AULA 13 MANEJO DE NEMATÓIDES E PRAGAS DECANA-DE-AÇÚCAR

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1 AULA 13 MANEJO DE NEMATÓIDES E PRAGAS DECANA-DE-AÇÚCAR Professor: Dra. Leila Luci Dinardo-Miranda Centro de Cana - IAC 1

2 NEMATÓIDES EM CANA-DE-AÇÚCAR 1. ESPÉCIES IMPORTANTES E SEUS DANOS EM CANA-DE-AÇÚCAR Muitas espécies de nematóides são encontradas em associação com a cana-deaçúcar, mas, nas condições brasileiras, três são economicamente importantes, em função dos danos que causam à cultura: Meloidogyne javanica, M. incognita e Pratylenchus zeae. Em muitos canaviais pouco desenvolvidos e com baixa produção, são encontradas altas populações de pelo menos uma delas. Outra espécie, P. brachyurus, é também muito comum em canaviais brasileiros, mas sua patogenicidade para a cultura ainda não está estabelecida (DINARDO-MIRANDA, 2008). Os nematóides do gênero Meloidogyne são conhecidos como formadores de galhas, devido às deformações que provocam no sistema radicular das plantas. As fêmeas têm corpo em forma de pêra, globoso com a região anterior formando um pescoço, de cor brancoleitosa. Cada fêmea deposita de 400 a 500 ovos em um único local no interior das raízes ou na superfície delas. Os ovos são envolvidos por uma substância gelatinosa excretada pela fêmea através de suas glândulas retais, formando uma massa inadequadamente chamada de ooteca (FERRAZ e MONTEIRO, 1995). No interior dos ovos, as formas juvenis de primeiro estágio (J 1 ) sofrem a primeira ecdise. Dos ovos eclodem, portanto, juvenis de segundo estágio (J 2 ), que são vermiformes e móveis e migram no solo à procura de raízes de plantas hospedeiras. São ditas formas préparasitas ou infestantes. Atraídos por emanações radiculares das plantas, os J 2 penetram nas radicelas de plantas suscetíveis, geralmente pelas pontas, e atravessam o parênquima cortical para posicionar a região anterior do corpo na periferia do cilindro central. Ali estabelecem o parasitismo. Através do estilete, injetam secreções esofagianas em cerca de 3 a 8 células, localizadas ao redor da região anterior do corpo. Essas células, chamadas nutridoras, tornamse hipertrofiadas, com citoplasma denso, granuloso e núcleos e nucléolos muito evidentes (FERRAZ e MONTEIRO, 1995). Em razão dessa hipertrofia, são conhecidas também como células gigantes e são essenciais à alimentação e ao desenvolvimento dos nematóides, pois passam a ser seus bolsões alimentadores. Os nematóides injetam continuamente toxina nestas células e sugam o material exsudado por elas. 2

3 Concomitantemente à formação das células gigantes ou nutridoras, a substância injetada pelos nematóides irradia-se, sai do cilindro central e atinge a região cortical, onde ocorre aumento no número e no tamanho das células; em conseqüência, o córtex entumece e as raízes engrossam, formando a galha, o mais conhecido e freqüente sintoma de ataque de nematóides do gênero Meloidogyne (figura 1). Figura 1. Raízes de cana-de-açúcar com galhas características do ataque de nematóides do gênero Meloidogyne (Foto: L.L. DINARDO-MIRANDA). Com a formação das células nutridoras, os J 2 tornam-se gradualmente mais robustos, com corpo em forma de salsicha, perdem a mobilidade e tornam-se sedentários. Atingindo o máximo do desenvolvimento, passam rapidamente por mais duas ecdises. Tanto os juvenis de terceiro estágio (J 3 ) como os de quarto estágio (J 4 ) são desprovidos de estilete e têm o esôfago parcialmente degenerado, sendo incapazes de se alimentar. Após a quarta ecdise, formam-se os adultos, já com estilete e esôfago regenerados (FERRAZ e MONTEIRO, 1995). São endoparasitos sedentários, isto é, alimentam-se no interior das raízes e, após estabelecido o sítio de alimentação, não mais se locomovem. Tanto para M. incognita como para M. javanica, a reprodução se dá por partenogênese mitótica obrigatória, com as populações sendo constituídas praticamente só de fêmeas. Os machos aparecem em maior número somente quando as condições ambientais são desfavoráveis. Quando presentes, os machos têm corpo vermiforme, alongado, e resultam de complexa metamorfose do último estádio juvenil e, de acordo com muitos autores, não são parasitos (FERRAZ e MONTEIRO, 1995). A duração do ciclo biológico é muito influenciada por fatores como temperatura, umidade e planta hospedeira, sendo em geral ao redor de 3 a 4 semanas (FERRAZ e MONTEIRO, 1995). 3

4 Os nematóides do gênero Pratylenchus são conhecidos como nematóides das lesões radiculares e são endoparasitos migradores. Nesse gênero, todos os estádios juvenis e adultos são vermiformes, movimentam-se intensamente e podem iniciar o parasitismo, portanto, todas as formas são infestantes. As fêmeas depositam seus ovos isoladamente, no solo ou no interior das raízes parasitadas. Deles eclodem J 2, que passam por mais quatro ecdises, formando-se os adultos (FERRAZ e MONTEIRO, 1995). Adultos e juvenis preferem penetrar nas radicelas pelas regiões subapicais e, para isso, injetam toxinas que degradam parcialmente as paredes celulares. Em seguida, por ação mecânica, rompem totalmente as paredes celulares. Ao entrar nas raízes, os nematóides movimentam-se por entre as células e também por dentro das células, o que provoca o rompimento de muitas delas, formando-se túneis e galerias no córtex das raízes. A infestação, no geral, restringe-se ao parênquima cortical, que fica bastante desorganizado devido à destruição de numerosas células durante a movimentação dos nematóides. Para se alimentar, os nematóides posicionam-se paralelamente ao cilindro central, secretam ênzimos no interior das células e sugam seu conteúdo. As células assim atingidas se degeneram e acabam morrendo pouco tempo depois da saída do nematóide. Devido aos danos mecânicos decorrentes do caminhamento dos nematóides e à ação tóxica dos ênzimos por eles excretados, muitas células morrem e são invadidas por fungos e bactérias do solo, resultando no aparecimento de lesões necróticas típicas, de coloração escura (FERRAZ e MONTEIRO, 1995; figura 2). Em P. brachyurus e em P. zeae, os machos são raros e a reprodução se dá por partenogênese. A duração do ciclo varia em virtude de fatores ambientais (temperatura e umidade) e do hospedeiro, indo de 3 a 6 semanas, geralmente (FERRAZ e MONTEIRO, 1995). 4

5 Figura 2. Raízes de cana-de-açúcar com necroses provocadas por nematóides do gênero Pratylenchus. (Foto: L.L. DINARDO-MIRANDA). O ataque dos nematóides à cana-de-açúcar restringe-se às raízes, de onde extraem nutrientes para o crescimento e desenvolvimento. Para isso, injetam enzimas no sistema radicular, resultando em deformações, como as galhas provocadas por Meloidogyne, e extensas áreas necrosadas, quando os nematóides presentes são Pratylenchus. Em decorrência do ataque de nematóides, as raízes tornam-se pobres em radicelas e incapazes de absorver água e nutrientes necessários para o bom desenvolvimento das plantas que, conseqüentemente, ficam menores, raquíticas, cloróticas, murchas nas horas mais quentes do dia e menos produtivas. Em condições de campo, são verificadas reboleiras de plantas menores e cloróticas entre outras de porte e coloração aparentemente normais. A grandeza dos danos causados por nematóides pode ser quantificada em ensaios nos quais se faz a aplicação de nematicidas, como a apresentado na Figura 3. Segundo DINARDO-MIRANDA (2008), M. javanica e P. zeae causam cerca de 20 a 30% de redução de produtividade no primeiro corte de variedades suscetíveis. M. incognita pode ocasionar perdas maiores, ao redor de 40 %. Em casos de variedades muito suscetíveis e níveis populacionais muito altos, as perdas provocadas por nematóides podem chegar a até 50 % da produtividade. Os danos, porém, não se restringem à cana planta; os nematóides também reduzem as produtividades das soqueiras e, conseqüentemente, a longevidade do canavial. 5

6 Produtividade de colmos (t/ha) Curso Tópico da Cultura de Cana IAC Tratada Não tratada IAC RB72454 RB SP SP Figura 3. Produtividade agrícola (t/ha) de variedades cultivadas em área infestada por P. zeae, tratadas ou não com nematicida no plantio (Fonte: adaptado de DINARDO-MIRANDA et al., 1996). 2. MANEJO DE ÁREAS INFESTADAS POR NEMATÓIDES 2.1. Amostragem Para que medidas de manejo possam ser corretamente recomendadas, a fim de reduzir os prejuízos causados pelos nematóides, é necessário um diagnóstico seguro da presença desses parasitos na área, o que é feito por meio de uma boa amostragem. O primeiro aspecto a ser considerado é a época de amostragem. Os nematóides importantes para a cana-de-açúcar são parasitos obrigatórios; necessitam, portanto, de raízes vivas para sobreviver e se multiplicar. A cana-de-açúcar tem raízes abundantes na época chuvosa do ano, mas, na época seca, ocorre morte de muitas raízes. Em conseqüência da morte de raízes, a população de nematóides cai drasticamente e somente os ovos desses parasitos permanecem vivos no solo. Os métodos de extração tradicionais utilizados pelos laboratórios, porém, não conseguem recuperar os ovos do solo. Assim, amostragens efetuadas na época seca do ano são inadequadas porque não permitem diagnosticar a real população de nematóides. As amostragens devem ser feitas, sempre, na época chuvosa do ano. As amostragens podem ser feitas tanto em cana planta como em soqueiras. Em áreas a serem reformadas, a coleta de amostras deve ser feita no período chuvoso antes do último corte. 6

7 Outro aspecto a ser considerado nas amostragens é que as populações de nematóides variam muito a pequenas distâncias e isso tem uma importante implicação prática: uma amostragem bem feita exige a coleta de grande número de amostras. Assim, para talhões de até 10 ha, recomenda-se a coleta de uma amostra composta por duas sub-amostras por ha, recolhidas em toda área. Para facilitar a amostragem, deve-se começar pelo vértice do talhão. Se o espaçamento entre sulcos for de 1,5 m, o amostrador deve contar inicialmente 33 sulcos e adentrar no talhão neste sulco (33º sulco). Em seguida, ele deverá dar aproximadamente 30 passos (25 m) e coletar uma sub-amostra. Coletada a sub-amostra, ele deverá dar mais 60 passos (50 m) e coletar outra sub-amostra, prosseguindo desta maneira até sair no carreador. No carreador, o amostrador deverá então contar 66 sulcos, adentrando no talhão novamente e prosseguindo como anteriormente citado. Desta forma, ao terminar o talhão, ele deverá ter coletado, aproximadamente, 2 sub-amostras por hectare. Para coleta das sub-amostras, o amostrador deverá caminhar com dois baldes e um enxadão. Em cada ponto de amostragem, parte de uma touceira é arrancada para coleta de raízes. É importante que o arranquio das plantas seja feito com cuidado, batendo o enxadão longe da touceira, de maneira a permitir, sempre que possível, a retirada de raízes longas, pois os nematóides tendem a entrar no sistema radicular pelas pontas das raízes e a permanecer em todo o comprimento delas. A Figura 4 mostra uma sequência de arranquio de touceira, para coleta de raízes. Depois que a touceira é arrancada, coleta-se uma parte das raízes (Figura 5) e a armazena em um dos baldes. No outro balde, coloca-se um punhado de terra. Prossegue-se dessa forma até coletar todas as sub-amostras da área. Ao final, o solo e as raízes deverão ser homogeneizados, colocando-se em um saco plástico uma amostra de aproximadamente 500g se solo e 100g de raízes. O saquinho contendo a amostra deverá ser fechado e devidamente identificado. Durante o dia, enquanto as amostras são coletadas em campo, aquelas já coletadas devem ser mantidas em caixa de isopor, na sombra, a fim de evitar a incidência direta de raios solares sobre elas, que podem esquentar a amostra e matar os nematóides presentes. Depois de coletadas, as amostras podem ser armazenadas em local fresco, onde não recebam luz solar direta., por no máximo uma semana, até serem enviadas ao laboratório para análise. Não é conveniente armazenar as amostras em geladeira ou em freezer, pois elas tendem a se deteriorar muito rapidamente quando retiradas destas condições. Embora a época ideal para coletar as amostras seja o período chuvoso, deve-se evitar 7

8 a b c d Figura 4. Sequência de tarefas para amostragem nematológica: (a) corte da parte aérea do canavial; (b) e (c) início do arranquio da touceira; (d) touceira arrancada na qual nota-se o grande comprimento e volume das raízes. Figura 5. Parte das raízes de uma touceira que deve ser coletada para formar a amostra composta fazê-lo quando o solo estiver encharcado, pois as raízes coletadas nestas condições apodrecem muito rapidamente. 8

