essas estratégias se consolidam de forma bastante recorrentes na língua e se configuram em duas funções evidenciadas por este estudo, a topicalização e a focalização. A primeira, uma forma de evidenciar constituintes conhecidos dos falantes (tópico) ou informações dadas; a segunda, focalização, projeção que salienta os constituintes veiculadores da informação nova (foco). Em termos sintáticos produz a ordem tópico/comentário, esta última gera o foco, conforme a ilustração (16). (16) a. O que o menino ganhou? b. [ T O menino ganhou [ F uma bicicleta]]. (17) a. O que aconteceu com João? b. [ T João [ F perdeu todos os documentos]]. Para Zubizarreta (1998), as funções tópico e foco nunca podem o mesmo elemento na estrutura sintática,pois enquanto o tópico é o sujeito da predicação, o foco faz parte da predicação, como apresentado no contínuo dessa discussão 10. Dentro do que foi apresentado, um constituinte pode ser interpretado no âmbito discursivo da sentença, como informação nova não pressuposta ou informação velha pressuposta. O estatuto informacional configura-se no elemento distintivo entre o constituinte foco e o constituinte tópico, sobretudo, quando estes se situam à periferia esquerda da oração. Em ambas as ocorrências, tópico ou foco, o contexto é fundamental para determinar o fenômeno sofrido pelo constituinte. A ordem dos constituintes reflete a organização dos elementos na estrutura da informação, é o estatuto do elemento que definirá na sintaxe a variação na ordem dos constituintes, conforme Belletti (2001). Nessa mesma linha, Araújo (2008, p.25) completa, a variação na ordenação dos constituintes de uma oração não é 10 [...] the topic can never be identified with the focus, because by definition, the topic is the subject of the propositional predicate and the focus is contained within that predicate. (ZUBIZARRETA 1998, p. 10)

33 43 completamente livre, mas está, de certo modo, subordinada aos requerimentos da estrutura da informação: o que é Novo, geralmente, é apresentado à direita e o que é Dado, à esquerda. Dentro do componente gramatical, a estrutura da informação pode ser interpretada sob vários aspectos, a exemplo do tópico e do foco, que na visão da Gramática Gerativa são analisados a partir das posições sintáticas ocupadas pelos constituintes que satisfazem as respectivas posições. A organização da estrutura da oração é resultado, portanto,das regras sintáticas da língua e da forma como a sintaxe faculta a articulação de elementos discursivos com o componente gerativo. A interação entre esses dois componentes cria condições para construção de tópico e de foco, sobretudo na ordem marcada, estruturas focadas por esta pesquisa. As análises e discussõessobre a manifestação desses fenômenos na literatura do PB se traduzem em profícuas propostas sobre a articulação da informação na sentença, no entanto, seria incoerente limitar o estudo do tópico e do foco a uma visão sintática ou apenas aos efeitos discursivos, considerando que a sintaxe implica sobre o discurso e vice-versa. 2.3 Tópico e foco: distintas funções Identificar sintaticamente as categorias tópico e foco na oração pressupõe uma análise além da posição ocupada pelos constituintes que os representam, pois tanto a ordem do constituinte focalizado quanto a do tópico está sujeita às mudanças ocorridas na oração, podendo aparecer em posição não comum a sua representação. Para dirimir possíveis confusões, autores, no âmbito desse estudo, apresentam alguns testes. A proposta de Zubizarreta (1998) apresenta três testes para diferenciação entre tópico e foco, partindo da noção de pressuposição e asserção em uma oração. No primeiro teste, o da negação, a pressuposição - informação velhae compartilhada mantém-se inalterada em relação às modificações sofridas pela sintaxe, a asserçãoinformação nova, contudo, não resiste às mudanças estruturais, é a parte que sofre alteração no valor de verdade. (18) a. A viagem de Paulo para Europa foi cheia de problemas. b. *A não viagem de Paulo para Europa foi cheia de problemas. c. A viagem de Paulo para Europa não foi cheia de problemas.

34 44 A primeira parte da sentença(18a), a viagem de Paulo para Europa a pressuposição não é alterada pela negação. Em (18c),a viagem foi realizada, a negação não muda a informação pressuposta- o tópico. Contudo, a interrogativa de como foi à viagem - a asserção da oração, não se tem conhecimento de como foi, é a informação a ser compartilhada. A negação implica em mudança no foco, no conhecimento não pressuposto, que predica sobre a viagem ter sido ou não cheia de problemas. A informação em (18b) se traduz em agramaticalidade ou incoerência. O segundo teste é o de pergunta e resposta, no sentido de identificar a parte pressuposta ou assertiva na resposta dada à interrogativa. Os constituintes da pergunta retomados na resposta pertencem à pressuposição e configuram-se no tópico, os constituintes novos inseridos na resposta é a asserção, o foco. (19) a. Como foi a viagem de Paulo para Europa? b. Ele viajou para [ F o Canadá]. (20) a. Qual foi o problema? b. [ F Assaltaram o banco]. A resposta em (19b), ele viajou, retoma constituintes da pergunta, ou pressuposição, porém o Canadá forma a asserção. Em (20b), o pressuposto é um fato ocorrido que se estende por todaresposta à pergunta, constitui a asserção. O terceiro teste é feito pelo emprego de operadores sensíveis ao foco representado pelas expressões como: até..., mesmo..., só..., e a negação frente a um constituinte que inferese receber a focalização ou asserção, como em: (21) a. Paulo viajou [ F até o Norte da Europa]. b.[ F Até ao norte da Europa] Paulo viajou. c. *A não viagem de Paulo até o Norte da Europa. Os constituintes visados pelo advérbio focalizador em (21) serão a asserção,o foco até o Norte da Europa,os demais constituintes, a pressuposição ou parte desta, no caso do exemplo, Paulo viajou.o elemento comum às três estruturas reside em a pressuposição manter o conteúdo proposicional em relação às modificações sintáticas ocorridas como em (21b), ao contrário da asserção que não se mantém diante de alterações na estrutura dos

35 45 constituintes.contudo, fica a restrição quanto à precisão desses testes na identificação do foco em relação ao tópico, uma vez que parece indicar apenas o elemento que será o foco. Lambrecht (1994), propondo também um teste de identificação, indica o uso de expressões como, quanto a... e sobre..., complementado por um DP em (22b) que pode ser retomado na forma pronominal. (22) a. A viagem foi um sucesso. b. Quanto a viagem, ela foi um sucesso. Na proposta de Zubizarreta (1998), as representações formais da pragmática-semântica de foco e de tópico estão representadas na Estrutura de Asserção (AS), ou após-lf(forma Lógica), posição em que o foco é interpretado. Essa estrutura se subdivide nas asserções A1 e A2retomadono exemplo (23). (23) a. O que Tereza comprou? b. Tereza comprou [ F um carro novo]. (24) A¹: Existe um x tal que Tereza comprou x. A²: O x tal que Tereza comprou x. Em A1 tem-se a correspondência da pressuposição acompanhada por um quantificador existencial e o foco não é necessariamente um constituinte sintático, podendo ser apenas um evento. Em A², a sentença tem um predicado como elemento focalizado. De forma análoga, assim como a estrutura de foco é formada por duas asserções ordenadas, pressuposição+foco, a estrutura do tópico contém uma informação pressuposta, assinalada pelo tópico e um comentário que pode conter o foco. Para melhor esclarecer a posição dessas funções na sentença, Zubizarreta (1998, p.11) esclarece que, como o foco está localizado dentro do predicado proposicional (comentário), são ínfimas as possibilidades de assimilação de um elemento por outro As diferenças sintáticas As estruturas de tópico e foco, apesar de aparentarem similitudes, se diferenciam em vários aspectos, serão apresentados nessa seção alguns contrastes e propriedades gramaticais e

36 46 pragmáticas,distintivas para identificação dos constituintes tópico e foco.para tratar dessas distinções estruturais,a análise fundamenta-se nas formulações feitas por Rizzi (1997), Belletti (2001), e Mioto (2000), que observa ser o sistema italiano rico em clíticos e, por isso, produtivo na articulação de construções Clitic Left Deslocated (CLLD), em que o tópico é retomado por um clítico no comentário. Conquanto, verifica ainda nesse sistema, a impossibilidade de uma expressão focalizada ser retomada por um clítico. As diferenças sintáticas entre tópico efoco identificadas dentro da visão desses autores são: a) O tópico poder ser retomado por um clítico no comentário, realização não facultada por construções focalizadas, além de ser um elemento referencial, geralmente definido e coindexado a um referencial, apresentado respectivamente em (25a) e (25b). (25) a. [ T Aquele alunoi], a escola oi, escolheu para ser o representante. b. [ T Os meninos], elesi vivem brigando. c. Poucos meninos brincam nesse lugar. Em (25a) ocorre a retomada através do clítico o,o qual mantém conformidade referencial, categorial, casual e temática com o sintagma na posição de foco,possui por isso, um elevado grau de sintetização. Em(25b), o constituinte topicalizado os meninos é um sintagma referencial co-indexado ao pronome eles que ocupa a posição de sujeito do comentário. Já (25c), não se trata de uma construção de tópico, mas uma estrutura básica do PB, o SN poucos meninos ocupa a posição de sujeito e pode ser quantificada, atribuição não recebida pelo tópico. O tópico, portanto, não é de natureza quantificacional, uma vez que não vai existir uma variável para ser vinculada as expressões quantificacionais. (26) a. *Tudoi, a Maria leva eci quando viaja..b. *Poucos livrosi, elesi estão na estante. As expressões quantificacionais tudo e pouco em(26)não podem ser co-indexados a um pronome, nem a uma categoria vazia, ou seja, não podem ser topicalizados, são, portanto construções agramaticais. As expressões deixam a entender que fazem parte de uma informação nova, nenhum elemento indica ter sido elas frutos de retomada do enunciado anterior.

37 47 Considerando,ainda, ser o tópico um SN [+definido], conforme a visão de Pontes(1987), pode-se atribuir sobre isso a incompatibilidade com quantificadores nus, como pouco, tudo, alguém, nada, ninguém e os demais. Em consonância, Rizzi (1997), Raposo (1992) e Mioto (2000) interagem sobre a possibilidade de retomada do tópico, porém inviável ao foco, e ainda acrescentam como distinção: b) A existência de uma pausa nas estruturas fronteadas por um tópico, em oposição à ausência da pausa entre o constituinte fronteado por foco e o restante da oração. (27) a.[ T As compras], eu fazia para minha mãe. c) O constituinte fronteado de movimento de foco ou pode ser quantificacional ou ter algum tipo de força operadora, diferente do tópico, devido à presença da pausa separando o constituinte fronteado do resto da expressão, como em (28). (28) a. Foi [ F aquele sapato] que a Tereza usou na festa. b. [ T Aquele sapato], a Tereza usou ele na festa. d) O tópico pode ser retomado por um pronominal, exceção para expressão quantificacional nua enão acarreta os efeitos de cruzamento fraco. O foco não pode ser retomado por um pronominal, ou seja, ser vinculado a um vestígio, como demonstram as construções: (29)a. [ T O carro]i, o Pedro viajou com elei nas férias.(tópico retomado por pronome) b. Tudoi,o Pedro carrega elei nas férias. (Tópico não compatível com tudo, expressão quantificacional nua. c.[ F Tudoi] o Pedro carrega eci nas férias.(foco compatível com tudo, expressão quantificacional nua.) Os autores,para explicarem a impossibilidade de o tópico ser compatível com expressões quantificacionais, atribuem o evento à relação entre Spec e o núcleo de TopP, essa categoria parece impor restrições à ocupação de Spec, como ocorre com os constituintes quantificacionais que são impossibilitados de ocupar a posição de Spec de TopP, o que pode ser conferido em (29b).

38 48 e) O tópico é indiferente aos resultados do cruzamento fraco (weak crossover-wco) 11, enquanto as construções de foco são suscetíveis a esses efeitos, podendo ser detectados em sentenças como: (30) a. [ T O carro velhoi], o dono delei dirige ecidevagar. (Tópico) b. #Aquele carroio dono delei dirige ecidevagar (não este). (Foco) Em (30a), a estrutura não sofre os efeitos de cruzamento fraco, pode-se inferir, portanto, que a co-indexação entre o constituinte topicalizado e o pronome não resulta de uma quantificação.os efeitos de cruzamento fraco ocorrem devido o tópico não reagir a esse efeito (WCO). A construção de foco em (30b) sofre os efeitos de WCO, podendo-se concluir, da relação entre o constituinte focalizado e a categoria vazia, a qual é de natureza quantificacional. Aec representada por uma variável associa-se ao constituinte focalizado aquele carro, contudo, para estabelecer a relação com o termo variável, o foco, por noção de c-comando, é impossibilitado de cruzar o pronome dele.zanfeliz (2002) investigando os efeitos de cruzamento fraco para identificar as propriedades que distinguem os elementos foco e tópico,analisaas sentenças seguintes. (31) a.[ T Do Joãoi], o pai delei gosta muitoti. b.?do Joãoio pai dele ecigosta muitoti. (não do Pedro)(ZANFELIZ, 2002, p.63) A construção em (31a), o tópico, do João, pode estar co-indexado com o pronome dele. Entretanto em (31b), a co-indexação entre João e dele produz uma sentença com certo grau de inaceitabilidade, possivelmente em função de o foco possuir propriedades quantificacionais, e o tópico, não. (ZANFELIZ, 2002, p.63) Rizzi (1997) toma as duas categorias do sistema CP e resume as diferenças ao atribuir à natureza quantificacional ao foco e não ao tópico. As expressões quantificacionais, como elementos nus, não são compatíveis com estrutura de tópico e não podem ser retomadas por pronomes resumptivos, contudo, não há restrições quanto ao foco nesses quantificadores, conforme os exemplos. 11 Weak Cross-Over, em consonância com a sintaxe gerativa, ocorre quando um pronome ultrapassa uma expressão referencial correspondendo ao mesmo índice de referência. Contudo, apesar da ultrapassagem, o efeito é fraco e não afeta a gramaticalidade da sentença.

