Competência: Justiça Estadual (se a emissão do papel incumbir à União Justiça Federal).

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1 5.6.DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Art. 293 Falsificação de papéis públicos Dispositivo legal nformações rápidas: Objeto material: papéis públicos indicados nos incisos do art Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa. A falsificação grosseira exclui o delito. Tentativa: admite (crime plurissubsistente). Ação penal: pública incondicionada. Competência: Justiça Estadual (se a emissão do papel incumbir à União Justiça Federal). Norma penal explicativa: art. 293, 5.º, do CP. Lei penal em branco homogênea (legislação tributária) Objetividade jurídica O bem jurídico penalmente tutelado é a fé pública, no tocante à confiabilidade e legitimidade dos papéis públicos Objeto material São os papéis públicos indicados nos incisos do art. 293, caput, do Código Penal, quais sejam: Inciso I selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo Esse inciso diz respeito aos documentos destinados à arrecadação de tributos, salvo os especificados no inciso V, a exemplo do antigo selo pedágio, o qual era colado no para-brisa do veículo para comprovar o extinto tributo. Inciso II papel de crédito público que não seja moeda de curso legal São os denominados títulos da dívida pública, federais, estaduais ou municipais. Embora possam servir como meios de pagamento, não se confundem com a moeda de curso legal no País. Inciso III vale postal Esse inciso foi revogado pelo art. 36 da Lei 6.538/1976: Art. 36. Falsificar, fabricando ou adulterando, selo, outra fórmula de franqueamento ou vale postal: 1

2 Pena reclusão, até oito anos, e pagamento de cinco a quinze dias-multa. O art. 47 do citado diploma legal assim define o vale postal: título emitido por uma unidade postal à vista de um depósito de quantia para pagamento na mesma ou em outra unidade postal. Inciso IV cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público Cautela de penhor é o título de crédito representativo do direito real de garantia registrado no Cartório de Títulos e Documentos, a teor do art do Código Civil. Com seu pagamento a coisa empenhada pode ser retirada. A caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público designa o documento em que está consignada a movimentação da conta corrente no estabelecimento bancário. Por sua vez, a falsificação de cadernetas de estabelecimentos privados configura o crime de falsificação de documento particular (CP, art. 298), e não o delito em análise. Inciso V talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável Talão é a parte destacável de livro ou caderno, no qual permanece um canhoto com idênticos dizeres. Recibo é a declaração de quitação ou recebimento de coisas ou valores. Guia é o documento emitido por repartição arrecadadora, ou adquirido em estabelecimentos privados, com a finalidade de recolhimento de valores, impostos, taxas, contribuições de melhoria etc. Alvará, no sentido do texto, é qualquer documento destinado a autorizar o recolhimento de rendas públicas ou depósito ou caução por que o Poder Público seja responsável. Exemplo clássico de conduta passível de subsunção no art. 293, inc. V, do Código Penal consiste na falsificação de guias de arrecadação da Receita Federal (DARFs), mediante inserção de autenticação bancária, como forma de comprovação do recolhimento dos tributos devidos.24 Inciso VI bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município. Bilhete é o papel impresso que confere ao seu portador o direito de usufruir de meio de transporte coletivo por determinado percurso. Passe é o bilhete de trânsito, oneroso ou gratuito, concedido por empresa de transporte coletivo. Conhecimento, finalmente, é o documento comprobatório de mercadoria depositada ou entregue para transporte. O bilhete, o passe e o conhecimento devem emanar de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município. Destarte, não se 2

3 perfaz este delito quando qualquer dos objetos materiais provém de empresa privada, sem prejuízo do reconhecimento do crime de falsificação de documento particular, delineado no art. 298 do Código Penal Núcleo do tipo O núcleo do tipo é falsificar, isto é, imitar, reproduzir ou modificar os papéis públicos indicados nos diversos incisos do art. 293, caput, do Código Penal. A falsificação pode ocorrer mediante fabricação ou alteração. Na fabricação, também denominada de contrafação, o agente procede à criação do papel público, o qual surge revestido pela falsidade. Por seu turno, na alteração opera-se a modificação de papel inicialmente verdadeiro, com a finalidade de ostentar valor superior ao real. Convém destacar que a falsificação somente resultará no reconhecimento do crime em apreço quando incidir nos papéis públicos taxativamente mencionados pelo art. 293 do Código Penal. De fato, a falsificação de moeda importa no crime de moeda falsa (CP, art. 289), enquanto a falsificação de papel público diverso caracteriza o delito de falsificação de documento público (CP, art. 296) Sujeito ativo O crime é comum ou geral, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Contudo, se o sujeito ativo for funcionário público,26 e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena de sexta parte, com fulcro no art. 295 do Código Penal. Para a incidência da causa de aumento da pena, não basta a condição funcional: é necessário seja o delito perpetrado em razão das facilidades proporcionadas pela posição de funcionário público Sujeito passivo É o Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta criminosa Elemento subjetivo É o dolo, independentemente de qualquer finalida É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite a modalidade culposa Consumação Trata-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: consuma-se com a realização de qualquer das condutas legalmente descritas, prescindindo-se da efetiva circulação do papel público falsificado ou da causação de prejuízo a alguém. 3