9 Quando as soqueiras já foram destruídas e as áreas se encontram preparadas para o plantio da cana, pode-se plantar cerca de 10 covas por talhão homogêneo de uma variedade suscetível qualquer, para posterior análise das raízes dessa variedade. O plantio desta variedade, conhecida como isca de campo, deve ser feito entre setembro e dezembro. Cerca de 60 a 90 dias depois do plantio, as raízes e o solo da rizosfera das plantas são coletadas, compondo uma amostra, e enviadas para análise em laboratório. Desta forma, antes do plantio da cultura definitiva na área, é possível fazer um diagnóstico seguro da ocorrência de nematóides no local. O laboratório deve determinar as principais espécies encontradas na área e a população de cada uma delas. O nematologista interpretará os resultados, definindo se as populações encontradas são prejudiciais à cultura em questão, se estão em nível populacional baixo, médio ou alto. Para uma correta interpretação dos dados, é imprescindível que a amostra seja acompanhada das informações: cultura; variedade; estágio (cana planta ou soca); idade (se for cana, meses após o plantio ou corte); tipo de solo; data de coleta da amostra; uso de nematicida na área. Em áreas com populações médias e altas de nematóides, medidas de controle devem ser adotadas Adoção de medidas de controle Uso de variedades resistentes Entre as medidas de controle que poderiam ser adotadas em cana-de-açúcar para reduzir as populações de nematóides, o uso de variedades resistentes ou tolerantes seria, sem dúvida, o mais prático e econômico, pois a produção de mudas dessas variedades tem os mesmos custos que o de mudas de outras variedades. Além disso, o uso de variedades resistentes não interfere nas outras práticas culturais, não apresenta problemas com resíduos indesejáveis e suprime as populações de nematóides (LORDELLO, 1981). Entretanto, são raras as variedades atualmente em cultivo resistentes ou tolerantes a pelo menos uma das espécies de nematóide de importância econômica. Uma das exceções é a IACSP , resistente a M. javanica (DINARDO-MIRANDA et al., 2008). Esta variedade, entretanto, é suscetível a M. incognita e P. zeae. A resistência a uma só espécie de nematóide restringe a adoção desta ferramenta de controle, pois, em campo, é comum a ocorrência de duas ou mais espécies de nematóides conjuntamente. 9

10 Devido ao número reduzido de variedades comerciais resistentes, o manejo de áreas infestadas, atualmente, baseia-se no uso de nematicidas químicos aplicados no plantio e/ou nas soqueiras, associado ou não ao uso de matéria orgânica e à rotação de culturas. a) Uso de matéria orgânica Diversos autores, entre os quais LORDELLO (1981), citam que a adição de matéria orgânica ao solo resulta em diminuição na população de certos nematóides, por criar condições favoráveis à multiplicação de seus inimigos naturais, principalmente de fungos, e por liberar, durante sua decomposição, substâncias orgânicas com ação nematicida. Em cana-de-açúcar, a matéria orgânica mais utilizada é a torta de filtro. Estudos em campo, entretanto, mostram que a torta de filtro, nas doses usualmente utilizadas, não reduz as populações de nematóides, embora contribua para aumentos de produtividade devido aos seus efeitos nutricionais (NOVARETTI e NELLI, 1985; DINARDO-MIRANDA et al., 2003). Devido aos efeitos nutricionais, a torta de filtro é bastante indicada para solos fracos e infestados por nematóides e, se aplicada junto com nematicidas, os incrementos de produtividade são muito mais significativos, pois somam-se os efeitos nutricionais da torta de filtro com os efeitos nematicidas do produto. Outro material orgânico que pode ser utilizado é a torta de mamona que, em estudo em campo, promoveu certa redução populacional de nematóides e contribuiu para aumentar a produtividade do canavial, quando utilizada em doses de 600 a 1800 kg ha -1, levando os autores da pesquisa, DINARDO-MIRANDA e FRACASSO (2010), a considerar que a torta de mamona poderia ser útil em um programa de manejo integrado de nematóides. b) Rotação de culturas Em áreas cultivadas tradicionalmente com cana-de-açúcar, há produtores que fazem rotação com leguminosas, visando principalmente aos benefícios da adubação verde, como a adição de nutrientes ao solo. Crotalaria juncea L. é a espécie mais empregada, por ser muito produtiva. Estudos mostram que as crotalárias não reduzem as populações de Pratylenchus (em alguns casos elas até aumentam) e somente reduzem as populações de Meloidogyne se o cultivo for feito consecutivamente na área por mais de 2 anos (MOURA, 1991; ROSA et al., 2003; DINARDO-MIRANDA e GIL, 2005), o que não é comum em áreas de cana-de-açúcar. 10

11 Apesar de pouco afetar as populações de nematóides, em muitas situações, o cultivo de crotalária contribui para aumentos na produtividade do canavial subseqüente, fato atribuído aos benefícios da adubação verde. Assim, a rotação de culturas pode trazer benefícios às áreas infestadas por nematóides, especialmente pela adição de nutrientes ao solo. Pelo fato de não reduzirem as populações de nematóides e, em alguns casos, até multiplicarem certas espécies, essa ferramenta torna-se mais interessante do ponto de vista econômico quando utilizada em conjunto com nematicida. c) Uso de nematicidas no plantio A aplicação de nematicidas no plantio em áreas infestadas resulta em significativos incrementos de produtividade, como pode ser visto no experimento cujos resultados estão resumidos na figura 3. A figura 6 ilustra uma área infestada, tratada ou não com nematicida no plantio. Figura 6. Aspecto de uma cana planta com seis meses, conduzida em área infestada por nematóides, não tratada (à esquerda) e tratada com nematicida no plantio. Uma das razões para as excelentes respostas da cana planta ao uso de nematicidas no plantio está relacionada à eficiência das raízes. Raízes jovens de plantas também jovens são muito eficientes na absorção (ANGHINONI e MEURER, 1999). As raízes da cana planta são fisiologicamente muito ativas, absorvendo eficientemente não só a água e os nutrientes, mas também os nematicidas aplicados no solo. Em decorrência da boa absorção de nematicidas, há 11

12 Produtividade de colmos (t/ha) Curso Tópico da Cultura de Cana IAC grande redução populacional de nematóides e, consequentemente, bom desenvolvimento das raízes. Raízes bem desenvolvidas exploram melhor o solo, extraindo dele maior quantidade dos nutrientes colocados à disposição da planta, o que contribui para maior produtividade da parte aérea. É, portanto, um ciclo virtuoso que se dá no solo. A aplicação de nematicidas no plantio aumenta a produtividade no primeiro corte do canavial em 10 a 30%. Em solos mais argilosos e populações médias, estes incrementos são da ordem de 10 a 12%; Em solos arenosos ou de textura média, com populações altas de nematóides, os incrementos são de 30 a 35 %, podendo chegar a mais de 50 %, se a variedade cultivada for muito suscetível. Como o controle de nematóides no plantio contribui para melhor desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular das plantas, o canavial, como um todo, tende a apresentar menor número de falhas. Em conseqüência, a soqueira resultante de uma cana planta tratada também se apresenta melhor desenvolvida e com falhas mais reduzidas. Assim, muitas vezes, devido ao tratamento feito no plantio, observa-se incremento de produtividade também na segunda colheita, variando de 5 a 12 t ha -1 (Figuras 7 e 8). Tratada Não tratada Incremento corte 2 corte 9.4 Figura 7. Produtividade agrícola (t ha -1 ) da variedade RB867515, cultivada em área infestada por M. javanica e P. zeae, tratada ou não com nematicida no plantio e incremento de produtividade em função do tratamento nematicida (t ha -1 ). 12

13 Figura 8. Aspecto de uma soqueira, três meses depois do primeiro corte, conduzida em área infestada por nematóides, não tratada (à esquerda) e tratada com nematicida no plantio (à direita). O uso de nematicidas na implantação do canavial resulta em melhor desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular das plantas e a cultura, como um todo, tende a apresentar menor número de falhas. Em conseqüência, a soqueira resultante de uma cana planta tratada com nematicidas também se apresenta melhor desenvolvida e com falhas mais reduzidas. Portanto, o bom estabelecimento da cultura em seu primeiro ciclo (cana planta) tem papel importante na longevidade do canavial. Os nematóides, porém, atacam a cana-de-açúcar em todos os ciclos, e não somente na cana planta. Assim, para uma maior longevidade do canavial, a adoção de medidas de controle tem se mostrado fundamental. Estimulados pelos bons resultados em cana planta, muitos produtores passaram a aplicar nematicidas também em soqueiras, com o objetivo de aumentar a vida útil do canavial e postergar os altos investimentos da reforma da lavoura. d) Uso de nematicidas em soqueiras Uma das questões frequentemente levantadas, quando se discute a aplicação de nematicidas em soqueiras, se refere aos incrementos de produtividade. Vale a pena aplicar nematicida em soqueiras? A Figura 9 mostra uma soqueira infestada por nematóides, tratada 13

14 ou não com nematicida após o corte, na qual se vê claramente o melhor desenvolvimento da faixa tratada, ilustrando os benefícios do tratamento da soca. Figura 9. Soqueira de cana-de-açúcar tratada (à esquerda) e não tratada (à direita) com nematicida após o corte. Assim como ocorre em cana planta, o controle de nematóides em soqueira pode ser viável economicamente, embora os incrementos de produtividade decorrentes do uso de nematicidas nas socas sejam geralmente mais modestos do que os observados em cana planta. As razões para uma menor resposta das soqueiras ao controle químico de nematóides não estão perfeitamente esclarecidas, mas dois fatores merecem destaque. O primeiro deles está relacionado à eficiência das raízes, já apresentado no item anterior. De acordo com ANGHINONI e MEURER (1999), as taxas de absorção de nutrientes e água pelas raízes decrescem rapidamente com a idade da planta; plantas jovens são mais eficientes na absorção do que plantas velhas. Os autores afirmam também que raízes jovens de uma planta velha não absorvem os nutrientes na mesma taxa que as raízes jovens de uma planta jovem. Considerando a cana-de-açúcar, pode-se afirmar, portanto, que as raízes da cana planta são fisiologicamente mais ativas, absorvendo mais eficientemente não só a água e os nutrientes, mas também os nematicidas aplicados no solo. Em decorrência da melhor absorção, a eficiência do nematicida na redução populacional de nematóides é maior, justificando os maiores incrementos de produtividade observados em cana planta, em comparação com as soqueiras. Outro fator que merece destaque pela influência que exerce sobre o controle de nematóides e, conseqüentemente, sobre os incrementos de produtividade devido ao uso de 14

15 nematicidas em soqueiras é, sem dúvida, o período decorrente entre a colheita do canavial e a aplicação do nematicida. A falta de resposta ao tratamento químico em soqueiras, em muitos casos, deve ser atribuída à aplicação de nematicidas em época inadequada. Para entender a razão da influência da época de aplicação do nematicida em soqueira sobre a produtividade do canavial, é necessário considerar a dinâmica de crescimento das raízes em cana-de-açúcar. Sobre este assunto, há a brilhante tese de doutoramento de Antonio Carlos M. Vasconcelos, que foi resumida em VASCONCELOS e DINARDO-MIRANDA (2006) e que serviu de base para o texto apresentado a seguir. O sistema radicular da cana-de-açúcar cresce paulatinamente de um ciclo para o outro (cana planta, primeira soca, segunda soca, etc.), o que é comum em plantas perenes Segundo KLEPPER (1991), em perenes, o crescimento de raízes ocorre por fluxos de atividade, com padrões de distribuição dos fotoassimilados variando com a estação do ano. Os trabalhos de Vasconcelos, apresentados em VASCONCELOS e DINARDO-MIRANDA (2006), revelam que, embora o volume de raízes da cana-de-açúcar aumente de um ciclo para o outro da cultura, ocorre morte parcial de raízes em função da disponibilidade de água no solo. Sob condições de déficit hídrico, grande quantidade das raízes morre, ocorrendo renovação sob condições de acúmulo de água. Portanto, nos meses de seca a cana-de-açúcar perde parte de seu sistema radicular, que volta a se desenvolver nos períodos chuvoso. Assim, a morte ou a renovação do sistema radicular da cana-de-açúcar não estão relacionados ao corte da parte aérea, mas à condição hídrica a que a cultura está submetida em determinado período de desenvolvimento (Figura 10). As raízes superficiais são as primeiras a morrer durante o período de estiagem e também são as primeiras a se renovar durante o período das chuvas (VASCONCELOS, 2002). Esse fato é bastante relevante, já que nutrientes e nematicidas, especialmente nas soqueiras, são aplicados nas camadas superficiais do solo (5 a 10cm de profundidade). 15

16 jan-01 nov-00 set-00 jul-00 mai-00 mar-00 jan-00 nov-99 set-99 jul-99 mai-99 mar-99 jan-99 nov-98 set-98 Curso Tópico da Cultura de Cana IAC g/78 dm jan97 ago97 jan99 mai99 set99 jan00 mai00 set00 jan cm cm cm cm mm Deficiência Armazenamento Evapotr. Real Figura 10. Massa seca de raízes da variedade RB72454, em 4 profundidades e sua correspondência com o balanço hídrico do período (VASCONCELOS e DINARDO- MIRANDA, 2006). e) Aplicação de nematicidas em soqueiras colhidas em início de safra Quando o corte é feito em abril e maio (início de safra), a cana apresenta grande quantidade de raízes vivas e ativas, por ocasião da colheita, pois ainda há água disponível no solo. Nestas condições, as populações de nematóides também são elevadas, pois as raízes são abundantes e a temperatura e a umidade, adequadas para o desenvolvimento desses parasitos. Por causa disso, a aplicação de nematicidas logo após o corte (5 a 10 dias) tem certo efeito inicial sobre as populações de nematóides e consequentemente sobre o desenvolvimento da cultura, como visto em alguns ensaios, entre eles aquele cujos resultados estão apresentados na Figura 11. Entretanto, na maioria das situações, não há efeito algum. 16

