O Estatuto da finalidade na Analítica do Juízo Estético

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1 O Estatuto da finalidade na Analítica do Juízo Estético Paulo Gustavo Moreira Roman 1 CNPQ/PIBIC Resumo: A noção de finalidade sofre uma pequena mudança na passagem da Crítica da Razão Pura para a Crítica do Juízo. Na primeira Crítica, Kant apresenta o princípio reflexivo como obra da Razão, e já na Primeira Introdução à Crítica do Juízo, o princípio reflexivo é, a partir deste momento, obra da imaginação. Por conseguinte, em que medida esta mudança indica haver mais ruptura do que continuidade na passagem da primeira para a terceira Crítica? Sendo assim, pretendo verificar de que modo a mudança na noção de finalidade acaba por ser uma implicação da imaginação humana, ao contrário da mesma noção presente na KrV que era clausula de sentido da metafísica especial (Cosmologia e Teologia Racional). Palavras-chave: Razão. Finalidade. Faculdade-do-Juízo. Immanuel Kant. Abstract: The notion of finality passes by a change between the Critique of Pure Reason and Critique of Judgment. In the First Critic, Kant presents the reflective principle as a task of the Reason, and in the First Introduction to the Critique of Judgment it is presented, thereafter, as a task of the imagination. Consequently, in which measure this change indicates a rupture instead of some kind of continuity? So, I intend to verify the hypothesis of how that change in the notion of finality may be an implication of the human imagination, contrary of what is presented on KrV on the same notion, when it was a clause of sense of the special metaphysics (cosmology and Rational Theology). Keywords: Reason. Finality. Judgment-faculty. Immanuel Kant. Introdução * * * Tanto na Crítica da Razão Pura como na Crítica do Juízo, o princípio reflexivo, que exprime a noção de finalidade, é caracterizado por Kant de modo similar. Contudo, o deslocamento deste princípio da razão para a faculdade-de-julgar, já não indica haver mais ruptura que continuidade na passagem da Primeira para a Terceira Crítica? Apresentarei como fio condutor da minha argumentação a comparação do modo pelo qual Kant exprime a noção de finalidade presente nestes dois momentos. 1 Graduando em Filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Orientador: Prof. Dr. Vinicius Berlendis de Figueiredo. paulogustavomr@hotmail.com

2 Para isso, este artigo será dividido em três partes: a) a comparação das idéias (KrV 2 ) com o Juízo (KU); b) O funcionamento da idéia se dá de modo análogo ao esquema da sensibilidade (na KrV), ao passo que, na KU, Kant admite a possibilidade de pensar um esquematismo subjetivo como condição da possibilidade do conhecimento em geral; c) A atuação da idéia de Deus como um princípio regulador da razão, que constitui e liga as coisas em geral como se derivasse dela, buscando assim ser um princípio que possibilita a unidade sistemática, este é o pressuposto da razão, por outro lado, podemos estabelecer uma comparação com a pressuposição de que a natureza se ajusta a faculdade de julgar, na KU, permitindo a ele encontrar leis particulares da natureza que a própria unidade sistemática não conseguiu encontrar. No Apêndice à Dialética Transcendental, Kant tem como intuito analisar o papel da razão na busca pelos princípios que possibilitam o conhecimento humano. É deste modo que o autor introduz a idéia da finalidade da razão como uma unidade sistemática que, ao pressupor um princípio, sirva também de regra para o conhecimento em geral. A busca por um princípio que possibilite o conhecimento humano não deve ser entendida como um princípio da razão que fornece conceitos de determinados objetos, pois a razão nunca se reporta diretamente a um objeto, ela tampouco cria conceitos. Mas apenas os ordena, por intermédio das idéias, com vistas àquela unidade que pode conferir sua maior extensão, deste modo, a razão procura realizar a sistemática do conhecimento. Na Dialética Transcendental (Primeira Seção), Kant expõe a definição do termo idéia como um conceito da razão, contrapondo-o assim a definição dada aos conceitos do entendimento: O conceito é empírico ou puro e ao conceito puro, na medida em que tem origem no simples entendimento (não numa imagem pura da sensibilidade), chama-se noção (notio). Um conceito extraído de noções e que transcende a possibilidade da experiência é a idéia ou o conceito da razão (KANT, Crítica da Razão Pura, B377, grifo nosso). Assim, conseguimos entender porque a razão nunca se reporta aos objetos da sensibilidade. Do mesmo modo que a Analítica Transcendental permitiu pensar 2 Citaremos sempre as edições B da Crítica da Razão Pura de Kant, KrV significando Crítica da Razão Pura e KU significando Crítica do Juízo ou Crítica da Faculdade do Juízo

