AULA 11. Aproveitando essa questão de exaurimento, vamos estudar algumas peculiaridades:
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- Rafael Salvado Gusmão
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1 Turma e Ano: Master A (2015) 01/04/2015 Matéria / Aula: Direito Penal / Aula 11 Professor: Marcelo Uzeda de Farias Monitor: Alexandre Paiol AULA 11 CONTEÚDO DA AULA: - Iter criminis, crime tentado 5) Exaurimento - É a fase posterior à consumação do delito, esgotando-o completamente. Para Cezar Roberto Bitencourt, o iter criminis termina com a consumação. Aproveitando essa questão de exaurimento, vamos estudar algumas peculiaridades: Eu querendo viajar para o os E.U.A e tendo um passaporte verdadeiro, faço um visto falso, uma vez que a embaixada dos E.U.A não me concedeu o visto. Qual o crime? Seria falsidade ideológica (art. 299 CP) ou falsificação de documento público (art. 297 CP)? É crime de falsificação de documento público (art.297 CP). Falsidade ideológica é omitir uma informação que deveria ter ou inserir declaração falsa. Falsificação de documento público Art Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Falsidade ideológica Art Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
2 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. Geralmente eu falsifico o passaporte para poder embarcar e apresentar na imigração. Desta forma agora eu vou fazer o uso do passaporte (art. 304 CP) Uso de documento falso Art Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Aqui eu tenho um conflito aparente de normas (eu falsifiquei 297 CP e usei 304 CP) o que fazer? Não uso o critério da especialidade porque são do mesmo grupo de especialidade (crime contra a fé pública), Nesse caso é o critério da consunção O princípio da consunção é aquele segundo o qual a conduta mais ampla engloba, isto é, absorve outras condutas menos amplas e, geralmente, menos graves, os quais funcionam como meio necessário ou normal fase de preparação ou de execução de outro crime, ou nos casos de antefato e pós-fato impuníveis (Cf. Greco, 2003, p. 33). Vale salientar que a comparação é estabelecida apenas entre condutas e não entre normas, ou seja, o fato mais completo prevalece sobre a parte, de modo que só sobrará uma norma a regulá-lo. Sabe-se que os delitos são praticados com o objetivo de alcançar alguma finalidade. Muitos deles, contudo, são cometidos como um meio necessário para se preparar ou executar outro crime. É o exemplo do crime de lesão corporal em relação ao crime de homicídio. Analisando-se o resultado advindo da prática do homicídio, que é a morte da vítima, é impossível não se concluir que antes do resultado morte, o autor do fato não tenha gerado na vítima lesões corporais.
3 O fato anterior não punível (antefato impunível) também corresponde a uma hipótese do princípio da consunção. Praticando uma conduta criminosa como o caminho necessário para a obtenção do resultado de outra conduta, também criminosa e, em geral, mais grave, o agente não é punido por aquela, mas apenas por esta, haja vista tê-la englobado. Já o fato posterior não punível (pós-fato impunível), o exaurimento do crime mais grave, que também constitui conduta ilícita, é absorvida e não é levada em conta no momento da aplicação da pena. É o caso da venda do produto do roubo. Ora, se todos sabem que aquele que rouba intenta lograr uma vantagem patrimonial, logicamente que não seria coerente punir-se a venda do objeto roubado se esta é um mero exaurimento do delito. Convém destacar que o antefato e pós-fato impuníveis são espécies da progressão criminosa (pluralidade de desígnios e pluralidade de condutas) e, como tais, isentam o agente da responsabilidade pelos atos anteriores ou posteriores que tenham eventualmente integrado o intento delituoso. Já nos crimes progressivos (unidade de desígnios e unidade de conduta), que são aqueles que ocorrem quando o agente objetiva produzir o resultado mais grave, e pratica, por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem juridicamente protegido, o último ato praticado, que é o causador do resultado inicialmente pretendido, absorve todos os anteriores que acarretaram as violações em menor grau. Quanto aos crimes complexos, o princípio da consunção atua no sentido de o fato complexo absorver os fatos autônomos que o integram, prevalecendo o tipo resultante da reunião daquele. Portanto, o princípio da consunção, dispondo de um vasto rol de recursos aptos a resolver problemas concernentes ao concurso aparente de normas penais, volta-se para a absorção de condutas que, muitas vezes, servem apenas como um caminho natural para a prática do intento criminoso.
4 TENTATIVA Agora vamos falar de TENTATIVA..(art. 14 II CP) Art Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA: Conceito: é norma de extensão de adequação típica por subordinação mediata (distante). No homicídio consumado, por exemplo, quando se faz o estudo de adequação típica, ou seja, se faz a adequação do fato ao tipo penal, essa adequação é feita por subordinação imediata, você liga o fato imediatamente ao artigo, no caso o art. 121 do CP. No homicídio tentado, quando se faz o estudo de adequação típica, ela é feita por subordinação mediata, uma vez que, o art. 121 do CP diz somente matar alguém e não tentar matar alguém e é preciso recorrer a uma norma de extensão, no caso de tentativa o art. 14, II do CP, ou seja, para se fazer o estudo de adequação típica de uma tentativa de homicídio é preciso combinar o art. 121 com o artigo 14, II do CP (art. 121 c/c art. 14, II do CP). A tentativa foi colocada na parte geral do CP e é aplicada a todos os crimes, como regra de extensão por subordinação mediata (distante). Se não fosse assim, teríamos um código enorme, porque o legislador teria que incluir a cada artigo da parte especial a regra de tentativa. ELEMENTOS DO CRIME TENTADO: conduta dolosa (vontade livre e consciente de praticara infração penal); ingresso obrigatório nos atos de execução; e
5 não alcance da consumação, por circunstâncias alheias à vontade do agente (qualquer fato externo que influencie na interrupção da execução que levaria à consumação da infração penal). ESPÉCIES DE TENTATIVA: 1. TENTATIVA PERFEITA (OU TENTATIVA ACABADA OU CRIME FALHO) O agente esgota, segundo seu entendimento, todos os meios que tinha a sua disposição para alcançar a consumação do crime, a qual não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade ou em razão de arrependimento eficaz. Exemplo.: A dispara dois tiros contra B, atingindo-o em região letal e entende que não há necessidade de prosseguir por achar que os ferimentos são suficientes para causar a morte da vítima, que é socorrida e sobrevive. 2. TENTATIVA IMPERFEITA (OU INACABADA) O agente não exaure toda a sua potencialidade lesiva, ou seja, não realiza todos os atos executórios necessários à produção do resultado. O sujeito é interrompido durante os atos de execução ou desiste voluntariamente de prosseguir, antes de esgotar tudo que pretendia inicialmente para consumar o crime. Exemplo: no mesmo exemplo acima, A é interrompido por C, sem que tenha exaurido todos os meios que entendia necessários à consumação do homicídio e a vítima acaba sobrevivendo. O agente saca a arma, faz um disparo e depois é impedido de prosseguir; 3. TENTATIVA BRANCA (OU INCRUENTA) o agente, apesar de ter esgotado todos os meios a seu alcance (tentativa perfeita) para consumar o crime, não consegue atingir a pessoa ou a coisa contra a qual deveria recair a conduta. É preciso pesquisar o dolo do agente para determinar o crime tentado. Exemplo:. A atira em direção a B, mas erra o alvo e a vítima sai ilesa. Se agiu com animus necandi, responde pela tentativa de homicídio. Se agiu com animus laedendi, há lesões corporais tentadas. Fim da aula 11
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