17 Produtividade (t/ha) Curso Tópico da Cultura de Cana IAC , ,5 140 Testemunha F 13ddc F 50ddc F 85ddc F127ddc Área colhida em 10/05 Figura 11. Produtividade (t/ha) em cada tratamento (em azul, incremento em relação à testemunha; F 13ddc, F 50ddc, F 85ddc e F 127ddc representam nematicida aplicado aos 13, 50, 85 e 127 dias depois do corte, respectivamente) (DINARDO-MIRANDA et al., 2010). Estes canaviais de começo de safra, embora tenham muitas raízes vivas por ocasião da colheita, com o passar do tempo e escassez das chuvas, sofrem redução gradativa das raízes, a começar pelas mais superficiais e passando para as mais profundas. Pode ocorrer emissão lenta de raízes novas após chuvas ocasionais, mas, com a continuação do período seco, as raízes recém emitidas e também as mais velhas morrem paulatinamente. Consequentemente, a cana-de-açúcar, no final do período seco, apresenta pequena quantidade de raízes vivas e ativas e se sustenta, basicamente, com as reservas do rizoma a por meio das raízes de cordão, que atingem profundidades maiores. Com início do período chuvoso, entretanto, há rápida emissão e crescimento de novas raízes. Em conseqüência deste crescimento de raízes e das condições de temperatura e umidade adequadas para os nematóides, é também no período chuvoso que as populações desses parasitos aumentam. Se o nematicida for aplicado em pleno período seco, ele gradativamente se decompõe no solo, e uma quantidade menor do que a aplicada fica disponível para as plantas, no período chuvoso, quando então o produto é necessário, devido à emissão de novas raízes e aumento das populações de nematóides. Esta é a razão para as aplicações feitas no período seco (junho a setembro) não resultarem em incrementos de produtividade em muitos dos ensaios conduzidos em áreas colhidas no início de safra. Por outro lado, uma aplicação tardia de nematicidas, feita no início do período chuvoso (outubro, novembro) poderia ser bastante adequada para reduzir as crescentes populações de nematóides no período. Sabe-se, porém, 17

18 Produtividade (t/ha) Curso Tópico da Cultura de Cana IAC que a severidade dos danos causados por nematóides está relacionada à fenologia da planta: plantas mais velhas são afetadas de maneira menos severa do que plantas mais jovens (DUNCAN e NOLING, 1998). Como os canaviais colhidos em início de safra dispõe de condições hídricas e temperatura adequadas para brotação, eles inicialmente ganham massa verde e, com e entrada do período seco mantém um lento crescimento das plantas, às custas das reservas do tolete (CASAGRANDE e VASCONCELOS, 2008). Desta forma, canaviais colhidos em início de safra, embora lentamente, crescem a partir da colheita, e, quando da entrada do período chuvoso, quando o ataque de nematóides se intensifica, eles estão mais desenvolvidos e sofrem menores danos devido ao ataque dos parasitos. Esta talvez seja a razão para não se observar aumentos consistentes de produtividade nos ensaios nos quais as aplicações de nematicidas foram feitas entre setembro e novembro, de 120 a 180 dias depois do corte. Um dos poucos experimentos em que se observou aumento de produtividade devido à aplicação tardia de nematicida em canavial de começo de safra está apresentado na Figura Testemunha F 120ddc F 150ddc F 180ddc Área colhida em 11/05 Figura 12. Produtividade (t/ha) em cada tratamento (em azul, incremento em relação à testemunha; F 120ddc, F 150ddc e F 180ddc representam nematicida aplicado aos 120, 150 e 180 dias depois do corte, respectivamente) (DINARDO-MIRANDA et al., 2010). Além da resposta menos consistente da aplicação de nematicidas nos canaviais de começo de safra, a aplicação tardia também é tarefa difícil de ser executada em campo, pois o crescimento das plantas dificulta ou, até mesmo impede, a entrada de maquinários no canavial. 18

19 Produtividade (t/ha) Curso Tópico da Cultura de Cana IAC O manejo de áreas infestadas por nematóides, quando submetidas à colheita em início de safra, deve, portanto, ser considerado com cuidado. Em locais de populações altas, pode haver resposta ao tratamento de soqueira, se ele for feito logo após o corte (5 a 10 dias), mas em muitas situações a resposta ao nematicida não será significativa. Nestas condições, talvez o mais interessante seja mudar a época de colheita. Em tais áreas, deveriam ser cultivadas variedades médias ou tardias que, cortadas em meio ou final de safra (julho a novembro) possibilitariam a aplicação de nematicidas com obtenção de aumentos significativos de produtividade. f) Aplicação de nematicidas em soqueiras colhidas em meio de safra Vários experimentos foram conduzidos pelo IAC, em áreas colhidas entre julho e setembro, em pleno período seco, aplicando o nematicida, em média, dos 5 aos 120 dias depois do corte, mantendo-se parcelas testemunhas, sem nematicida, para comparação. Nestes ensaios, os maiores incrementos de produtividade foram registrados quando se aplicou o nematicida 60 dias depois do corte, ou seja, entre setembro e novembro, coincidindo, portanto, com o início do período chuvoso, como apresentado na Figura ,3 9, ,4 80 Testemunha F 5ddc F 20ddc F 40ddc F 60ddc Área colhida em 08/09 Figura 13. Produtividade agrícola (t/ha) em cada tratamento (em azul, incremento em relação à testemunha; F 13ddc, F 50ddc, F 85ddc e F 127ddc representam nematicida aplicado aos 13, 50, 85 e 127 dias depois do corte, respectivamente) (DINARDO- MIRANDA et al., 2008). 19

20 Para canaviais colhidos em meio de safra, em pleno período seco, a aplicação de nematicidas logo após o corte é inadequada devido à falta de raízes para absorver o produto. Sem raízes para absorvê-lo, o nematicida permanece no solo, sujeito à decomposição biótica e abiótica, como discutido anteriormente. Assim, na época chuvosa, quando ocorrem emissão de novas raízes e crescimento das populações de nematóides, a quantidade de nematicida disponível é menor do que a aplicada, já que parte do produto se decompôs. Por outro lado, ao fazer as aplicações de nematicida mais tardiamente, aos 120, 90 ou 60 dias depois do corte, elas estão mais próximas ou até mesmo coincidem com o início do período chuvoso, quando ocorre emissão de novas raízes, principalmente as superficiais, responsáveis pela absorção. Dessa forma, o produto fica um tempo menor no solo sujeito à decomposição, sendo aproveitado pela planta em sua quase totalidade. Isso explica porque nos ensaios conduzidos em áreas colhidas entre a segunda quinzena de junho e primeira quinzena de setembro, os maiores incrementos de produtividade foram obtidos quando se aplicou nematicida aos 90 ou aos 60 dias depois do corte. g) Aplicação de nematicidas em soqueiras colhidas em final de safra Em canaviais colhidos a partir de final de outubro, no final do período seco ou em plena época úmida, os maiores incrementos de produtividade geralmente são observados quando o nematicida é aplicado logo depois do corte, como pode ser visto na Figura 14, que traz resultados de um experimento conduzido nestas condições. As aplicações feitas mais tardiamente, aos 40 ou 60 dias depois da colheita do canavial, resultam em menores incrementos de produtividade. Esta resposta pode ser explicada pelo fato das raízes estarem, por ocasião da colheita, em pleno desenvolvimento assim como, as populações de nematóides. Aplicações de nematicidas logo após o corte do canavial reduziriam as populações de nematóides e proporcionariam bom desenvolvimento das plantas. Por outro lado, aplicações de nematicidas feitas mais tardiamente resultam em incrementos menores provavelmente porque os nematóides, favorecidos por condições edafoclimáticas adequadas e raízes abundantes, crescem e causam danos às plantas por longo período, até que o tratamento seja efetuado. Em canaviais colhidos em época chuvosa, portanto, aplicações efetuadas logo após a colheita são mais efetivas. 20

21 Produtividade (t/ha) Curso Tópico da Cultura de Cana IAC ,2 9,9 80 Testemunha F 10ddc F 40ddc Área colhida em 25/10 Figura 14. Produtividade agrícola (t/ha) em cada tratamento (em azul, incremento em relação à testemunha; F 10ddc e F 40ddc representam nematicida aplicado aos 10 e 40 dias depois do corte, respectivamente) (SILVA et al., 2006). Os resultados aqui apresentados sobre os efeitos da época de aplicação de nematicidas em soqueiras são semelhantes aos de trabalhos mais antigos, relacionados à adubação em soqueiras. Os trabalhos de IDE et al. (1984) e IDE et al. (1986) mostraram que, em canaviais colhidos na época seca do ano (julho e agosto), as maiores produtividades foram obtidas quando o adubo foi aplicado em setembro ou outubro, próximo ao início do período chuvoso, à semelhança do observado nos ensaios com aplicação de nematicida. Para as áreas colhidas em setembro, a aplicação do adubo em novembro, já em pleno período chuvoso, resultou em menor produtividade, também em consonância com o observado nos ensaios com nematicida. Neste caso, o atraso na aplicação do adubo prejudicou o desenvolvimento inicial da soqueira, pois, com o início das chuvas, as plantas necessitavam dos nutrientes, que ainda não tinham sido fornecidos, para seu pleno crescimento. Os dados relativos à adubação ilustram que a preocupação em determinar o melhor período para realização das operações em soqueira está presente nas várias áreas de manejo. É importante ressaltar que o período de espera entre o corte do canavial e a aplicação de nematicidas em soqueiras, a fim de obter o máximo de produtividade, pode e deve ser alterado em função do regime de chuvas de determinada região ou ano. Em anos ou regiões nos quais as chuvas são abundantes em setembro, por exemplo, a cana-de-açúcar começa a emitir novas raízes nessa época e, em conseqüência, a aplicação de nematicida em soqueira de meio de safra deve ser antecipada, de modo que o nematicida seja aplicado no início do período chuvoso e não muito tempo depois dele. Da mesma forma, áreas 21

22 freqüentemente irrigadas, onde a dinâmica do desenvolvimento do sistema radicular é diferente, também devem ser tratadas quando há raízes vivas, o que pode acontecer imediatamente depois do corte. Em canaviais colhidos em meio de safra, o desenvolvimento da parte aérea é, desde o início, bastante lento, em função das baixas umidades no solo e temperaturas mais amenas, porém também nessas condições, aos 60 ou 90 dias depois do corte (outubro/novembro), plantas de algumas variedades podem atingir um porte alto o suficiente para dificultar a entrada de equipamentos para aplicação de nematicida. Neste caso, a aplicação deve ser feita um pouco antes da época considerada ideal, quando o porte das plantas ainda não limita a entrada de máquinas e implementos. Assim, as aplicações devem ser feitas o mais tardiamente possível, desde que não ocorram limitações em decorrência do desenvolvimento da parte aérea. Vale salientar que, neste conceito, a época considerada ideal para aplicação de nematicidas é aquela em que a operação resulta no maior incremento de produtividade. Assim, quando a aplicação for feita fora da época ideal, incrementos de produtividade podem, eventualmente, ser obtidos, mas, com certeza, serão menores do que aqueles que seriam observados, caso o nematicida tivesse sido aplicado na época ideal. Finalmente, para aplicação de nematicidas em soqueiras infestadas por nematóides devem ser consideradas as condições gerais da área a ser tratada. Áreas com muitas falhas e previsão de baixa produtividade na colheita seguinte não devem receber nematicidas, pois, o incremento de produtividade a ser obtido pode não justificar economicamente o investimento realizado. 3. Referências ANGHINONI, I.; MEURER, E. J. Eficiência de absorção de nutrientes pelas raízes. In: WORKSHOP SOBRE SISTEMA RADICULAR: METODOLOGIAS E ESTUDO DE CASOS, 1., 1999, Aracaju, Anais p CASAGRANDE, A.A.; VASCONCELOS, A.C.M. Fisiologia da parte aérea. In: DINARDO-MIRANDA, L.L.; A.C.M. VASCONCELOS; M.G.A. LANDELL. Cana-de-açúcar. Campinas: IAC, p DINARDO-MIRANDA, L. L.; FRACASSO, J.V.; XAVIER, M.A. Reação de variedades de cana-deaçúcar a Meloidogyne javanica. In: CONGRESSO NACIONAL DA STAB, 9., 2008, Maceió, Anais p