3 conceitos puros (indeterminados), mesmo que, através deles, nada seja conhecido. Também na Dialética Transcendental, através da razão, podemos pensar conceitos que não derivam da possibilidade da experiência, e esses conceitos da razão são chamados por Kant de idéias. A razão busca um princípio que confira sentido ao conhecimento empírico através das idéias, isto é, fora dos limites da sensibilidade, e é também por esse motivo que a razão nunca deve reportar-se diretamente ao plano sensível, assim, seu único objeto é o entendimento e o seu emprego conforme a um fim. Deste modo, a razão deve apenas regular os conceitos do entendimento para que seja possível, através das idéias, buscar uma unidade que consiga sistematizar o conhecimento sob um princípio: Esta unidade da razão pressupõe sempre uma idéia, a forma de um todo do conhecimento que precede o conhecimento determinado das partes e contém as condições para determinar a priori o lugar de cada parte e sua relação com as outras (KANT, Crítica da Razão Pura, B673, grifo nosso). A idéia de uma unidade sistemática serve ao entendimento como postulado para tratá-lo, não como mera quimera ou agregado acidental, nos termos de Kant, mas como um sistema encadeado segundo leis necessárias. Portanto, o postulado da idéia de uma unidade sistemática serve de regra ao entendimento, sem que a razão se refira diretamente à natureza. Será útil entender como a unidade sistemática pode servir de regra ao entendimento, pois Kant caracteriza de modo semelhante o pressuposto de que o juízo pode encontrar, mediante a sua afinidade em relação à natureza, uma regra para as diversas leis particulares do entendimento. Kant admite o uso transcendental da razão apenas através dos conceitos problemáticos, isto é, o geral só é considerado de uma maneira problemática, e é uma simples idéia 3, mas o particular é certo, assim sendo, a razão opera através de um geral problemático que serve de regra para comparar os diversos casos particulares que são certos, 3 B

4 [...] para saber se se deduzem dela e, se parecer que dela derivam todos os casos particulares que se possa indicar, conclui-se a universalidade da regra e, a partir desta, todos os casos que não forem dados em si mesmos (KANT, Crítica da Razão Pura, B675, grifo nosso). Nessa passagem, vale ressaltar a expressão se parecer, pois ela indica que o geral é dado apenas como uma hipótese, assim, Kant evita tomar os conceitos da razão no seu uso constitutivo, isto é, evita deduzir uma verdade da regra geral que era apenas dada como hipótese. Contudo, a crítica serve na medida em que atribui à razão um uso regulativo, para que seja possível encontrar um princípio que consiga reunir os conhecimentos particulares aproximando-os assim da universalidade da regra. Deste modo, a faculdade-de-julgar é caracterizada por Kant de modo similar a idéia tomada como um conceito problemático da razão, assim, a faculdade de julgar em geral é a faculdade de pensar o particular como contido no universal 4, quando o universal é dado, o juízo (que neste momento é determinante) subsume o particular, mas quando só o particular for dado, para o qual ele deve encontrar o universal, então a faculdade do juízo é simplesmente reflexiva 5. Deste modo, é através do juízo reflexivo que a realização de um julgamento estético é possível, tendo em vista que este dá a si próprio o princípio, isto é, fornece uma regra como princípio para refletir. Por conseguinte, a faculdade-de-julgar se diferencia das outras faculdades, pois o Juízo se refere unicamente ao sujeito, e seu fundamento-de-determinação é o sentimento de prazer e desprazer, contudo, este não gera por si só nenhum conhecimento. Mas, visto que a faculdade-de-conhecimento e a faculdade-de-desejar assentam sobre fundamentos empíricos e princípios a priori, para Kant, também é possível, por meio de uma analogia, supor que a faculdade-de-julgar também esteja assentada sob princípios a priori (como também sobre um fundamento empírico, o sentimento de prazer e desprazer). Sendo assim, do mesmo modo em que podemos encontrar um fundamento-dedeterminação do Juízo no sentimento de prazer ou desprazer, então, se houver um princípio a priori, este deve ser encontrado no próprio Juízo e será, portanto, um princípio subjetivo: 4 KANT. KU, Int., p KANT. KU, Int., p

5 O juízo se refere exclusivamente ao sujeito, e por si só não produz nenhum conceito de objetos. ( ) assim, (...) o sentimento de prazer e desprazer é somente a receptividade de uma determinação do sujeito, de tal modo que, se o juízo deve, em alguma parte, determinar algo por si só, isso não poderia ser nada outro do que o sentimento de prazer e, inversamente, deve ter em alguma parte um princípio a priori, este só será encontrável no Juízo (KANT, KU, Primeira Introdução, p. 268). Deste modo, podemos ver que o juízo sozinho não é capaz de formar nenhum conceito, caso não haja uma determinação do entendimento, portanto, o juízo reflexivo é denominado, por Kant, como a própria faculdade-de-julgar. Assim, cabe ao juízo reflexivo pensar um particular como contido num universal, logo, nos explica o professor Pedro Rego, dizer que algo é belo é expressar o pensamento de um particular como contido sob um universal. 6 Sendo assim, esse juízo deve aspirar à validade universal mesmo que seja subjetiva, pois ela não deve ser baseada em nenhum conceito, mas, somente, no seu fundamento-de-determinação, isto é, o sentimento de prazer e desprazer de cada um (sujeito). Kant diferencia o sentimento de prazer que decorre da contemplação do belo das sensações de prazer decorrentes do bom e do agradável (não nos aprofundaremos neste aspecto, mas cabe lembrar que a sensação que decorre de algo agradável é, para Kant, um prazer privado, excluindo assim a exigência de uma validade universal, ao passo que o prazer decorrente do sentimento do bom exige, por si só, uma validade universal, contudo, esta é determinada pela razão, assim sendo, uma validade universal objetiva). Pelo fato de que a validade universal subjetiva (estética) não se funda em conceitos, deste modo, [...] a universalidade estética, que é conferida a um juízo, também tem que ser de tal índole peculiar que ela não conecta o predicado da beleza ao conceito de um objeto, considerado em sua inteira esfera lógica, e no entanto estende o mesmo sobre a esfera inteira dos que julgam (KANT, KU, 8, p. 59). 6 REGO, P. A improvável unanimidade do belo, p

