EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 22ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO SP.

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 22ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO SP. Processo nº NEIDE DE SOUZA OLIVEIRA FREITAS, qualificada nos autos da Reclamação Trabalhista proposta em face de CONDOMINIO EDIFÍCIO GEMELLI DI FRANCESCO, vem perante V.Exa., por seu advogado, apresentar suas RAZÕES FINAIS, o que o faz nos seguintes termos: DA RENOVAÇÃO DOS PROTESTOS APLICAÇÃO DO ARTIGO 795, CAPUT, DA CLT DA CONFISSÃO DA RECLAMADA FALHA NA REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL APLICAÇÃO DO ARTIGO 843, 1º, DA CLT APLICAÇÃO DO ARTIGO 13 DO CPC A reclamante reitera os seus protestos consignados na ata de audiência, vez que a MM. Vara indeferiu a aplicação da confissão da reclamada. Informa a reclamante que a carta de preposição não foi subscrita pela reclamada (Condomínio Gemelli), mas por uma empresa terceirizada. Entende a obreira que a carta de preposição deve ser confeccionada pela reclamada, nos termos do artigo 843, 1º, da CLT, senão vejamos:

2 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO Art Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos de Reclamações Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato da Categoria. 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o preponente. (grifo nosso).... Desta forma, caso a reclamação trabalhista seja improcedente entende a obreira pela nulidade do ato judicial que indeferiu o requerimento da obreira devendo ser aplicada a pena de confissão na reclamada. DA RENOVAÇÃO DOS PROTESTOS APLICAÇÃO DO ARTIGO 795, CAPUT, DA CLT APLICAÇÃO DO ARTIGO 5º, LV, DA CF APLICAÇÃO DO ARTIGO 332 DO CPC A reclamante reitera os seus protestos consignados na ata de audiência, vez que a MM. Vara cerceou a produção da prova testemunhal da obreira ao indeferir a oitiva da testemunha (Sr. Joilton Pereira), sob a fundamentação de que a testemunha foi trazida pela reclamada. Entende a obreira que se a testemunha compareceu na data da audiência e está à disposição do Juízo deveria ser ouvida para que a MM. Vara buscasse a verdade real para a prolação da sentença (aplicação do artigo 332 do CPC). Registre-se que a obreira convidou a testemunha, porém a mesma disse que não poderia ir pela reclamante porque continua trabalhando na reclamada.

3 Desta forma, caso a reclamação trabalhista seja improcedente entende a obreira pela nulidade do ato judicial que indeferiu a oitiva da testemunha (Sr. Joilton Pereira) pelo cerceamento da produção da prova e violação ao Princípio da Ampla Defesa e Contraditório (artigo 5º, LV, da CF e artigo 332 do CPC), devendo ser designada nova audiência para que a MM. Vara faça a oitiva da testemunha. DA COISA JULGADA A reclamada arguiu em defesa a preliminar de coisa julgada com a fundamentação de que a reclamante já fez um acordo na reclamação trabalhista processo nº (fls. 109). Essa preliminar deve ser rejeitada pela MM. Vara, pois pela análise do item IV da petição inicial (fls. 04/06) está evidente que as ofensas ocorreram após a extinção do contrato de trabalho, ou seja, trata-se de um dano moral póscontratual. Assim, é absurda a alegação da reclamada de que a pretensão da reclamante não pode ser analisada em virtude da coisa julgada. A reclamada não pode ser beneficiada da sua própria torpeza, pois seria fácil as empresas após efetuarem acordos judiciais com os reclamantes ofenderem seus ex-empregados e não pagarem indenização com a desculpa da coisa julgada. Desta forma, deve ser rejeitada essa preliminar arguida pela reclamada.

4 DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL OFENSAS LOGO APÓS A EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO APLICAÇÃO DO ARTIGO 1º, III, DA CF APLICAÇÃO DO ARTIGO 5º, V E X, DA CF APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 186, 927 DO CÓDIGO CIVIL A reclamante compareceu na reclamada e foi surpreendida com um comunicado que foi colocado nos elevadores pela síndica da reclamada (Srª Nina). O comunicado afirmava expressamente que a reclamante ao ingressar com a reclamação trabalhista "quebrou a confiança" do condomínio e criou um péssimo clima perante os demais funcionários. A reclamada confirma em sua defesa que realmente colocou o comunicado no elevador, o que torna o fato incontroverso (fls. 113/115). A alegação da reclamada de que o comunicado serviu apenas para prestação de contas para os condôminos sem ter causado ofensas à obreira, trata-se de mero expediente de defesa para tentar esquivar-se de sua responsabilidade civil. Está claro que a atitude da síndica da reclamada foi prejudicar a imagem da reclamante perante todos os moradores do condomínio, pois ela sabia que a reclamante continuaria a prestar serviços de diarista para moradores do condomínio. A representante legal da reclamada extrapolou totalmente o poder diretivo do empregador, sendo que a reclamada tomando a atitude de humilhar a reclamante agrediu a honra e a imagem de sua ex-colaboradora.

5 Assim, temos que a obreira foi humilhada e desrespeitada por seu superior hierárquico (síndica da reclamada) pela extinção de seu contrato de trabalho através de uma reclamação trabalhista, situação esta incompatível com a dignidade da pessoa humana e com a valorização do trabalho, asseguradas pela Constituição Federal (art. 1º, III e IV, art.5º, XIII, artigo 170, caput). DAS PROVAS PRODUZIDAS NOS AUTOS DO INTERROGATÓRIO DA RECLAMADA Pela análise da prova oral produzida em audiência, temos várias contradições que não correspondem com os termos da contestação, senão vejamos: 1) a contestação diz que que o comunicado serviu apenas para prestação de contas para os condôminos; 2) o preposto da reclamada disse no interrogatório que a prestação de contas com os condôminos é feita em reuniões. Vejamos o interrogatório do preposto da reclamada (Sr. Manoel Alberto Souza Ferreira): "... que se não se engana o comunicado em questão foi afixado nos 4 elevadores no dia seguinte ao acordo celebrado na Justiça do Trabalho e foi retirado até domingo, segunda-feira, no máximo;..." "... que como teve a reclamação trabalhista na qual a recte tinha dúvidas se a recda estava a pagando direito, a recda colocou o comunicado no elevador para comunicar o acordo, a dispensa da recte e a dúvida da recte em relação a seus pagamentos, para mostrar que foi tudo feito "dentro do padrão";..." "... que a prestação de contas é feita pela administração para os condôminos em reuniões com periodicidade trimestral. Nada mais."

6 Diante do exposto, reitera a Reclamante a petição inicial em todos os seus termos, requerendo a procedência da reclamação trabalhista. Nestes Termos Pede Deferimento São Paulo, 26 de outubro de MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR OAB/SP RAZÕES FINAIS CONDOMINIO GEMELLI - NEIDE