4 Tratando-se de crime contra a fé pública, é fundamental que a atuação do agente empreste ao papel idoneidade suficiente para enganar as pessoas em geral, pois a falsificação grosseira exclui o delito, ensejando o reconhecimento do crime impossível (CP, art. 17) Tentativa É possível, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitindo o fracionamento do iter criminis Ação penal A ação penal é pública incondicionada, em todas as modalidades do delito Classificação doutrinária A falsificação de papéis públicos é crime simples (ofende um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado (consuma-se com a prática da conduta legalmente descrita, independentemente da superveniência do resultado naturalístico); de forma livre (admite qualquer meio de execução); em regra comissivo; instantâneo (consuma-se em um momento determinado, sem continuidade no tempo); unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos) Competência A falsificação de papéis públicos, em regra, é crime de competência da Justiça Estadual. Se, entretanto, a emissão do papel incumbir à União, suas empresas públicas ou autarquias, e a falsificação acarretar prejuízo a tais entes, o delito será de competência da Justiça Federal, nos moldes do art. 109, inc. IV, da Constituição Federal Figura equiparada: art. 293, 1.º A Lei /2004 conferiu nova redação ao art. 293, 1.º, do Código Penal, para ampliar seu âmbito de incidência, que antes se limitava aos papéis falsificados, forçando muitas vezes a utilização dos crimes de receptação (CP, art. 180) e de favorecimento real (CP, art. 349) para evitar a impunidade de pessoas envolvidas com papéis públicos falsificados. Destarte, incorre na mesma pena prevista no caput reclusão, de dois a oito anos, e multa quem: Inciso I usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo Trata-se de conduta posterior à falsificação dos papéis públicos, realizada por pessoa diversa do falsário. De fato, se o autor da falsificação praticar qualquer dos comportamentos aqui descritos, 4

5 será responsabilizado unicamente pela ação inicial, constituindo as ações subsequentes meros fatos impuníveis (princípio da consunção). Inciso II importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário O raio de incidência deste inciso é inferior ao do inciso anterior, pois se limita ao selo falsificado destinado a controle tributário. Inciso III importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a)em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b)sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. O crime é doloso. Contudo, além do dolo, afigura-se indispensável a presença do especial fim de agir (elemento subjetivo específ O crime é doloso. Contudo, além do dolo, afigura-se indispensável a presença do especial fim de agir (elemento subjetivo específico) representado pela expressão em proveito próprio ou alheio. Trata-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser cometido pela pessoa que se encontre no exercício de atividade comercial ou industrial. E, nessa seara, o 5.º do art. 293 do Código Penal veicula uma norma penal explicativa, assim redigida: Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do 1.º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. A alínea b constitui-se em lei penal em branco homogênea, pois é preciso analisar a legislação tributária para identificação das hipóteses de obrigatoriedade do selo oficial. Fica nítida, ademais, a verdadeira preocupação do legislador: a fé pública foi colocada em plano secundário para se proteger a ordem tributária, mediante o combate à sonegação fiscal. De fato, não há pertinência lógica entre falsificar selo (crime contra a fé pública) e vender cigarro sem selo oficial (delito tributário). A consumação desse crime, de cunho formal, prescinde da constituição definitiva do crédito tributário. Como já decidido pelo Superior Tribunal de Justiça: É dispensável a constituição definitiva do crédito tributário para que esteja consumado o crime previsto no art. 293, 1.º, III, b, do CP. Isso porque o referido delito possui natureza formal, de modo que já estará consumado quando o agente importar, exportar, adquirir, vender, expuser à venda, mantiver em depósito, guardar, trocar, ceder, emprestar, fornecer, portar ou, de qualquer forma, utilizar em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 5

6 industrial, produto ou mercadoria sem selo oficial. Não incide na hipótese, portanto, a Súmula Vinculante 24 do STF, segundo a qual Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1.º, incisos I a IV, da Lei n.º 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. Com efeito, conforme já pacificado pela jurisprudência do STJ, nos crimes tributários de natureza formal é desnecessário que o crédito tributário tenha sido definitivamente constituído para a instauração da persecução penal. Essa providência é imprescindível apenas para os crimes materiais contra a ordem tributária, pois, nestes, a supressão ou redução do tributo é elementar do tipo penal Supressão de carimbo ou sinal de inutilização de papéis públicos: art. 293, 2.º A pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa, para quem suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização. Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. Nessa hipótese, os papéis públicos são legítimos, ou seja, não foram falsificados mediante contrafação ou alteração, mas já foram inutilizados. A conduta criminosa consiste em suprimir (eliminar ou retirar) o carimbo ou sinal indicativo da inutilização. Não basta o dolo. Exige-se um especial fim de agir (elemento subjetivo específico), contido na expressão com o fim de tornálos novamente utilizáveis Uso de papéis públicos com carimbo ou sinal de inutilização suprimidos: art. 293, 3.º Incorre na mesma pena cominada ao art. 293, 2.º, do Código Penal aquele que usa, depois de alterado, qualquer dos papéis nele indicados. Se a lei comina igual pena, cuida-se novamente de crime de médio potencial ofensivo. Os 2.º e 3.º do art. 293 do Código Penal não são cumuláveis, ou seja, se o sujeito suprimir o carimbo ou sinal indicativo da inutilização do papel público, e depois utilizá-lo, responderá somente pela supressão, figurando o uso mero post factum impunível (princípio da consunção) Figura privilegiada: art. 293, 4.º A pena é de detenção, de seis meses a dois anos, para quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se refere este artigo e o seu 2.º, depois de conhecer a falsidade ou alteração. Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal, admitindo a transação penal e o rito sumaríssimo, em sintonia com as disposições da Lei 9.099/1995. O tratamento penal mais suave se deve ao móvel do agente, que não se dirige à lesão da fé pública, e sim em repassar a terceiro seu prejuízo patrimonial. Com efeito, se o sujeito receber o 6