6 Visto que o juízo não é determinado por nenhum conceito, então ele só deve fornecer uma regra para julgar: o conceito determina o objeto, isto é, a imaginação esquematiza o diverso fenomênico e o entendimento aplica um conceito, formando assim um objeto (do conhecimento). Mas, para o juízo estético não existe uma regra para determinar a sua aplicação, assim, os casos nos quais o juízo deverá aplicar sua regra se mantém indeterminados. A determinação da regra cabe, num julgamento estético, ao sentimento de prazer e desprazer (como fundamento-de-determinação). Assim sendo, a faculdade de juízo estética é por si só uma faculdade particular de ajuizar as coisas segundo uma regra, mas não segundo conceitos 7. Portanto, se o juízo (estético) só possui uma regra para julgar sem formar um conceito, então, é possível supor que o seu aprimoramento se dá no próprio ato de julgar. Visto que, para Kant, a finalidade da forma do fenômeno é a beleza, e a faculdade-de-julgamento da mesma é o gosto 8 então, a crítica do gosto porém, de resto só é usada para o aprimoramento ou consolidação do próprio gosto 9. Deste modo, esse caráter de aprimoramento do gosto que se dá no próprio ato de julgar, parece permitir uma aproximação com as idéias da razão (KrV) posta como máximas atingidas só subjetivamente, isto é, a crítica da razão não se mantém fechada, mas é necessária, pois o seu próprio movimento visa à correção das ilusões inevitáveis na quais o pensamento recai quando transcende o mundo da experiência. Por conseguinte, Kant dá o nome de máximas aos princípios subjetivos da razão, esses assentam sobre o interesse especulativo da razão, embora eles possam parecer que são princípios objetivos 10. Por conseguinte, fazer com que o entendimento atue de acordo com esta idéia será, para Kant, uma máxima necessária da razão : E esta é a dedução transcendental de todas as idéias da razão especulativa, ( ) enquanto princípios reguladores da unidade sistemática do diverso do conhecimento empírico em geral, que desse modo melhor se corrige e consolida nos seus limites próprios, do que sem essas idéias e pelo simples uso dos princípios do entendimento (KANT, Crítica da Razão Pura, B700). 7 KU, Int., p KU, Primeira Introdução, p KU, Primeira Introdução, p B

7 O resultado da Dialética Transcendental permite a Kant assinalar que a razão deve somente ocupar-se consigo mesma, por conseguinte, ela se dirige somente aos conhecimentos do entendimento com vistas à unidade do conceito da razão, ou seja, encadeamento sob um princípio 11. Assim sendo, a unidade sistemática é, para Kant, a própria unidade da razão, que apenas serve a ela subjetivamente como uma máxima que procura ser estendida para todo o conhecimento empírico possível. Atuando dessa forma, a razão garante a sua própria correção, e o princípio de tal unidade sistemática também é objetivo, de modo indeterminado 12. Deste modo, as idéias servem à razão para estender e consolidar seu uso empírico até o infinito. Tanto as Ideias da razão como o juízo reflexionante da faculdade-de-julgar, são caracterizados por Kant de modo semelhante, coube aproximar a idéia da razão, tomada como um conceito problemático, ao juízo reflexionante, isto é, a atividade de julgar em geral. Nos dois casos, só o particular é dado e, deste modo, a idéia (na KrV) ou o Juízo (na KU) devem encontrar o universal para os particulares dados. Tanto um como o outro não se fundam em conceitos, logo, seu uso se dá de modo regulativo. Assim, no primeiro caso, a razão dá a universalidade da regra aos particulares através de uma idéia que tenta aproximá-los; já o juízo reflexionante (como veremos no esquematismo subjetivo) compara as representações dadas (particulares) para encontrar um universal, como é o caso do juízo de gosto acerca do belo. Portanto, a pergunta que se revela ao estabelecer uma relação entre as idéias da razão e o juízo reflexionante da faculdade-de-julgar se refere ao motivo de Kant para caracterizar-los de modo semelhante? Veremos que Kant apresenta a pressuposição do princípio do Juízo como necessária para a própria pressuposição da unidade sistemática, mas em que medida isso pode indicar uma continuidade na passagem da Primeira para a Terceira Crítica, se a faculdade-de-julgar (imaginação) for tomada como condição para o próprio uso da razão? a) A diferença entre a idéia, como análoga ao esquema da sensibilidade (KrV), do esquematismo subjetivo do juízo estético (KU). 11 B B

