23/09/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV

Transcrição

1 DIREITO PENAL IV LEGISLAÇÃO ESPECIAL 15ª -Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 Direito penal IV 2 1

2 ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Art Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, 2º HITÓRICO: Stellio lagarto, rastejante, esperto de cores variáveis; Crime de natureza patrimonial externado e efetivado mediante fraude Nelson Hungria lembra que as fraudes tiveram início desde os primeiros contratos e celebrações feita entre os homens; Sendo assim as fraudes sempre receberam sanções dos ordenamentos antigos; O código de hamurabi penalizada as fraudes entre os povos da mesopotâmia; Assim como o código de Manu, as leis dos egípcios, a lei mosaica; 4 2

3 HITÓRICO: Durante séculos foi considerado crime subsidiário; Apenas com o código Frances no início do Séc. XIX é que vislumbramos a definição jurídica do estelionato; Nas ordenações Filipinas os crimes análogos ao estelionato atual eram taxados como burlas; Até 1940 o Brasil considerava uma forma genérica de estelionato, apenas com o CP de 1940 que os art. 171, definiu de maneira clara as formas de estelionato e seu respectivo apenamento; Os romanos também dispunham de leis para coibir o engodo e consideravam estelionato todo crime de ação dolosa contra bens que não se amoldava aos outros crimes contra o patrimônio; 5 Obter vantagem ilícita persuadindo ou mantendo alguém em erro; A penalização recai sobre a vantagem ilícita e o prejuízo patrimonial, pelo seu posicionamento hermenêutico no código, o estelionato não puni a fraude e sim o dano oneroso da vítima; O agente deve ter o objetivo da vantagem ilícita; Obter a vantagem mediante meio fraudulento; Conduta dolosa/ma-fé Lesão patrimonial Nexo causal entre a conduta e o prejuízo patrimonial 6 3

4 Fraude: engodo, engano, artimanha. Ardil (é uma conversa enganosa, esperteza, astúcia intelectual bilhete premiado); Artifício (o agente emprega um aparato para modificar algo - disfarce), Erro: é a falsa percepção da realidade / induzimento ao erro / manutenção do erro O meio fraudulento deve ser capaz de enganar a vítima; Aqui a vítima deve ser considerada especificamente e não como homem médio ; 7 Vantagem ilícita: é o benefício patrimonial, o ganho econômico adquirido de maneira ilegal ou indevido; VANTAGEM + PREJUÍZO Não basta que a vantagem tenha sido ilícita, deve haver concomitantemente o prejuízo da vítima; 8 4

5 É o engano dolosamente provocado, o malicioso induzimento em erro ou aproveitamento de preexistente erro alheio, para o fim de injusta locupletação (Nelson Hungria); O estelionato necessita atingir pessoa certa e determinada pois vítimas incertas será considerado crime contra a economia popular Lei 1521/5151 (pirâmides, correntes e taxímetro); E a cola eletrônica??? A vítima não é determinada!!! Inadimplência de contrato é ilícito civil; 9 FURTO MEDIANTE FRAUDE X ESTELIONATO; No furto por meios fraudulentos a vigilância da vítima é atingida mediante ardil, uma vez enfraquecida a vigilância o agente subtrai a coisa alheia ou móvel; Já no estelionato a vigilância não é atingida especificamente e sim o próprio agente que então entrega o bem de livre e espontânea vontade; Ou seja no furto o agente mesmo ludibriado não sabe que o bem está sendo retirado de sua posse, já no estelionato o agente entrega o bem ao agente que provocou a erro E por fim lembramos que na apropriação o agente se vale do bem que já está em sua posse para se tornar dono; 10 5

6 Questões Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é absorvido por este Ex: Art. 298 do CP O crime de falsidade documental tem por sujeito passivo o Estado, pois constitui crime contra a fé pública. O falso, portanto, atinge interesse público, ao passo que o estelionato, interesse particular, pois se tutela o patrimônio do indivíduo (Fernando Capez, Curso de Direito Penal: Parte Especial, 2ª ed., vol. 3, São Paulo : Saraiva, 2005, p. 313). 11 Questões Passes espíritas, cartomancia, macumba etc? Fraude bilateral para Hungria não existe crime; Fraude em negócio ilícito para Hungria não existe crime; O tipo legal não exige que a vítima esteja de boa fé, no entanto tais estelionatos não deveriam ser considerados, pois assim estaríamos premiando a má-fé fé; Pesa também a favor de desconsiderar tais estelionatos, a política criminal, pois tais crimes não tem apelo social para cominar com prisão, uma vez que tanto a vítima como o agente praticaram atos repreensíveis socialmente; A lei social de levar vantagem em tudo deve sim comportar o prejuízo; Vide os casos de terrenos muito abaixo do valor de marcado, os bilhetes premiados etc; 12 6

7 Sujeito ativo: qualquer pessoa co-autoria é possível; Sujeito passivo: qualquer pessoa - ludibriada; Elemento subjetivo: o dolo específico; Objeto material: a pessoa e o bem; Objeto jurídico: o direito patrimonial Consumação: Se dá com aobtençãodavantagem; Tentativa: admissível fraude realizada Formaculposa: não existe Classificação Geral: É um crime Comum, material, livre e comissivo ou comissivo por omissão; instantâneo; 13 Jurisprudência Os crimes de uso e de falsificação de documento são absorvidos pelo delito-fim que é o estelionato, quando foram os crimes-meio para a obtenção da fraude (Súm. 17 do STJ). (TRF 3ª Região, 1ª Turma, AP nº SP, Rel. Des. Roberto Haddad, J , DJU , p ). Quando a falsificação de documento se constitui em crime-meio para a prática do estelionato, é por este absorvido. Súmula 17 do STJ. (TRF 3ª Região, 1ª Turma, AP nº SP, Rel. Des. Salette Nascimento, J , DJU , p. 1095). O estelionato absorve o falsus, quando esta foi o meio fraudulento empregado para a prática do crime-fim, que era o estelionato. (TRF 3ª Região, 1ª Turma, AP nº SP, Rel. Des. Theotonio Costa, J , DJU , p ). 14 7

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