7 papel de má-fé, ou seja, com conhecimento da falsidade, e ainda assim usá-lo ou restituí-lo à circulação, terá contra si imputado o crime definido no art. 293, 1.º, do Código Penal Art. 293, 2.º a 4.º, do Código Penal e art. 37 da Lei 6.538/1976 Se as condutas descritas no art. 293, 2.º a 4.º, do Código Penal recaírem sobre selo, outra forma de franqueamento ou vale postal, estará configurado o crime específico delineado no art. 37 da Lei 6.538/1976, inerente ao serviço postal e ao serviço de telegrama, cuja redação é a seguinte: Art. 37. Suprimir, em selo, outra fórmula de franqueamento ou vale postal, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis; carimbo ou sinal indicativo de sua utilização: Pena: reclusão, até quatro anos, e pagamento de cinco a quinze dias-multa. Forma assimilada 1.º Incorre nas mesmas penas quem usa, vende, fornece ou guarda, depois de alterado, selo, outra fórmula de franqueamento ou vale postal. 2.º Quem usa ou restitui a circulação, embora recebido de boa-fé, selo, outra fórmula de franqueamento ou vale postal, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de três meses a um ano, ou pagamento de três a dez dias-multa Crime contra a ordem tributária O art. 1.º, inc. III, da Lei 8.137/1990 Crimes contra a ordem tributária prevê um delito de natureza específica, nos seguintes termos: Art. 1.º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: ( ) III falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável. Cabe destacar que o crime contra a ordem tributária é de natureza material ou causal, reclamando para sua consumação a supressão ou redução do tributo. Por sua vez, o delito definido no art. 293 do Código Penal é formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado, aperfeiçoando-se com a realização da conduta legalmente descrita, independentemente da produção de prejuízo a alguém Art. 294 Petrechos de falsificação Dispositivo legal 7

8 Classificação: Crime simples Crime simples Crime comum Crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado Crime de forma livre Crime comissivo (regra) Crime não transeunte Crime instantâneo ( fabricar, adquirir e fornecer ) ou permanente ( possuir e guardar ) Crime unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual Crime plurissubsistente (regra) Informações rápidas: Crime obstáculo. Objeto material: objeto especialmente destinado à falsificação dos papéis públicos especificados art. 293 do CP. Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa. Crime não transeunte (deixam vestígios de ordem material). Tentativa: não admite (crime obstáculo). Ação penal: pública incondicionada Objetividade jurídica O bem jurídico penalmente protegido é fé pública, no que diz respeito à confiabilidade e legitimidade dos papéis públicos. O legislador, preocupado com a falsificação de papéis públicos, não aguardou sua concretização para autorizar o Estado a exercer seu poder punitivo. Ele antecipou a tutela penal, incriminando condutas representativas de atos preparatórios do crime tipificado no art. 293 do Código Penal. Destarte, o art. 294 do Código Penal, com a rubrica petrechos de falsificação, veicula um autêntico crime obstáculo Objeto ma Objeto material 8

9 É o objeto especialmente destinado à falsificação dos papéis públicos especificados art. 293 do Código Penal. A elementar especialmente relaciona-se à finalidade precípua do objeto destinado à falsificação de papéis públicos. Em síntese, nada impede seja o bem utilizado também para outros fins, embora seja prioritariamente empregado na contrafação de papéis públicos. Ademais, não é preciso sirva o petrecho unicamente à contrafação ou alteração, mesmo porque será difícil, quiçá impossível, identificar algum objeto que não tenha nenhuma outra serventia que não a falsificação de papéis públicos. Tratando-se de objeto destinado à falsificação de selo, fórmula de franqueamento ou vale postal, estará configurado o crime definido no art. 38 da Lei 6.538/1978, cuja redação é a seguinte: Art. 38. Fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, possuir, guardar, ou colocar em circulação objeto especialmente destinado à falsificação de selo, outra fórmula de franqueamento ou vale postal: Pena reclusão, até três anos, e pagamento de cinco a quinze dias-multa Núcleos do tipo O tipo penal possui cinco núcleos: fabricar (criar, montar, construir ou produzir), adquirir (comprar ou obter), fornecer (proporcionar, dar, vender ou entregar), possuir (ter a posse) e guardar (manter, conservar ou proteger). Todos os verbos se ligam ao objeto especialmente destinado à falsificação de papéis públicos. Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. A lei apresenta diversos núcleos, e a realização de mais de um deles, no tocante ao mesmo objeto material, caracteriza um único delito Sujeito ativo O crime é comum ou geral, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Entretanto, se o sujeito ativo for funcionário público,29 e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena da sexta parte, com fulcro no art. 295 do Código Penal. Para a incidência da causa de aumento da pena não basta a condição funcional: é imprescindível seja o delito executado em razão das facilidades proporcionadas pela posição de funcionário público sujeito passivo É o Estado, interessado na preservação da fé pública no que diz respeito ao sistema de emissão de papéis públicos Elemento subjetivo 9