8 Pretendo estabelecer a diferença entre a idéia como algo análogo ao esquema da sensibilidade (KrV) do esquematismo subjetivo presente na Crítica do Juízo, com o intuito de revelar como Kant desloca a noção de finalidade para a faculdade-de-julgar (imaginação), e de que modo esse deslocamento indica que a beleza (o juízo de gosto) se torna condição para o conhecimento em geral, visto que a atividade reflexiva que antecede a determinação objetiva é condição para o próprio conhecer. Para Kant, a unidade sistemática é apenas uma idéia da razão que projeta a possibilidade de reunir sob um princípio a totalidade das condições, assim como não é possível uma dedução destas idéias nos moldes da dedução das categorias. Essa impossibilidade leva Kant a admitir o uso das idéias somente como uma aproximação das regras do conhecimento em geral, porém, elas possuem princípios sintéticos a priori, isto é, validade objetiva. Sem embargo, o autor enfatiza que a validade objetiva das idéias é indeterminada, deste modo, sua indeterminação objetiva permite ligá-la à experiência em geral, ao passo que a idéia vista também como um princípio heurístico pode auxiliar na elaboração da experiência, na medida em que seu uso projeta a sistematização da experiência para além de seus limites. Deste modo, Kant indica que os princípios da razão contêm: [...] apenas simples idéias para a observância do uso empírico da razão, idéias que este uso aliás só pode seguir assimptoticamente, ou seja, aproximadamente, sem nunca as atingir, possuem todavia, como princípios sintéticos a priori, validade objetiva, mas indeterminada, e servem de regra para a experiência possível, sendo mesmo realmente utilizados com êxito como princípios heurísticos na elaboração da experiência, sem que todavia se possa levar a cabo uma dedução transcendental, porque esta ( ) é sempre impossível em relação às idéias (KANT, Crítica da Razão Pura, B692). Portanto, tomar a idéia como um princípio heurístico que auxilia na elaboração da experiência, permite também a Kant pensar o funcionamento da idéia de modo análogo ao esquema da sensibilidade. Isso não significa que encontraremos na intuição um esquema para a unidade sistemática de todo o conhecimento. No entanto, o autor apresenta a possibilidade de encontrar algo análogo a este esquema. Assim, a idéia serve de regra à experiência em geral na medida em que aproxima os princípios da razão do 160

9 seu uso empírico, sem esquecer que a razão nunca se reporta diretamente à sensibilidade, então deverá fazê-lo através da idéia de sistematização de todos os conceitos do entendimento: Portanto, a idéia da razão é o análogo de um esquema da sensibilidade, mas com esta diferença: aplicação do entendimento ao esquema da razão não é um conhecimento do próprio objeto ( ), mas tão-só uma regra ou um princípio da unidade sistemática de todo o uso do entendimento (KANT, Crítica da Razão Pura, B693). Deste modo, evidencia-se uma diferença no papel da idéia como mediadora deste esquema (análogo ao esquema da sensibilidade) da mediação do esquematismo transcendental. No último caso, há de fato um esquema de síntese objetiva; já no primeiro, temos um esquema da experiência em geral pensada como unidade sistemática 13. Deste modo, a idéia como um análogo do esquema da sensibilidade deve somente permitir pensar a objetividade das sínteses dentro de uma unidade sistemática de todo o conhecimento possível. Kant consegue, deste modo, conciliar a noção de indeterminação e validade objetiva, porque o que é dado à razão é somente o objeto na idéia, este não consiste na determinação conceitual do entendimento, mas como nos explica o professor Franklin Leopoldo, é somente o esquema de unidade sistemática em que se insere os objetos 14. Portanto, não é possível atribuir nenhum objeto a este esquema, mas a representação de outros objetos é permitida por intermédio da sua relação com essa idéia: Há na verdade só um esquema ( ), e que serve tão-só para nos permitir a representação de outros objetos, mediante a relação com essa idéia, na sua unidade sistemática, ou seja, indiretamente. Assim, afirmo que o conceito de uma inteligência suprema é uma simples idéia, isto é, que sua realidade objetiva ( ) é apenas o esquema de um conceito de uma coisa em geral (KANT, Crítica da Razão Pura, B698). Isso não significa que a realidade objetiva desta idéia consista na referência a um objeto, mas tão-somente é o esquema do conceito de algo em geral que, ordenado 13 LEOPOLDO E SILVA, F. Dialética e Experiência. In: Revista Dois Pontos. p Idem, p