23 DINARDO-MIRANDA, L. L.; GIL, M. A. Efeito da rotação com Crotalaria juncea na produtividade da cana-de-açúcar, tratada ou não com nematicidas no plantio. Nematologia Brasileira, v. 29, n. 1, p , DINARDO-MIRANDA, L. L.; GIL, M. A.; COELHO, A. L.; GARCIA, V.; MENEGATTI, C. C. Efeito da torta de filtro e de nematicidas sobre as infestações de nematóides e a produtividade da cana-de-açúcar. Nematologia Brasileira, v. 27, n. 1, p , DINARDO-MIRANDA, L.L. Nematóides. In: DINARDO-MIRANDA, L.L.; A.C.M. VASCONCELOS; M.G.A. LANDELL. Cana-de-açúcar. Campinas: IAC, p DINARDO-MIRANDA, L.L.; FRACASSO, J.V. Efeito da torta de momona sobre as populações de nematóides fitoparasitos e a produtividade da cana-de-açúcar. Nematologia Brasilera, v.34, n. 1 p , DINARDO-MIRANDA, L.L.; FRACASSO, J.V.; COSTA, V.P. Influência da época de aplicação de nematicidas em soqueiras colhidas em início de safra sobre as populações de nematóides e a produtividade da cana-de-açúcar. Nematologia Brasilera, 2010 (no prelo). DINARDO-MIRANDA, L.L.; MORELLI, J.L.; LANDELL, M.G.A.; SILVA, M.A. Comportamento de genótipos de cana-de-açúcar em relação a Pratylenchus zeae. Nematologia Brasileira, v.20, n. 2, p , DINARDO-MIRANDA, L.L.; PIVETTA, J.P.; FRACASSO, J.V.. Influência da época de nematicidas em soqueiras sobre as populações de nematóides e a produtividade da cana-de-açúcar. Bragantia, v.67, n.1, p , DUNCAN, L.W.; NOLING, J.W. Agricultural sustainability and nematode integratyed pest management. In: BARKER, K.R., PEDERSON, G.A.; WINDHAM, G.L.. Plant and Nematode Interactions. American Society of Agronomy, Madison, EUA, p IDE, B. Y.; OLIVEIRA, M.A.; LOPES, J.R. Cultivo de soqueira em cana-de-açúcar. Boletim Técnico Copersucar, São Paulo, n. 26, p ,1984. IDE, B.Y.; PENATTI, C.P.; SIRIO, K.J.; LESUR, J.G.; ARRUDA, F.C.O.; MANOEL, L.A. Cultivo de soqueira da cana-de-açúcar: época, idade e sistema. In: SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA AGRONÔMICA, 3, Piracicaba, novembro Piracicaba: Copersucar, p KLEPPER, B. Root-shoot relationships. In: WAISEL, Y; ESHEL, A.; KADAFKI, V. (Eds.) Plant roots: the hidden half. New York: Marcel Decker, p LORDELLO, L.G.E. Nematóides das plantas cultivadas. São Paulo, Nobel. 1981, 314p. 23

24 MOURA, R.M.; RÉGIS, E.M.O.; MOURA, A.M. Espécies e raças de Meloidogyne assinaladas em cana-de-açúcar no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Nematologia Brasileira, v. 14, n. 1. p , NOVARETTI, W. R. T.; NELLI, E. J. Use of nematicide and filtercake for control of nematodes attacking sugarcane in São Paulo State. Nematologia Brasileira, v. 9, n. 2, p , ROSA, R. C. T.; MOURA, R. M.; PEDROSA, E. M. R. Efeitos do uso de Crotalaria juncea e carbofuran observados na colheita de cana planta. Nematologia Brasileira, v. 27, n. 2, p , SILVA, M.A.; PINCELLI, R.P.; DINARDO-MIRANDA, L.L. Efeito da Aplicação de Nematicidas em Soqueira de Cana-de-açúcar, em Diferentes Épocas, Sobre a População de Pratylenchus zeae e Atributos Biométricos e Tecnológicos da Cultura. Nematologia Brasileira, Brasília, v. 30, n.1, p.29-34, VASCONCELOS, A.C. Desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea de socas de cana-de-açúcar sob dois sistemas de colheita: crua mecanizada e queimada manual p. Tese de doutoramento. FCAV/UNESP, Jaboticabal. VASCONCELOS, A.C.M.; DINARDO-MIRANDA, L.L. Dinâmica do desenvolvimento radicular da cana-de-açúcar e implicações no controle de nematóides. Americana, Adônis. 2006, 54p. 24

25 PRAGAS EM CANA-DE-AÇÚCAR Leila Luci Dinardo-Miranda Centro de Cana-de-açúcar Instituto Agronômico (IAC) 1. BROCA DA CANA-DE-AÇÚCAR, Diatraea sacharalis A broca da cana D. saccharalis é uma das pragas da cana-de-açúcar mais conhecida, tanto pelos danos que causa quanto pela sua dispersão: é encontrada em praticamente todos os canaviais da América. É um inseto de desenvolvimento homometabólico, ou seja, passa pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto. O adulto é uma mariposa com as asas anteriores de coloração amarelopalha com manchas mais escuras, lembrando dois Vs invertidos quando fechadas. As asas posteriores são esbranquiçadas. A envergadura das asas mede cerca de 25mm. As fêmeas são ligeiramente maiores, de abdome volumoso e asas menos pigmentadas do que o macho (Figura 1). Após acasalamento, a fêmea faz postura nas folhas ainda verdes da cana, na face superior, ou de preferência, na inferior e, algumas vezes, nas bainhas. O número de ovos em cada postura é variável de 5 a 50, em média 12., sendo a postura imbricada, assemelhando-se a um segmento de couro de cobra ou escama de peixe (Figura 1). Cada fêmea pode colocar de 200 a 500 ovos. A eclosão da-se de 4 a 9 dias, em média, variando com a temperatura, principalmente. As larvas recém-nascidas alimentam-se, inicialmente, do parênquima das folhas ou da casca do entrenó em formação, e migram para a região do cartucho à procura de abrigo, permanecendo ali por 1 a 2 semanas. Nesse período, o inseto passa por 1 ou 2 ecdises e inicia a perfuração da casca do colmo. Geralmente, essa perfuração ocorre próxima à base do entrenó, região mais mole, e o inseto prossegue fazendo galeria no sentido ascendente na região do palmito da planta. Em alguns casos, a lagarta se alimenta, abrindo galeria de forma circular, enfraquecendo o entrenó, que pode se quebrar facilmente por ação do vento. Quando o ataque se dá próximo à região de crescimento, ocorre morte da gema apical e amarelecimento das folhas mais novas, conhecido como coração morto. Dentro do colmo, o inseto passa por número variável de ecdises: geralmente mais quatro. A lagarta é de coloração branco-leitosa, com pequenas manchas de coloração castanha em todo corpo, cápsula cefálica marrom escura, três pares de pernas torácicas, 25

26 quatro pares de falsas pernas abdominais e um par de pernas anis. Quando completamente desenvolvida, mede cerca de 25mm (Figura 1). A fase larval dura cerca de 70 dias, podendo ser maior ou menor em função das condições ambientais. Próximo à pupação, a lagarta abre um orifício na casca e o fecha parcialmente com fios de seda e restos de sua alimentação. Assim protegida, passa para a fase de pupa, conhecida como crisálida (Figura 1). A pupa é livre, inicialmente marrom clara, escurecendo a medida que se aproxima do estágio adulto. A fase pupal dura cerca de 10 dias (Terán, 1983; Botelho e Macedo, 2002; Gallo et al, 2002). Figura 1. Adultos (fêmea, abaixo; macho acima), postura, larva e pupas de D. saccharalis. (Fotos cedidas pela Biocontrol). Fatores ambientais bióticos e abióticos exercem grande influência sobre as populações da broca. Entre os fatores bióticos destacam-se os inimigos naturais nativos, que atuam sobre todos os estágios biológicos da broca e pertencem a diversos grupos taxonômicos. Há um consenso entre os pesquisadores de que a participação mais efetiva se dá sobre a fase de ovos, na qual predadores, parasitóides e patógenos, de acordo com Téran (1980) chegam a reduzir em 80% a população da praga. 26

27 A lagarta também está sujeita à ação de inimigos naturais, que agem principalmente até a penetração dela no colmo. Nessa fase, em condições não perturbadas dos canaviais paulistas, o controle está entre 15 a 20%, sendo causado principalmente pelas moscas Paratheresia claripalpis, Lydella minense e pela vespa Cotesia flavipes (Téran, et al., 1983). Outro fator ambiental que influi nas populações da broca em cana, especialmente por afetar sua capacidade reprodutiva, é o cultivo de outros hospedeiros em áreas vizinhas aos canaviais. Embora muitas plantas, especialmente gramíneas (Poaceae), sejam registradas como hospedeiras de D. saccharalis, a praga estabelece-se e multiplica-se muito bem em arroz, trigo, sorgo e milho. O milho é um ótimo hospedeiro da broca talvez por ter sido seu principal hospedeiro nativo antes da chegada da cana às Américas. Segundo Téran (1980), o sucesso do milho em aumentar as populações da broca poderia ser atribuído a sua maior atratividade para os adultos da praga e a menor eficiência do controle biológico natural nessa cultura. Assim, o plantio de milho em áreas vizinhas aos canaviais geralmente promove incrementos populacionais da broca na cana. A variedade cultivada também interfere nas populações da broca, já que existem diferenças marcantes entre elas quanto à suscetibilidade à praga. Embora, de uma maneira geral, a cana-de-açúcar seja atacada durante todo o seu desenvolvimento, o ataque é menor quando as plantas ainda são pequenas, sem entrenós formados, e, normalmente, cana planta é mais atacada do que as socas em conseqüência, provavelmente, de seu maior vigor vegetativo e pelo maior tempo de sua exposição à praga. Os fatores climáticos, especialmente temperatura e chuva, também são causa direta e indireta das flutuações populacionais da broca, interferindo na duração do ciclo biológico e na sua capacidade reprodutiva e exercendo pressões sobre os inimigos naturais e sobre a própria cultura hospedeira, a cana-de-açúcar. Nas condições do estado de São Paulo, em cana de ano e meio (plantada entre janeiro e abril), a ocorrência de lagartas da broca é mais freqüente no início da primavera (setembro/outubro), atingindo o pico populacional nos meses seguintes, em pleno verão. Em cana de ano, plantada em setembro/outubro, os problemas se acentuam no início do ano seguinte. Em variedades muito suscetíveis, regiões ou anos de condições muito propícias à broca, o ataque é quase constante ao longo do ano, com ligeira queda no inverno e aumento populacional nos períodos quentes e úmidos. Em soqueiras, geralmente, o ataque pode se concentrar nos meses quentes e úmidos (Botelho e Macedo, 2002) Os danos são causados pelas larvas ou lagartas, que se alimentam no interior dos colmos e provocam redução do peso dos colmos, morte da gema apical da planta, 27

28 encurtamento de entrenó, quebra de colmos, enraizamento aéreo e brotação de gemas laterais, nos casos mais graves. Em decorrência dos orifícios abertos, há invasão de microorganismos nos colmos, causando a podridão vermelha, que pode abranger toda a região entre as diversas galerias. Os agentes mais comuns da poderidão vermelha são os fungos Colletotricum falcatum e Fusarium moniliforme, que provocam perdas de sacarose pelo consumo desta e pela sua inversão. Os orifícios abertos pela broca também são porta de entrada de pragas secundárias, especialmente Metamasius hemipterus. Há prejuízos, ainda, nos processos industriais, tanto pela dificuldade em cristalizar o açúcar, em conseqüência do desdobramento da sacarose, quanto pela redução da eficiência na fermentação alcoólica, devido à contaminação do caldo pelos microorganismos. Estudos desenvolvidos por Almeida et al. (1997) revelaram que a cada 1% de intensidade de infestação da broca corresponde a reduções de 0,25% de açúcar, 0,20% de álcool e 0,77% de produção de colmos. Estudos mais recentes mostraram, entretanto, que as perdas podem ser muito mais significativas, chegando a 0,49% de açúcar, 0,28% de álcool e 1,50% de produção dos colmos, a cada 1% de intensidade de infestação (Arrigoni, 2002). Como os dados na literatura eram já bastante antigos, DINARDO-MIRANDA et al (2012) desenvolveram um trabalho semelhante no IAC, para quantificar a interferência do ataque da broca nos parâmetros tecnológicos de colmos de novas cultivares. O ensaio foi conduzido no Centro de Cana IAC em Ribeirão Preto-SP, utilizando as cultivares IACSP (cana planta e cana soca, com respectivamente 14 e 10 meses de idade), IACSP (cana planta com 14 meses de idade) e IAC (cana planta com 15 meses de idade) e os dados completos podem ser vistos na referida citação. Neste trabalho, para cada cultivar, foram feitas análises tecnológicas de acordo com a metodologia para Pagamento de Cana pelo Teor de Sacarose, PCTS, descrita por FERNANDES (2001), em feixes com 10 colmos, agrupados de maneira a resultar em intensidades de infestação de 0, 3, 6, 9, 12 e 15 % de entrenós brocados, que se constituíram nos tratamentos. Confirmando o observado em trabalhos anteriores, também neste ocorreu maiores ataques de broca resultando em aumento nos teores de fibra e de açúcares redutores e redução nos teores de pol na cana e na pureza. Na média, a curva que representa a relação entre pol na cana (y) e intensidade de infestação (x, % de entrenós brocados) é dada por y = 16,591 0,0672x, cujo coeficiente de determinação (r 2 ) foi 0,92, (Figura 2). 28