10 É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite a modalidade culposa Consumação Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: consuma-se com a fabricação, aquisição, fornecimento, posse ou guarda dos objetos destinados à falsificação, independentemente da sua efetiva utilização pelo agente ou por qualquer outra pessoa. Nos núcleos guardar e possuir o crime é permanente, comportando a prisão em flagrante enquanto perdurar a situação de contrariedade ao Direito; nas demais variantes, o crime é instantâneo Tentativa Não é cabível, pois o legislador incriminou de forma autônoma atos representativos da preparação do delito tipificado no art. 293 do Código Penal (falsificação de papéis públicos). Em outras palavras, o delito de petrechos de falsificação é classificado como crime obstáculo, logicamente incompatível com o conatus Ação penal A ação penal é pública incondicionada Lei 9.099/1995 Em razão da pena mínima cominada (um ano), o art. 294 do Código Penal contempla crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/ Classificação doutrinária O crime de petrechos de falsificação é simples (ofende um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado (consuma-se com a prática da conduta legalmente descrita, independentemente da superveniência do resultado naturalístico); de forma livre (admite qualquer meio de execução); em regra comissivo; não transeunte (deixa vestígios materiais); instantâneo (nos núcleos fabricar, adquirir e fornecer ) ou permanente (nas modalidades possuir e guardar ); unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos) Petrechos de falsificação e falsificação de papéis públicos: unidade ou pluralidade de crimes 10

11 Qual ou quais crimes devem ser imputados ao sujeito que possui objeto especialmente destinado à falsificação de papéis públicos, e efetivamente os falsifica? Há duas posições sobre o assunto: a)o agente deve ser responsabilizado pelos crimes de petrechos de falsificação e de falsificação de papéis públicos, em concurso material. Tais crimes consumam-se em momentos distintos, não havendo falar em absorção do crime previsto no art. 294 do Código Penal pelo crime definido em seu art b)incide o princípio da consunção, resultando na absorção do crime-meio (petrechos de falsificação), que funciona como ante factum impunível, pelo delito-fim (falsificação de papéis públicos). Como já decidido pelo Superior Tribunal de Justiça: Falsificação de papéis públicos. Petrechos de falsificação. Concurso aparente de normas. Ante factum impunível. Não há concurso material de crimes na hipótese em que o agente fabrica, adquire, fornece, possui ou guarda objetos destinados à falsificação de papéis públicos, pois a segunda consubstancia mero ato preparatório ou ante factum impunível DA FALSIDADE DOCUMENTAL 5.7.DA FALSIDADE DOCUMENTAL Art. 296 Falsificação do selo ou sinal público Dispositivo legal Classificação: Crime simples Crime comum Crime formal, de consumação ante Crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado Crime de forma livre Crime comissivo (regra) Crime não transeunte Crime instantâneo Crime unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual Crime plurissubsistente (regra) Informações rápidas: 11

12 Objeto material: selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município, bem como o selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião (não abrange Distrito Federal e selo ou sinal público estrangeiro). Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa. A falsificação grosseira exclui o delito. Tentativa: admite (crime plurissubsistente). Ação penal: pública incondicionada Objetividade jurídica O bem jurídico penalmente protegido é a fé pública, relativamente aos selos e sinais públicos de autenticação Objeto material É o selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município, bem como o selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião. No inciso I do art. 296, o selo público não se confunde com o selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo, o qual importa no crime tipificado no art. 293, inc. I, do Código Penal. É preciso destacar que, muito embora o legislador tenha inserido o crime no Capítulo III do Título X da Parte Especial do Código Penal, no âmbito Da falsidade documental, o selo e o sinal público não são propriamente documentos, mas objetos cuja utilidade é conferir autenticação, origem ou legitimidade a um documento, e somente após sua utilização é que passam a integrálo. Como leciona Heleno Cláudio Fragoso: Os selos e sinais públicos a que a lei penal aqui se refere, não constituem documento. São, porém, comumente empregados como elementos de certificação ou autenticação documental, o que justifica a classificação. Uma vez apostos ao documento, tais selos passam a fazer parte integrante dele.31 O art. 296 do Código Penal não incrimina a falsificação de selo público destinado a autenticar atos oficiais do Distrito Federal, e a omissão legislativa não pode ser suprida pelo operador do Direito, pois não há espaço no Direito Penal para a analogia in malam partem, como corolário do princípio da reserva legal ou estrita legalidade (CF, art. 5.º, inc. XXXIX e CP, art. 1.º). De igual modo, também não se pune a falsificação do selo ou sinal público estrangeiro. 12