39 49 (32) a.[ninguémi], o João deu. b. [Tudoi], o João compra eci no mercado. c. [Alguémi], ecicomprou ontem Não é possível topicalizar as expressões quantificacionais, nem estabelecer vínculos com as categorias vazias (eci) em (32a-b), como também com o pronome em (32c). f) A estrutura de uma sentença pode ter mais de um tópico, mas não tolera mais de um foco. Rizzi(1997) aponta a unicidade de foco identificando apenas uma única posição estrutural para o foco, do contrário, forma-se uma sentença agramatical. (33) a. [ T A viagem], para Europa, sábado eu pegarei o voo. b.*sábado, a viagemeu pegarei o voo para Europa. (não domingo e aeuropa). a.[ T O carro], para a viagem, o mecânico revisará. b.*[para a viagem o carro] o mecânico revisará.(não para o trabalho, a moto). agramaticais. Por questões selecionais e de recursividade, (33a ) e (33b ) formam estruturas g) O operador é compatível com tópico (na ordem Top qu), porém incompatível com foco. (34) a. [ T Para a viagemi], o que Pedro levou eci? b.#para a viagemio que você levou eci? (não para o trabalho epedro). A agramaticalidade de (34b) é fruto da incompatibilidade dos operadores, a interrogativa qu e o foco competem pela mesma posição dentro da estrutura da sentença. Conforme Rizzi(1997), o foco e o tópico não se diferenciam apenas em função dos componentes não-pressuposiçãoe pressuposição, uma vez que os DPs de tópico deslocados à esquerda da sentença permitem a presença de um pronome lembrete(ou nulo) na posição de Caso. Enquanto que os DPs de foco não podem ser co-indexados a um pronome lembrete. O tópico, no geral, tem um DP lexical ou pronominal inicial, deslocado à esquerda da oração, a direita segue-se um predicado ou comentário. No entanto, em casos como ilustrados na árvore sintática, observa-se que: (35) a. O que aconteceu com carro? b. O pneu estourou na estrada.

40 50 F SN SV Det N V PP PP SN D N O pneu estourou em a estrada A sentença (35b) apresenta todas as configurações de foco, inicia a oração e é definida, contudo, não se pode perceber a acessibilidade da informação no contexto, trata-se, no caso, de uma construção de foco. Contudo, Rizzi (1997, p. 291) ressalta que um foco e um tópico podem aparecer combinados na mesma estrutura. Nesse caso, o constituinte focalizado pode ser ou precedido ou seguido por um tópico. Em relação à distinção de tópico e foco, a literatura de análise da língua apresenta várias formas de se distinguir essas duas funções, no entanto. Lambrecht (1994) e Rizzi (2002) consideram ser de fundamental importância observar a acessibilidade do referente no contexto, para poder diferenciar o tópico do foco, já que esse último, apesar de introduzir a informação nova e estar contextualmente acessível, pode se posicionar também no início da oração Tópico: sintaxe e discurso do tipo: É observado com considerável frequência na literatura linguística do PB estruturas (36) De cachorro, eu não gosto. (37) José de Alencar, conheço todas. (38) Na universidade, ninguém se manifestou sobre as questões do colegiado.

41 51 Os exemplos registrados nas orações acima apresentam constituintes deslocados da ordem sintática prevista pela estrutura básica do PB, como o objeto indireto em (36), objeto direto (37) e o adjunto em (38), ou seja, todos os termos se posicionam, preferencialmente, à esquerda do verbo, quase sempre no início da sentença. Essas construções atendem aos requerimentos do que, usualmente, se convencionou chamar de construções de tópico, e todas apresentam processos de sintetização, como também uma motivação no âmbito do discurso, responsável pela quebra básica da ordem dos constituintes. Tendo em vista as diferentes posições teóricas para classificação de sentenças de tópico, a pesquisa apresentada direciona a análise das estruturas no âmbito da sintaxe, o tópico sentencial ou o tópico marcado, de acordo com a definição inicial da abordagem, definido como o sintagma nominal ou preposicional, externo à sentença, ativado no contexto discursivo, sobre o qual se faz uma proposição por meio de um comentário. São, portanto, estruturas sintáticas distintas das orações básicas do PB (SVO). Conforme Perini (2002, p.47), a topicalização ocorre quando um dos termos de um seguimento é deslocado para o início da oração e separado por uma vírgula, o deslocamento gera uma ruptura na ordem lógica dos constituintes, porém, aquele que é encabeçado pelo tópico exprime o assunto principal do enunciado. O tópico se configura em um grupo de estruturas ligadas pela relação de correspondência. Isso, entre outras coisas, permite uma simplificação notável na enumeração das estruturas da língua. Por exemplo, se estabelecermos que a toda frase com objeto direto corresponde uma outra com objeto topicalizado. (...) é possível discernir uma sistematicidade na relação de significado entre frases correspondentes. Elas são sistematicamente semelhantes, em um sentido que não foi inteiramente explicitado. (PERINI 2002, p.207) O autor apresenta dois tipos: o tópico sentencial e o tópico discursivo. O sentencial é o termo da frase do qual se afirma ou pergunta. O tópico discursivo é aquele que não cabe na análise sintática, pois não se encaixa na estrutura da sentença, como ilustrado: (39)[ T Essa paia]o teiado ta para disabar e perder tudo.(l -D.S.C. 63) (40)[ T Luxo], o povo aqui se precupa com a comida... mais importante né?(l -D.S.C. 63) A definição trazida por Perini (2006, p ) para o tópico discursivo aproximase das estruturas de tópico pendente ou deslocamento à esquerda, apresentada por

42 52 Berlink,Duarte eoliveira (2009).As demais estruturas são classificadas como tópico sentencial. Nas estruturas de tópico discursivo, o elemento topicalizado não exerce função sintática no comentário, a relação se restringe à Condição de Relevância que infere na existência de um nexo semântico entre o tópico e o comentário. É mínimo o grau de sintetização e nãohá relação de caso, nem de papel temático, uma vez que não apresenta [...] qualquer lacuna ou elemento pronominal ocorrendo no comentário que seja referencialmente dependente do constituinte com função de tópico (DUARTE, 1987 p. 74). Com enfoque na proposta de Duarte (1987), a autora apresenta ainda o deslocamento à esquerda de tópico pendente, nesse tipo de topicalização, além da conectividade referencial há uma conectividade sintática entre o tópico e a expressão que o retoma no comentário, os traços de concordância são estabelecidos e o termo conectado referencialmente com o tópico pode ser um pronome ou um clítico sem conectividade causal. (41) [ T A Tereza], viajou ontem com o amigo dela que é médico. Castilho (2001, p.57), dentro da proposta de Pontes (1987), define o tópico como constituintes movidos para a esquerda da oração, sendo retomados ou não em seu interior por uma classe sintática, ou por um zero". Para Pontes (1987), o tópico é compreendido como o sintagma nominal externo à sentença, já ativado no contexto discursivo e sinaliza para aquilo que será dito. O SN lança o tópico deslocado à esquerda seguido de um comentário constituído por uma sentença completa, com sujeito e predicado. Na estrutura da informação, o tópico refere-se à informação velha, que assenta a base para introduzir a informação nova, como configurada nos exemplos. (42) a. Onde estão os livros de Paulo? b.[ T Os livros de Paulo], eu doei todos. Ainda na proposta de Pontes (1987), no PB qualquer SN pode ser o tópico (sujeito, objeto direto e indireto, complemento nominal, adjunto adnominal, circunstancial e predicativo). Quando o argumento se posiciona no início da oração, sem, no entanto, ser identificado sintaticamente como sujeito, no geral, tem-se o fenômeno da topicalização com deslocamento à esquerda como em (42b).Nos exemplos seguintes:

43 53 (43) a. Quem Pedro convidou para dançar? b. [ T Pedro] convidou uma colega de trabalho. (44)a. Quem Pedro indicou para trabalhar com o João? b.[ T Com o João], Pedro indicou o primo. As orações (43b) e (44b) são construções de tópico. Na primeira, um sujeito em uma oração básica do PB, cuja ordem não é marcada. Na segunda há uma oração tipicamente marcada pelo deslocamento do objeto à esquerda, uma estrutura de tópico marcada. Ao deslocar-se, o constituinte gera uma ruptura na ordem dos constituintes, sem, no entanto, confundir as funções de tópico e de sujeito da oração, salvo construções do tipo (45) ilustradas porpontes (1987, p.34) (45) A Belina deita o banco, sabe? (PONTES, 1987, p.34). Analisar essa construção pela relação de movimento, aparentemente, não haverá equivalência semântica. O constituinte, Belina,é posto em evidência ocupando a posição, comumentemente, atribuída ao sujeito do PB, contudo, não tem essa função, a posição é fruto da compreensão do falante de considerar o constituinte um termo de maior relevância no enunciado. Sobre construções desse tipo, Pontes (1987, p.35) pondera que essas frases levantam um problema interessante, pois têm sempre o sujeito (ou o que seria sujeito na ordem direta) posposto. Como o tópico está na posição inicial da oração, ele se confunde com um sujeito e a ordem da frase dá a aparência perfeita de uma ordem SVO. Na interpretação de alguns autores, de diferentes linhas teóricas, tanto funcionalista quanto gerativista, esses últimos a exemplo de Kato, (1989) e Galves, (1993)defendem queo tópico ao se manifestar com um pronome co-referente no interior da sentença, recebe a denominação de Deslocado à Esquerda (DE) e distingue-se do sujeito da oração devido às propriedades de: I)Ser semanticamente referencial (46) a. [ T A árvore], elai caiu no meio da estrada. b.*nenhuma árvore, elai caiu no meio da estrada. c.*nenhuma árvore, caiu no meio da estrada. A estrutura (46b) mostra que o tópico fica impossibilitado de ser quantificado.

44 54 II) Diretamente não exerce um papel argumental na sintaxe, o argumento associado ao sintagma topicalizado pode ocorrer em forma de pronome, clítico, epíteto, DP repetido ou categoria vazia (eci), respectivamente. (47) a. [ T A árvore], as pessoas removeram ela do meio da estrada. b. [ T A árvore], as pessoas removeram-na do meio da estrada. c. [ T A árvore], as pessoas removeram o obstáculoi do meio da estrada. d. [ T A árvore], as pessoas removeram a árvorei do meio da estrada. e.[ T A árvore], as pessoas removeram ecido meio da estrada. Para Araújo (2009), o tópico acomoda-se na camada do CP, o que significa ter propriedades discursivas, pois é nesse domínio que ocorre a interface sintaxe/discurso, e consequentemente,a verificação dos traços discursivos. 2.4A perspectiva discursiva Discursivamente, o tópico é considerado como o constituinte que tem como função estabelecer um quadro de referência para a progressão da temática ou sinalizar a transição de um assunto já discutido. Conforme Pontes (1987, p.13), não raras construções, o tópico deixa de estabelece relação sintática com a sentença comentário, algumas estruturas topicalizadas conseguem manter relação apenas semântica, por isso não se pode dizer que um elemento da sentença comentário foi topicalizado. Nessas ocorrências, o discurso é determinante para compreender o contexto topicalizado. Por ser uma peculiaridade de construções de tópico não fazer restrições em relação ao constituinte que veicula o papel de tópico, essas construções se situam no âmbito da pragmática, distinguindo-se da condição de sujeito, ou seja, do elemento estruturante da oração em termos gramaticais; enquanto que o tópico é estruturante do discurso. Caso o mesmo constituinte desempenhe, coincidentemente, as funções de tópico e de sujeito, configura-se a perspectiva discursiva no nível da gramática, como confere Pontes (1987), o SN preposto lança o tópico, seguindo de um comentário constituído por uma sentença contendo o sujeito e o predicado, [...] a relação que se estabelece entre o comentário e o tópico é puramente semântica, não se pode dizer que um elemento da sentença-comentário foi topicalizado, de acordo com Pontes (1987, p. 11).