29 PCC (pol%cana) Curso Tópico da Cultura de Cana IAC 16.8 Média das três variedades y = x R 2 = Intensidade de infestação (% de entrenós brocados) Figura 3. Relação entre PCC (y, pol%cana) e a intensidade de infestação (x, % de entrenós brocados) (Fonte: DINARDO-MIRANDA et al., 2012). 2. Manejo integrado da broca A filosofia dos programas de manejo integrado é reduzir os prejuízos econômicos ocasionados pela praga, causando impactos ambientais mínimos ou, preferencialmente, nulos. Dessa forma, tais programas, em geral, preconizam a adoção de vários recursos ou métodos de controle, uma vez que, para cada situação ambiental um será o mais adequado. Para o caso da broca da cana, o manejo está baseado no uso de inimigos naturais, especialmente da vespinha Cotesia flavipes, e é um dos exemplos mundiais de eficiência de controle biológico, em larga escala. Porém, nos últimos anos, dada a crescente expansão da cultura, exigindo grandes quantidades do parasitóide, nem sempre disponível, e devido a outros fatores, as populações estão se elevando e, muitas unidades, estão utilizando controle químico. Outras medidas, tais como o uso de variedades resistentes, têm aplicabilidade restrita. Embora existam diferenças marcantes entre as variedades quanto à suscetibilidade à broca e embora a maioria dos programas de melhoramento genético da cana no Brasil (IAC, CTC e Ridesa) procure informar o comportamento de variedades liberadas para plantio em relação à praga, não se faz, em áreas comerciais, locação de variedades baseada exclusivamente no comportamento delas em relação à broca; outros fatores, como ambiente de produção, época de colheita, mostram-se mais importantes para a locação de variedades. É certo, entretanto, 29

30 que variedades muito suscetíveis podem ter a expansão de seu cultivo comprometido em decorrência de seu comportamento em relação à broca. De uma maneira geral, o conhecimento da suscetibilidade da variedade em relação à broca é importante para outras etapas do programa de manejo, tais como direcionamento de levantamentos populacionais. 3. Levantamentos populacionais Devido à grande extensão das áreas cultivadas com cana-de-açúcar, são observadas em campo muitas variações a respeito de variedades, condições edafoclimáticas, tratos culturais e outros fatores que interferem significativamente no nível populacional da broca. Por causa disso, tanto para emprego do controle biológico como de controle químico, são necessários levantamentos populacionais, para indicar os locais, épocas e medidas de controle mais adequadas para reduzir as populações da praga. O método usado no levantamento populacional depende da medida de controle que se deseja empregar. Independentemente do método de amostragem a ser adotado, a amostragem em si deve ser feita de forma cuidadosa, pois as populações de broca, assim como da imensa maioria de insetos, não tem distribuição homogênea na lavoura; elas ocorrem geralmente de forma contagiosa (em reboleiras), como pode ser visto na Figura 4, que ilustra a distribuição de forma contagiosa (reboleiras) de lagartas de D. saccharalis em canaviais (DINARDO-MIRANDA et al. 2012). Quando se pretende utilizar o controle biológico, liberando C. flavipes, a amostragem deve visar as populações de broca que já penetraram nos colmos e que tem mais de 1,5 cm de comprimento, pois são estas lagartas o alvo da vespinha. Como o sucesso do controle biológico depende da estimativa das populações ocorrentes da praga, os levantamentos populacionais são imprescindíveis. Assim, esses levantamentos visam essencialmente assinalar o local e a época apropriados para melhor utilização dos parasitóides a serem liberados, ou seja, identificar os talhões com maiores infestações da broca, onde as vespinhas liberadas poderão se multiplicar vantajosamente, beneficiando inclusive os talhões vizinhos. Além disso, os levantamentos estimam as populações ocorrentes da praga, informação necessária para estabelecer a quantidade de parasitóides a ser liberada nos talhões. 30

31 Figura 4. Mapas da distribuição espacial de lagartas em quatro canaviais (Fonte: DINARDO- MIRANDA et al., 2012). O IAC recomenda que as amostragens sejam feitas em 6 pontos por ha, sendo cada ponto representado por 2 m, nos quais todos os colmos são despalhados e aqueles que tiverem entrenós furados, são rachados para coleta de todas as formas biológicas da broca 31

32 (brocas pequenas, médias, grandes e crisálidas) e do parasitóide. Tais dados, registrados em tabelas apropriadas, são utilizados para estimar a população da praga por ha (Dinardo- Miranda et al., 2011). Para fazer 6 pontos de amostragem por ha, em um talhão com espaçamento de 1,5 m, o caminhamento é aquele apresentado na Figura 5, onde a estrelinha representa o ponto de amostragem. 33 linhas 40 passos 30 m 40 passos 30 m 40 passos 30 m 20 passos 15 m 16ª linha 33 linhas Soca Espaçamento Soca de de cana = cana crua 1,5m crua 6 pontos/ha Figura 5. Esquema recomendado pelo IAC para caminhamento em canavial de 1,50m de espaçamento entre sulcos, para amostragem de lagartas de broca e de cigarrinha. Geralmente, as amostragens devem ser iniciadas pelas áreas de cana planta, de variedades mais suscetíveis, irrigadas ou fertirrigadas e viveiro de mudas, em regiões com histórico de altas infestações. Como a área com potencial para ser amostrada em uma usina é muito grande, é importante que ela tenha um banco de dados bem estabelecido e um software de gerenciamento para facilitar a seleção das áreas a serem amostradas a cada dia. Quando é preciso lançar mão de inseticidas, o método de amostragem é diferente pois os alvos dos inseticidas são as lagartinhas que ainda não entraram nos colmos. Assim, devem ser vistoriados 125 colmos por talhão. Estes colmos devem ser coletados em diferentes pontos do talhão, de maneira a representar todo o talhão. Dos colmos, deve-se desprezar as folhas secas e retirar cuidadosamente as folhas verdes, olhando com atenção para localizar lagartas pequenas, nas folhas, nas bainhas e nos colmos (palmito). Colmos infestados, ou seja, com lagartas pequenas em seu exterior, devem ser marcados em ficha apropriada. 32

33 4. Liberações de parasitoides Atualmente, na região Centro-Sul do país, o parasitóide utilizado no controle biológico da broca é a vespinha C. flavipes, um endoparasitóide larval gregário, originário da Ásia e Austrália e introduzido no Brasil em 1971 pela antiga Copersucar e pela Esalq. Algumas usinas e destilarias possuem insetários para produção do parasitóide, mas há também laboratórios particulares que o produzem e comercializam. De uma maneira geral, recomenda-se a liberação de C. flavipes em número proporcional à população da praga. Essa recomendação varia ligeiramente entre os pesquisadores, assessores, laboratórios fornecedores e entre usuários (usinas e destilarias), mas em geral, estão ao redor dos valores apresentados na Tabela 1. Tabela 1. População estimada de broca (1,5cm ou mais) e número de indivíduos de C. flavipes a serem liberados (Almeida et al., 1997). População estimada de broca (número/ha) Indivíduos de C. flavipes a serem liberados Até vespas/ha a vespas/broca a vespas/broca Mais de vespas/broca Os parasitóides geralmente são acondicionados em grupos de 1.500, em copos plásticos ou de papel. Por se tratar de material vivo, certos cuidados são imprescindíveis para o sucesso do programa, entre eles, proceder à liberação nas horas mais frescas do dia, ou seja, pela manhã ou no final da tarde, evitando a exposição dos copos aos raios solares e ambientes de temperatura elevada. O material estará pronto para liberação quando os casulos estiverem 70% emergidos dentro dos copos. Como trabalhos conduzidos pelo IAC revelaram que o alcance médio de voo da C. flavipes está ao redor de 15 m, para aumentar as taxas de parasitismo o IAC recomenda que as liberações sejam feitas em pontos distantes entre si de não mais que 30 m, uma vez que a dispersão pode ocorrer em raio de somente 15 m. Desta forma, os parasitóides seriam liberados em pelo menos 9 pontos por hectare. 33

34 A liberação deve ser feita de modo a cobrir toda a área problema, passando em seguida para as demais áreas. Canaviais em maturação não devem receber liberações, pois nessa fase já não há mais tempo para evitar os danos. 5. Avaliação do parasitismo de C. flavipes Para avaliar o desempenho do parasitóide, devem ser novos levantamentos populacionais cerca de 10 a 15 dias depois das liberações. Com os dados tabulados, calcula-se a porcentagem de parasitismo na área, dada pela fórmula: %parasitismo = [total de parasitóides/(total de parasitóides + total da praga)] x 100 Recomendam-se novas liberações quando o parasitismo for inferior a 20%. Convém ressaltar que, para cálculo do parasitismo, as formas biológicas coletadas em campo devem ser levadas ao laboratório para o completo desenvolvimento, visto que, em algumas lagartas da praga, recém parasitadas em campo, as massinhas do parasitóide serão recuperadas no laboratório somente após alguns dias de desenvolvimento. 6. A eficiência do controle biológico da broca As liberações massais de inimigos naturais ao longo dos anos permitiram a redução significativa das populações da broca e, consequentemente de seus danos, expressos em intensidade de infestação. Um dos exemplos é frequentemente citado pela Copersucar, e ilustra claramente a queda nos índices de infestação final (II%) em função do crescimento e da continuidade de liberação de parasitóides (Figura 6, Arrigoni, 2002). 34

35 Liberações (milhões de insetos ou de massas) 40 ( I.I.%) Ano 0 Figura 6. Parasitóides liberados pelas usinas cooperadas da Copersucar e índices de infestação final (II%) obtidos, de 1980 a 2001 (extraído de Arrigoni, 2002) 7. Controle químico Embora o controle biológico da broca seja muito eficiente, nos últimos anos tem aumentado as áreas com altas populações da praga. Este aumento da população é resultante de vários fatores como uso de variedades mais suscetíveis, colheita de cana crua, etc. Em função disso, algumas unidades precisam aplicar inseticidas em áreas muito infestadas, como uma medida auxiliar no manejo da broca. A maioria dos inseticidas controla as lagartas que ainda não entraram no colmo. Por isso, as amostragens devem focar este estágio da praga. Como mencionado em item anterior, são vistoriados 125 colmos por talhão, e, se mais de 3 a 5 % deles estiverem com broquinhas no palmito + folhas, os inseticidas podem ser aplicados. Deve-se dar preferência para os produtos fisiológicos, pois tem menor impacto ambiental. 35

36 A recomendação do IAC é que o manejo de broca seja feito de forma integrada (biológico+químico) nas áreas de infestação muito alta, com histórico de altas populações, que nos anos anteriores tenham apresentado altos índices de infestação final (ver amostragem para infestação final adiante). Nestas áreas, no início do período mais adequado para crescimento populacional da broca, ou seja, no início do período chuvoso, devem ser feitos os primeiros levantamento para verificar as populações de broca. É interessante fazer os dois tipos de levantamentos: tanto para detectar a ocorrência de colmos infestados por broquinhas nas folhas e palmito (alvos dos inseticidas), quanto para estimar as populações de broca no interior dos colmos (alvos da C. flavipes). Ocorrendo mais de 3 a 5 % de colmos infestados externamente, deve-se fazer a aplicação de inseticida. Dependendo do inseticida utilizado, deve-se esperar alguns dias e fazer liberações de C. flavipes. 8. Avaliação da infestação final da broca (levantamentos de infestação) Os levantamentos de infestação final permitem estimar os danos e as perdas causados pela broca e, por revelarem a infestação da praga em cada área, fornecem subsídios para a escolha dos locais prioritários para controle, ou seja, daqueles por onde as amostragens populacionais e liberações devem ser iniciadas. Os primeiros levantamentos também equivalem a um diagnóstico inicial dos canaviais, permitindo futuras comparações com os dados dos anos seguintes para avaliar os resultados do programa de manejo. As estimativas da intensidade de infestação final são realizadas durante a safra, antes, durante ou depois do corte do canavial. Em áreas de colheita mecanizada, as amostragens são feitas na frente de corte, pouco antes da colheita dos colmos pela máquina. Para que a amostragem seja representativa, com amostras coletadas em vários locais do canavial, os amostradores geralmente acompanham a máquina, coletando colmos ainda não cortados, em vários pontos do talhão, a medida que a colheita avança. Em áreas de colheita manual, a amostragem é feita geralmente após o corte, coletando-se colmos nos montes. Outra opção é amostrar os colmos inteiros ou pedaços de colmos nos caminhões, quando estes chegam à balança (plataforma). Os métodos de levantamentos empregados pelas empresas variam ligeiramente entre si, mas, basicamente constam da coleta ao acaso de 20 colmos ha -1 (ALMEIDA, 2005) ou 125 colmos por talhão homogêneo (mesma variedade, idade, corte, tipo de solo) com até 20 ha. Nesse caso, os colmos são coletados em 5 pontos do talhão (25 colmos/ponto), e em cada 36