13 Núcleo do tipo O núcleo do tipo é falsificar, no sentido de imitar, reproduzir ou modificar selo ou sinal público. A falsificação pode ser efetuada por fabricação ou alteração. Na fabricação, também conhecida como contrafação, opera-se a formação ou reprodução integral do selo ou sinal público. Na alteração, por sua vez, há modificação do selo ou sinal público, para que passe a ostentar, mediante acréscimo ou supressão, informação diversa da original Sujeito ativo Pode ser qualquer pessoa (crime comum ou geral). Contudo, se o delito for cometido por funcionário público, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumentada da sexta parte, a teor da regra inserida no 2.º do art. 296 do Código Penal. Trata-se de causa de aumento da pena, e sua incidência reclama não somente a condição funcional, mas também a utilização das facilidades proporcionadas pelo cargo para a prática do crime. Destarte, se o agente for funcionário público, mas executar o delito sem se prevalecer do cargo, será vedada a aplicação da majorante Sujeito passivo É o Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta criminosa Elemento subjetivo É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite a modalidade culposa Consumação Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: consuma-se no momento da falsificação, mediante fabricação ou alteração, do selo ou sinal público, independentemente da obtenção de vantagem indevida ou da provocação de prejuízo a alguém. Como já decidido pelo Supremo Tribunal Federal: O tipo restringe-se à mera conduta, sendo despiciendo o prejuízo a terceiro. A substituição de folha do processo por outra numerada por pessoa estranha ao Cartório, com imitação da rubrica do serventuário, alcança o objeto jurídico protegido pelo dispositivo legal a fé pública, considerado o sinal de autenticidade. O dolo decorre da vontade livre e consciente de praticar o ato.32 A propósito, o uso do selo ou sinal falsificado é punido como crime autônomo, nos moldes do art. 296, 1.º, inc. I, do Código Penal Tentativa 13

14 É possível, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitindo o fracionamento do iter criminis Ação penal A ação penal é pública incondicionada Lei 9.099/ Lei 9.099/1995 Em face da pena cominada (reclusão, de dois a seis anos, e multa), a falsificação do selo ou sinal público é crime de elevado potencial ofensivo, incompatível com os benefícios contidos na Lei 9.099/ Classificação doutrinária A falsificação do selo ou sinal público é crime simples (ofende um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado (consuma-se com a prática da conduta legalmente descrita, independentemente da superveniência do resultado naturalístico); de forma livre (admite qualquer meio de execução); em regra comissivo; não transeunte (deixa vestígios materiais); instantâneo (consuma-se em um momento determinado, sem continuidade no tempo);unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos) Figuras equiparadas: art. 296, 1.º Como estabelece o 1.º do art. 296 do Código Penal, incorre nas mesmas penas: Inciso I quem faz uso do selo ou sinal falsificado A lei se preocupa, nesse caso, com a efetiva utilização do selo ou sinal público falsificado na autenticação de documentos. Se o próprio falsificador fizer uso do selo ou sinal falsificado, deverá ser responsabilizado unicamente pela falsificação. O uso constitui post factum impunível, e por essa razão resta absorvido, solucionando-se o conflito aparente de normas com o princípio da consunção. Inciso II quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio Nessa hipótese, o selo ou sinal público são verdadeiros, mas o seu uso é indevido (elemento normativo do tipo), podendo causar prejuízo a terceiro ou benefício ao agente ou a outra pessoa. O Superior Tribunal de Justiça reconheceu este delito na conduta do presidente de entidade de ensino não reconhecida ou autorizada, que se utilizava de certificados encimados 14

15 com o selo da República Federativa do Brasil comumente usado em documentação oficial do Ministério da Educação, para que candidatos a cargos públicos se habilitassem.33 Em nossa opinião, não se exige o efetivo prejuízo de outrem ou o prejuízo próprio ou alheio, sendo suficiente a potencialidade para tanto (crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado). Existem, contudo, entendimentos em contrário, no sentido de se tratar de crime material ou causal, reclamando, portanto, a superveniência do resultado naturalístico.34 Inciso III quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública Este inciso foi acrescentado pela Lei 9.983/2000, voltado precipuamente aos crimes contra a Previdência Social. No entanto, aqui não é preciso seja a conduta relacionada precisamente a este órgão, podendo envolver qualquer órgão ou entidade da Administração Pública. Por seu turno, a Lei 5.700/1971 dispõe sobre a forma e a apresentação dos símbolos nacionais. O art. 35 desta lei estabelece que a violação de qualquer das suas disposições constitui contravenção penal, a exemplo da conduta de usar a bandeira nacional como roupagem Art. 297 Falsificação de documento público Dispositivo legal Crime simples Crime comum Crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado Crime não transeunte Crime de forma livre Crime comissivo (regra) Crime instantâneo Crime unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual Crime plurissubsistente (regra) Informações rápidas: Objeto material: documento público falsificado ou o documento público verdadeiro alterado (elemento normativo do tipo). Documento: forma escrita + elaboração por pessoa determinada + conteúdo revestido de relevância jurídica e eficácia probatória. 15

