EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 22ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO SP.

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 22ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO SP. Processo nº NEIDE DE SOUZA OLIVEIRA FREITAS, qualificada nos autos da Reclamação Trabalhista proposta em face de CONDOMINIO EDIFICIO GEMELLI DI FRANCESCO, vem perante V.Exa., por seu advogado, interpor RECURSO ORDINÁRIO, nos termos do artigo 895, I, da CLT, requerendo o seu processamento e o envio das suas razões ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. DAS CUSTAS PROCESSUAIS CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA APLICAÇÃO DO ARTIGO 790-A DA CLT Esclarece a reclamante que a MM. Vara na sentença concedeu à obreiro os benefícios da justiça gratuita (fls. 219 e 221). Desta forma, nos termos do artigo 790-A da CLT a reclamante está isenta do recolhimento das custas processuais. Nestes Termos Pede Deferimento São Paulo, 04 de fevereiro de MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR OAB/SP

2 RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO RECORRENTE: Neide de Souza Oliveira Freitas RECORRIDO: ORIGEM: Condomínio Edifício Gemelli Di Francesco processo n da 22ª Vara do Trabalho de São Paulo SP. EGRÉGIO TRIBUNAL COLENDA TURMA Não concorda a reclamante com a sentença de 1ª Instância que julgou improcedente a reclamação trabalhista indeferindo o pagamento de indenização por danos morais. 1. DA PRELIMINAR DE NULIDADE PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ VIOLAÇÃO DO ARTIGO 132 DO CPC Não concorda a reclamante com a sentença de 1ª Instância que foi prolatada por outro Juiz que não realizou a instrução processual. O juiz Samir Soubhia foi quem realizou a audiência de instrução e vivenciou os fatos e sentiu o calor dos depoimentos quando da realização da audiência, pois foi ele quem colheu a produção da prova oral e com certeza teria o seu convencimento pessoal sobre o resultado da lide. Esclarece a reclamante que o juiz percebeu o nervosismo do preposto da reclamada quando do depoimento pessoal, sendo que o mesmo gaguejou e respondeu as questões de forma contraditória à tese defensiva.

3 É certo que o juiz que realiza a audiência de instrução sente a prova, pois toma contato com as testemunhas e as partes. Se convence de que um depoimento é melhor do que outro. Verifica quando as partes ou as testemunhas estão mentindo ou quando foram contraditórias. Ocorre que a reclamante foi surpreendida com outro juiz prolatando a sentença (Ana Carolina Parisi Apollaro Zanin) e nada consta nos autos sobre a impossibilidade de atuação do juiz Samir Soubhia. Desta forma, nos termos do artigo 132 do CPC a sentença deve ser declarada nula, já que houve a violação da Identidade Física do Juiz. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Art O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. PARÁGRAFO ÚNICO. Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença, se entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas. Diante do exposto, requer a reclamante seja acolhida a preliminar de nulidade para declarar a nulidade da sentença de 1ª Instância com a remessa dos autos para a Vara de Origem para que seja prolatada uma nova sentença pelo juiz Samir Soubhia (juiz que realizou a audiência de instrução). 2. DA PRELIMINAR DE NULIDADE DO CERCEAMENTO DA PROVA TESTEMUNHAL VIOLAÇÃO DO ARTIGO 5º, LV, DA CF VIOLAÇÃO DO ARTIGO 332 DO CPC Não concorda a reclamante com a sentença de 1ª Instância, pois no entendimento da obreira houve o cerceamento de defesa.

4 Entende a obreira que MM. Vara cerceou a produção da prova testemunhal da obreira ao indeferir a oitiva da testemunha (Sr. Joilton Pereira dos Santos), sob a fundamentação de que a testemunha foi trazida pela reclamada. Entende a obreira que se a testemunha compareceu na data da audiência e está à disposição do Juízo deveria ser ouvida para que a MM. Vara buscasse a verdade real para a prolação da sentença (aplicação do artigo 332 do CPC). Registre-se que a obreira convidou a testemunha, porém a mesma disse que não poderia ir pela reclamante porque continua trabalhando na reclamada. Esclarece a obreira que logo após o indeferimento consignou os seus protestos em ata de audiência (fls. 212/verso), senão vejamos: O patrono da recte também desejava ouvir a testemunha Joilton Pereira dos Santos, dizendo tratar-se de testemunha do Juízo. O patrono da ré ponderou com o Juízo que a testemunha Joilton foi trazida pela recda. O patrono da recte informa que a recte convidou a testemunha Joilton, porém a mesma disse que não poderia vir pela recte porque continua trabalhando na recda. O Juízo disse ao patrono da recte que em momento algum consta nos autos que a testemunha Joilton é testemunha do Juízo e nem mesmo o fato de a recte ter dito que convidara a testemunha torna a testemunha testemunha do Juízo. O Juízo indeferiu a oitiva da testemunha Joilton, por se tratar de testemunha ouvida pela ré. Protestos do patrono da recte, nos seguintes termos: "nos termos do art. 332 do CPC e do art. 5º, LV da CF". Após a realização da audiência a reclamante renovou seus protestos quando da apresentação das suas razões finais (fls. 213/214). Desta forma, como a reclamação trabalhista foi julgada improcedente entende a obreira pela nulidade do ato judicial que indeferiu a oitiva da testemunha (Sr. Joilton Pereira Santos).