45 55 As relações semânticas ou as formas de estruturar o discurso são bastante diversificadas e sempre atendem um propósito pragmático. (48)[ T Vestido de noiva],casamento é coisa dispendiosa. Analisar (48) a partir, estritamente, do âmbito da sintaxe, o constituinte, vestido de noiva não estabelece, sintaticamente, nenhuma relação com o comentário, casamento é coisa dispendiosa. No entanto, na perspectiva do discurso, tem-se um SN que desencadeia uma proposição, associando semanticamente as duas partes da sentença. 12 Para Rizzi (1997), as propriedades discursivas do tópico encontram-se posicionadas, precisamente, na camada do CP, sendo esta o lugar onde ocorre a interface sintaxe-discurso e, consequentemente, a verificação dos traços discursivos A perspectiva sintática Sob a perspectiva sintática, o tópico é definido como um sintagma nominal, de predominância um DP, deslocado da ordem básica da oração, em uma posição, geralmente na periferia esquerda da sentença, como já definido nas seções anteriores. Nessa posição, o tópico ocupa a posição de especificador de TopP e pode ter o núcleo vazio ou preenchido por algum item lexical, como (45),em que o tópico é deslocado para [Spec, TopP], mas sem um marcador no núcleo de TopP. (49)a. Quem corrigirá as crianças? b.[ T As crianças] os adultos devem corrigir. b [TopPAs criançasi [IP os adultos devem corrigir ti.]] O sintagma deslocado em (49b)tem a função gramatical de objeto direto e papel discursivo de tópico. Na visão cartográfica de Rizzi(1997), tal construçãoé considerada como um tópico alto, pois está localizado à esquerda da interrogativa, sendo movido para Spec de FocP como em (50a). (50) a.[toppo jogo] [FocPquem [IPo João venceuti tj.]] b [FocPQuemi [TopPno jogoj[ipo João venceuti tj.] 12 Lambrecht (1994), para essas construções, apresenta o tópico para além do deslocamento de um constituinte à esquerda.

46 56 Diferente, (50b) apresenta um tópico baixo, pois se posiciona à direita da expressão interrogativa. Rizzi (1997) aponta na periferia esquerda duas posições relacionadas ao tópico, o primeiro um tópico alto, hierarquicamente gerado acima de FocP e um tópico baixo, hierarquicamente gerado abaixo de FocP. Tendo em vista a interpretação do autor,a posição de especificador de FocP recebe os sintagmas interrogativos deslocados como ilustrado. (51)[FocPQuemi [IPos adultos devem corrigirti]] Quanto à função do SNtopicalizado, estepode corresponder às distintas funções sintáticas. Em construções do tipo: (52) Sabe como é,.[ T os meninos aqu], para conseguir um bom dinheirinhoeci passa o tempo trabalhando dentro do mato.(l-l.c.s.81) No enunciado em (52) tem-se uma estrutura deslocada, para conseguir um bom dinheirinho,porém,percebe-se a possibilidade de vinculação sintática do SN externo, os meninos aqui, a uma categoria vazia,ec,dentro da sentença. O deslocamento à esquerda é possibilidade devido à vinculação a um elemento pronominal na proposição seguinte. Esse tipo de análiselimitada à sintaxe, sem considerar o contexto discursivo natural, caracteriza o tópico apenas na perspectiva sintática, diferentes da abordagem no plano do discurso.na estrutura em que o tópico é marcado na sintaxe, este não coincide com a ordenação sujeitopredicado. Consoante o modelo de X-Barra, no processo derivação, a construção da sentença passa por três camadas, uma lexical, de onde são retirados os itens para a Computação Sintática, o VP; a camada flexional que recebe os itens através de Merge, para serem verificados os traços morfológicos e por último, a camada discursiva, localizada no CP, para onde os itens são movidos e verificados os traços discursivos de tópico e foco e o de escopo de interrogação. Ainda nessa visão, em estrutura de tópico marcado sintaticamente, o constituinte topicalizado é interpretado como tópico quando ocupa a posição de especificador da categoria TopP, onde checa os traços em relação ao núcleo de Top, após interpretado é suscetível ou não de retomada por constituintes em posição mais baixa, IP ou VP. 2.5 Tipos de tópico

47 57 Antes de apresentar a tipologia base para estudo dos corpora, vale salientar a distinção proposta por Pontes (1987) e demais autores, entre o tópico deslocado à esquerda e a topicalização. Para o primeiro é atribuído à presença ou ausência de retomada por um pronome de traço definido ou não do DP deslocado, o DP [+definido] relaciona-se ao deslocamento à esquerda. O DP [-definido] caracteriza a topicalização (tópico retomado por uma categoria vazia (ec) no comentário) 13. A proposta apresenta por este trabalho engloba ambas e as unificam. A classificação dos tipos de tópico no PB, identificados por linguistas, apresenta, não rara às vezes, uma falta de consenso, entretanto, não é objetivo dessa abordagem dirimir questões consensuais, mas, analisar as construções de tópico, a partir da classificação proposta por Araújo(2006,2009), tendo em vista a sua pesquisa privilegiaro português falado em comunidades rurais, afrodescendentes, em sua maioria remanescente de escravos africanos que se fixaram em lugares remotos, do interior do país. A discussão sobre a tipologia das construções apresentadas a seguir, é acrescida ainda dos estudos de Cinque (1990) e Raposo (1996) e os estudos deduarte e Oliveira (2009), também citados por Araújo (2009). Por haver maior aproximação na nomenclatura apresentada por estes autores, as análises, em relação aos corpora, se deterão na explanaçãotipológica apresentadapor eles. a) A topicalização de objeto direto (TOD): As sentenças de topicalização do objeto direto são caracterizadas por apresentar: (i) Um objeto deslocado à esquerda sem retomada clítica, interna à oração: (53) [ T A energia] não quiseram colocar [ - ] (L-D.L.C.S. 63) (ii) O sintagma nominal que compõe este objeto geralmente é definido: (54) [ T A roupa], eu também não lavo, só lavo no tanquinho.(l-l.c.s. 81) (iii) Não sofre restrições de ilha: (55) Eu num tou participando das reunião, num é que eu num queira. (J-J.A.S. 53) (iv) Pode ocorrer em sentenças encaixadas: 13 Kato (1989) diverge de tal distinção.

48 58 (56) [ T Feijão prantava] é, fava, mangalu, andu, graças a Deus, porque tirou de tostaozinho, isso daí não? (L- J.C.S. 62) Pesquisas mostram que TOD é uma construção com registro no PE e no PB, contudo, a estrutura no PE ocorre por meio do clítico 14, o elemento que estabelece a correferência com o sintagma tópico. Conforme os estudos de Araújo (2009, p. 235), TOD é uma das construções mais recorrentes em seu corpusdo português rural afro-brasileiro, em específico, nas estruturas sem a retomada clítica, sendo identificado em todas as modalidades do PB, e registrado desde o século XIX. b) Tópico Pendente com Retomada: As construções de tópico pendente com retomada têm como característica a relação semântica estabelecida com a sentença comentário, a qual contém um elemento interior retomando o sintagma topicalizado. Esse termo pode ser referenciado por um pronome forte ou clítico, uma expressão genérica, uma categoria vazia, um pronome demonstrativo, um numeral, dentre outros elementos, conforme Araújo (2009, p. 236). Na operação de retomada, o constituinte é semanticamente mais amplo e contém o termo retomado, como exemplificado: (57) [ T Essa Boitaraca], lá que é tanto que o rapaz eu vi o rapaz explicando que o é o único quilombola que resistiu até hoje.(b-v.s. 88) Outro tipo de retomada é pelo emprego de um pronome correferencial que retoma o pronome referencial com intensidade idêntica. (58) Era elas.. cantava[ T minhas tia], eu me lembro todas cantando...(l-m.s. 50) De acordo com Araújo (2009, p. 237), os demais tipos de retomada podem ocorrer por meio de um quantificador, numeral, pronome pessoal na posição de objeto, retomada pronominal na posição de sujeito de encaixada e pronome indefinido. c) Tópico Cópia: 14 Deslocamento à esquerda clítica.

49 59 A retomada do tópico ocorre através da presença do termo topicalizado no interior da oração (não do pronome cópia). Conforme Araújo (2009, p.238) Essas realizações são diferentes das encontradas até então em outras línguas e também no português brasileiro urbano, porque o tópico encontra-se com uma retomada interna realizada com uma cópia do mesmo sintagma nominal, como visualizado nas expressões: (59) [ T Os meninos]? Menino pequeno, eu num tinho mais nenhum. ( L-D.L.C.S. 63) (60) Tem[ T o menino], o menino que veve pela roça, mas eu mesmo, trabalhar numtrabaio não. (L-D.L.C.S. 63) (61) É[ T piaçava] o nosso ramo lá é piaçava, eu agora tou virando a rezar.(b - B.G. 72) (62) [ T Nem neto], nunca tive, com sessenta e dois anos nem tive neto.(l -D.L.C.S. 63) d) Construções de tópico-sujeito: Por ser a construção de tópico-sujeito de menor consensualidade entre os autores, fazse nessa seção uma abordagem mais extensiva em relação aos demais tipos de tópico. Nas construções de tópico-sujeito não há consenso quanto à classificação em relação aos distintos tipos entre os teóricos, em especial o rotulado pela literatura de tópico-sujeito, de identificação incomum, apresenta dificuldades terminológicas por se equivaler à estrutura sintática de frases SVO e tópico-comentário. Essas estruturas, como discute Pontes (1987, p.35), são interessantes devido o SN inicial, o verbo e o SN pós-verbal, conforme a ordem, aparentarem uma construção SVO. O tópico-sujeito se estende a um grupo extenso e diversificado de estruturas, no âmbito sintático e semântico. (63) a. [ T O meu carro] furou o pneu. b. [ T Os meus carros] furaram o pneu. (PONTES, 1987, p. 35) Os sintagmas em destaques ou topicalizadospodem ser interpretados como o sujeito da oração, devido à ordem canônica SVO ter sido mantida, apresentando, inclusive, concordância com o verbo. Conforme Galves (1998),essas construções são encontradas no PB e não no PE e ocorrem por meio de verbos inacusativos e impessoais, os quais não projetam argumento

50 60 externo 15,ocupam, portanto a posição de especificador do sintagma flexional, selecionam ainda, apenas o argumento interno, como não podem selecionar argumento externo, ficam também impossibilitados de atribuir caso acusativo. Como uma cadeia reativa, o argumento interno do verbo alça a posição de sujeito e recebe o caso nominativo. Segundo a autora,as construções de tópico-sujeito apresentam um verbo transitivo acompanhado somente do seu argumento interno, em posição pré-verbal, sem que nenhuma marca flexional indique modificação na projeção da estrutura argumental do verbo como apresentado em (60). Nesse tipo de construção há o deslocamento de uma das categorias gramaticais, como um PP, locativo ou adjunto que se comporta como sujeito da frase, sem ser acompanhado da preposição. (64) a. [ T Essa casa] bate bastante sol. b. [ T Essas casas] batem bastante sol. (PONTES, 1987, p. 34) Dois aspectos a serem investigados em estrutura de tópico-sujeito é o fato desta se licenciar com verbos inacusativos e, devido esse tipo de verbo não possuir argumento externo, o SN, argumento interno, ocupar o papel de sujeito. Através da operação Move (mover) o sintagma é deslocado de sua posição sintática para receber caso. O licenciamento da posição de sujeito se associa, portanto, ao fato dos inacusativos possibilitarem o alçamento do argumento quando houver aberta a posição do sujeito. Costa (2010) e Galves (2001) observam que registros dessas estruturas não foram identificados em outras línguas românicas, nem no português clássico, tornando o PB sui generis em relação a esse tipo de construção. Consideram, ainda, essas estruturas intrigantes, por se licenciarem com verbos inacusativos e com a posição de sujeito no PB, 16 como observado em (64a). Para Pontes (1987, p. 37), o tópico, nesse modelo de estrutura, está na posição do sujeito que é a primeira em uma oração do PB, e o sujeito está na posição do objeto, logo após o verbo, portanto, uma sentença facilmente confundida com a estrutura SVO, com o acréscimo de que ocorre a concordância do verbo e o tópico-sujeito (primeiro DP), motivo 15 Mioto (2007) apresenta a imposição da restrição selecional de alguns verbos que requerem um argumento com traços mais animado, como motivações para bipartir os verbos monoargumentais em duas classes: uma inclui os verbos que selecionam como argumento externo um agente posicionado como sujeito na oração, são verbos que dificilmente terão um sujeito posposto: Miou o gato. Telefonou o João. 16 A segunda classe é dos inacusativos e inclui os verbos cujo único argumento não é precisamente um agente, e facilmente acolhem sujeitos pospostos. Ex: Chegaram os livros solicitados.