16 Telegrama: não é documento público. A falsificação grosseira, perceptível a olho nu, exclui o crime (crime impossível). Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa. Crime não transeunte (deixa vestígios materiais). Tentativa: admite (crime plurissubsistente). Ação penal: pública incondicionada. Competência: Justiça Estadual (exceções: art. 109, IV, da CF Justiça Federal) Introdução O art. 297 do Código Penal claramente se preocupa com a forma do documento público, pois a falsificação recai sobre seu corpo, sua exterioridade. Esta é a razão de falar em falsidade material. O legislador brasileiro acompanhou a tendência mundial, e criou dois crimes distintos, estabelecendo pena mais grave para a falsificação de documento público (reclusão, de dois a seis anos, e multa) do que para a falsificação de documento particular (reclusão, de um a cinco anos, e multa). Em conformidade com os ensinamentos de Sylvio do Amaral: Tal ocorre porque a violação da verdade expressa nos documentos emitidos pelo Estado afeta diretamente o prestígio da organização política, além de atingir a fé pública inspirada pelo documento violado. Em torno do Estado existe a presunção da absoluta veracidade de todas as suas manifestações, documentais ou não, de modo tal que qualquer ato atentatório dessa presunção repercute desmesuradamente na confiança da coletividade, fazendo periclitar um dos fatores fundamentais da harmonia e da ordem nas relações do cidadão com o Estado. Assim pois, o crédito incondicionado que os documentos expedidos pelo Estado merecem do povo a ele sujeito faz com que seja incomparavelmente maior a possibilidade de dano decorrente da falsificação desses documentos Objetividade jurídica É a fé pública, relativamente à confiança depositada nos documentos públicos Objeto material É o documento público falsificado, no todo ou em parte, ou o documento público verdadeiro alterado. Além de funcionar como objeto material, o documento público também atua como elemento normativo do tipo, pois a compreensão do seu significado reclama um juízo de valor de índole jurídica A definição jurídico-penal de documento 16

17 Documento, no âmbito penal, é o escrito elaborado por pessoa determinada e representativo de uma declaração de vontade ou da existência de fato, direito ou obrigação, dotado de relevância jurídica e com eficácia probatória.36 Vejamos suas características. a) Forma escrita Em primeiro lugar, documento é a palavra escrita, embora nem todo escrito ingresse no conceito de documento, pois é imprescindível seja dotado de relevância jurídica. Como corolário desta exigência, excluem-se as fotografias isoladas,37 pinturas e desenhos, uma vez que não apresentam escrito algum, sem prejuízo da configuração de crime de outra natureza, a exemplo do dano (CP, art. 163), do furto (CP, art. 155) e da fraude processual (CP, art. 347) etc. O escrito deve ser lançado em coisa móvel, suscetível de ser transportada e transmissível (exemplos: papel, pergaminho, tela etc.), razão pela qual não são considerados documentos as palavras inscritas em paredes, muros, estátuas, árvores, rochas, veículos e objetos análogos, pois não podem ser transmitidos para as mãos de outras pessoas. Exige-se a permanência do escrito, que não precisa ser indelével, afigurando-se irrelevante o meio empregado, desde que idôneo para a documentação (tinta, lápis, sangue etc.).38 O escrito pode ser feito à mão ou mediante processo mecânico ou químico de reprodução de caracteres, independentemente do idioma,39 e inclusive códigos em geral, desde que representem a expressão do pensamento de alguém. No tocante à reprodução mecânica (exemplos: escritos impressos ou datilografados), é imprescindível a subscrição manuscrita ou digitalizada pelo seu autor. Não constitui documento o escrito indecifrável ou aquele que somente seu autor pode entender. A fotocópia sem autenticação não tem eficácia probatória, motivo pelo qual não pode ser classificada como documento. Contudo, se for autenticada pelo oficial público ou conferida em cartório, será considerada documento. Como determina o art. 232, parágrafo único, do Código Penal: À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original. b) Elaborado por pessoa determinada O autor do escrito que não é necessariamente a pessoa que o escreveu, e sim aquela a quem se deve a declaração de vontade ou expressão de pensamento que o escrito contém há de ser identificado. De fato, a autoria certa exigida para que um escrito seja considerado documento é daquele de quem o documento deveria ter emanado, e não do autor da falsidade. A autoria da 17

18 falsidade é fundamental para a condenação do falsário, mas em nada se relaciona com o conceito penal de documento. O escrito anônimo (exemplo: uma carta apócrifa) não é documento, pois na verdade se constitui na inafastável intenção de não documentar um pensamento.40 Em regra, a identificação do autor se dá pela assinatura contida no documento, nada obstante possa decorrer do próprio conteúdo, desde que a lei não imponha expressamente sua subscrição. A assinatura pode ser feita por extenso (exemplo: João da Silva ), por abreviação, por indicação de parentesco ou relação de intimidade (exemplos: seu pai, seu noivo etc.), e até mesmo por pseudônimo, quando possível reconhecer seu autor. c) Conteúdo revestido de relevância jurídica e eficácia probatória Não existe documento sem conteúdo. A simples assinatura aposta a papel em branco não é documento, pois este deve conter uma manifestação do pensamento, realizada mediante a narração ou exposição de um fato, direito ou obrigação, ou então de uma declaração de vontade. Consequentemente, o escrito ininteligível ou sem sentido também não pode ser considerado documento. Mas nem todo conteúdo é idôneo a ensejar a formação de um documento. O conteúdo há de apresentar relevância jurídica e eficácia probatória, pois pode ser utilizado como prova de determinado fato, implicando consequências no plano jurídico. Destarte, o ato nulo, juridicamente irrelevante, não constitui documento, pois ausente a capacidade para produzir efeitos válidos no mundo do Direito Documento público: conceito e espécies Documento público é aquele criado pelo funcionário público, nacional ou estrangeiro, no desempenho das suas atividades, em conformidade com as formalidades prescritas em lei.41 Fácil visualizar, portanto, os requisitos essenciais à formação do documento público: (a)qualidade de funcionário público em que o elabora; (b)a criação do documento no exercício das funções públicas; e (c)cumprimento das formalidades legais. Os documentos públicos dividem-se em duas espécies: 1.ªespécie: Documentos formal e substancialmente públicos: São os documentos criados por funcionários públicos, no desempenho de suas atribuições legais, com conteúdo e relevância jurídica de direito público. Exemplos: atos do Poder Executivo, Legislativo, Judiciário e do Ministério Público, entre outros. 18