37 ponto, coletam-se 5 subamostras de 5 colmos cada, estando separadas entre si por 5 m (BOTELHO e MACEDO, 2002). Quando a amostragem é feita no pátio (plataforma), colmos inteiors ou toltes devem ser retirados ao caso do caminhão, amostrando o correspondente a 20 colmos ha -1 ou 125 colmos por talhão. Em qualquer situação, os colmos amostrados devem ser abertos ao meio, longitudinalmente, e examinados. Em cada um, devem ser contados os entrenós totais e aqueles com sintoma de ataque do complexo broca-podridão. Os dados assim observados são anotados em fichas apropriadas e utilizados no cálculo do índice de infestação final (II% = (número de entrenós brocados/número total de entrenós) x 100), para cada talhão. Os resultados obtidos em determinada safra permitem a confecção de mapas de II. 9. Referências ALMEIDA, L.C.; ARRIGONI, E.B.; RODRIGUES FILHO, J.P. Modelo de análise econômica para avaliação do controle biológico da broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis. In: Seminário Copersucar de Tecnologia Agronômica, 7., Piracicaba. Anais... Piracicaba: Copersucar, p ARRIGONI, E.B. Broca da cana: importância econômica e situação atual. In: ARRIGONI, E.B; DINARDO-MIRANDA, L.L.; ROSSETTO, R. Pragas da cana-de-açúcar: importância econômica e enfoques atuais. Piracicaba, 2002 (CD). BOTELHO, P.S.M.; MACEDO, N. Cotesia flavipes para o controle de Diatraea saccharalis. In: PARRA, J.R.; BOTELHO, P.S.M.; CORREA-FERREIRA, B.S.; BENTO, J.M. (EDS.). Controle biológico no Brasil: parasitóides e predadores. São Paulo, Manole, p DINARDO-MIRANDA, L.L.; FRACASSO, J.V.; PERECIN, D. Variabilidade espacial de populações de Diatraea saccharalis em canaviais e sugestão de método de amostragem. Bragantia, v. 70, n.3, p , GALLO, D. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIN, J.D. Manual de Entomologia Agrícola. São Paulo, Ceres, p. MACEDO, N.; BOTELHO, P.S.M. Controle integrado da broca da cana-de-açúcar Diatraea saccharalis (Fabr., 1794) (Lepidóptera, Pyralidae). Brasil açucareiro, v.106, p TERAN, F.O. Fatores que afetam o manejo integrado de Diatraea saccharalis (Fabr., 1794) (Lepdoptera: Pyralidae) em cana-de-açúcar f. Dissertação (Mestrado em 37

38 entomologia) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, TERAN, F.O. Natural controlo of Diatraea saccharalis (F., 1794) eggs in sugarcane fields of São Paulo. In: Congress of ISSCT, Filipinas. Proceedings Filipinas: ISSCT, p TERAN, F.O. Densidade larval de Diatraea saccharalis (Fabr., 1794) e seu controle natural em milho. In: Congresso Brasileiro de Entomologia, Campinas. Resumos...Campinas:SEB, p TERAN, F.O. Estudos sobre amostragens populacionais de formas imaturas de Diatraea saccharalis. Boletim Técnico Copersucar, v.41, p.31-36,

39 39

40 Total! (a)! (b)! (c)! (d) Lagartas aptas/ha = [b / (número de pontos x 2)] x 6666 = Parasitismo = [c / (a+b+c+d)] x 100 = 40

41 41

42 CIGARRINHA-DAS-RAÍZES, Mahanarva fimbriolata 1. Introdução Desde que as áreas de colheita de cana sem queima prévia (cana crua) foram expandidas, no Estado de São Paulo, uma praga até então de pouca importância econômica vem causando sérios danos, tornando-se um problema de relevância para a cultura: a cigarrinha das raízes, Mahanarva fimbriolata.esta espécie se encontra disseminada também em lavouras de cana de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Amazonas, Rio Grande do Norte, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Mato Grosso do Sul e Goiás (Guagliumi, 1973; Mendonça et al., 1996). Além da cana-deaçúcar, M. fimbriolata é freqüentemente encontrada em diversos capins e gramas (Guagliumi, 1973) Os adultos apresentam aproximadamente 13mm de comprimento por 6,5mm de largura. Os machos são avermelhados, com asas orladas de castanho escuro e com uma faixa longitudinal da mesma cor. As fêmeas normalmente são mais escuras, marrons avermelhadas, com faixas das asas quase pretas (Figura 1). Têm hábitos crepusculares. São voadores de pouco alcance, mas muito ativos. Após acasalamento, as fêmeas ovipositam na palhada e, principalmente, na subsuperfície do solo, em reentrâncias próximas à base das touceiras. Os adultos vivem cerca de 15 a 20 dias e uma fêmea põe entre 50 e 60 ovos. Os ovos, no período seco, ficam em diapausa, com emergência das ninfas somente no início do período úmido, que para região Centro-Sul do país corresponde à primavera/verão. Em condições de temperatura e umidade elevadas, as ninfas emergem dos ovos cerca de 15 a 20 dias após a postura, dirigem-se às raízes, de onde sugam grande volume de seiva. Passam por cinco ecdises, num período de 30 a 45 dias, e estão sempre envolvidas por uma espuma densa, bastante característica, cuja função principal é proteger as ninfas da dissecação (Figura 2). Em condições de umidade e temperatura elevadas, o ciclo evolutivo completo é de 45 a 60 dias (Guagliumi, 1973). O nome vulgar, cigarrinha das raízes, está, portanto, relacionado ao local de alimentação e desenvolvimento das ninfas, as raízes. Os fatores climáticos têm grande influência na dinâmica populacional destes insetos. Ambientes quentes e úmidos favorecem significativamente o desenvolvimento da cigarrinha, razão pela qual o incremento das áreas de colheita mecanizada de cana crua, no Estado de São Paulo, contribuiu para aumentos significativos das populações desta praga. As condições 42

43 proporcionadas pela abundante cobertura vegetal deixada no solo são bastante favoráveis às cigarrinha. Além disso, a despalha de cana a fogo, antes da colheita, contribuía para uma destruição significativa de todas as formas biológicas da praga, especialmente, dos ovos em diapausa (Dinardo-Miranda, 1999). Visto que as ninfas começam a emergir dos ovos diapáusicos logo após as primeiras chuvas da primavera, na região Centro-Sul o ciclo vital de M. fimbriolata inicia-se em setembro/outubro, com as populações atingindo o ápice em dezembro/janeiro e reduzindo-se significativamente em períodos de estresse hídrico, comuns na região em janeiro/fevereiro e em abril, com o final das chuvas e início do inverno. Figura 1. Adultos de Mahanarva fimbriolata 43

44 Figura 2. Espuma característica do ataque de ninfas de cigarrinha-das-raízes Os danos à cana-de-açúcar são causados tanto pelas formas jovens da cigarrinha das raízes, que extraem grande quantidade de água e nutrientes das raízes quanto pelos adultos, que se alimentam nas folhas. As ninfas, ao sugarem as radicelas, atingem os vasos do xilema, onde injetam secreção salivar e de onde retiram seiva bruta, contendo sais inorgânicos de nutrientes extraídos do solo, vários aminoácidos e açúcares. Os adultos, ao sugarem a seiva das folhas, injetam saliva nos estomas, local onde são armazenadas a água e as substâncias que se transformarão em nutrientes para a planta, durante a fotossíntese. A saliva liberada, tanto pelas ninfas como pelos adultos, é rica em enzimas e aminoácidos e auxiliam o inseto no processo de ingestão do alimento. No entanto, são tóxicas para a planta, causando necrose nos tecidos foliares e radiculares (Fewkes, 1969). Em conseqüência do ataque dos adultos e das ninfas, o processo de fotossíntese é reduzido e, como não ocorre a formação de açúcares nas folhas, não há acúmulo nos colmos e eles se tornam menores, mais finos e com entrenós mais curtos. Sob infestações severas, os colmos apresentam-se desnutridos e desidratados, secando do topo para a base, as folhas se tornam de início amareladas e posteriormente secas, e toda a planta pode a atingir a morte. O canavial fica completamente seco, com aspecto queimado. Estes sintomas podem ser notados mesmo na época das chuvas, embora sejam mais evidentes no período seco subseqüente (Figura 3). 44

45 Figura 3. Aspecto de um canavial atacado por cigarrinha-das-raízes As quebras de produtividade podem chegar a 40-50%, em culturas colhidas em final de safra. Em culturas colhidas em começo de safra, as quebras são menores, embora muitas vezes, as populações encontradas nessas áreas sejam mais elevadas que nas demais. Isso revela que a cultura colhida no início de safra suporta melhor o ataque da praga, provavelmente porque as plantas estão mais desenvolvidas, com vários entrenós. Além disso, esta cultura passa por um curto período de estresse hídrico, entre o final da época de ocorrência da cigarrinha e a colheita. Os campos colhidos no final da safra sofrem o ataque quando suas plantas estão ainda pouco desenvolvidas e, após ele, o longo período de estresse hídrico até a colheita não favorece a recuperação das plantas, fazendo com que os danos provocados pelas cigarrinha sejam acentuados nestas condições (Dinardo-Miranda et al., 2001a). Visto que o ataque da cigarrinha resulta em colmos menores, mais finos e secos, chegando muitas vezes à morte, ocorrem também alterações na qualidade da cana-de-açúcar, geralmente com redução nos valores de pol e aumento nos de fibra, como visto em Dinardo- Miranda et al. (2000a). Além disso, há prejuízos nos processos industriais. Embora difícil de mensurar, a grandeza desse tipo de dano é sentida na indústria, sempre que material proveniente de canavial severamente atacado entra para moagem e extração de açúcar Os colmos mortos e secos, em decorrência do ataque da praga, diminuem a capacidade de moagem e, como muitas vezes, estão rachados e deteriorados, os contaminantes dificultam a recuperação de açúcar e inibem a fermentação, reduzindo portanto os rendimentos industriais e dificultando a obtenção de açúcar de qualidade. 45

46 2. Manejo integrado da cigarrinha Devido à grande extensão das áreas cultivadas com cana-de-açúcar, são observadas em campo muitas variações a respeito de condições edafoclimáticas, tratos culturais, variedades, nível populacional da praga, etc., fatores que interferem na eficiência de medidas de controle. Desta forma, o manejo de áreas com problemas de cigarrinha, para ser bem sucedido, deverá englobar todas as ferramentas disponíveis, pois, para cada situação, uma delas se mostrará mais adequada. Dificilmente, uma única ferramenta de manejo será eficiente em todas as condições de cultivo da cana-de-açúcar. Assim, é apresentado a seguir um programa de manejo de cigarrinha das raízes em cana-de-açúcar, extraído de Dinardo- Miranda (2003). a) Uso de variedades resistentes Do ponto de vista econômico e ambiental, o método mais adequado para reduzir os danos causados pela cigarrinha, assim como por qualquer outra praga ou patógeno, é o uso de variedades resistentes. No entanto, dados experimentais e de áreas comerciais mostram que quase a totalidade das variedades cultivadas comercialmente é atacada pela praga, sofrendo significativas reduções na produtividade e na qualidade tecnológica. o que torna o uso de variedades resistentes uma ferramenta de difícil utilização, atualmente, num programa de manejo da cigarrinha, simplesmente pela falta de material comercial com essa característica. I IAC tem um programa de avaliação da resistência de seus novos genótipos à cigarrinha. Há material promissor, com certo grau de resistência tipo antibiose e tolerância. No futuro estes genótipos poderão ser ferramentas valiosas no manejo integrado da praga. b) Levantamentos populacionais Como todo canavial é um alvo potencial da praga, por se constituir de material suscetível a ela, resta aos produtores identificar onde, quando e como fazer o manejo da cigarrinha, a fim de minimizar os prejuízos. Para isso são necessários levantamentos populacionais da praga, a base para qualquer programa de manejo bem sucedido. Como as ninfas começam a eclodir dos ovos em diapausa, cerca de 15 a 20 dias após as primeiras chuvas da primavera, os levantamentos populacionais devem ser iniciados nessa ocasião, 46

47 quando as primeiras ninfas são observadas em campo. Embora quase todas as variedades sejam atacadas pela cigarrinha, deve-se começar os levantamentos por áreas cultivadas com aquelas citadas anteriormente, reconhecidamente algumas das mais suscetíveis. Devem ser amostrados 6 pontos por ha, sendo cada ponto constituído por 2m de sulco. Em cada ponto, deve-se contar os adultos nas folhas e cartuchos das plantas e em seguida, afastar com cuidado a palha entre os colmos, dispondo-a na entrelinha, a fim de que os pontos de espuma possam ser visualizados. Depois disso, conta-se as ninfas e adultos nas raízes. Para visualizar os insetos nas raízes, estes podem ser retirados da região radicular, na subsuperfície do solo, com auxílio de um palito de madeira ou ferro, com cerca de 20 cm de comprimento e 0,5 cm de diâmetro. A ocorrência de inimigos naturais, especialmente da mosca Salpingogaster nigra (Diptera, Syrphidae) e de ninfas e adultos de cigarrinha mortos pela ação de fungos, tais como Metarhizium anisopliae e Batkoa, poderá ser anotada. O registro dos dados observados deve ser feito em ficha apropriada. É importante que sejam amostrados muitos pontos por hectare (6) pois a praga ocorre em reboleiras, ou seja, a variabilidade espacial de suas populações é muito alta. Por causa disso, uma boa estimativa de suas populações exige uma amostragem feita em muitos pontos no talhão. O esquema de caminhamento sugerido é o mesmo apresentado para a broca (Figura 5 - item broca) A figura 4 ilustra a variabilidade espacial de populações de cigarrinha-das-raízes. Figura 4. Distribuição espacial de cigarinha-das-raízes em um canavial (Fonte: Dinardo- Miranda et al., 2007) 47