51 61 que dificulta sua classificação. Conforme a autora, a realização dessas sentenças é atribuída à falante no emprego da fala culta. Araújo (2009) investigando as construções de tópico nas comunidades afro rurais, percebe a realização de tópico sujeito na fala dos informantes, em construções com verbo ergativo, como: (65) O carroafundô as roda... (66) Deus ajudô que ela salvô a... a vida. (ARAÚJO (2009, p. 240) Em (65), o argumento interno selecionado, as rodas, não faz concordância com o verbo na sentença (66). O segundo ocorre com transitivos, mas sem a realização do argumento externo. O elemento interno que alça a posição de tópico desencadeia a concordância com o verbo. (ARAUJO, 2009, p. 240). A autora o define de acordo com as seguintes particularidades: (i) Apresentar um sintagma preposicional locativo ou adjunto deslocado à esquerda, sem a preposição e assume, aparentemente, a posição de sujeito, já que convoca a concordância entre o verbo e o DP à direita, além do que não há como projetar o argumento externo. (ii) Não apresentar um pronome lembrete retomando o sintagma nominal anteposto. (iii) Não existir concordância verbal entre o verbo e o seu argumento externo, realizado em posição pós-verbal. Acrescenta-se ainda a não associação do tópico com alguma posição interna à oração, o que implica não haver movimento de dentro da oração. No PB, essas construções ocorrem por meio de verbos inacusativos e impessoais, sem projeção de argumento externo. (67) a. Os jogadores estão crescendo o cabelo. (ARAÚJO, 2009 p. 239) b. Os jogadores está crescendo o cabelo. Consoante à autora, nas construções de tópico sujeito é o tópico e não o sujeito que estabelece a concordância com o verbo, o que explica a agramaticalidade de estruturas como (67b). Nas análises das construções em (67) identifica-se a linearidade na ordem que é constituída pelo sintagma DP+V+DP (determinante-verbo-sintagma determinante) e a realização da concordância entre o verbo e DP pré-verbal. Nos corpora da pesquisa foram identificadas e caracterizadas como tópico-sujeito:

52 62 (68) Cê precisa vê quando as[ T istrada] começa a chover... ninguém passa. ( L-J. C. S. 62) (69) [ T Essa Boitaraca]resistiu até hoje. (B- V.S. 88) (70) [ T A mestruação]chega perdendo sangue como o quê... (L -E.C.S, 45) Munhoz (2012, p.245) apresenta as construções de tópico-sujeito a partir da caracterização da ordem linear, sintagma determinante (DT)+verbo(V)+sintagma determinante (DP) e pela concordância entre o verbo e o primeiro DP, como em (69). Nas frases (68), (69) e (70) ocorrem a ordem linear, quanto ao DP pré-verbal, caracterizado como tópico-sujeito, as istrada, essa Boitaraca e a menstruação, respectivamente, concordam com o verbo. Ao ordenar a estrutura de (64) tem-se, quando começa a chover nas istradas,observase queo SN move-se de posições interna da oração, contudo, não alça a posição de TopP, na camada do CP. Por localizar-se na parte interna do IP, o SN consegue estabelecer a concordância com o verbo e aparenta ser o sujeito da sentença. e) Tópico Pendente: A relação sintática do tópico pendente com retomada pelo comentário é de grau mínimo, por não haver uma relação de caso ou de papel temático entre o tópico e algum elemento interno ao comentário. A manifestação ocorre através de um DP nu, ou de expressão como: quanto a.., acerca de..., no que diz respeito a..., no que se refere a..., consoante Brito, Duarte e Matos (2003). (71) [ T Acerca dessas mintira], eh..pra mim num diz nada. (J- M.R. 56) (72) [ T A televisão], rapaí, rapaí, a vida dura, quem trabalha de ganho é uma vida triste, avemaria.(j- J.A.S. 53) (73) [ T Os probremas]...agora é o seguinte, é que nem eu falo. (J- M.R. 56) Dentre as propriedades que caracterizam as construções descritas em (71), (72) e (73)elenca-se: (i) A ausência da conectividade entre o constituinte topicalizado e o constituinte interno à sentença-comentário Mateus (2003) compartilha da existência de um grau mínimo de sintetização nessas estruturas e, apesar de identificar a ausência da referencialidade, sugere um vínculo entre o tópico e um elemento interno à sentença comentário. (1) Fábulas, não gosto especialmente da história do corvo e da raposa. (2) Por falar na Arrábida, este ano passamos férias noutra praia.

53 63 (ii) (iii) (iv) Ausência de relação entre o elemento tópico e o traço de pessoa, número e gênero com algum elemento da sentença-comentário. O tópico pode ser referenciado por SN isolado ou regido por preposição, ou locução preposicional, como citado acima. Condição de relevância devido à ausência de vínculo sintático. Araújo (2008), em conformidade com a proposta de Duarte (1987, p.73) pontua que as propriedades dessa construção são comandadas pela condição de relevância. f) Tópico Duplo Sujeito/ com Cópia Pronominal: Constitui-se construção de Duplo Sujeito quando existe uma coreferência entre o tópico e o pronome retomado pelo comentário ocupando a posição de sujeito interno à oração conforme demonstração: (74)[ T O rapaz], eu vi o ele explicando que o boitaraca é o único lugar quilombolaque resistiu. (B- C.S.R. 49) (75)Que ela mesmo, [ T Mara], é com os próprios parentes dela mermo[...] (J-J.A.S.84) (76) Era [ T canoa de...de ostra], e botava ela lá no porto e de vez em quando[...] (B-A.F.R. 83) Araújo (2009) coaduna com Galves (1998) em relação à realização de a construção de duplo sujeito ser justificada em função do verbo no PB ter perdido o traço pessoal, sendo necessário recorrer à marcação do sujeito. Duarte (1995) investigando as construções de duplo sujeito em sua tese, observa não ser uma construção singular do PB, podendo ser identificada no francês, língua de sujeito preenchido, porém ausente em línguas de sujeito nulo, como o espanhol e o italiano. g) Topicalização Selvagem: O tópico selvagem é comumentemente realizado na modalidade oral do PE, conforme, Brito, Duarte e Matos, (2003, p. 501), possui propriedades sintetizadoras e conectividade referencial, mas não categorial, sua ocorrência é específica em contexto frase-raiz. Ao ser movido do interior para à esquerda da sentença, o tópico deslocado não é acompanhado da preposição, elemento obrigatório para dar caso ao SN. Conforme Araújo (2009), essa construção se caracteriza pela ausência da preposição em situações que, normalmente, se faria presente. Contudo, outras funções sintáticas regidas por preposição, mas realizadas

54 64 sem ela podem aparecer nesse tipo de construção como: complementos nominais; agente da passiva; adjunto adverbial. (77) a. [ T As canoa], é ali... a gente trazia as ostras. (B- A.F.R. 83) a. A gente trazia as ostras de canoa.(b- A.F.R. 83) Em (77), ao ser deslocado da condição de objeto indireto, o PP de canoa não é acompanhado da preposição. Nesse tipo de estrutura, conforme Araújo (2009, p.241), ocorre o deslocamento de um PP, objeto indireto, complementos nominais, agente da passiva ou adjunto adverbial desacompanhados da preposição e sem conteúdo semântico, a qual deverá apenas atribuir caso. Caso a preposição apagada tiver conteúdo semântico (não ligar o verbo ao complemento) ou vir acompanhada de um adjunto adverbial, observa-se ausência de conectividade categorial e causal com a posição interna ao comentário, como no caso de (78). Caso a preposição apagada seja funcional 18 ocorre situação inversa. (78) a. [ T Cavalo e jegue], só andava...é por isso que hoje eu vivo doente. (B-M.C.S. 68) a. Eu só andava de cavalo e jegue... (L-D.L.C.S. 63) Em (78), a preposição de(lexical)s-seleciona semanticamente os DPs cavalo e jegue e possui conteúdo semântico, esse núcleo não seleciona argumentos para construção do sintagma, (não há atribuição de papel temático). O PP de cavalo e jegue, tão somente acrescenta uma informação. Ter conteúdo semântico implica, na topicalização selvagem, a ausência de conectividade. (79) [ T Desempregado],ah! Meu Deus, trabalho... é botar a mão po céu de Deus me segurar, a gente precisa, né? (L M.S. 50) 18 A Gramática Gerativa categoriza as preposições em lexicais e funcionais. As lexicais se caracterizam por predicarem e possuírem carga semântica, diferente das funcionais. Carga semântica refere-se a um predicado com capacidade de atribuir papel 0, ou seja, capaz de selecionar (sseleciona) semanticamente seus argumentos. Ex: Tereza dormiu sobre o tapete. Sobre requer que o DP, tapete, seja interpretado como um lugar. A preposição sobre s-seleciona o DP tapete. (MlOTO; SILVA; LOPES, 1999) As funcionais não s-selecionam seus argumentos, mas c-selecionam (c- abrevia categoria) seus complementos. Ex: Indiferente aos protestos do povo. Não é a preposição a que atribui papel ao DP os protestos do povo, mas o adjetivo indiferente. Assim, a preposição a é funcional. (MLOTO; SILVA; LOPES, 1999)

55 65 No caso de (79), a preposiçãode, apagada, apesar de ser a mesma em (78),no entanto, c- seleciona seu complemento, precisar seleciona um argumento interno, com papel temático, necessariamente preposicionado e encabeçado pela preposição de, a qual estabelece uma relação de complementação entre o verbo e o completo trabalho.vale salientar que nessa proposta, a topicalização selvagem restringe-se a contexto de frases-raiz. h) Tópico Locativo: A característica básica do tópico locativo é o elemento topicalizado ser um locativo e a preposição, em geral, ser acompanhada por um SN deslocado: (80) [ T Na casa dos outro],vejo ali aquela filha de seu Pedro, a bixinha num temtempo nem de se coçar. ( L- L.C.S. 81) (81) [ T Num buraco], bota a muda, pisa, e vai embora. (L-D.L.C.S. 63) O tópico é um locativo funcionando como adjunto ou de verbos existenciais (80), ou de verbos considerados intransitivos, a exemplo de vai, em (81). De forma geral, no tópico locativo, a preposição acompanha o sintagma nominal deslocado. A realização das diferentes estruturas de topicalizaçãoconfirma como uma mesma língua faculta distintos e variados tipos de tópicos. Brito, Duarte e Matos (2003) demonstram isso nope e Galves (1998) no PB. Fenômenos possíveis em determinadas línguas são desconhecidos em outras, questão que constitui o objeto da Teoria de Princípios e Parâmetros.Na mesma linha, Mioto (2007)interpreta a faculdade da linguagem dotada de princípios rígidos, válidos para todas as línguas naturais, e parâmetros de variaçãobinária responsáveis por diferenciar as diversas línguas. 2.6 Foco: posições teóricas Antes de discutir o conceito geral de foco e suas distintas representações nas sentenças, faz-se necessário estabelecer uma definição para o termo apresentado pela proposta deste estudo, haja vista a noção de foco expandir-se por variadas formulações em relação à ocorrência de marcação nas sentenças, bem como, pelas diferentes teorias na literatura sobre a identificação dessas estruturas. Considerando que o foco pode se manifestar nas orações do PB, tanto por meio da sintaxe quanto por meio prosódico, o interesse peloestudo dessas estruturas, nos corporadas comunidades afro rurais,seleciona tanto as construções de foco in situ quanto as sintaticamente diferenciadas, como as sentenças que recorrem à clivagem, no sentido destas

56 66 acomodarem o constituinte marcado. Para definição do foco tomar-se-á a proposta de Zubizarreta (1998) que o interpreta por meio de uma sentença bi partida, a parte pressuposta e a não pressuposta, na qual o foco é definido. Um contexto de evidência do foco é a relação pergunta/resposta. A variável vinculada ao elemento da interrogativa qu - não pressuposição, constitui o foco da sentença, como já apresentado. Em contexto de pergunta/resposta, a resposta solicitada pela interrogativa qu deve carregar o elemento foco e a pressuposição ou uma parte desta. Nos exemplos (82), o foco varia conforme a pergunta relacionada a ele. Contudo, pode-se perceber que o termo focalizado não faz parte da pergunta, diferente da parte pressuposta que é retomada nas respostas: (82) a. [ F O menino [quebrou [a janela]]] a [O que aconteceu?] b. [O menino [ F quebrou [a janela]]] b [O que o menino fez?] c. [O menino [quebrou [ F a janela]]] c [O que o menino quebrou?] d. [[ F O menino [quebrou [o vidro da janela]]]] d [Quem quebrou o vidro da janela?] e. [[F O menino] [[ F quebrou] [o vidro da janela]]] e [O que aconteceu com a janela?] f.[o menino[[ F quebrou] o vidro da janela]] f [O que o menino fez com o vidro da janela?] Zubizarreta (1998) interpreta o foco presente nessas sentenças como não-contrastivo e o diferencia do foco contrastivo, devido este último não se associar à contexto de pergunta qu.verifica-se que focos contrastivos e não-contrastivos possuem a mesma natureza semântica, ambos atribuem um valor a uma variável. A distinção surge devido o foco contrastivo negar um valor atribuído à variável e substituí-lo por um outro valor, o sintagma vidro da janela pode ser negado e substituído por espelho. Chomsky (1995) apresenta, também, o binômio pergunta-qu e resposta como contexto para identificar a correlação entre a semântica e a sintaxe do foco. A resposta à pergunta-

57 67 quconstitui o foco da sentença ou o contém, a análise do elemento que responde ou preenche a interrogativa esclarece melhor a relação. (83) a. Qual país você pretende conhecer nas férias? b. Pretendo conhecer[ F o Japão]. c. Sonho com [ F o Japão]. d. [ F O Japão] e. [Comprar] o Japão. As respostas apresentadas correspondentes ao elemento qu em (83), exceto (83e), portam a informação requerida pela interrogativa, a palavra focalizada pode se apresentar precedida ou não de mais itens gramaticais, mas nunca focalizar um termo que não atenda os requisitos semânticos/sintáticos de qu, como ilustrado em (83d). A agramaticalidade manifestada por comprar é consequência das propriedades do verbo não corresponderem às exigências de qu. A parte pressuposta veiculada na pergunta e retomada na resposta não pode ser foco, resta a informação nova ser o constituinte de proeminência na sentença e atender a solicitação da interrogativa a não pressuposição ou o foco. Chomsky (2001), em uma análise prosódica do foco, (que não é objeto de estudo da presente pesquisa) apresenta ainda o par pergunta/resposta - sim/não, como teste para identificá-lo na sentença. Em pergunta do tipo: (84) a. João passou na prova de português? b. Não, passou na prova de [ F história]. O termo de maior proeminência é a informação desconhecida do ouvinte, sendo este que corresponde às solicitudes da interrogativa, portanto o foco. Tradicionalmente, esse recurso de identificação do foco é chamado de teste da negação, ao negar parte (ou toda) da sentença, nega-se somente o foco, a pressuposição permanece sendo a afirmação. As frases em (85) mostram quando aplicado o teste em contexto de clivagem. (85) a. Foi [ F o João] que passou na prova de português. b. Não foi o [ F João] que passou na prova de português. d. Quem passou na prova de português foi [F o João]. e. Quem passou na prova de português não foi [ F o João].

