Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal
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- Cristiana Osório Rodrigues
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1 O Erro e suas espécies Erro sobre elementos do tipo (art. 20, CP) Há o erro de tipo evitável e inevitável. Caso se trate de erro de tipo inevitável, exclui-se o dolo e a culpa. No entanto, se o erro for evitável é excluída apenas a punição por dolo, mas se houver previsão de crime culposo responde por culpa. De acordo com o disposto no art. 20, CP, é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa (evitável) e o fato é punível como crime culposo. O erro de tipo pode ser essencial ou acidental. Será essencial quando recair sobre os próprios elementos (elementares) ou circunstâncias do crime. Será acidental quando recair sobre dados acessórios ou secundários do crime (o agente sabe que sua conduta é ilícita, mas engana-se com relação a algum elemento não-essencial do tipo ou no momento em que vai executar a conduta). O erro essencial pode ser vencível (inescusável), hipótese em que poderia ter sido evitado, caso em que é excluído o dolo, respondendo o agente apenas na modalidade culposa se assim previsto. Pode ser também invencível (escusável), quando não poderia tê-lo evitado, excluindo-se pois, o dolo e a culpa. Já as hipóteses de erro acidental são as seguintes: erro na execução (aberratio ictus); erro sobre a pessoa (error in persona); erro sobre o objeto (error in objecto); resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) e aberratio causae. Erro na execução (aberratio ictus) Dá-se quando o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, ao invés de atingir a pessoa que pretendia atingir atinge pessoa diversa. Caso atinja as duas pessoas a regra do concurso formal de crimes será aplicada. Trata-se do que a doutrina denomina de erro do mau atirador. Em tal situação, frise-se, conforme art. 73 do CP, que devem ser consideradas as características da pessoa que se pretendia atingir, e não as da equivocadamente atingida. Há erro no alvo. Erro sobre a pessoa (art. 20, 3º, CP) Dispõe o Código Penal que o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta o agente de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, mas da pessoa contra a qual o crime deveria ter sido praticado.
2 É o erro, p.ex., que acontece quando uma pessoa comete ao matar A pensando tratar-se de B. Engana-se apenas com relação à vítima. Ocorre erro do agente e se atinge pessoa diversa da pretendida. Não se confunde com o erro na execução ou aberratio ictus, conforme assinalado, visto que, neste caso, o agente visa a atingir determinada pessoa, mas por acidente ou erro no uso dos meios de execução atinge outra. Aqui se vislumbra o que a doutrina denomina erro do bom atirador. Erro sobre o objeto Situação posta é a de quem supondo estar atingindo um bem material, acaba por atingir outro, sendo irrelevante a conduta, respondendo o agente pelo crime. Assim, por exemplo, querendo o agente subtrair um aparelho DVD, subtrai um vídeo-cassete, porquanto o local estava escuro, responde, desta forma, pelo furto, pouco importando o equívoco cometido. Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) Verifica-se na hipótese do agente querer e almejar determinado bem jurídico, mas acaba por atingir outro. Assim ocorre quando, ex vi, o agente querendo causar dano, atira uma pedra em direção ao bem, mas acaba por acertar uma pessoa, lesionando-a. Responde pois, pelo resultado provocado na modalidade culposa, desde que previsto para a hipótese (art. 74). Erro sobre o nexo causal (aberratio causae) Ocorre nas hipóteses de dolo geral, ou seja, imaginando o agente que mediante sua conduta já foi provocado o resultado pretendido, uma nova conduta é praticada de sorte a efetivamente provocar o resultado. Ex: A supondo ter matado B, a enterra em um buraco. Porém, constata-se que A não estava morta quando do enterro, vindo a falecer neste momento. No caso em tela, responde o agente por homicídio doloso consumado. Da Tentativa Introdução Tentativa pode ser conceituada como a realização incompleta da figura típica de um crime, devido a circunstâncias alheias à vontade do agente. É importante lembrar que para haver crime tentado o agente tem que dar início à execução. Ressalta-se que para que haja tipicidade formal, ou seja, a conduta do agente se adapte ao modelo abstrato previsto em lei, criou-se a norma de extensão prevista no art.14, II, CP, para que
