Mesa: Os pais precisam ser educados? A convivência ética e a relação família-escola. Adriana Ramos GEPEM UNICAMP/UNESP
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- Eric Oliveira Camelo
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1 Mesa: Os pais precisam ser educados? A convivência ética e a relação família-escola Adriana Ramos GEPEM UNICAMP/UNESP
2 Incentivar a criança a fazer sozinha tudo aquilo que ela já pode realizar por si mesma.
3 Controlar os meios de comunicação e diversão eletrônicas.
4 Dar o exemplo As pequenas atitudes do dia a dia fazem a diferença.
5 Permitir que a criança tome pequenas decisões
6 Aceitar que os erros são necessários e fazem parte do processo de crescer. quando o dano já está causado não causar danos maiores.
7 Permitir que sejam crianças e jovens
8 Relato de uma professora... O João é um menino de 4 anos que freqüenta uma sala de Infantil, na creche onde dou aula. Ele apresenta um comportamento pouco desejável ; freqüentemente empurra e enforca os colegas, retira, das mãos dos amigos, brinquedos que não lhe pertence, adora brincar de capoeira dando cambalhotas e virando estrela durante a roda da conversa e nos cantinhos, belisca e dá socos e pontapés nos amigos, sem motivo aparente. Na hora de ir embora então, ele faz a festa, é um tal de pai chegando para reclamar e criança chorando porque o João beliscou, pisou no pé, empurrou, etc. Quando eu o questiono sobre as atitudes que toma, esquiva-se, muda de assunto, sai de lado e não dá nenhuma justificativa.
9 Tudo estava caminhando em busca do que seria mais viável fazer, de qual atitude seria mais aconselhável tomar, quando, num belo dia, enquanto brincavam no tanque de areia o João deu uma voadora no amigo Carlos que, desprevenido, caiu de boca no chão e machucou o queixo, lábios e nariz. Foi a gota d'água. Juntamente com a diretora, achamos melhor conversar com a mãe. Tomamos as providências para isto acontecer. Somente depois de 4 dias a mãe apareceu, pois trabalha o dia todo e é a tia do garoto que o leva e vai buscá-lo na creche. Contei para a mãe qual o tipo de comportamento que o João está apresentando na Escola e disse que queria saber se estava ocorrendo algo que pudesse estar influenciando nisto e como poderíamos ajudá-lo.
10 Então a mãe começou a falar: - Faz 8 meses que estou separada do meu marido e eu, o João e minha outra filha menor estamos morando na casa da minha mãe, uma vez que não posso contar com o auxílio financeiro do pai dele, que só me deu cem reais neste período todo. Porém, minha mãe já cuida de 3 netos, filhos da minha irmã que faleceu e o pai abandonou os meninos. Ah! Professora, eles são uns terrores, imagine que o mais velho, de 15 anos, outro dia, pegou um brinquedo de metal, deixou esquentar no fogo e deu para minha filha segurar! Você imagina como ficou a mão da menina! Para completar a situação, agora, minha outra irmã também separou do marido e foi lá pra casa com mais um menino. Tem dia que aquilo ferve, é só tapa, soco, pontapé... e palavrão, então? É rotina, você nem acredita.
11 Fiquei escutando e imaginando a cena conforme ela descrevia. Então perguntei-lhe qual atitude tinha perante isso tudo. Ela continuou dizendo: - Eu preciso trabalhar para sustentar meus filhos, saio de casa de manhã e só volto à noite. Trabalho numa granja num serviço muito pesado, é difícil fazer alguma coisa. (...) Um dia, o meu sobrinho mais velho aprontou demais, a ponto de meu pai dar uma tunga de vara nele. Sabe o que aconteceu? No outro dia, ele foi para a escola e a professora denunciou o caso para o conselho tutelar, como maus tratos. Foi uma dor de cabeça e tanto, você nem imagina. - Imagino sim, acho que vocês vivem uma situação muito difícil, com muitos problemas, né? disse-lhe.
12 - Sabe o que este menino faz agora? Só ameaça meus pais, que se apanhar volta a denunciar ao Conselho Tutelar e eles vão ver só. Desta maneira continua aprontando cada vez mais e pior. Meus pais, coitados!, por medo, nem sabem o que devem fazer. Eu procuro nem me meter, porque é a mesma coisa que falar com a parede. Você tá vendo o que é nossa vida, professora, e o João vive no meio disso tudo. Às vezes, dá vontade de sumir. - Você não teria condições de, nesse momento, morar em outro lugar, não é? E sumir não vai resolver coisa alguma. Eu percebo que a vida de vocês está passando por uma fase complicada, compreendo e acho que você tem muitas razões para se sentir assim - argumentei.
13 Ela estava tão aflita, que nem deixava eu terminar e continuava: - O João só não está pior porque fica na creche, longe do horror, o dia todo, mas das 17h às 19h30min que é a hora que eu chego, ele fica com esses meninos só aprendendo violência (batendo e apanhando muito mais). Eu estou perdendo o controle. Ele nem me escuta quando chamo sua atenção. Ai, tá difícil, viu professora! Nestas alturas da conversa eu já estava achando o João um santo, e disse a mãe: - Eu entendo seu problema, você está enfrentando grandes dificuldades para conseguir educar seu filho, você está se vendo sem saber o que fazer, mas não pode desistir, ao contrário, tem que tentar, pelo menos amenizar o problema.
14 Ela considerou: - É... um jeito seria arranjar alguém para ficar com ele até que eu chegue do serviço, assim ele não fica com os primos aprendendo o que não deve. Se você conseguisse isso, seria ótimo para nós todos. - Professora, sabe de uma coisa, quando eu vim para cá, achei que a senhora ia me deixar mais para baixo ainda, dizendo que o João faz o que faz porque eu não sei cuidar dele, mas agora, depois que eu desabafei, até consegui achar um jeito que pode melhorar a situação. Vou ver se consigo alguém para ficar com ele, tenho certeza que ele vai melhorar. Obrigada professora por me escutar e desculpa qualquer coisa.
15 A mãe foi embora confiante e eu fiquei satisfeita comigo por não ter piorado ainda mais a situação, simplesmente, levando mais problemas a essa mãe. Agora tenho mais dados para contribuir na formação dessa criança. Por outro lado, vou ter que me desdobrar para agir acertadamente com o João...
16 Podemos inferir que mesmo as crianças provenientes de lares comprometidos, cujo ambiente familiar é desprovido de adequados estímulos e orientação, terão condições de superar estas adversidades caso tenham a oportunidade de vivenciar, em outros contextos educativos, um modelo diferente de educação. Neste sentido, a escola, entendida como um local que possibilita uma vivência social diferente do grupo familiar (já que proporciona o contato com o conhecimento sistematizado e com um universo amplo de interações, com pessoas, ambientes e materiais), tem um relevante papel, (...) de provocar transformações e de desencadear novos processos de desenvolvimento e comportamento. (REGO, 1996, p )
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18 Sugestão de Leitura: FABER, A.; MAZLISH, E. Pais liberados, filhos liberados. São Paulo: Ibrasa, 1985.
19 A parceria como é desenvolvida mais recentemente, num sentido bastante genérico, sempre envolve instituições e/ou indivíduos que se agregam de forma voluntária para desenvolver objetivos comuns, estabelecendo negociações coletivas com partilha de compromissos e responsabilidades entre si (FOERSTE, 2005)
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