58 68 O constituinte João clivado em (85a) e (85d) é o foco da sentença. A negação em (85b) e (85e) é que João havia passado na prova; a pressuposição não se altera permanece afirmada, alguém passou na prova de português. As distintas formas de arranjo dos constituintes não impedem que o foco recaia sob o escopo da negação. Ao formular a interrogativa por meio de uma negação, a pressuposição não será abalada, manterá a afirmação, ou seja, é certo que alguém, fez a prova de português. Para Chomsky (2001), o constituinte com o elemento lexical localizado mais à direita pode ser o foco da sentença. Tal afirmação é representada entre o contraste das construções (86). (86) a. João passou na prova [ F de português?] b. Não, passou no [ F teste de inglês] c. Não, [ F ele viajou a trabalho] Em (86), o foco recai sobre o menor constituinte, o contraste está entre dois diferentes componentes de estudo, português e inglês. O contraste se estende entre um constituinte maior, prova de português e teste de inglês, o foco recai sobre o DP maior, este último. Isso significa que foco pode expandir-se a mais constituintes ou a sentença inteira. A sentença em (86b) nega todo predicado da interrogativa em (86a), a substituição de passou por viajou em (86c) demonstra que o constituinte inteiro da sentença ou todo VP é focalizado. Na perspectiva da semântica, nos casos de focalização, o contexto é fundamental para determinar o constituinte focalizado, diferente de construções em que o constituinte focalizado é marcado sintaticamente, como nas estruturas de clivagem e suas derivadas. Mioto 19 (2003, p.5), no propósito de identificar o tipo de reflexo espelhado pelo foco na estruturação sintática do PB, recorre à sintaxe e analisa as duas formas de ocorrência, in situ e deslocado. Como constituinte focalizado in situ, Mioto (2003) 20 apresenta a construção (87a), como deslocado à periferia esquerda da sentença (87b-c). (87) a. O João comprou [ F aquele carro]. b. [ F Aquele carro] o João comprou. 19 Mioto (2003, p. 5), com base na tipologia de foco proposta por Zubizarreta (1997), e no caráter dos traços de contrastividade e de exaustividade de Kiss (1998), estabelece o tipológico de foco:a)[- contrastivo, - exaustivo] = foco de informação / não-contrastivo;b)[- contrastivo, + exaustivo] = foco de identificação / de listagem exaustiva;c)[+ contrastivo, - exaustivo] = inexistente d)[+ contrastivo,+ exaustivo] = foco contrastivo. 20 O foco deslocado à periferia esquerda da sentença, conforme Mioto(2003), está associado pelo menos a um valor positivo dos traços [exaustivo] e [contrastivo].

59 69 c. [ F Aquele carro] que o João comprou. Ao deslocar-se o complementizado, que, acompanha o foco deslocado à periferia esquerda da sentença e na posição de objeto. Com base nessas formas de ocorrência de focalização, a discussão discorre sobre dois tipos de foco refletidos na sintaxe: foco de informação e de identificação Foco: estrutura informacional Com base na estrutura informacional, Mioto (2003, p 169) classifica dois tipos de foco: o de informação, que fornece apenas a informação solicitada, exemplo (88) e o foco que, além da informação nova tem traços discursivos, como (89). O foco de identificação se subdivide de acordo com a informação adicional: (i) Foco exaustivo, se a propriedade adicional envolver informação exaustiva, em síntese, se a informação esgotar as possibilidades de interpretação; (ii) Foco contrastivo, se envolver contraste ou correção da informação anterior. (88) a. Qual país você pretende conhecer nas férias? b. [ F O Japão.] Para Mioto (2003, p.172), o contexto típico de um foco de informação é o que contém uma pergunta qu e a resposta se limita a atender apenas o que foi solicitado na interrogativa, como ilustrado em (88b). Quanto ao foco de identificação com traço exaustivo, tem-se uma primeira sentença que é negada seguramente pela segunda e não contêm todos os itens que compõem o foco. (89) a. Pedro estudou geografia para o concurso. 21 b. Não. Ele também estudou história. Existem em (89) mais itens, além de geografia, que Pedro estudou expressos na segunda sentença, de (89b), no caso história. Quanto ao foco de identificação com traços contrastivos, para Mioto (2003),consiste em inserir uma negação ao primeiro valor atribuído ao foco potencial. 21 O exemplo foi adaptado de Mioto (2003), e as análises extraídas também do autor.

60 70 (90) a. Pedro passou na prova de português? b. Não, passou na prova de [ F história]. Em (90b), a negação foi atribuída ao termo visita. Nesse caso, como defende Zubizarreta (1998) o foco é x=história e não y.kiss (1998) identifica também essas estruturas de foco: informação e de identificação. Em ambas as visões, o foco é reconhecido por ser a parte não pressuposta da sentença, a diferença entre elas é que o foco de informação se encontra em todas as sentenças, o foco de identificação apenas em contextos mais específicos. Outra distinção identificada entre esses tipos de focos são os traços de exaustividade e contraste presentes neles. O foco de identificação apresenta os traços de exaustividade ou contraste no contexto semântico-comunicativo, como confere Kiss (1998, p.245), representa um subconjunto do conjunto de elementos dado contextualmente ou situacionalmente para que a frase predicacional possa potencialmente se aplicar; este foco é identificado como o subconjunto exaustivo deste conjunto para o qual o predicado efetivamente se aplica. (91) a. O Pedro comprou um tênis. b. O Pedro comprou um tênis. (não uma camisa) A distinção existente entre as duas estruturas é de natureza fonológica e semântica. Não há nenhuma marcação sintática, fonologicamente o acento recai em (91b) e não em (91a), semanticamente, além da informação nova em ambas, uma é de caráter contrastivo (91b).Nesse caso, o foco não é marcado sintaticamente, mas in situ, o contexto discursivo desempenha, portanto, papel preponderante para identificá-lo, diferente do foco marcado, o qual é explícito na estrutura sintática. Seriam consideradas sentenças in situ (91), nas quais os objetos estão sendo focalizados de forma igual eaparecem na posição canônica de sujeito ou objeto, a ordem básica (SVO), assim, são consideradascomo uma mesma sentença.no entanto, para além da distinção fonologia e semânticahá uma diferença quanto ao significado. As construções em (91a) e (91b) se distinguem devido o contexto destasenvolver uma relação de contraste.pode-se considerar um conjunto de itens que Pedro poderia ter comprado, camisa, calça, sapato,todos inseridos no contexto discursivo, porém, o predicado se aplica a um tênis e a mais nada que o Pedro comprou.

61 Foco: estrutura sintática O conceito do foco sentencial na gerativa foi apresentado por Chomsky (2001), diferente da noção foco in situ. Na sintaxe, o elemento foco é marcado pelo deslocamento do constituinte, como pontua Mioto (2003, p. 169) Parece que ao foco deslocado nunca pode ser associada uma interpretação de mero foco de informação. Por sua vez, o foco in situ pode estar associado a qualquer tipo de interpretação. Nesse último caso, o contexto desempenha um papel fundamental na identificação do foco de uma sentença. Com base na estrutura sintática, Mioto (2003, p.179) divide a sentenças em duas áreas: o IP (área nuclear que contêm a sentença matriz e a informação conhecida) e o CP (localizado na periferia esquerda da sentença matriz) que é ativado para receber a informação nova ou o foco da sentença. Ainda segundo Mioto (2003, p.176), quando deslocado, o foco pode ser seguido do complementizador que. Quando se trata de estruturas realizadas por meio da clivagem, a operação se encarrega de gerar na estrutura uma posição destinada para a identificação do foco.quanto à posição ocupada pelo constituinte focalizado na estrutura sintática, pode-se identificar o foco contrastivo ou de informação, nos exemplosem (92), a posição do objeto direto ocupando a posição de Spec/FocP, no sistema CP da periferia esquerda da oração, indica ser de foco contrastivo(identificação), diferente do foco informacional situado na posição mais baixa da periferia esquerda. (92) a. [ F Otênis] o Pedro comprou. b. [ F Este tênis] o Pedro comprou. c. [ F Este tênis] o Pedro comprou. (não uma revista). FocP Spec Foc Este tênisk Foc IP Spec I O Pedroi I VP comprouj DP V ti V tj DP tk

62 72 O SN anteposto de interpretação contrastiva indica que a posição Spec de FocP na periferia esquerda corresponde à posição requerida pelo foco contrastivo, uma vez que o especificador de FocP ocupado pelo objeto focalizado corresponde à relação Spec-Núcleo.O foco de informação move-se para uma posição de Spec de FocP na periferia esquerda do VP. Mioto (2003) busca mostrar com essa visão que o constituinte foco é obrigado a move-se em LF. As análises que se seguem assumem, portanto, que o foco sempre ocupa um Spec de FocP que pode estar localizado na periferia esquerda da sentença ou dentro do IP. Quando a sintaxe interpreta as diferentes formas dessa construção, posicionando o constituinte focalizado em Spec FocP, a distinção é possível devido FocP ocupar duas posições na estrutura, essa é a interpretação dada por Belletti (2001). O foco in situou de informação nova encontra-se no Spec FocPinterno a projeção IP, como mostra (93a). Já o foco deslocado,com interpretação de contraste ou de identificação ocupará o Spec de FocP da periferia esquerda do IP, em (93b). (93) a. [IP O Pedroi [I comprouj [FocP um tênisk [Foc [VP ti [V tj tk]]]]]] b. [FocP Um tênisi (que)[ipo Pedro comprouti]] Em (93a), o DP OPedro sobe para Spec IP para checagem do caso nominativo; o verbo sobe para I e checa o traço de tempo; e o objeto um tênis para Spec de FocP para checar seus traços de Foc. Conforme Belletti(2001),há duas posições distintas para foco: o Spec de FocP no CP expandido e Spec de FocP intemo ao IP, (RIZZI, 2002). Para o foco in situ de interpretação semântica contrastiva ou exaustiva, Mioto (2003) assume o movimento do IP remanescente para Spec de TopP. (94) O Pedro comprou um tênis (não uma camisa). [TopP [IP o Pedro comprouti]k[focp um tênisi(que)[ip tk]]] Nas sentenças acima, o constituinte focalizado se move para o Spec de FocP, a posição original é marcada pelo vestígio ti, logo em seguida todo IP se move para Spec de TopP, o vestígio tk marca aposição original do IP. Nessa perspectiva, o foco sempre vai estar deslocado para Spec da categoria de Foc

63 73 que pode ser interna ao IP (foco de informação ou a periferia esquerda com constituintes de interpretação semântica contrastiva). É pertinente atentar que as configurações dessas estruturas, como pontua Quarezemin (2009), sobre o foco em outras línguas, os mecanismos utilizados na focalização de constituintes mudam de acordo com a sintaxe das línguas, a exemplo de línguas que permitem flexibilidade/variação da ordem de constituintes nas sentenças, como o italiano, o espanhol, o Português Europeu (PE) e o grego. A autora ainda observa que uma língua privilegia determinada estratégia de focalização em detrimento de outra que não acarreta qualquer violação gramatical, a exemplo do francês, ao adotar estratégias de clivagem (reduzida) e não a estratégia de focalização in situ do inglês. 2.7Clivagem A proposta de análise das sentenças focalizadas por meio da clivagem verte tanto para uma abordagem morfossintática, por serem estas sentenças marcadas sintaticamente, como para questões pragmático-discursivo, uma vez que as construções de clivagem, mesmo sendo construções focalizadoras, são bem sucedidas apenas em contexto específico, ou seja, só é possível clivar constituintes nos contextos em que há um par foco-pressuposição. (PINTO, 2008, p.2). A análise proposta compreende a definição assegurada por Pinto e Ribeiro (2008, p.20), os quais apresentam a clivagem como um recurso de focalização, no qual o elemento focalizado é ensanduichado a partir de uma estrutura sintática específica contendo simplificadamente uma cópula focalizadora (ser) e um pronome relativo ou conjunção. Contudo, a presente abordagem se limitará em considerar as construções focalizadas por meio da clivagem, sem deter-se na classificação dessa família. Segue, assim, a análise unificada de Pinto (2008) que interpreta as clivadas básicas e pseudo-clivadas extrapostas,tão somente com baseem traços do elemento focalizado.nas suas investigações, o autor apresenta uma tipologia de ocorrência dessas estruturas no portuguêse no espanhol, bem como as estratégias de focalização em distintas variedades do espanhol, e interpreta que as construções de clivagem são geradas por meio de uma operação de ensanduichamento 22 de determinado sintagma, conforme apresenta Pinto (2008, p.3) 23 nos exemplos seguintes. 22 Termos destacados em letras maiúsculas, pelo autor. 23 Pinto (2008) trabalha a clivagem tendo em vista a classificação dessas construções em dois grupos: sentenças clivadas, como ilustrado em (95a,b,c,d) e sentenças pseudo-clivadas expressa pelos exemplos (e,f,g,h,i,j).