5 A atitude da MM. Vara do trabalho acarretou o cerceamento da produção da prova e violação ao Princípio da Ampla Defesa e Contraditório (artigo 5º, LV, da CF e artigo 332 do CPC). CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:... LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;... CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Art Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa. Diante do exposto, requer a reclamante seja acolhida a preliminar de nulidade para declarar a nulidade da sentença de 1ª Instância com a remessa dos autos para a Vara de Origem para que seja designada nova audiência para a oitiva da testemunha Joilton Pereira dos Santos. 3. DO MÉRITO DO INCONFORMISMO DA RECLAMANTE DA CONFISSÃO DA RECLAMADA FALHA NA REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL VIOLAÇÃO DO ARTIGO 843, 1º, DA CLT VIOLAÇÃO DO ARTIGO 13 DO CPC APLICAÇÃO DA SÚMULA 422 DO TST Entende a obreira que MM. Vara deveria ter aplicado a pena de confissão na Reclamada, pois o juiz em audiência indeferiu o requerimento e a sentença manteve o posicionamento.

6 Esclarece a reclamante que requereu no início da audiência de instrução a aplicação da pena de confissão por falha na representação processual, o que foi indeferido pela MM. Vara e logo após o indeferimento consignou os seus protestos em ata de audiência (fls. 212), senão vejamos: O patrono da recte requereu a aplicação da pena de confissão à recda, pelo fato de a carta de preposição não estar subscrita pelo condomínio, e sim por uma empresa terceirizada. O patrono do condomínio disse que a empresa que subscreveu a carta de preposição presta serviços à recda e tem poderes na procuração para nomear prepostos, finalizando que o preposto é empregado do condomínio. O Juízo indeferiu o requerimento do patrono da recte, sob protestos do advogado. Após a realização da audiência a reclamante renovou seus protestos quando da apresentação das suas razões finais (fls. 213). em sentença que: A MM. Vara do trabalho concluiu [... Representação Processual. Irregularidade. Não obstante a insistência da Autora quanto à preliminar em questão, conforme razões finais apresentadas, mantenho o indeferimento já decidido à fl. 212, adotando as razões de decidir lá expostas....] Não concorda a reclamante com a fundamentação mencionada na ata de audiência e na r. sentença, pois a carta de preposição não foi subscrita pela reclamada (Condomínio Gemelli), mas por uma empresa terceirizada. Entende a obreira que a carta de preposição deve ser confeccionada pela reclamada, nos termos do artigo 843, 1º, da CLT, senão vejamos:

7 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO Art Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos de Reclamações Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato da Categoria. 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o preponente. (grifo nosso).... Desta forma, diante da falha na representação processual da reclamada, requer a reclamante seja aplicada a pena de confissão. DO INCONFORMISMO DO RECLAMANTE DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL OFENSAS LOGO APÓS A EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO VIOLAÇÃO DO ARTIGO 1º, III, DA CF VIOLAÇÃO DO ARTIGO 5º, V E X, DA CF VIOLAÇÃO DOS ARTIGOS 186, 927 DO CÓDIGO CIVIL APLICAÇÃO DA SÚMULA 422 DO TST A r. sentença ao analisar a pretensão da reclamante julgou improcedente a pretensão de indenização por dano moral. em sentença que: [... Mérito. Indenização por Dano Moral. Dumping Social. A MM. Vara do trabalho concluiu Incontroverso que a Reclamada afixou em sua sede o documento de fl. 33 juntado pela Reclamante. Diversamente do alegado pela obreira em sua exordial, não consta do citado documento que o ajuizamento de ação trabalhista por parte da Autora criou um péssimo clima com os demais empregados, sendo que a introdução da expressão péssimo foi feita pela Autora. Da leitura de tal documento depreende-se que a Reclamada informou aos demais moradores o motivo da extinção do contrato de trabalho da obreira, sendo certo que a expressão quebra de confiança utilizada não possui a conotação pejorativa alegada pela Autora. Explico. A quebra de confiança pode ocorrer inclusive em um contrato de trabalho no qual o próprio empregado postula a rescisão indireta, e não somente por parte da empresa em relação ao empregado.