10 segundo um princípio regulativo, fornece a totalidade das condições das sínteses, para, deste modo, guiar o uso empírico da razão segundo a idéia de um fundamento ou causa. Kant não afirma que a existência das coisas do mundo deriva desta inteligência suprema, mas é preciso considerá-las como se derivassem, pois, para Kant, a idéia é um conceito heurístico, ou seja, deve sob sua orientação guiar a procura pela constituição e ligação dos objetos da experiência em geral 15. Deste modo, ao considerar as coisas como se derivassem de uma inteligência suprema o autor não alarga o conhecimento dos objetos, no entanto, isso permite realizar a idéia como algo em geral que, não sendo conhecido em si mesmo, permite a razão procurar pelo fundamento da unidade sistemática, sendo que as suas propriedades são dadas aos conceitos do entendimento de modo análogo ao seu uso empírico. Passando da Primeira para a Terceira Crítica, através da diferenciação da noção de esquematismo subjetivo, isto é, um esquema livre da determinação conceitual, em relação à idéia como algo análogo ao esquema da sensibilidade, podemos perceber como a idéia de finalidade se desloca da razão para a faculdade-de-julgar (imaginação). A atividade do juízo reflexivo busca comparar e manter-juntas dadas representações, seja com outras, seja com sua faculdade-de-conhecimento, em referência a um conceito tornado possível através disso 16. Tendo em vista que não há determinação conceitual no juízo reflexivo, logo, Kant identifica o juízo reflexivo com a própria faculdade-de-julgar. Assim, parece que, para Kant, esta atividade torna possível a própria determinação conceitual do entendimento. Veremos como isso acontece no esquematismo subjetivo. Como foi visto o julgamento estético só acontece através de um juízo reflexivo, pois não se pode determinar por conceitos se algo é belo ou não, então, esse juízo deve reivindicar uma validade universal mesmo que seja subjetiva. Deste modo, o juízo de gosto (julgamento estético) não postula a sua própria universalidade, mas atribui a todos essa concordância, como um caso da regra, quanto ao qual espera confirmação, não de conceitos, mas da adesão de outros B KU, Primeira introdução, p KU, Primeira Introdução, p.313 (Grifo meu)

11 Por conseguinte, Kant precisa pensar um fundamento que permita a comunicação universal da representação, ou seja, como é possível comunicar um juízo acerca do belo visto que só podemos comunicar aquilo que é conhecido ou representado, segundo sua relação com o conhecimento. Deste modo, o fundamento-dedeterminação desta comunicação universal deve ser o estado do ânimo, isto é, o sentimento de prazer que decorre desta representação. Assim sendo, [...] o fundamento determinante do juízo sobre essa comunicabilidade universal da representação deve ser pensado apenas subjetivamente, ou seja, sem um conceito do objeto, então ele não pode ser nenhum outro senão o estado de ânimo, que é encontrado na recíproca das faculdades de representação, na medida em que elas referem uma representação dada ao conhecimento em geral (KANT, KU, 9, p. 61). Portanto, para que seja possível comunicar aos outros um juízo de gosto, isto é, dizer se algo é belo ou não, este deve ter alguma relação com possibilidade do conhecimento. Deste modo, Kant admite que as faculdades-de-conhecimento, mediante a representação (estética), as faculdades cognitivas são postas em jogo, logo, não há determinação conceitual que forneça um limite a uma regra particular do conhecer. Assim, o estado-da-mente nessa representação tem de ser o de um sentimento de livre jogo dos poderes-de-representação em uma dada representação, para um conhecimento em geral 18. Por conseguinte, Kant parece indicar que o julgamento sobre o belo deve obedecer à mesma atividade do conhecimento em geral, contudo, sem que possa haver uma determinação objetiva, isto é, a imaginação compõe o múltiplo apreendido na sensibilidade (formaliza o objeto), dado que esta formalização vivifica no ânimo um sentimento de prazer que determina o julgamento sobre o belo, deste modo, o entendimento não aplica um conceito ao objeto sintetizado pela imaginação, sendo assim, um juízo sobre o belo deve restringir-se apenas a forma do objeto. Assim, um juízo de gosto funda-se somente naquilo que Kant chama de condição formal subjetiva de um juízo em geral (KU, 133), ou podemos dizer que é a condição subjetiva da faculdade-de-julgar. Enfim, 18 KU, Primeira Introdução, p