64 74 (95) a. Foi O LIVRO que a Maria comprou. b. O LIVRO foi que a Maria comprou. c. O LIVRO que a Maria comprou. d. O que a Maria comprou foi O LIVRO. e. O LIVRO foi o que a Maria comprou. f. Foi O LIVRO o que a Maria comprou. g. A Maria comprou foi O LIVRO. h A: Você comprou o caderno? B: Não... Foi o livro o que eu comprei. (PINTO, 2008, p.3). O grupo de estruturas em (95) é caracterizado como construções marcadas pela operação de clivagem e apresentam o elemento que invariável ou um elemento variável, dependente da função sintática/estatuto do constituinte focalizado. Esse éum recurso necessariamente realizado para evidenciar sintaticamente o foco da pressuposição. No nível da sintaxe,para Pinto(2008), tais estruturas (clivadas e pseudoclivadas) apresentam comportamentos sintáticos distintos, a começar pelo CP presente que pode ser constituído por um complementizador ou pela expressãoqu, como também se diferenciam em relação aos contextos discursivos em que são empregadas. Nessa mesma linha de definição, Mioto & Negrão (2007) advogam que enquanto a estrutura de uma pseudoclivada veicula qualquertipo de foco, como o contrastivo, de identificação ou de informação,o tipo clivada veicula apenas o contrastivo ou de identificação, e por estar associado a esse tipo de leitura, o foco de informação é inviabilizado de ser veiculadopor uma clivada. (96) a. O que a Joana comprou hoje? b. #Foi uma bolsa a joana comprou hoje. c. #A bolsa que a Joana comprou hoje. d. #A bolsa a Joana comprou hoje. Observa que em contextos de pergunta e resposta, a clivada não se aplica, mas é próprio para o foco de informação. Quanto a sintaxe, Mioto (2003, p. 179) situa tais estruturas no nível do CP e na periferia esquerda da sentença. Conforme o autor, [...] a diferença empírica que pode ser feita entre os dois tipos de construção está no fato de que as sentenças clivadas apresentam sempre um elemento que invariável, independente da função sintática do elemento focalizado. Por outro lado, as sentenças pseudo-clivadas, como ilustrado em (2), apresentam um elemento variável que dependerá da função sintática/estatuto do constituinte focalizado. (PINTO, 2008)

65 75 (97) Foi [o livro] [ F o que [IP a Maria comprou]]. O foco, como visto,corresponde respectivamente a o livro; O CP, o que a Maria comprou ; o IP, a Maria comprou.aoperação encarregada para acomodação da clivagem gera estruturas estratégicas que legitimam uma posição específica para receber o constituinte focalizado, como exemplificado: (98) a. O João viajou para Europa. b. Foi [ F o João] que viajou para Europa. c. Foi [ F para Europa] que o João viajou. O constituinte focalizado nas sentenças (98b) e (98c) pode ser identificado em todas as estruturas, sem recorrer ao contexto discursivo e encontra-se posicionado entre a cópula foi e o complementizador que.caso o foco não seja marcado sintaticamente, como em (90a), fazse necessário recorrer ao contexto discursivo para poder identificá-lo, como o elemento de substituição à interrogativa,considerando uma pergunta que responda a expressão qu. (99) a. Que viagem o João fez? b. Para Europa o João viajou. c. Para Europa que o João viajou. d. Foi para Europa que o João viajou. As respostas em (99b.c) apresentam certo estranhamento ao ouvinte, devido à presença do traço de contraste, ou seja, há algo a mais do que foi requisitado por qu, esse tipo de foco pode ser checado nas duas periferias. Já o caso de clivagem em (99d) implica em exaustividade, responde sem estranheza a expressão qu em (99a). Nessas estruturas, oconstituinte é deslocado à periferia esquerda da sentença, para o Spec de FocP, diferente do tipo in situ ou foco de informação associado à interpretação de não-contraste/nãoexaustividade, e tem a função de fornecer uma informação solicitada. De acordo com Mioto (2007), clivar ou mover sintaticamente itens lexicais é um recurso profícuo na identificação de quais elementos dentro de uma sequência formam um constituinte. Ao clivar uma sentença declarativa como (100a), de forma que situe entre a cópula ser e a expressão o que, constrói-se uma sentença de estrutura clivada como (100b).

66 76 (100) a. A médica falou [com a paciente parada na enfermaria] b. Foi a médica que falou com a paciente parada na enfermaria. Percebe-se que o sintagma com a paciente parada na enfermaria' forma um constituinte maior. Para Mioto (2007), esserecurso de clivagem possibilitaainda identificar outros constituintes menores inseridos neste constituinte maior. (101) a. Foi [a médica] que falou com a paciente parada na enfermaria. b. Foi [da enfermaria] que a médica falou com a paciente parada. c. Foi [a paciente parada na enfermaria] que a médica falou. d. Foi [parada na enfermaria] que a médica falou com a paciente. e.*foi [a paciente] que a médica falou parada na enfermaria. A clivagem permite, portanto, perceber que a sentença possui somente um macro constituinte, essa condição explica o porquê da agramaticalidade como resultado da tentativa de clivar supostosconstituintes, assim como identificar a função sintática desempenhada por um constituinte.

67 77 3 ASPECTOS SÓCIO-HISTÓRICOS E O PROCESSO DE POLARIZAÇÃO Os trabalhos científicos sobre as línguas usadas pelos cativos capturados na África e desembarcados em solo brasileiro, apenas recentemente foram aprofundados e mais intensificados em relação: como essas línguas se desenvolveram e sobreviveram em cativeiro; como as variedades no atual português estão imbricadas ao legado e marcas deixados peloafricano, fugitivo,comunidades escravizadas e quilombos. Para além de viés metodológico centrado na observação apenas de elementos formais, como o fonológico, morfo-sintático, lexicais, a discussão busca não se desprender dos aspectos semânticos e discursivos que determinam algumas estruturas e fenômenos no PB, a exemplo das construções de tópico e foco, mas explorar a inter-relação entre a sintaxe e o discurso. Nesseoceano instável e mutável de língua e contexto, gradativamente, afloram as inúmeras formações que se nutrem dos elementos históricos e peculiarizam ossistemas linguísticos. Voltar à história é buscar novas proposições para questões ainda abertas sobre os processos de variação e mudança na estrutura linguística das variedades surgidas devido às situações históricas.a adjeção dos fatores sócio-históricos, demográficos e linguístico torna possível abalizar elementos chaves, clareadores do processo responsável pela formação do português e delinear parâmetros linguísticos que subsidiem uma compreensão sistemática dos aspectos configuradores da diversidade linguística presente na atual conjuntura brasileira. Com base no imbricado contexto social gerado pelo complexo cenário linguístico de formação do PB, a variedade popular, mais especificamente o português popular falado por comunidades afrodescendentes é objeto que evoca a atenção da discussão proposta. O interesse decorre da influência que a matriz africana exerceu no cenário linguístico brasileiro. Uma vez que diversas situações do contato entre línguas, na formação social brasileira, provocaram acentuadas diferenças entre o português falado no primeiro momento de formação do Brasil e a variedade presente no atual contexto. Como corolário desse processo linguístico histórico,sobrevivem as características advindas do contato com as línguas africanas que, por motivos econômicos e sociais, foram marcantes na formação da nação. Assim, a composição étnica e o intenso contato de diferentes línguas na colônia brasileira são aspectos fulcrais na formação identitária do português, e imprescindíveis na compreensão da realidade linguística brasileira. Registros historiográficos e estudos como os de Mattos e Silva (2004), sobre a colonização, constatam não apenas o elemento português como integrador da demografia brasileira, mas também a maciça presença de diferentes etnias coexistentes no Brasil.

68 78 A historiografia dos primeiros séculos reconhece o numeroso contingente de línguas transplantadas, iniciado no espaço transatlântico compartilhado na época colonial, através das intensas interações entre europeus e africanos e, na sequência, com a população autóctone. Para além do elemento português, essas etnias compuseram a demografia do Brasil, na primeira metade do século XIX. As multidões de africanos escravizados chegavam incessante e coercitivamente no Brasil, vivenciando uma ininterrupta aniquilação e substituição proposital por meio de práticas glotocidas. Como não poderia ser diferente, a farta diversidade de línguas foi determinante para que a formação do português fosse marcada por um intenso e complexo contato linguístico entre o vasto número de falantes, contexto responsável para configuração de um país comprovadamente multiétnico, pluricultural, multirracial e multilíngue. De forma predominante, os africanos representavam quase a metade do contingente populacional do Brasil e foram os principais difusores do português popular no território nacional, através de uma modalidade de português distante do usado pela elite colonial e pela elite do império, tanto na fala quanto na escrita, configurando-se o que pode ser descrito como polarização sociolinguísticado Brasil. (MATTOS E SILVA, 2004). Sua influência é sentida nos aspectos linguísticos, em especial nas construções morfossintáticas, com destaque para construções de estruturas relativas, cortadoras ou com cópia, a exemplo de O livro que eu li ; A professora que eu estudei com ela,e alteração do valor de parâmetros sintáticos em favor de valores não marcados, assim como demais ocorrência presentes em estruturas que se distanciam da gramática tradicional do PB. A formação desse macro contexto colonialfez a população da colônia vivenciar uma intensa situação de fragmentação linguística, com línguas diferenciadas e mutuamente ininteligíveis tornando imprescindível, na situação sócia comunicativa, perfilhar uma língua comum, no propósito de servir como instrumento de comunicação entre a diversidade subsistente. A língua portuguesa é, portanto, posta como elo no fragmentado contexto linguístico. Entra o século XVII e o português se sobrepõe às demais línguas, favorecido, sobretudo, pela extrema fragmentação do quadro linguístico ameríndio, conforme Castilho (2001, p. 239). Em meio ao cenário essencialmente plural, linguisticamente, enquanto o português se afirmava como língua nacional, outras eram postergadas e vítimas da política linguística implantada pelo estado lusitano e, posteriormente, pelo processo de reluzitanização, assim, não tiveram melhor destino e foram apagadas ao perderem seu uso como línguas plenas, como atesta em seus estudos Mattos e Silva (2004, p. 87), sobre ter-se tomado o Brasil um país majoritariamente unilíngue até meados do século XVIII.Na visão

69 79 dehenckel (2005),a política linguística adotada pelo europeu era glotocida ou glotofágica no período escravista inviabilizando a comunicação entre as distintas línguas africanas em território brasileiro. 3.1 A transmissão linguística irregular Nesse cenário de formação social, a organização político-econômica se constituía em torno de uma sociedade ruralizada, a maior parte da população - a africana, adquiriu a língua portuguesa, através do processo de aquisição denominado por Lucchesi (2006) de transmissão linguística irregular. 24 Conforme o autor, um contínuo de níveis diferenciados de socialização/nativização de uma língua segunda, adquirida massivamente, de forma mais ou menos imperfeita, em contextos sócio-históricos específicos, ou seja, uma situação de aquisição imperfeita do português europeu, sem, no entanto, afetar a estrutura da língua, posteriormente caracterizada por um acentuado conservadorismo e unidade. Para Lucchesi (2009 p.42), a aprendizagem precária do português feita pelos escravos e a consequente nativização desse modelo defectivo de português, como segunda língua nas gerações seguintes de seus descendentes endógamos e mestiços, teve importantes interferências para a consolidação da realidade linguística brasileira.assim, o português servia, portanto, como veículo de intercomunicação entre africanos e diferentes etnias integrantes da sociedade colonial. A real conjuntura resultou em profundas alterações e reestrutura na língua portuguesa. Inserido neste expressivo contingente populacional, de contexto multilíngue dialetal, com um alongado tempo de vivência na colônia e imerso em uma profusa abrangência de diferentes nações, o africano precisou adquirir o português como segunda língua, configurando-se como principal agente transformador na difusão da língua portuguesa, na modalidade brasileira, subjugada ao regime colonial escravista, como atesta Mattos e Silva (2001). [...]pode-se admitir que o forte candidato para a difusão do que tenho designado de português geral brasileiro, antecedente histórico do atualmente designado de vernáculo ou português popular, variante sociolinguística mais generalizada no Brasil, seriam os africanos e afrodescendentes, e não os indígenas autóctones, já que o português brasileiro culto, próprio hoje, em geral, aos deescolarização mais alta, será o descendente do portuguêseuropeu 24 Lucchesi (2000) defende indícios de pidginização/crioulização, no PB, do tipo leve. Callou (1998,p. 264) compartilha dessa visão ao constatar na morfossintaxe do português afro rural a falta/flutuação de concordância de gênero, não observado em dialetos populares, ou alterando a concordância deste, a autora afirma que a flutuação de gênero, que normalmente se dá em casos de transmissão irregular [...]