3 certas situações não ficassem impunes. Ex. A tenta matar B e não consegue chegar ao resultado morte, se não houvesse essa previsão expressa no art. 14, II ele ficaria impune. Na tentativa o agente quer prosseguir, mas não pode. Elementos da tentativa São os elementos da tentativa: a) o início da execução do crime; b) não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente; c) que a conduta do agente seja dolosa. Ao invés de elementos da tentativa, o termo correto seria pressupostos da tentativa, visto que sem eles não há que se falar em tentativa. Formas da tentativa A tentativa pode ser perfeita ou imperfeita. Quando a fase de execução é integralmente realizada pelo autor, mas o resultado não se verifica por circunstâncias alheias à sua vontade, diz que há tentativa perfeita, acabada ou crime falho, p.ex., o agente efetua todos os disparos possíveis contra a vítima, mas esta é salva por intervenção dos médicos. Já quando o processo de execução sofre uma interrupção, por circunstâncias alheias à vontade do agente, fala-se em tentativa imperfeita ou inacabada, p.ex., o agente durante a execução do crime é interrompido sem que tenha exaurido tudo aquilo que achava necessário para consumar o delito de homicídio e a vítima acaba sendo salva. Não há distinção entre tentativa perfeita e imperfeita no tocante a aplicação da pena em abstrato. Todavia, quando da imposição da sanção em concreto, o juiz deve levar em conta a existência de uma destas espécies. A tentativa é punida com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços, salvo disposição em contrário. Tentativa Branca ou Incruenta ocorre quando a vítima ou a coisa não é atingida. Crimes que não admitem a tentativa Existem crimes, porém, que não admitem a forma tentada, estes são os seguintes: a) os culposos; b) os preterdolosos; c) os crimes omissivos próprios (os omissivos impróprios ou comissivos por omissão admitem); d) os crimes unissubsistentes (materiais, formais ou de mera conduta) que se realizam com um único ato; e) os crimes que a lei pune somente quando o resultado ocorre, como a participação em suicídio; f) os crimes habituais, pois se houver reiteração de conduta o crime está consumado, e se não houver reiteração o fato será atípico. g) os crimes de atentado, pois é inconcebível a tentativa de tentativa;
4 Ressalta-se que as contravenções penais admitem tentativa; no entanto, essa não é punível! (art.4º, LCP). Só é admissível a tentativa dos crimes que compõem o crime continuado, mas não no crime continuado como um todo. Nos crimes complexos, a tentativa ocorre com o começo da execução do delito que inicia a formação da figura típica ou com a realização de um dos crimes que o integram. Desistência voluntária e arrependimento eficaz A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são impropriamente conceituados como espécies de tentativa qualificada. Isto porque, nos dois casos em epígrafe, os resultados não se produzem em virtude da vontade do agente, diferentemente do que acontece com a tentativa propriamente dita, em que o resultado não se produz exclusivamente por circunstâncias alheias à vontade do agente. A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos. A desistência voluntária ocorre quando o agente interrompe voluntariamente a execução do crime e, com isso, impede a consumação do delito. p.ex.: A adquire uma arma para cometer o crime de homicídio e, depois do primeiro disparo, desiste de prosseguir atirando por falta de coragem. A desistência voluntária também é chamada de tentativa abandonada. Neste caso, como o agente desistiu de prosseguir na execução do crime, ele não responde por tentativa da infração penal pretendida e sim pelos atos já praticados. Pela própria definição, conclui-se que a desistência voluntária não é admitida nos crime de mera conduta. Além disso, a desistência deve ser voluntária, mas não precisa ser espontânea. Não importa se a idéia de desistir partiu do agente ou se partiu de alguém que o tenha induzido. Na desistência voluntária, o agente pode prosseguir, mas não quer. No arrependimento eficaz, o agente, após esgotar todas as possibilidades de que dispunha para consumar a infração penal, se arrepende e impede que o resultado ocorra; p.ex.: A envenena B, B ingere o veneno, mas A se arrepende e leva B até o hospital, onde B é medicado e se salva. A distinção entre ambas é de clara compreensão: no caso da desistência voluntária o agente interrompe a execução; enquanto que no arrependimento eficaz, a execução é realizada integralmente, contudo, o agente se arrepende e impede o resultado. Ambas atuam como excludentes da tipicidade (fazem com que a conduta seja atípica).
5 O Arrependimento posterior (art.16, CP) O arrependimento posterior é uma causa obrigatória de redução de pena, que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. O arrependimento posterior possui 4 requisitos fundamentais: 1º) que o crime seja cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa; 2º) que haja a reparação, total, do dano ou a restituição da coisa; 3º) voluntariedade do agente; 4º) que este arrependimento se dê até o recebimento da denúncia ou queixa. Esta causa de redução de pena pode ser aplicada tanto em crimes dolosos quanto em culposos, tentados ou consumados, simples, privilegiados ou qualificados, desde que presentes os requisitos ora citados. Dessa forma, estando presente esta causa de redução de pena o juiz fica obrigado a reduzir a pena de 1/3 a 2/3. Quer saber mais sobre Direito e Processo Penal? Então acompanhe o! fernandotadeu.marques Prof_Marques Prof_Marques Fernando Tadeu Marques fernandotmarques@hotmail.com
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