Pedro Deus, Trevo Transportes Rodoviários de Évora Autarquias devem olhar para o Trevo como um exemplo
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- Aurélio Sanches Alves
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1 12/12/2011 Pedro Deus, Trevo Transportes Rodoviários de Évora Autarquias devem olhar para o Trevo como um exemplo O serviço de transporte urbano de Évora, concessionado à Trevo, pode constituir um exemplo de boas práticas de contratualização entre uma autarquia e um operador. Todos os objetivos estão a ser cumpridos pela empresa e nalguns casos até foram ultrapassados. No primeiro ano de atividade, os 26 autocarros da Trevo transportaram mais de 1,1 milhão de passageiros, um valor que superou as expetativas da empresa concessionária do transporte urbano rodoviário de passageiros de Évora. «Estamos a cumprir todos os nossos objetivos e nalguns casos até a ultrapassar», afirma Pedro Deus, administrador da Trevo. Em comparação com o anterior operador (SITEE), verifica-se um acréscimo de 27 por cento nos passageiros transportados. No terceiro trimestre de 2011, o crescimento foi de 5,5 por cento face a período homólogo de 2010 (primeiro trimestre comparável, atendendo que o início da operação foi em julho de 2010).
2 «O balanço deste primeiro ano de operação é muito positivo, olhando não só para os números mas, também, para aquilo que a população de Évora já espera do Trevo», salienta o entrevistado, adiantando que uma das primeiras tarefas consistiu na credibilização do sistema e da empresa. «As pessoas acreditam no Trevo. Já não dizem que vamos apanhar o autocarro, mas vamos apanhar o Trevo», afirma com satisfação. «A marca e o nome pegaram. Reconhecemos que o nome é feliz e invulgar nos transportes». A Trevo opera o transporte rodoviário urbano de Évora, desde julho de 2011, após concurso público internacional lançado pela autarquia, e por um período de dez anos. «O contrato estabelecido com a Câmara Municipal de Évora inclui obrigações para o operador, como a execução do serviço tal como consta no caderno de encargos, designadamente número de circulações, horários, frequências e qualidade de serviço», refere Pedro Deus. «Não podemos ter atrasos superiores a três minutos nem adiantamentos superiores a um minuto, exceto se tal não for imputável à empresa devido, por exemplo, a um acidente de trânsito», adianta o entrevistado, sublinhando que a empresa tem «vindo a cumprir todas as obrigações do caderno de encargos em termos de operação, qualidade de serviço, frota». Detido pela Rodoviária do Alentejo, o operador investiu cerca de três milhões de euros em autocarros, bilhética sem contato, sistema de apoio à exploração, abrigos, sistemas de apoio ao passageiro paragens com informação em tempo real, monitores LCD em todas as viaturas, onde é possível disponibilizar todo o tipo de informação ao cliente, bem como
3 publicidade. A frota é constituída por 26 viaturas novas, Euro 5, de dimensões compactas, incluindo 12 unidades de tipologia midi (Otokar Vectio 2500LE) e 14 do tipo mini (chassis Iveco Daily e carroçaria fabricada por Irmãos Mota). Para assegurar o serviço, a empresa conta com 42 profissionais, dos quais 26 motoristas. A rede de carreiras urbanas é constituída por dez linhas que efetuam 214 circulações, entre
4 as 06h00 e as 21h00. Existe ainda uma Linha Azul, com duas linhas, que estabelece a ligação entre as zonas norte (Canaviais, Bacelo e Louredo) e sul (Horta das Figueiras, PITE, Almeirim). Funcionando sem interrupções entre as 8h00 e as 20h00 e com intervalos de partida a cada 7,5 minutos, a Linha Azul possibilita a ligação entre os hospitais da cidade e as principais escolas do concelho. O contrato estabelecido entre a concessionária a autarquia estabelece que o risco da operação é inteiramente do operador, sendo deste último as receitas de bilhética e publicidade. A diferença entre receita e custo total de exploração é suportado pela autarquia. Os autocarros da Trevo transportam diariamente cerca de cinco mil passageiros, sendo a taxa de ocupação média dos veículos de aproximadamente 40 por cento, um valor que a empresa gostaria que fosse melhor. «A taxa de ocupação é variável ao longo do dia e também nas carreiras», explica o administrador da Trevo. «Algumas carreiras têm uma taxa de ocupação superior a 100 por cento nalguns horários, existindo outras carreiras e horários com taxas de ocupação muito baixas. Na hora de ponta da manhã, o valor é simpático, depois desce, voltando a subir à hora de almoço, para diminuir a seguir, aumentando novamente no final do dia. O problema é que as horas de ponta em Évora são muito curtas: uma de manhã, outra ao almoço e uma terceira no final do dia. Nessas três horas, as taxas de ocupação são de aproximadamente 60 por cento». A Trevo dispõe de uma base de dados assente em cinco mil cartões emitidos, o que corresponde a uma taxa de penetração no mercado de Évora de aproximadamente sete por cento, para uma população de 50 mil habitantes. As estatísticas indicam que 40 por cento dos clientes são séniores, seguindo-se os trabalhadores dependentes, com 30 por cento, e os estudantes (do secundário e universitários). Para conquistar mais clientes, o operador tem vindo a desenvolver ações junto dos diversos segmentos de mercado, principalmente no cliente sénior porque, segundo Pedro Deus, é «aquele que tem maior expressão». Junto dos estudantes também têm sido efetuadas diversas campanhas. A mais recente, denominada Regresso à Escola, decorreu em setembro, tendo sido realizadas várias iniciativas para divulgar o serviço. A empresa também estabeleceu diligências junto da Universidade de Évora, para adequar a oferta das linhas que passam junto das instalações universitárias à procura. «Acredito que, nalguns casos, os nossos horários possam não servir os estudantes, mas é por isso que queremos falar com os responsáveis universidade, para fazermos ajustamentos às suas necessidades», refere o administrador da Trevo.