12 [...] visto que aqui não se pode encontrar nenhum conceito de objeto como fundamento do juízo, assim ele somente pode consistir na subsunção da própria faculdade da imaginação ( ) à condição de que o entendimento em geral chegue da intuição a conceitos. Isto é, visto que a liberdade da imaginação consiste no fato de que esta esquematiza sem conceitos, assim, o juízo de gosto tem que assentar sobre uma simples sensação das faculdades reciprocamente vivificantes da imaginação em sua liberdade e do entendimento com sua conformidade a leis (KANT, KU, p. 133, grifo nosso). Para que a imaginação possa ser esquematizada sem conceito, de algum modo ela precisa estar em conformidade com as leis do entendimento. Deste modo, podemos entender a liberdade da imaginação como livre em relação à aplicação de um conceito do entendimento. Logo, podemos dizer que há um conceito do entendimento no esquematismo subjetivo, contudo ele permanece indeterminado. Deste modo, o juízo de gosto é, para Kant, a condição subjetiva do conhecimento em geral, mas não deve ter o intuito de predicar algo sobre o conhecimento do objeto (senão seria um juízo lógico-determinante responsável pela realização da objetividade), assim, o juízo reflexivo: [...] não tem pronto nenhum conceito para a intuição dada, mantémjuntos a imaginação e o entendimento e percebe uma porção de ambas as faculdades-de-conhecimento, que constitui em geral a condição subjetiva, meramente sensível, do uso objetivo do juízo (KANT, KU, Primeira Introdução, p. 278, grifo nosso). Portanto, o juízo reflexivo se torna condição necessária e subjetiva para a aplicação do juízo lógico-determinante (descrito acima como uso objetivo do juízo) responsável por aplicar uma categoria do entendimento ao múltiplo apreendido pela imaginação na sensibilidade. Cabe ressaltar que a diferença da Primeira Crítica para a Terceira parece residir no fato de que, na Crítica da Razão Pura, a faculdade-de-julgar não possuía em si um princípio para realizar um julgamento, ao contrário da Crítica do Juízo, assim, Kant parece atribuir um papel demasiado importante a reflexão, permitindo assim pressupor um princípio para o juízo (localizado no seu interior) buscar descobrir leis empíricas particulares que a idéia de unidade sistemática não conseguiu encontrar

13 b) A diferença entre o funcionamento da idéia de Deus, como um pressuposto da razão, da pressuposição da adequação da natureza em relação à faculdade-dejulgar. Deus, na Crítica da Razão Pura, é apenas uma idéia da razão admitida problematicamente como um fundamento, a fim de considerarmos toda a ligação das coisas do mundo sensível como se tivessem fundamento nesse ser de razão 19. Assim, esse ser de razão entendido como uma idéia, só é fundamento enquanto problema, pois é por si incondicionado: Com o único intuito de sobre ele fundar a unidade sistemática que é imprescindível à razão e favorável ao conhecimento empírico do entendimento, sem que, de qualquer modo, lhe possa jamais ser prejudicial (KANT, Crítica da Razão Pura, B705). Portanto, ao colocar este ser de razão como fundamento para a possibilidade da razão como unidade sistemática, o autor não só procura dar ênfase à importância deste conceito para o desenvolvimento do conhecimento empírico, como também salva a necessidade de pensar este ser de razão para que o conhecimento empírico tenha sentido. Assim, na perspectiva de Kant, o conhecimento empírico só é possível, pois existe uma exigência da razão em pensar um ser que forneça a totalidade das condições e, desse modo, possa ordenar todos os conceitos do entendimento mediante um princípio. Kant considera o conceito racional de Deus como sendo uma suposição relativa de um ser considerado como a causa única suficiente de todas as séries cosmológicas 20. Esse conceito de Deus não envolve nenhuma contradição, pois, para Kant, de modo algum é possível conhecer algo a respeito deste ser de razão, contudo, podemos pensálo como se fosse o fundamento de todas as coisas (incondicionado). Deste modo, o autor evita estender o plano sensível para fora de seus domínios, evitando assim o conflito da razão dogmática que tentava conhecer aquilo que não era seu objeto. Portanto, na Segunda Introdução à Crítica da Razão Pura, Kant admite que teve de: 19 B B

14 [...] suprimir o saber para dar lugar a crença, e o dogmatismo da metafísica, ou seja, o preconceito de nela se progredir, sem crítica da razão pura, é a verdadeira fonte de toda incredulidade, que está em conflito com a moralidade e é sempre dogmática (KANT, Crítica da Razão Pura, BXXX, grifo nosso). A substituição do saber pela crença racional, destacada da Segunda Introdução à Crítica da Razão Pura, nos ajuda a compreender como Kant apresenta o funcionamento da idéia de Deus no Apêndice à Dialética Transcendental. Kant indica certo pendor natural da razão em ultrapassar os limites da sensibilidade, deste modo, ela obriga a considerar todo o encadeamento no mundo segundo princípios de uma unidade sistemática 21, isto é, como se todas as coisas fossem derivadas deste único ser (incondicionado). Portanto, a finalidade da razão só é possível através da sua regra formal que se expande no seu uso empírico, contudo, vale ressaltar que ela nunca pode exceder os limites deste uso, mas quais limites? Os limites que causavam a ilusão transcendental, confundindo assim o objeto da metafísica, isto é, esta tinha (antes da crítica) a pretensão de conhecer os objetos que só eram permitidos pensar. Deste modo, Kant diz que essas idéias não escondem nenhum princípio constitutivo que possa ser alargado até o conhecimento empírico:. Esta unidade formal suprema, fundada unicamente em conceitos racionais, é a unidade das coisas conforme a um fim, e o interesse especulativo da razão impõe a necessidade de considerar a ordenação do mundo como se brotasse da intenção de uma razão suprema. (KANT, Crítica da Razão Pura, B715, grifo nosso). Este princípio proporciona a razão, diz Kant, um novo campo da experiência no qual esta pode ligar as coisas do mundo mediante as leis teleológicas. Assim, é possível (a razão) abarcar a máxima unidade sistemática. Portanto, ao tomar as coisas sob o princípio da finalidade, a razão ordena segundo esse princípio toda a possibilidade de conhecer mediante essa pressuposição. Deste modo, a idéia de uma inteligência suprema (incondicionado) ou causa absoluta do universo, deve ser sempre benéfico à razão e nunca lhe seria prejudicial 22. Tendo em vista que: 21 B Idem