70 80 ou mais europeizado, das elites e dos segmentos mais altos da sociedade colonial. (MATTOS E SILVA, 2004 p. 102). Mattos e Silva (2004) constata ter sido o Brasil um país multilíngue, a despeito da predominância do português europeu como língua majoritária. Africanos e afrodescendentes se sobressaem em relação à difusão do português em solo brasileiro, tendo em conta que aproximadamente duzentos a trezentos idiomas africanos foram trazidos para o Brasil. O expressivo contingente de etnias não brancas em território brasileiro suplantou representativamente o número de etnias brancas. Segundo dados expostos por Lobo (1998, p.41), na história do Brasil, a população majoritária, em número, sempre foi composta por etnias não brancas, ou seja, era de uma origem linguística de língua nãoportuguesa. Em terras brasileiras, a língua de Portugal adquire peculiaridades e modelagem própria, devido a alguns elementos sócio-históricos, como a demografia histórica no período colonial, a expressiva mobilidade populacional de africanos, afrodescendentes e a presença ou ausência do fator escolarização dentro da colônia. Na convergência desses elementos não são poucos os estudos que buscam deslindar o papel crucial do contato do africano na solidificação das características estruturantes do português popular do Brasil. O certo é que deste vigoroso contexto de contato teve-se como corolário uma situação linguística de extrema complexidade e heterogeneidade, não obstante a diligência de vários especialistas em linguagem apontar o português brasileiro como uma língua assinalada pela unidade. Na visão de Mattos e Silva (2004), sem desvaliar o expressivo volume de estudos sobre a língua portuguesa Brasileira, ainda é extenso e multifacetado as análises dos processos sócio-históricos e linguísticos que confluíram para configuração do atual PB. É inconteste a complexidade do contexto de interação entre línguas distintas e as particularidades que interagiram na multifacetada identidade linguística brasileira. 3.2 A configuração dos fenômenos linguísticos do PB A variedade linguística, ou seja, o português popular empregado majoritariamente pela população brasileira apresenta reflexos indeléveis do contexto promovedor da variação e mudança desencadeadas nos séculos passados,em províncias como a Bahia e Pernambuco, o contingente de escravos conviveucom uma expressiva variedade de línguas africanas, ao redor dos engenhos, ou nos quilombos, como discute Lucchesi (2003) em seus estudos, sobre século XIX.

71 81 Estudos com ênfase no processo de assimilação do português pela população africana, realizados por Mattos e Silva (2004 p. 87), ressaltam que, possivelmente, os inúmeros quilombos existentes no Brasil apresentavam diferentes configurações linguísticas na aquisição da língua portuguesa, de forma que a constituição humana e social dessas comunidades é de fundamental interesse para a sócia história do português. Agrupamentos sociais que sobreviviam isolados precisavam se articular com a sociedade legítima, contato significativamente influenciador para construção e difusão da língua. Arrancadas da continuidade de seu espaço original e afastadas do convívio com suas variantes dialetais, as línguas africanas no Brasil, como mostra Lucchesi (2003), sem chance de sobrevivência no contexto pluralizado de línguas, acrescido pela violenta repressão linguística, se realizavam de forma diferenciadas em épocas e espaços geográficos diferentes, como o rural e o urbano. Com um número aproximado de quatro milhões de indivíduos, alguns idiomas subsistiam isolados como códigos restritos, ou como línguas secretas, e se prestaram como raízes verticais escondidas no solo para preservar traços identitários da africana. Por meio de agrupamentos, alguns desses traços sobreviveram nas poucas comunidades rurais isoladas de afrodescendentes. Diversas pesquisas comprovam que a acentuada variação linguísticaexistente no Brasil é resultado do intenso contato entre línguas no contexto de formação do PB, incluindo nesse universo linguístico maior, o português falado pelas comunidades quilombolas, sendo a Costa do Dendê, no Recôncavo baiano, um fragmento desse universo linguístico maior o PB. Haja vista essa região ter recebido em grandes escalas um contingente de negros para atuarem como mão de obra escrava, na Bahia. Segundo Conrad (1978, p.81), o número de escravos na Bahia era de , os quaisadquiriram o português de maneira imperfeita, em todos os níveis, fonético, morfológico e sintático, além de introduzirem novos itenslexicais, gerando um efeito de cruzamento de línguas africanas com o português da colônia. Para Leão (1989), a planície costeira da Bahia acolheu uma expressiva concentração da população presente nos primeiros séculos da colonização do Brasil, em especial a região denominada Costa do Dendê onde localiza-se cidades, como Cairu, Camamu, Nilo Peçanha e ilhas como Boipeba. Essa concentraçãose estendeu do século XVI a XVII, apesar do surgimento de novas povoações por todo Recôncavo. A região do Recôncavo baiano,devido aos aspectos naturais, serviu de terreno fecundo ao desenvolvimento de plantações,como o fumo, o café e a criação de gado, contudo, o cultivo e a exploração da cana-de-açúcar tiveram maior ascensão. Como a colônia era objeto de exploração para gerar lucros e a princípio não foram descobertos metais preciosos, a cana-

72 82 de-açúcar corresponderia aos anseios econômicos da Europa. Com fácil adaptação, o solo nordestino favoreceu a produção de canaviais que se espalhou por toda costa litorânea. A alta lucratividade propiciada pelo cultivo da cana-açúcar desencadeou um outro setor tão lucrativo quanto os vastos canaviais, a importação de africanos para o Brasil, legitimando assim aescravidão negra e em menor proporção, à indígena. No início do século XVII, a população do Recôncavo dispunha de aproximadamente pessoas que serviam como mão de obra, sendo que destas eram escravos. No decorrer do povoamento do Estado, algumas cidades do Recôncavo, como Valença e Nazaréforam destacadas,desde o século XVI, por viajantes e cronistas que enalteceram a fertilidade de seus solos, como Vilhena (1969). Com todos os recursos geradores de significativos lucros, a região possibilitou umaexpressiva concentração deengenhos distribuídos por todo Recôncavo, e consequentemente, significativo também foi o número de escravos africanos trazidos para tocarem as lavouras. Todo esse macrocontexto teve sua colaboração para gerar reflexos na estrutura linguística e imprimir características ao PB. Essa discussão é apenas um minúsculo ponto entre as vastas pesquisas sobre a formação PB e sua rica variedade que a distanciou da diversidade do PE, contudo, o número de fenômenos em estudos identificados na sua estrutura é motivo para diversas abordagens e estudos continuarem abertos.a direção tomada por essa pesquisa traz tão somente mais um elemento a ser pensado sobre as estruturas em estudos, tópico e foco, terem sido provavelmente uma influência do contato com as línguas africanas ou, no momento de aquisição do português por essa população, esses fenômenos terem encontrados terreno fértil para se proliferarem no PB. Pretende-se nessa abordagem apresentar alguns argumentos em defesa das hipóteses citadas, sabendo, contudo, que os estudos não são definitivos, já que nada foi registradoda oralidade dessa população nos primeiros séculos, restando a possibilidade de ser a motivação desses fenômenos linguísticos uma influência do que restou do contato entre línguas em solo brasileiro? Em defesa da importância do contato entre línguas através da transmissão linguística irregular e do papel preponderante das línguas africanas na constituição dos dialetos populares e rurais do PB, a pesquisa investe em busca de resquícios na oralidade ou determinadas construções que, quando confrontadas quantitativamente em relação ao português urbano, deslidem novos caminhos para compreender fenômenos do PB.

73 83 4 ABRANGÊNCIA DO ESTUDO E METODOLOGIA A partir dos fenômenos linguísticos assinalados no PB que se propõe estudar esta pesquisa, é imprescindível considerar as contribuições teóricas e o modelo teóricometodológico adotado para investigação e sistematização dos fenômenos presentes na estrutura linguísticado português popular, como também possibilitar a retrospecção de fatores sócio-históricos, demográficos e linguísticos do passado e do presente que atuaram e atuam na constituição do PB. Para tanto, alguns modelos teóricos, convergentes, como o de Labov(1994), Tarallo e Kato (1989), são adotados como referencial teórico metodológico por esta proposta, tendo em vista poderemfornecer os pressupostos orientadores na investigação de dados. Contudo, a natureza estritamente sintática do objeto em estudo não permite postergar uma explanação da gramática gerativa, nem as considerações feitas pelos autores dessa corrente em relação a aspectos pertinentes ao contexto de tópico e foco, como a ordem dos constituintes na estrutura sintática do PB.Assim, a pesquisa linguística é fundamentada no quadro teórico do modelo gerativista de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1995). Como a pesquisa trata de fatos sócio-históricos relacionados à línguae parte do pressuposto de que o distanciamento do PB em relação ao PE não se restringe a condicionadores internos à língua, mas, sobretudo a motivações sócio-históricas, a tarefa da sociolinguística vem cumprir com precisão seu papel de covariar entre os fenômenos da língua e os sociais, estabelecendo uma relação de causa e efeito entre eles. Nesse aspecto, o modelo de análise da proposta fundada em Labov (1994) emerge,tendo em vista o componente social, e se preocupa em estudar os fenômenos linguísticos que particularizam determinadas comunidades de fala, podendo aindaalçar os universais das mudanças. Já os gerativistasdirecionam suas investigações para a autonomia sintática dos demais componentes linguísticos. Tarallo e Kato (1989, p. 5), numa visão compatibilizadora, afirmam que a sintaxe no gerativismo, ao definir-se como paramétrica, constrói os pressupostos de aproximação com a sociolinguística e mostram que ambas as teorias buscam identificar a variação presente nas línguas, a primeira de forma interlinguísticas, a segunda, intralinguística. Independentemente de laços genealógicos de natureza histórica e/ou geográfica de tempo e de espaço, as línguas podem convergir em determinadas partes de sua gramática, revelando movimentos sincronizados e

74 84 espelhados aos quais os gerativistas preferem denominar de propriedades paramétricas. (TARALLO E KATO 1989, p.8). Dando por certo a conciliação, Tarallo e Kato (1989)concluem que a variação interlinguística, no realinhamento dos parâmetros sintáticos, conduz a uma análise mais apurada, enquanto que a variação intralinguística, dentro das considerações dos fatores condicionadores, evita percorrer caminhos imprecisos ao identificar a irrelevância dos fatores em consideração. É, contudo, indiscutível a relevância da compatibilidade de ambas as teorias, uma vez que a pesquisa sobre as estruturas de tópico, no nível intralinguístico, servirá como suporte às investigações no nível inter-linguístico. De forma mais consensual, as atuais pesquisas linguísticas desenvolvidas no âmbito dos fenômenos estruturais presente no PB relacionam os fatores externos à estrutura da língua, com base na visão do encaixamento da proposta variacionista e as análises do modelo da gramática gerativa, no âmbito dos princípios e parâmetros, ou seja, que a estrutura sintagmática de uma língua é resultado da ação de uma sequência de cadeias interligadas que refleteem umaalteração paramétrica na língua. 4.1 Enquadramento teórico das análises Com base nos pressupostos e orientações metodológicas nos quais assentam a abordagem desse trabalho, a saber, a teoria dos Princípios e Parâmetros proposto por Chomsky (1995) e esmiuçado por Mioto (2007), é possível notificar nos registros de estudoslinguísticos a evolução e alterações na estrutura do PB, quando contrastado ao PE, uma percepção relevante para construção de um quadro das peculiaridades sintáticas do PB. Tendo em vista a constante busca, ao longo dos estudos,para deslindar a aquisição dessas características da língua, duas distintas e atuantes correntes ocuparam a linha de frente, uma sócio-históricaque busca através da diacronia explicar a construção de fenômenos da línguapb, como Mattos e Silva(2004) e Lucchesi (2009); a outra busca identificar as particularidades atravésdo estudo da sintaxe. Na vertente sócio-histórica, várias hipóteses, normalmente voltadas ao percurso do PB, emergiram de distintas visões teóricas, salienta-se apenas a de Lucchesi (1992, 2009), já discutido na seção 3 deste trabalho, sobre a transmissão linguística irregular no processo de formação do PB.Marcada por umasociedade ruralizada, a língua portuguesa foi usada