19 2.ªespécie: Documentos formalmente públicos e substancialmente privados: São os documentos elaborados por funcionários públicos, no desempenho de suas atribuições legais, mas com conteúdo de natureza privada. Exemplos: escritura pública de compra e venda de bem particular, reconhecimento de firma pelo tabelião em escritura particular etc. A cópia autenticada de documento particular extraída pelo tabelião não se transforma em documento público. No entanto, se a falsidade incidir especificamente sobre o selo de autenticação, estará caracterizado o crime de falsificação do selo ou sinal público, definido no art. 296, inc. II, do Código Penal. Na prática, a divisão dos documentos públicos é inócua, pois a lei confere igual tratamento (pena idêntica) à falsificação em ambas as situações. A força probante do documento público (exemplo: documento dotado de fé pública) também é irrelevante no plano da tipicidade, mas pode ser utilizada pelo magistrado na dosimetria da pena-base, como circunstância judicial, nos moldes do art. 59, caput, do Código Penal A falsificação de telegramas O telegrama emitido por ordem de particular não é documento público, malgrado exista interferência de agente público. Na verdade, o funcionário público pertencente aos quadros da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) limita-se a reproduzir de forma mecânica o conteúdo privado do documento, o que não lhe empresta caráter público. Contudo, se o telegrama for expedido em obediência à ordem de funcionário público, no exercício das suas funções, será considerado documento público. E, se forem realizadas alterações no telegrama, no tocante às anotações lançadas pelo agente público, estará caracterizado o crime definido no art. 297 do Código Penal Documentos públicos por equiparação: art. 297, 2.º Como preceitua o art. 297, 2.º, do Código Penal: Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. São documentos particulares que o legislador, para fins de aplicação da pena, decidiu colocar no mesmo patamar dos documentos públicos. Façamos a análise de cada um deles. a) documento emanado de entidade paraestatal Entidades paraestatais, integrantes do terceiro setor, são as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que atuam ao lado e em colaboração com o Estado. São seus exemplos o Sesc, o Senai e o Sesi, bem como as entidades de apoio e as organizações não governamentais (ONGs).43 b) título ao portador ou transmissível por endosso 19

20 Título ao portador é o que circula pela mera tradição, a teor da regra contida no art. 904 do Código Civil. São exemplos o cheque ao portador, com valor não superior a R$ 100,00 (cem reais), nos moldes do art. 69 da Lei 9.069/1995. Nos títulos ao portador, a identificação do credor não é realizada expressamente, razão pela qual a pessoa que se encontre na posse do título é considerada titular do crédito nele indicado. Logo, a simples transferência do título (cártula) opera a transferência da titularidade do crédito.44 Título transmissível por endosso, também conhecido como título nominal à ordem, é o que identifica de forma expressa seu titular, ou seja, o credor. A transferência do crédito reclama, além da tradição, o endosso, a teor do art. 910 do Código Civil.45 São exemplos o cheque em geral, a duplicata, a nota promissória e a letra de câmbio. c) ações de sociedade comercial As sociedades dotadas de ações são as sociedades anônimas, disciplinadas pela Lei 6.404/1976, e as sociedades em comandita por ações, reguladas pelos arts a do Código Civil. d) livros mercantis Livros mercantis são os destinados a registrar as atividades empresariais. Podem ser obrigatórios (exemplo: Livro Diário, com as ressalvas lançadas pelo art do Código Civil) ou facultativos (exemplo: Livro-Caixa, Livro Estoque etc.). d) testamento particular O testamento particular, também chamado de hológrafo, destinado à sucessão de bens de pessoa capaz, para depois da sua morte, encontra-se disciplinado pelos arts a do Código Civil. É escrito pelo testador, de próprio punho ou mediante processo mecânico. Como não há espaço para a analogia in malam partem no Direito Penal, é vedada a inclusão do codicilo (Código Civil, arts a 1.885) no rol dos documentos públicos por equiparação Núcleos do tipo O tipo penal contempla duas condutas distintas: (a) falsificar, no todo ou em parte, documento público; e (b) alterar documento público verdadeiro. Vejamos cada uma delas separadamente. 1.ªconduta: falsificar, no todo ou em parte, documento público O núcleo do tipo é falsificar, no sentido de fabricar um documento público até então inexistente. A falsificação também é chamada de contrafação. A lei contém a expressão no todo ou em parte, indicando que a falsificação pode ser total ou parcial. Na falsificação total, o documento é criado em sua integralidade (exemplo: o sujeito fabrica em sua residência uma carteira nacional de habilitação). 20