15 [...] nem se quer o erro é nocivo porque, de qualquer modo, só pode suceder que, onde nos depare com um nexo teleológico (nexus finalis), se nos depare um nexo simplesmente mecânico ou físico (nexus effectivus), o que em tal caso só nos priva de uma unidade, mas não nos faz perder a unidade da razão no seu uso empírico. (KANT, Crítica da Razão Pura, B716). Esse parágrafo carrega consigo demasiada importância para a investigação, pois Kant parece admitir que a investigação da natureza guiada pela idéia de um princípio regulador, que pressupõe um fim nos produtos da natureza, pode deste modo ajudar o juízo a encontrar nexo físico onde pensávamos existir um nexo teleológico. Portanto, já nesta passagem, Kant parece adiantar a pressuposição do princípio de afinidade do juízo, isto é, a idéia de que a natureza se ajusta ao juízo para que seja possível descobrir leis particulares do entendimento que a idéia de unidade sistemática não deu conta de descobrir, sendo que Kant caracteriza essa pressuposição do juízo (na KU) como condição para a própria pressuposição da idéia de unidade sistemática. Deste modo, até que ponto pode-se dizer que, na Crítica da Razão Pura, Kant já adiantou (de modo discreto) a pressuposição do juízo contido na Crítica do Juízo? Com efeito, se com respeito à figura da terra (que é redonda, embora um pouco achatada), das montanhas, dos mares, etc. De antemão admitimos sábios propósitos de um criador, então, poderemos, por esse caminho, fazer uma quantidade enorme de descobertas (KANT, Crítica da Razão Pura, B715). Portanto, a idéia de Deus serve à razão mesmo quando ela não encontra nenhum propósito final deste Ser de razão, abrindo assim uma janela para pensar esse princípio regulador como necessário mesmo na busca de leis físicas. Essa citação reforça a anterior na suposição de que, na KrV, Kant já adianta a pressuposição transcendental do Juízo, mas, até que ponto podemos dizer que esse adiantamento comprova a continuidade na passagem da Primeira para a Terceira Crítica? Na Crítica do Juízo, Kant permite pensar a natureza de dois modos, mecanicamente e tecnicamente: Kant chama a natureza de técnica quando os objetos da natureza, às vezes, são julgados somente como se sua possibilidade se fundasse em 167

16 arte, ( ) através deles a natureza mesma é julgada por analogia com uma arte 23. Isso não acontece na referência objetiva ao objeto, mas, somente, na referência subjetiva à faculdade de conhecimento. Ao contrário de quando julgamos um objeto da natureza como mecânico, esse julgamento permite pensar a causalidade da ligação do múltiplo sem, ao menos, ter um conceito de fundamento na base da sua unificação, sendo que eles podem ter seu efeito orientados para um fim, mesmo sem uma Idéia posta no seu fundamento 24. Contudo, vale ressaltar também que Kant retoma o conceito de natureza, dado na Crítica da Razão Pura, para caracterizar a pressuposição transcendental do juízo. A natureza, entendida como um conjunto de todos os objetos da experiência se constitui por ser um sistema de leis transcendentais. Ao mesmo tempo em que é necessário pensar a unidade da natureza sob a idéia de um princípio que busca ligar a totalidade das condições. Assim sendo, a experiência em geral, segundo leis transcendentais do entendimento, deve ser considerada como um sistema. Kant não deriva disto que a natureza, através das suas leis empíricas, seja um sistema captável para a faculdade-de-conhecimento do homem, e que a conexão sistemática completa de seus fenômenos em uma experiência, portanto esta mesma como sistema, seja possível aos homens 25. Visto que as leis empíricas podem ser tão diversas e heterogêneas que não seja possível reuni-las numa unidade de parentesco formando assim um princípio comum. Neste sentido, Kant insere a noção do princípio transcendental do Juízo: [...] pressuposição transcendental subjetivamente necessária que aquela inquietante disparidade sem limite de leis empíricas e aquela heterogeneidade de formas naturais não convém à natureza, mas, pelo contrário, que esta, pela afinidade das leis particulares sob as mais universais, se qualifique a uma experiência, como um sistema empírico (KANT, KU, Primeira Introdução, p.269). É com essa pressuposição que Kant define o princípio transcendental do Juízo. Relembrando que o juízo além de ser a faculdade de subsumir o particular sob o 23 KU, Primeira Introdução, p Idem, KU, Primeira Introdução, p