5 O crescimento do Parque Industrial de Évora constitui uma das apostas da Trevo para o futuro no que se refere ao aumento da procura. O operador, que já realiza serviços para aquele destino, tem mantido reuniões com algumas das empresas mais representativas para tentar perceber as necessidades específicas de mobilidade dos trabalhadores e, com base nessa informação, proceder a ajustamentos na oferta de serviço. «Em termos de crescimento temos mais expetativas no parque industrial, atendendo ao desenvolvimento que aí se verificou».
6 O mercado de turismo, numa cidade que é Património Mundial, também está a ser avaliado pela Trevo. «É um mercado potencial que não está a ser trabalhado, mas está a ser estudado», admite Pedro Curvo de Deus. «Temos consciência que poderemos aumentar significativamente o número de passageiros na Linha Azul, com os turistas. Estamos a estudar a oferta que podemos proporcionar em termos de títulos de transportes para percebermos como conseguimos criar um título de transporte que o turista compre, bem como os pontos de distribuição. Se tivermos os títulos de transporte disponíveis apenas nos locais habituais não vamos conseguir chegar aos turistas». Relativamente ao futuro, o principal objetivo é crescer no número de passageiros transportados, aumentar a taxa de penetração na população e a notoriedade da marca, não só em Évora como no País. «Gostaríamos de ser uma referência nacional em termos de transporte urbano de passageiros», salienta Pedro Deus. «A grande ambição da Trevo é ser um modelo que possa ser replicado noutros lados, quer pela Rodoviária do Alentejo, quer por outro operador qualquer. As autarquias devem olhar para Évora como um modelo a seguir e depois contratualizar o serviço com a Rodoviária do Alentejo ou com qualquer outro operador rodoviário, que é o especialista em fazer transportes», conclui. Trevo em números - Frota: 26 viaturas
7 - Circulações diárias das carreiras urbanas: Quilómetros/dia percorridos pela frota nas carreiras urbanas: Quilómetros/mês por viatura: Quilómetros/ano percorridos pela frota: 1 milhão - Peso do combustível nos custos totais de exploração: 26% - Peso do pessoal nos custos totais de exploração: 57% - Passageiros transportados no primeiro ano: 1,1 milhão - Índice de satisfação global do cliente: 8,4 Passe combinado com Rodoviária do Alentejo A Rodoviária do Alentejo e a Trevo Empresa de Transportes Rodoviários de Évora introduziram um passe combinado, que tem como objetivo facilitar as deslocações dos passageiros que diariamente efetuam percursos entre a periferia e a cidade de Évora. «A ideia é fazer o rebatimento da Rodoviária do Alentejo para a Trevo, designadamente das pessoas que residem fora de Évora, mas que trabalham ou estudam na cidade», explica Pedro Curvo de Deus, administrador da Trevo. «Estamos convencidos que este será o principal público-alvo», acrescenta. A integração tarifária dos dois operadores permitirá aos passageiros utilizar um único título de transporte, dentro e fora da cidade de Évora. O cartão único pode ser recarregado a bordo de qualquer autocarro da Rodoviária do Alentejo, cuja origem ou destino seja Évora. O passe combinado está disponível desde 21 de outubro, devendo, no entanto, o carregamento inicial ser efetuado na bilheteira da Rodoviária do Alentejo em Évora. Satisfação do cliente e qualidade
8 A Trevo realizou um inquérito de satisfação global do cliente, com 430 inquéritos válidos, de que resultou um índice de 8,4 (em 10). Com uma margem de erro máxima de 4,6 por cento e intervalo de confiança de 95 por cento, o inquérito teve controlo do trabalho de campo através de contatos telefónicos a oito por cento dos inquiridos. O operador rodoviário urbano de Évora está implementar um sistema de gestão da qualidade ISO 9001: A primeira auditoria decorreu com sucesso em outubro, devendo o processo ficar concluído em novembro, após a realização da segunda auditoria. Trevo Livre Para procurar transferir pessoas do transporte individual para o coletivo e aumentar passageiros, a empresa desenvolveu a campanha de comunicação Economicamente Aprovado. Os estudos realizados pelo indicam que a utilização do transporte público tem um custo inferior em cerca de 20 por cento relativamente ao transporte individual, contabilizando o estacionamento. «Os títulos de transporte do Trevo são baratos», refere o Pedro Deus. «O passe mais caro custa 19,75 euros; um pré-comprado 50 cêntimos». Além disso, para divulgar o serviço, a empresa também tem vindo a apostar na iniciativa Trevo Livre, que permite às pessoas viajarem nos autocarros gratuitamente nalgumas datas específicas, como o dia de aniversário da empresa, o Dia Europeu Sem Carros e no dia de Natal. «No dia de aniversário da Trevo e no Natal do ano passado verificou-se um acréscimo de passageiros». Por: Carlos Moura Pedro Fonte:
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