75 85 pelamaior parte da populaçãoafricanaque a adquiriu por um processo de transmissão linguística irregular. O africano torna-se nesse cenário um elemento consolidante da realidade linguística brasileira. No âmbito da sintaxe, as investigações recentes realizadas com textos portugueses dos séculos XVI e XVIII, comoa de Paixão de Souza (2008)identificam algumas características da gramática do português clássico que não permaneceram no PB, o autor elenca:a preferência pela ordem VS; a preferência por sujeitos nulos anafóricos, retomando antecedentes fronteados; a tendência de sujeitos nulos carregarem o papel temático de agente; o fato de a posição pré-verbal não ser preferencialmente ocupada por sujeitos típicos, mas sim, por constituintes pragmaticamente proeminentes e o verbo, canonicamente não portadores do papel temático de agente, ser fronteado. A ausência dessas particularidades permite inferir a formação de um contexto propício a estruturas distantes da ordem básica do PB, como as marcadas por tópico e foco. 4.2 Metodologia Dentro da proposta de estudo, a metodologia estabelecida compreendeu a formação dos corpora compostos por entrevistas, recolha de amostras de fala conduzidas pela própria autora da pesquisa, em campo, nas comunidades afro rurais - remanescentesde antigos quilombos. O português falado por essa população, localizada em áreas mais distantes dos centros urbanos e sem a força normatizadora imposta pela escolarização, pode apresentar traços fundamentais de preservação das formas linguísticas e construções antigas de interesse dessa pesquisa. Para atender o interesse da pesquisa foram estabelecidas algumas etapas metodológicas baseadas nas recomendações enumeradas por Tarallo (1999) como: a) levantamento exaustivo de dados de língua falada, para fins de análise; b) descrição detalhada da variável acompanhada de um perfil completo das variantes que a constituem; c) análise dos fatores condicionadores (interno e externo à língua); d) encaixamento da variável no sistema linguístico e social da comunidade; e) projeção histórica da variável no sistema sociolinguístico da comunidade. À luz dessa orientação, a primeira etapa consistiu na produção, caracterização e organização dos corpora. A segunda, o material coligido foi transcrito e organizado em respectividade com cada uma das três comunidades descritas, localização geográfica e faixa

76 86 etária dos informantes, teve-se em conta ainda, a visão panorâmica das atividades econômicas e peculiaridades consideradas de interesse para a pesquisa. A última fase foi à busca minuciosa para sistematizar o fenômeno empesquisa, as construções de tópico e foco no português popular,identificar as sentenças em estudo, selecioná-las e classificá-las a partir da organização estrutural observada na segmentação dos eventos. Para seleção dos dados, os registros dos informantes foram agrupados em conformidade com suas respectivas comunidades e faixa etária. As transcrições das entrevistas gravadas contemplaram alguns critérios estabelecidos na proposta de Lucchesi (2006), como o registro de variantes morfológicas e fonológicas típicas das variedades populares do PB. Em relação à pontuação, foram observados os aspectos de caráter sintático, marcas comuns ao contexto de língua falada, pausas, hesitações e intervenções pragmáticas típicas da modalidade. As identidades dos informantes foram mantidas em sigilos e abreviadas no processo de transcrição. Os inquéritos foram o objeto de exploração e investigação.os corporado projeto investigados constituem um arquivo sonoro de 720 horas de gravações obtidas nas três comunidades distintas, remanescentes de quilombos: Jatimane, Boitacara e Laranjeiras, todas localizadas na Costa do Dendê, região litorânea do Baixo Sul da Bahia. Os corpora se estendem a18 informantes distribuídos entre as três (3) comunidades, perfazendo um total de seis (6) entrevistados para cada comunidade, como descritos nas seções seguintes. Devido ao histórico de serem predominantemente constituídas de descendentes de escravos e com pouca ou nenhuma escolaridade, acredita-se identificar possíveis construções e estratégias, no português afro rural, que tragam uma melhor compreensão sobre os fenômenos que ocorrem no português popular brasileiro. As entrevistas foram conduzidas o mais natural possível, atentando-se para a proposta da metodologia sociolinguística, recorrendo-se a temas de maior interesse do informante ou comunidade, no intuito de cativar o diálogo e prolongar as narrativas, conforme Tarallo, (1999, p.21) O propósito do método de entrevista sociolinguística é o de minimizar o efeito negativo causado pela presença do pesquisador na naturalidade da situação da coleta dos dados. O conteúdo das conversas contemplou distintas abordagens, como temas corriqueiros da localidade,meio ambiente, histórias familiares, atividades cotidianas, economia local, como a pesca e a extração da piaçava, dentre outros assuntos.

77 Seleção dos informantes A seleção atendeu primeiramente o pré-requisitonaturalidade, todos os informantes deveriam ter nascido nessas comunidades. Uma variável estratificada foi definida, afaixa etária. No que concerne àseleção dos informantes não escolarizados, estessão consideradosaqui como semianalfabeto e analfabeto, pessoas sem nenhuma habilidade de assinar o nome ou ler palavras avulsas. A variável faixa etária foi distribuída em três grupos etários, organizados em: I- de 40 a 60; II de 60 a 80 e III, de 80 anos acima, como representada no quadro seguinte. A localidade estabelece o limite para situar a fala natural das comunidades afro rurais.o quadroabaixo apresenta uma descrição dos informantes e das amostras de fala e como os entrevistados foram agrupados: QUADRO 01 Distribuição geral dos informantes Informantes Comunidades Faixa etária 1 M.S. Laranjeiras E.C.S. Laranjeiras J. C. S. Laranjeiras D.L.C.S. Laranjeiras L.C.S. Laranjeiras A.J.S. Laranjeiras C.S.R. Boitaraca R.O.J. Boitaraca 55 9 A.J.S. Boitaraca B.G. Boitaraca A.F.R. Boitaraca V.S. Boitaraca M.R. Jatimane J.A.S. Jatimane A.M.C. Jatimane M.C.S. Jatimane J.A.S. Jatimane M.C.R. Jatimane 89

78 88 As variáveis gênero e classe social não foram contempladas. Considerando a condicionante heterogeneidade, é apresentada a motivação de alguns fatores sociais citados como a escolha de informantes sem escolaridade. Normalmente a escolaridade é colocada como variável que configura-se em papel crítico, no sentido de demonstrar como a educação é fator determinante de mudança social no sujeito. Sua interferência com as formas presentes na língua é notável na aquisição e sustentação de padrões estéticos e modelos coercitivos. Paralelo à construção de determinadas estruturas, percebe-sea interferência da escolaridade em contextos afetados pela escolarização que tendem a privilegiar a inovação e as mudanças e descartar os chamados arcaísmo. Ao considerar o fator escolaridade, deve-se ter em conta as condições socioculturais do contexto, a inserção à escola nem sempre tem a mesma equivalência social, falantes escolarizados urbanos adquirem maior valoração do que os da zona rural. A não/escolaridade atuacomo divisor de águas. Nas comunidades remanescentes de quilombos, devido o emprego da mão de obra ser rude para os atuais parâmetros sociais, a apropriação da escolarização é, na visão dos moradores selecionados, um tanto utópica, mas apresentada por estes como uma necessidade e forma de libertação a ser adquirida pelos mais jovens. A maioria da população do segundo grupo consegue assinar o nome sem maiores dificuldades, porém o terceiro, praticamente não escreve seus nomes. Quanto à faixa etária,conforme Tarallo(1999), A viagem de ida e de volta: do presente ao passado e de volta ao presente. É uma variável significante, pois falantes de faixa etária do perfil II e III não demonstram interessados em trazer inovações, nem normas para suas falas, um desinteresse que pode ser atribuído à ausência de projeção social e aspiração profissional. Esses grupos se resignam à acomodação em relação ao uso da língua, preservando, assim, expressões e termos de gerações antecedentes, uma particularidade pertinente a esta pesquisa. Como coloca Scherre (1988, p. 427), à faixa etária reflete uma distribuição inclinada, com termos inovadores predominantes entre os mais jovens e as formas conservadoras predominando entre os mais velhos. Em referência a localização, o espaço geográfico pode ser, tanto elemento de conservação de costumes socioculturais e padrões linguísticos como um motivador a inovação, de uma forma ou de outra é variável motivadora do distanciamento entre uma língua e suas variedades. Dentro dos pressupostos que se baseiam a pesquisa, a interpretação possibilitada pelos resultados das variáveis sociais deve se sustentar em análises que correlacionemàs estruturas investigadas com as características que delimitam o grupo social ou comunidade em estudo,

79 89 assim, a configuração apresentada pelo quadro(02) de composição da faixa etáriatraz mais detalhado a organização dos dados e consequentemente uma melhor compreensão. QUADRO 02 Composição da faixa etária Faixa etária Comunidades Informantes I II III Laranjeiras Boitaraca Jatimane Total A escolha das comunidades Pesquisas sobre a assimilação do português pela população africana, realizadas por Mattos e Silva (2004 p. 87), ressaltam que, possivelmente, os inúmeros quilombos existentes no Brasil apresentavam diferentes configurações linguísticas na aquisição da língua portuguesa. Petter (1998), em estudos a comunidades remanescentes de quilombolas do Brasil, demonstra ter encontrado algumas preservações de traços lexicais de línguas africanas na variedade do português expressado por uma dessas comunidades. Contudo, é certo ter o tempo e os condicionantes do universo tecnológico aproximado povos e línguas dos mais longínquos pontos do planeta, os ínfimos vestígios guardados pelo tempo diluíram-se nesse contato multicultural e linguístico da modernidade. Identificar alguma forma de resquício presente na estruturação sintática do português falado pelas comunidades afro rurais conduziria uma investigação por caminhos menos nebulosos e mais concisos, sobre a estruturação do PB. Investigar possíveis traços deixados pela história seria,portanto,aproximar-se mais do legado deixado pelas diferentes línguas assentadas no Brasil em séculos anteriores, sobretudo, as oriundas da África. Historiciar esses fatos, é compreender como o contato entre línguas influenciou e motivou a diferenciação do PB em relação ao PE. Uma vez que o contexto licenciador de determinadas aquisições não pode ser

80 90 explicado por vias voltadas apenas ao estudo do PE, mas, certamente por um estudo da heterogeneidade de variantes regionais e sociais presentes no PB. Compreende-se, portanto nesse estudo, que amostras adquiridas em distintos níveis geracionais poderão refletir peculiaridades dos distintos estados da língua, correspondentes às simultâneas sincronias. Selecionou-se, assim, as três(3) faixas etárias mais altas, no sentido de identificar entre elas, o número e formas de estruturas peculiares de foco e tópico em cada grupo etário, e assim perceber a gradação, ou não, dos objetos em estudo. As comunidades foram elencadas como instrumento de observação, a partir da realidade sócio-histórica que se inserem e de alguns critérios, como a composição étnica, ou seja, a população deveria ser constituída de afrodescendentes, refugiados de ex-escravos. As terras pertencentes às comunidades deveriam ser doadas por governantes, proprietários ou conquistadas na forma de quilombos, local onde os escravos se refugiavam para fugir da escravidão do branco. A composição étnica das comunidades afro rurais em estudo é de uma população majoritariamente negra e remota prontamente a formação dos quilombos de século passados, servindo como testemunho da existência e sobrevivência desses agrupamentos. Outro critério estabelecido relaciona-se ao relativo grau de isolamento, contexto de maior importância da pesquisa, porém de difícil mensuração e precisão, pois, em um contexto social de realidade caraterizada pelo intenso desenvolvimento tecnológico, acrescido de um cenário globalizado capaz de alcançar os mais remotos lugares, rompendo fronteiras e integrando diferentes povos e etnias, encontrar comunidades neste estágio, équase uma busca infrutífera. Um terceiro critério exigia de o pesquisador aproximar-se de dados históricos, pois é de extremo interesse um conhecimento sobre o contexto econômico de formação da região, como a existência de engenhos ou atividades agrícolas que predominassem a mão de obra escrava, tendo em vista que a exploração da cana-de-açúcar teve lugar privilegiado e prevaleceu por três séculos, assim como o extrativismo e a exploração da agricultura. A mão de obra prevalecia a do africano que foi presença ativa, tornando a região marcada por fortes raízes africanas e recebendo a denominação de território quilombola, devido à existência de vários quilombos, hoje remanescentes e presentes em todos os municípios da região.de forma geral,essa população agrega singularidades de valores culturais e históricos nas diversas áreas geográficas que se instalaram, uma vez que foram formadas devido às fugas de negros escravizados esequestrados pelos portugueses, para trabalharem nas regiões de plantação,lavouras de mandioca, arroz e cana-de-açúcar.

81 91 Quanto às citadas comunidades em estudo, elas têm como peculiaridade o pioneirismo no processo de ocupação do Brasil e uma estrutura econômica formada a partir da exploração de suas potencialidades naturais. A economia local de ambas as comunidades apoia-se inteiramente à atividade extrativista da piaçava e da pesca, principais meios de subsistência da população.homens, mulheres e crianças praticam nos mangues a pesca de marisco. Os homens anoitecem e amanhecem na pesca de caranguejo. Uma prática que demonstra ser passada de geração para geração, assim como a valorização das tradições culturais dos seus antepassados, a exemplo daspráticas religiosas, o uso de plantas tradicionais como remédios e determinadas crenças curandeiras. Todas as comunidades são constituídas de casas simples, vilarejos pobres e quase sem nenhuma infraestrutura Descrição das comunidades do mapa. Geograficamente, as comunidades em estudo estão dispostas conforme apresentação Mapa 01- As comunidades JATIMANE BOITARACA LARAJEIRAS I - Jatimane É uma dentre as comunidades remanescentes de antigo quilombo do século passado, localizada na zona rural do município de Nilo Peçanha, na região do Baixo Sul Baiano, a 18 km da turística praia de Pratigi. O povoado é composto por 396 habitantes que residem aproximadamente nas 90 casas existentes na comunidade. A população dispõe de água encanada e energia elétrica. Por dar acesso às praias turísticas, como Pratigi, o local possui

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