8 Não bastasse isso, a Autora não logrou comprovar que houve restrição de seu acesso ao prédio do bloco A, nem que deixou de prestar serviços para os condôminos em razão do comunicado da Reclamada. Ressalto que em sua exordial a Autora afirma que passou a ser questionada quanto ao ajuizamento da ação trabalhista, inclusive citando o morador do apartamento 132 do referido prédio, em contradição com o depoimento pessoal, no qual afirmou ter sido indagada somente pela moradora Célia, do apartamento 91 ou 93- A. Observo que a testemunha que a Autora pretendia ouvir em Juízo seria tão somente para provar o conteúdo de outros comunicados afixados nos elevadores (questão irrelevante para o deslinde da lide) e para quais moradores do bloco A a Autora prestou serviços enquanto seu contrato de trabalho estava ativo, o que é incontroverso e confessado pela Reclamada (conforme depoimento pessoal). Além disso, a Autora confessou que continuou entrando no condomínio, prestando serviços para alguns moradores mesmo após o comunicado afixado pela Reclamada,demonstrando que não houve restrição de seu acesso às suas dependências, nem que houve o prejuízo alegado, inclusive tendo o comunicado citado constado o seguinte: Agradecemos a Sra. Neide pelos serviços prestados. Diante de todo o exposto, entendo não ter havido violação aos direitos da personalidade da Autora em razão do comunicado afixado pelo condomínio, bem como que a mesma não deixou de prestar serviços para alguns moradores em razão do mesmo documento, até mesmo porque a própria obreira confessa que isso se deu porque não mais encontrava com esses moradores. Dessa forma, julgo improcedente o pedido de indenização por danos morais (alínea a do rol de pedidos, fl. 12). Por fim, observo que não se há falar em indenização por dumping social, pois sequer ficou demonstrado que a Reclamada obteve vantagens comerciais e financeiras com competitividade desleal pela ausência de pagamentos de direitos trabalhistas. Indefiro, portanto (alínea b do rol de pedidos, fl. 12)....] Não concorda a reclamante com a fundamentação mencionada na r. sentença, pois a reclamante compareceu na reclamada e foi surpreendida com um comunicado que foi colocado nos elevadores pela síndica da reclamada (Srª Nina). O comunicado afirmava expressamente que a reclamante ao ingressar com a reclamação trabalhista "quebrou a confiança" do condomínio e prejudicou o clima perante os demais funcionários.

9 A reclamada confirma em sua defesa que realmente colocou o comunicado no elevador, o que torna o fato incontroverso (fls. 113/115). A alegação da reclamada de que o comunicado serviu apenas para prestação de contas para os condôminos sem ter causado ofensas à obreira, trata-se de mero expediente de defesa para tentar esquivar-se de sua responsabilidade civil. Está claro que a atitude da síndica da reclamada foi prejudicar a imagem da reclamante perante todos os moradores do condomínio, pois ela sabia que a reclamante continuaria a prestar serviços de diarista para moradores do condomínio. A representante legal da reclamada extrapolou totalmente o poder diretivo do empregador, sendo que a reclamada tomando a atitude de humilhar a reclamante agrediu a honra e a imagem de sua ex-colaboradora. Assim, temos que a obreira foi humilhada e desrespeitada por seu superior hierárquico (síndica da reclamada) pela extinção de seu contrato de trabalho através de uma reclamação trabalhista, situação esta incompatível com a dignidade da pessoa humana e com a valorização do trabalho, asseguradas pela Constituição Federal (art. 1º, III e IV, art.5º, XIII, artigo 170, caput). DAS PROVAS PRODUZIDAS NOS AUTOS DO INTERROGATÓRIO DA RECLAMADA Pela análise da prova oral produzida em audiência, temos várias contradições que não correspondem com os termos da contestação, senão vejamos:

10 1) a contestação diz que que o comunicado serviu apenas para prestação de contas para os condôminos; 2) o preposto da reclamada disse no interrogatório que a prestação de contas com os condôminos é feita em reuniões. Vejamos o interrogatório do preposto da reclamada (Sr. Manoel Alberto Souza Ferreira): "... que se não se engana o comunicado em questão foi afixado nos 4 elevadores no dia seguinte ao acordo celebrado na Justiça do Trabalho e foi retirado até domingo, segunda-feira, no máximo;..." "... que como teve a reclamação trabalhista na qual a recte tinha dúvidas se a recda estava a pagando direito, a recda colocou o comunicado no elevador para comunicar o acordo, a dispensa da recte e a dúvida da recte em relação a seus pagamentos, para mostrar que foi tudo feito "dentro do padrão";..." "... que a prestação de contas é feita pela administração para os condôminos em reuniões com periodicidade trimestral. Nada mais." Diante do exposto, requer a Reclamante seja dado provimento ao recurso ordinário para reformar a sentença de 1ª Instância para: Aplicar a pena de confissão na reclamada pela falha na representação processual; Deferir à obreira a indenização por dano moral; Nestes Termos Pede Deferimento São Paulo, 04 de fevereiro de MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR OAB/SP RECURSO ORDINÁRIO CONDOMINIO GEMELLI - NEIDE