17 universal (cujo conceito está dado), também deve encontrar o universal para o particular. Por conseguinte, para que o Juízo possa encontrar o universal para as leis particulares diversas, é necessário que haja um princípio que possa reunir às diversas leis particulares, e este princípio é o da afinidade da natureza em relação a essas leis. Assim, sem essa pressuposição do Juízo, que fixa este princípio em função do seu próprio uso, não seria possível fundar a experiência de modo sistemático. Deste modo, a reflexão (responsável pelo juízo em geral) sempre exige um princípio, e esta deve pressupor em seus produtos uma forma, para que seja possível a composição do diverso segundo as leis transcendentais. Sendo assim, não seria possível o juízo reflexionante segundo seus fundamentos conseguir a classificação da natureza segundo suas leis particulares, caso não houvesse a pressuposição de que a natureza mesma especifica suas leis transcendentais segundo um princípio, este princípio é o da adequação da natureza à faculdade do Juízo. Sendo assim, é preciso pensar que, em favor do juízo, a natureza especifica suas leis universais empíricas em conformidade com a forma de um sistema lógico. Neste sentido, podemos identificar que a finalidade da natureza, que forma parte do próprio conceito do Juízo reflexionante, reside exclusivamente no sujeito, isto é, na sua capacidade de reflexão: E aqui se origina o conceito de uma finalidade da natureza, e aliás como um conceito próprio do Juízo reflexionante, não da razão, na medida em que o fim não é posto no objeto, mas exclusivamente no sujeito, e aliás em sua mera faculdade de refletir. ( ) Assim, pensa-se o Juízo, por seu princípio, uma finalidade da natureza na especificação de suas formas por leis empíricas (KANT, KU, Primeira Introdução, p. 273). Kant insere deste modo a noção de finalidade sem fim, isto é, uma finalidade que é posta no sujeito, assim, o juízo percebe esse objeto como final. Levando em consideração que estamos falando de um juízo reflexivo, sem aplicação de qualquer conceito, então, podemos dizer que perceber o objeto como final é perceber a sua forma como final, pois o juízo reflexionante apenas consegue formalizar o objeto. Sendo assim, para Kant, julgar o objeto segundo sua finalidade formal é, deste modo, pensar a beleza como fim do objeto, e a consciência desta percepção deve ser entendida como 169

18 seu fundamento-de-determinação, isto é, o sentimento de prazer: O juízo, como foi mostrado acima, é o único que torna possível, e mesmo necessário, além da necessidade mecânica da natureza, pensar nela também como finalidade (KANT, KU, Primeira Introdução, p.275). Portanto, caso não houvesse a pressuposição de que a natureza se ajusta à faculdade do juízo, não seria possível reunir diversas leis particulares sob um universal. Deste modo, sem essa pressuposição a unidade sistemática, na classificação completa das formas particulares segundo leis empíricas não seria possível 26. Sendo assim, na Terceira Crítica, parece haver uma dependência da pressuposição da unidade sistemática em relação à possibilidade do proceder da faculdade-de-julgar. Contudo, é possível supor que, mesmo com o abandono da idéia de Deus, na Crítica do Juízo estético, Kant parece aprofundar o projeto iniciado pela Crítica da Razão Pura, pois, a descoberta de que a reflexão possui princípios próprios parece ter trazido, para a terceira Crítica, a continuação da revolução copernicana 27? Se a Crítica da Razão Pura limitou o conhecimento ao plano da sensibilidade, liberando assim os conceitos da razão (as idéias) para pensar um princípio que seja condição para o conhecimento empírico; na Crítica do Juízo, a metafísica, que era cláusula de sentido do conhecimento (empírico), deu lugar a possibilidade de pensar a natureza como se fosse arte, isto é, o conhecimento empírico, a partir da terceira Crítica, está sob a condição do julgamento estético (faculdade-de-julgar) acerca do belo, que tem como base a reflexão ou o ato de julgar em geral. Visto que este problema envolve uma quantidade enorme de implicações, seria temerário apresentar uma conclusão definitiva. Assim, a investigação buscou analisar os momentos nos quais Kant caracteriza a noção de finalidade, com o objetivo de entender e lançar luz ao debate acerca da tentativa sistematizante das três Críticas de Kant. Referências: KANT, I. Crítica da Razão Pura, trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, KANT, Primeira Introdução, p KANT. Crítica da Razão Pura, BXVII

19 . Primeira introdução à Crítica do Juízo. Trad. Rubens Rodrigues Torres Filho. In: Os pensadores (Kant II). São Paulo: Abril Cultural, Crítica da faculdade do Juízo, trad. Valerio Rohden e António Marques, Ed. Forense Universitária, LEOPOLDO E SILVA, F. Dialética e Experiência. In: Revista Dois Pontos. Ed. UFPR. Vol. 2. Nº 2. Outubro, RÊGO, Pedro Costa. A improvável unanimidade do belo. Sobre a estética de Kant. 1ª Ed. Rio de Janeiro: 7 Letras,

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