21 Por seu turno, na falsificação parcial o agente acrescenta palavras, letras ou números ao objeto, sem estar autorizado a fazê-lo, fazendo surgir um documento parcialmente inverídico. Exemplo: A subtrai do órgão público um espelho de documento em branco, e preenche seus espaços.46 Cabe aqui uma importante ressalva. Se o sujeito estava autorizado a preencher o documento, mas nele inseriu dados falsos, deverá ser responsabilizado pelo crime de falsidade ideológica, definido no art. 299 do Código Penal. 2.ªconduta: alterar documento público verdadeiro O verbo alterar tem o sentido de modificar um documento público verdadeiro, já existente, mediante a substituição do seu conteúdo com frases, palavras ou números que acarretem mudança na sua essência. Exemplo: O sujeito modifica a data de validade da sua carteira nacional de habilitação. Em relação à substituição da fotografia dos documentos, assim já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal: Substituição de fotografia em documento público de identidade. Tipificação. Sendo a alteração de documento público verdadeiro uma das duas condutas típicas do crime de falsificação de documento público (artigo 297 do Código Penal), a substituição da fotografia em documento de identidade dessa natureza caracteriza a alteração dele, que não se cinge apenas ao seu teor escrito, mas que alcança essa modalidade de modificação que, indiscutivelmente, compromete a materialidade e a individualização desse documento verdadeiro, até porque a fotografia constitui parte juridicamente relevante dele.47 No campo da alteração, surge uma relevante indagação. Qual é a diferença entre alteração e falsificação parcial do documento? Na alteração, existe um documento verdadeiro, cujo conteúdo é modificado pela conduta criminosa. É por essa razão que o tipo penal possui a elementar verdadeiro ( alterar documento público verdadeiro ).48 Por seu turno, na falsificação parcial o documento nasce como obra do falsário, isto é, o documento verdadeiro jamais existiu. Mas cuidado. Uma importante exceção deve ser observada. Com efeito, a falsificação parcial também pode restar caracterizada quando, em documento verdadeiro preexistente, vem a ser efetuado um acréscimo totalmente individualizável (exemplo: inserção de aval falso em cheque autêntico). Não há falar, nessa situação, em alteração, pois não foi atingida a parte já existente do documento, e sim incluída uma parte absolutamente autônoma. De outro lado, estaria configurada a alteração se o sujeito modificasse o texto lançado na cártula, aumentando seu valor, uma vez que sua conduta alcançaria parte já existente do documento verdadeiro. É também a opinião de Sylvio do Amaral: O que caracteriza a falsificação parcial e permite discerni-la da alteração é o fato de recair aquela, necessariamente, em documento composto de duas ou mais partes perfeitamente individuáveis. Assim, na emissão do warrant e do conhecimento de depósito (títulos xifópagos, 21

22 na expressão de Waldemar Ferreira) há possibilidade de falsificação parcial de documento, a reconhecer-se sempre que o agente haja falsificado uma das partes do título, sendo a outra inteiramente legítima. ( ) Nessas hipóteses há da parte do criminoso a fabricação de uma porção do documento que se caracteriza por sua autonomia em relação à outra ou às outras porções. Com tal sentido deve ser entendida a expressão falsificação parcial, do Código Penal, sob pena de não poder o intérprete estabelecer distinção aceitável entre falsificação parcial e alteração A questão da falsificação (ou alteração) grosseira Como nos demais crimes contra a fé pública, a falsificação total ou parcial, e também a alteração, precisam revestir-se de idoneidade para ludibriar as pessoas em geral. Em outras palavras, é imprescindível a potencialidade de dano. Logo, a falsificação não pode ser grosseira, sob pena de exclusão do delito de falso, em razão da atipicidade do fato pelo crime impossível (CP, art. 17), sem prejuízo do aperfeiçoamento de algum crime patrimonial, notadamente o estelionato. Nos ensinamentos de Nélson Hungria: ( ) não há falsidade sem a possibilidade objetiva de enganar (isto é, sem a capacidade de, por si mesma, iludir o homo medius). Não basta a immutatio veri: é também necessária a imitatio veri. Sem esta (ou seja, sem a potencialidade de engano), inexiste, praticamente, a ofensa à fé pública ou possibilidade de dano (elemento condicionante do crime). Cabe aqui reiterar o que já dissemos a respeito ao falsum em geral: se a imitação é grosseira ou reconhecível prima facie, e, nada obstante, alcança êxito, dada a supina desatenção ou cega credulidade do lesado, o crime a identificar-se já não será o de falsidade, mas o estelionato ou outra fraude patrimonial Unidade ou pluralidade de crimes. A problemática da falsificação destinada a acobertar outro crime Se o agente, no mesmo contexto fático e visando alcançar uma determinada finalidade, falsifica diversos documentos públicos, deve responder por um único crime. Exemplo: Depois de furtar um veículo automotor, A falsifica todos os documentos relativos ao automóvel (certificado de propriedade, guia de IPVA, comprovante de licenciamento etc.). Entretanto, se as diversas falsificações forem realizadas em momentos distintos, e com finalidades diversas (exemplo: falsificação dos documentos do veículo furtado e, após, falsificação de passaporte para fugir do Brasil), estarão configurados dois crimes, em continuidade delitiva, se presentes os requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código Penal, ou então em concurso material, na situação contrária. A propósito, a falsificação de documento público destinada a acobertar a prática de algum crime goza de autonomia, e jamais será absorvida pelo delito anterior. Com efeitos, os crimes 22

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