48 c) Nível de controle e nível de dano econômico Muito se discute sobre a densidade populacional de cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) acima da qual se deve entrar com medidas de controle, sejam elas químicas ou biológicas. Esse valor, chamado em entomologia de nível de controle (NC), é sempre inferior ao nível de dano econômico (NDE), que, por definição, é a densidade populacional da praga na qual ela causa prejuízo à cultura semelhante ao custo de adoção de uma medida de controle. Por considerar custos (dos insumos, das aplicações, da cana, do açúcar, do álcool etc), o NDE não é um valor fixo, constante. Ele é variável de um ano agrícola para outro, visto que os preços dos insumos e produtos flutuam, assim como a época de colheita, a renovação de variedades e outros fatores. Quanto mais suscetível a variedade, mais baixo é o NDE, pois sob mesma infestação da praga, ela sofre maior dano que uma variedade menos suscetível. Por outro lado, vários estudos mostram que determinada variedade sofre maiores danos quanto mais tarde se dá sua colheita. Portanto, o NDE é menor para colheitas de final de safra do que de início. Para as situações em que se pode adotar medidas e/ou produtos mais baratos, o NDE é mais baixo do que para aquelas nas quais se adotam medidas e/ou produtos mais caros. A análise econômica (margem de contribuição agroindustrial e agrícola) dos resultados observados em áreas comerciais e experimentais, nas quais se adotou medidas de controle da praga, em várias regiões e envolvendo diversas variedades, épocas de corte, populações da cigarrinha-das-raízes etc, sugere que o NDE, hoje, está provavelmente entre 3 e 10 insetos/m, ficando mais próximo do limite inferior - 3 insetos/m - em canaviais colhidos no final de safra e, no limite superior -10 insetos/m -, em canaviais de início de safra. Como as medidas de controle devem ser adotadas antes das populações atingirem o NDE, os valores de NC são menores que os citados. Visto que os inseticidas, químicos ou biológicos, possuem características distintas, o NC varia com o produto escolhido para controle, bem como com sua dose. Assim, quanto maior o efeito de choque do inseticida, mais próximo do NDE se encontra o NC, ou seja, a medida de controle pode ser adotada (NC) em uma densidade populacional bem próxima, mas ligeiramente menor, do que aquela definida como NDE. 48

49 d) Controle biológico A ocorrência natural do fungo M. anisopliae, atacando cigarrinha das raízes em canaviais de todo o país, é bastante comum e incentiva o uso desse agente de controle biológico em áreas infestadas pela praga. Somando-se a esse, o fato de que um programa envolvendo controle biológico é extremamente interessante, por razões ambientais e também econômicas, muitos esforços tem sido despendidos em estudos envolvendo essa ferramenta. Atualmente, o fungo encontrado no comércio é multiplicado em grãos de arroz e pode ser adquirido no arroz ou em esporos, já isolados do arroz. Embora sua utilização tenha crescido nos últimos anos, são freqüentes os relatos de ineficiência do fungo em campo, mesmo quando as aplicações são feitas em condições ideais (ausência de sol e alta umidade relativa do ar). Dados o custo relativamente baixo do fungo, multiplicado em grãos de arroz, e sua ação inicial relativamente lenta, quando comparado com certos inseticidas químicos, preconiza-se que seu uso seja feito, preferencialmente, em áreas nas quais as infestações estejam entre 0,5 e 2 insetos/m, pulverizando a base das plantas, com fungo na dose de aproximadamente 2 a esporos viáveis/ha, o que corresponde a cerca de 1 a 2kg/ha de arroz ( esporos/g de arroz). Estas aplicações devem ser feitas de preferência no final da tarde, à noite ou em dias nublados, de modo a evitar a incidência de raios ultravioletas, que afetam a viabilidade dos esporos. Para aplicações aéreas, a distribuição direta dos grão de arroz infestado parece mais apropriada que a de esporos em calda, já que o grão de arroz atinge o solo com mais facilidade. As gotas de água contendo os esporos podem, em grande parte, ficar retidas nas folhas, sujeitas à ação dos raios solares. Essas inferências, porém, carecem de uma comprovação científica. Em ambos os casos, após a aplicação do fungo, as áreas devem ser continuamente monitoradas e uma segunda aplicação pode ser feita se as infestações subirem para 3 a 4 insetos/m. Embora o controle biológico deva ser priorizado, aplicações de M. anisopliae as vezes mostraram resultados pouco satisfatórios, especialmente sob altas infestações iniciais da praga. Nesses casos, o controle químico é mais eficaz. e) Controle químico O controle químico é uma ferramenta bastante valiosa no programa de manejo da cigarrinha, especialmente em canaviais colhidos a partir de agosto (meio para final de safra), 49

50 que sofrem maiores danos devido ao ataque da praga, e naqueles severamente infestados. Embora os inseticidas químicos geralmente sejam caros e mais agressivos ao ambiente do que os biológicos, o seu uso criterioso resulta em uma relação custo/benefício bastante interessante e em baixos riscos ambientais. Os inseticidas registrados para controle de cigarrinha são thiamethoxam e etiprole. A aplicação de inseticidas químicos é recomendada nas áreas cujas populações, entre final de outubro e dezembro, estejam ao redor de 3 a 4 insetos/m. Como canaviais colhidos em início de safra (até julho) suportam populações maiores da praga, inseticidas químicos podem ser aplicados quando as infestações são superiores a 10 insetos/m. Por outro lado, em canaviais colhidos a partir do meio de safra (agosto), mais sensíveis ao ataque da cigarrinha, a aplicação de inseticidas quando a praga atinge níveis populacionais ao redor de 3 a 4 insetos/m parece mais adequada. Dados experimentais e de campo revelam que, em áreas nas quais as infestações atingem níveis próximos ou superiores aos de dano, as respostas ao controle químico são mais significativas, quanto antes ele for adotado. Assim, em experimento para avaliar a eficiência de inseticidas no controle da cigarrinha e seus reflexos na produtividade agrícola e de açúcar, foram feitas aplicações de inseticidas em novembro, dezembro ou janeiro. Embora a eficiência dos produtos não tenha se alterado significativamente em função da época de aplicação, os incrementos de produtividade foram maiores quando os inseticidas foram aplicados em novembro. Em aplicações feitas em janeiro, não se observaram incrementos de produtividade, em relação à testemunha, sugerindo que a cultura havia sofrido danos tão severos que não conseguiu se recuperar. Desta forma, em áreas comerciais, a adoção de medidas de controle deve ser feita preferencialmente até dezembro, já que aplicação tardia de inseticidas, químicos ou biológicos, pode não resultar, na maioria das vezes, em incrementos de produtividade. Além de ser feita o quanto antes, a aplicação de inseticidas mostra-se mais adequada quando efetuada de uma só vez, ao invés de parcelada ao longo do período de ocorrência da praga. Estudo conduzido por Dinardo-Miranda et al (2002) para avaliar a eficiência de inseticidas quando aplicados em uma (outubro) ou em duas ocasiões (outubro e janeiro) ao longo do período de ataque da cigarrinha, revelou que inseticidas aplicados uma única vez no início do período de infestação (outubro) contribuíram para maiores reduções populacionais da praga e, consequentemente, maiores incrementos nas produtividades de colmos e de açúcar, quando comparados com a testemunha ou com a aplicação parcelada dos produtos. Além da aplicação de alguns inseticidas em doses parceladas não ter contribuído para incrementos de produtividade, em relação à aplicação única no início do período de ocorrência 50

51 da praga, essa prática não se mostrou adequada também por aumentar os custos da aplicação e por exigir monitoramento constante da área. f) Retirada ou afastamento da palha O acúmulo de palha no canavial, deixando-o mais úmido, foi um fator importante para os incrementos populacionais de cigarrinha. Assim, a retirada ou afastamento da palha de cima da linha de cana contribui para reduzir as populações da praga, por manter as linhas de cana mais secas, devido à maior incidência dos raios solares sobre ela. Experimentos conduzidos no estado de São Paulo mostraram que a operação de enleirar a palha nas entrelinhas de cana, deixando as linhas sem palha, pode ser uma prática eficiente para manter baixas as populações da cigarrinha, durante todo o período de sua ocorrência, desde que suas infestações não sejam elevadas demais (Dinardo-Miranda, 2002). Assim, em talhões com histórico de altas populações, outras medidas de controle devam ser adotadas, isoladamente ou em conjunto com o afastamento da palha, a fim de evitar prováveis quebras de produtividade. Visto que em locais de populações mais elevadas, as infestações da praga podem atingir picos de 15 a 20 insetos/m e, algumas vezes, até um pouco maiores, o afastamento de palha parece mais indicado para canaviais colhidos em início de safra, pois podem tolerar infestações maiores que aqueles colhidos a partir de julho. Para adotar o enleiramento da palha, deve-se considerar algumas dificuldades operacionais: (1) se feito logo após o corte, a camada de palha ainda é muito volumosa, voltando para cima da linha de cana, com facilidade; além disso, quando ainda não se iniciou a brotação da cana, é difícil visualizar a linha para passagem do implemento; (2) quando o canavial está grande demais, a operação quebra muitos brotos, além de se quebrarem muitos dedos do enleirador. Outro fator a considerar é que, se por um lado a retirada da palha da linha de cana reduz as populações da cigarrinha, por outro, a brotação e o desenvolvimento inicial de algumas variedades, especialmente se colhidas na época mais seca do ano (julho/agosto), são severamente prejudicados, justamente devido à diminuição da umidade do solo na região da linha, de onde se afastou a palha. Esse prejuízo ao desenvolvimento inicial da cultura, muitas vezes, se reflete sobre a produtividade agrícola e é bastante marcante em anos mais secos ou em solos ácricos. 51

52 g) Fogo A queima pré-colheita do canavial é uma medida que reduz as infestações de cigarrinha, no ciclo seguinte, por eliminar a palha e por matar parte dos ovos em diapausa. No entanto, em áreas severamente infestadas, somente o fogo não é suficiente para reduzir as infestações de cigarrinha a níveis não problemáticos, pois muitos ovos permanecem viáveis, já que o fogo na pré-colheita aquece somente a camada superficial do solo, não atingindo aqueles colocados em maior profundidade. Em situações de infestações elevadas, é comum a ocorrência de cigarrinha em áreas de colheita de cana queimada, como em Goiás, por exemplo. Apesar de eficiente no controle da cigarrinha, em algumas situações, o fogo na précolheita é de uso bastante restrito, por força da legislação ambiental. Antecipação de colheita em áreas severamente atacadas Nos locais onde ocorreu severo ataque das cigarrinhas, colmos secos e deteriorados podem ser observados já no início do outono (abril/maio). Nesses casos, quanto maior o tempo em que este canavial permanece em pé, mais acentuados se tornam os sintomas de ataque da cigarrinha e maiores são as quebras de produtividade observadas. Assim, a antecipação da colheita reduz as perdas de provocadas pela praga, embora não seja uma medida de controle da cigarrinha. 3. Referências DINARDO-MIRANDA, L.L. O papel da retirada de palha no manejo da cigarrinha das raízes. Stab Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, v. 20, n. 5, p.23, DINARDO-MIRANDA, L.L. Cigarrinhas em cana crua. In: In: DINARDO-MIRANDA, L.L.; ROSSETTO, R.; STUPIELLO, J.P. (eds.). Semana da Cana-de-açúcar de Piracicaba, 4., Piracicaba. Anais... Piracicaba: Comissão Organizadora, p DINARDO-MIRANDA, L.L.; FERREIRA, J.M.G. Eficiência de inseticidas no controle da cigarrinha das raízes, Mahanarva fimbriolata (Stal) (Hemiptera: Cercopidae), em cana-de-açúcar. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 19, 2002, MANAUS. RESUMOS... Manaus: Sociedade Entomológica do Brasil, p.134. ref. CTQ

53 DINARDO-MIRANDA, L.L.; FERREIRA, J.M.G.; CARVALHO, P.A.M. Influência das cigarrinhas das raízes, Mahanarva fimbriolata, sobre a qualidade tecnológica da cana-de-açúcar. STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, v. 19, n. 2, p.34-35, 2000a. DINARDO-MIRANDA, L.L.; FERREIRA, J.M.G.; CARVALHO, P.A.M. Influência da época de colheita e do genótipo de cana-de-açúcar sobre a infestação de Mahanarva fimbriolata (Stal) (Hemiptera: Cercopidae). Neotropical Entomology, Londrina, v. 30, n. 1, p , 2001a. DINARDO-MIRANDA, L.L.; FERREIRA, J.M.G.; DURIGAN, A.M.P.R.; BARBOSA, V. Eficiência de inseticidas e medidas culturais no controle de Mahanarva fimbriolata em cana-de-açúcar. Stab - Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, v. 18, n. 3, p , 2000b. DINARDO-MIRANDA, L.L.; FIGUEIREDO, P.; LANDELL, M.G.A.; FERREIRA, J.M.G.; CARVALHO, P.A.M. Danos causados pelas cigarrinhas das raízes (Mahanarva fimbriolata) a diversos genótipos de cana-de-açúcar. Stab - Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, v. 17, n. 5, p , DINARDO-MIRANDA, L.L.; GARCIA, V.; COELHO, A.L. Eficiência de inseticidas no controle da cigarrinha das raízes, Mahanarva fimbriolata, em cana-de-açúcar. Stab - Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, v. 20, n. 1, p b. DINARDO-MIRANDA, L.L.; GARCIA, V.; PARAZZI, V. Efeito de inseticidas no controle de Mahanarva fimbriolata (Stal) (Hemiptera: Cercopidae) e de nematóides fitoparasitos, na qualidade tecnológica e na produtividade da cana-de-açúcar. Neotropical Entomology, Londrina, v. 31, n. 4, p , DINARDO-MIRANDA, L.L.; MOSSIM, G.C.; DURIGAN, A.M.P.R.; BARBOSA, V. Controle químico de cigarrinha das raízes em cana-de-açúcar. Stab - Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, v. 19, n. 4, p , 2001c. DINARDO-MIRANDA, L.L., VASCONCELOS, A.C.M., VIEIRA, S.R., FRACASSO, J.V. AND GREGO, C.R. Uso da geoestatística na avaliação da distribuição espacial de Mahanarva fimbriolata em cana-de-açúcar. Bragantia, 66: , FEWKES, D.W. The biology of sugarcane froghoppers. In: WILLIAMS, J.R.; METCALFE, J.R.; MUNGOMERY, R.W.; MATHES, R. (eds.). Pests of sugarcane. Amsterdam: Elsevier, p GUAGLIUMI, P. Pragas da Cana-de-açúcar (Nordeste do Brasil). Rio de Janeiro: IAA, p. (Coleção Canavieira, 10). 53

54 MENDONÇA, A.F.; BARBOSA, G.V.S.; MARQUES, E.J. As cigarrinhas da cana-de-açúcar no Brasil. In: MENDONÇA, A.F. (ed.). Pragas da cana-de-açúcar. Maceió: Edição do autor, p

55 Levantamento populacional de cigarrinha-das-raízes Fazenda Talhão Variedade Corte: Data do corte / / Data do levantamento / / Ponto Insetos Ponto Insetos Ponto Insetos Insetos/m = 55

56 1. PRAGAS DE SOLO 1.1. Sphenophorus Levis Nos últimos anos têm sido freqüentes, em várias regiões do Estado de São Paulo, os relatos de canaviais severamente danificados e, até mesmo, dizimados, pelo besouro Sphenophorus levis (Coleoptera; Curculionidae), conhecido como gorgulho da cana-de-açúcar. De acordo com Precetti & Teran (1983), os adultos desta praga medem de 12 a 15mm de comprimento, são marrons escuros com manchas pretas sobre o dorso e com a face ventral preta (Figura 1). Após o acasalamento, as fêmeas perfuram os tecidos sadios do rizoma, com as mandíbulas presentes no ápice do rostro ou bico e aí, na base das brotações, abaixo do nível do solo, inserem os ovos. De sete a doze dias depois da postura, nascem as larvas, branco leitosas, com a cabeça castanho-avermelhada e ápodas (Figura 1), que escavam galerias no interior do rizoma, ao se alimentarem. Estas galerias permanecem cheias de serragem fina, característica do ataque da praga. O período larval médio é de 50 dias, findos os quais passa-se à fase pupal, ainda encerrada no interior dos colmos. A pupa é inicialmente branco leitosa, tornando-se castanho-clara e com manchas dorsais à medida em que se desenvolve. Esta fase dura cerca de 10 dias. Ao emergirem da câmara pupal, os adultos permanecem no solo, sob torrões e restos vegetais ou entre os perfilhos, na base das touceiras. São bastante longevos, vivendo por mais de 200 dias. Os danos são causados pelas larvas que, broqueiam os rizomas (Figura 2). Em conseqüência das galerias abertas na base dos colmos, ocorre amarelecimento de folhas, seguido pelo secamento e morte de perfilhos, que podem ser facilmente destacados da touceira. Sob infestações severas, as touceiras morrem e são observadas muitas falhas na rebrota, favorecendo altas populações de plantas daninhas (Figura 3). Estes sintomas são mais facilmente visualizados na época seca do ano (junho a agosto), quando são encontradas as maiores populações de larvas. 56

57 Figura 1. Adulto e larva de Sphenophorus Levis Figura 2. Danos causados pelas larvas de S. levis. Figura 3. Aspecto de um canavial infestado por S. levis 57

58 Os primeiros registros da praga, no final da década de 1970 e início da década de 1980, foram feitos na região de Piracicaba, SP, quando o inseto foi detectado em 14 municípios, mas atualmente S. levis já foi observado nas regiões Central (Araraquara, São Carlos, Jaú, etc.), Sul (Assis, Ourinhos), Nordeste (Pradópolis) e Leste (Leme, Pirassununga, Araras, São João da Boa Vista, Santa Cruz das Palmeiras, etc.) do Estado de São Paulo, estando, portanto, em quase todas as regiões de cultivo de cana. A dispersão da praga em longas distâncias se deu provavelmente com mudas retiradas de local infestado, já que a capacidade de vôo do inseto é muito restrita. As mudas podem transportar tanto insetos no interior dos colmos, já que em alguns casos as galerias podem atingir os primeiros internós basais, como insetos, especialmente adultos, entre os colmos depositados no solo, após o corte. Assim, a sanidade de viveiros, mais uma vez, se mostra fator importante para reduzir os problemas fitossanitários da cultura. Pelo solo, os adultos deslocam-se muito lentamente, o que explica sua dispersão somente de um talhão para talhões vizinhos. Nos últimos anos, além de registros de novas áreas infestadas, ocorreram incrementos nas populações da praga, em decorrência das dificuldades de controle, já que a eficiência de inseticidas químicos ou biológicos ainda não é bem clara, mesmo quando utilizados no sulco de plantio e a destruição mecânica das soqueiras afetadas, embora contribua para reduzir as populações, especialmente quando aplicado nas épocas mais secas do ano, é insuficiente, em muitos casos, para um controle efetivo da praga. O uso de armadilhas tóxicas, feitas com toletes de cana, rachados longitudinalmente e embebidos em uma solução de inseticida, como descrito em Precetti & Arrigoni, (1990), muito comum no final dos anos 80 e início dos anos 90, tornou-se proibitivo pelo seu alto custo, em função da grande demanda de mão-de-obra, e praticamente foi abandonado. Hoje, esta medida só pode ser indicada para controlar a praga em pequenas áreas, como por exemplo, em uma reboleira recém detectada, numa fazenda ainda não totalmente infestada por ela. Nesse caso, valeria a pena investir para impedir que a praga se espalhe por uma área maior. A colheita de cana crua também contribuiu para aumentar as populações da praga. Estudos conduzidos pelo IAC comparando populações e danos em áreas de colheita de cana crua e de colheita de cana queimada revelaram que em áreas de colheita de cana crua as populações da praga e seus danos aumentaram muito mais rapidamente do que na área de colheita de cana queimada (Dinardo-Miranda, 2009). Isso porque o fogo (cana queimada) mata muitos adultos da praga, já que eles ficam perambulando pelo solo e, por outro lado a palhada, resultante da colheita de cana crua, serve de abrigo a esses adultos. 58

59 1.2. CUPINS Muitas espécies de cupins foram registradas em canaviais de todo o país. ARRIGONI et al. (1989), fazendo levantamentos no estado de São Paulo, constaram a ocorrência de sete gêneros de cupins, com nove espécies identificadas, nas áreas amostradas, sendo as mais comuns Heterotermes tenuis (Hagen, 1858), Cornitermes cumulans (Kollar), Neocapritermes opacus e Procornitermes triacifer. Na região Nordeste, as espécies mais comuns pertencem aos gêneros Amitermes, Cylindrotermes e Nasutitermes, embora espécies de Heterotermes e Neocapritermes também causem danos em algumas áreas (NOVARETTI e FONTES, 1998). Segundo MACEDO (1995), as espécies presentes em canaviais podem ser divididas em dois grupos pelos hábitos de construir suas colônias: cupins de montículos e cupins subterrâneos. Os mais importantes são os cupins subterrâneos, cujas colônias se distribuem em galerias no solo, sob rochas, no interior das raízes, etc. Neste grupo estão as espécies de Heterotermes, Procornitermes, Nasutitermes, Neocapritermes, Syntermes e outros. As espécies de Heterotermes são consideradas as mais importantes do ponto de vista econômico, pois se alimentam de material lenhoso em várias fases de decomposição e das partes vivas das plantas, tais como raízes, toletes e entrenós basais da cana-de-açúcar. No grupo que contempla os cupins de montículos, a espécie mais comum em canaviais é a C. cumulans. Estes insetos constroem ninhos acima do solo e são considerados de menor importância, porque se alimentam basicamente de material vegetal morto e raramente são encontrados atacando tecidos vivos. Os cupins ocorrem em todos os tipos de solo, independentemente da textura, como verificado por ARRIGONI et al. (1989), mas os danos são mais facilmente visualizados em culturas conduzidas em solos arenosos, provavelmente porque, em comparação com solos argilosos, os arenosos geralmente são menos férteis e retêm menor quantidade de água, proporcionando às plantas neles conduzidas menores condições de suportar ataque de pragas. Embora possam ser encontrados na lavoura durante todo ao ano, as populações na região das raízes são maiores no período seco, o que pode ser atribuído ao fato de que os indivíduos estão se utilizando das raízes não somente como fonte de alimento, mas também como fonte de água. As populações geralmente são mais elevadas em canaviais mais velhos, já que as operações de preparo de solo para plantio reduzem as populações, por desestruturarem as colônias. Com o passar do tempo, no entanto, as colônias se reorganizam e as populações se 59

60 elevam. Esse fato poder ser visualizado na figura 31, que mostra notas populacionais observadas em levantamentos feitos em épocas secas, em canavial da variedade RB835486, implantado em 27/03/03, em solo arenoso na região de Araçatuba, SP. Quando atacam a cana-de-açúcar no plantio, os cupins destroem os toletes e também as gemas (Figura 4) e, conseqüentemente, ocorrem falhas na brotação. Sob infestações severas, os cupins podem destruir o interior dos entrenós basais, provocando morte de perfilhos ( coração morto ), quando esses ainda são jovens ou quebra de colmos adultos. Em decorrência do ataque de cupins, há severas reduções de produtividade. Em cana soca, os danos se acentuam (Figura 5), com falhas na brotação da soqueira, baixa produtividade e redução na longevidade do canavial. Segundo Novaretti et al (1985), os cupins causam em média redução de produtividade da ordem de 10t/ha a cada colheita. Estudos mais recentes, no entanto, mostram que essas reduções podem ser maiores. Figura 4. Danos causados por cupins nos toletes utilizados no plantio. Figura 5. Danos causados por cupins nos rizomas da cana-de-açúcar. 60

61 1.3. Migdolus fryanus Há dez espécies no gênero Migdolus (Coleoptera: Cerambycidae); todas são consideradas raras, com exceção de M. fryanus Westwood, que ocorre em canaviais dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. Os adultos de Migdolus são besouros com marcante dimorfismo sexual, medindo de 12 a 37 mm. Os machos são pretos, castanho-escuros ou de cor castanha-avermelhada, têm as asas membranosas desenvolvidas e funcionais, com antenas atingindo aproximadamente o meio do corpo. Os olhos são de tamanho variável. As fêmeas são geralmente mais claras (marrom ferrugínea), com asas não funcionais e antenas bem mais curtas que a dos machos. Os olhos também são bem menores que nos machos e em geral um pouco salientes. O inseto é de metamorfose completa, passando pelos estádios de ovo, larva, pupa e adulto (Figura 6), mas a duração completa de seu ciclo ainda não é perfeitamente conhecida, estimando-se que esteja entre 1 a 2 anos (TERÁN et al., 1983), porém uma parcela da população pode completar o ciclo em três anos (ARRIGONI, 1995). Nos meses quentes e úmidos, entre novembro e março, ocorrem as revoadas, geralmente precedidas por chuvas (TERÁN et al., 1984; ARRIGONI et al., 1986). Os machos que saem para a superfície do solo se mostram agitados e voam buscando as fêmeas, atraídos pelo potente feromônio sexual que elas liberam. As fêmeas vagueiam pelo solo e podem ser copuladas por vários machos. Fêmeas e machos não se alimentam e vivem às custas de suas reservas energéticas. Depois da cópula, que em geral ocorre no primeiro dia em que surgem na superfície do solo, as fêmeas de 7 a 38 dias, retornando imediatamente para o solo. Cada fêmea oviposita de 14 a 45 ovos, a diferentes profundidades, podendo chegar até a 4 m. Os machos vivem de 4 a 7 dias. Os ovos são brancos, de formato ovóide e medem de 6 a 7 mm. A eclosão das larvas ocorre de 20 a 22 dias depois da postura, e elas são de cor branco-leitosa, de formato cerambiciforme, ápodas e com a parte anterior do corpo mais alargada do que as demais. Quando recém- eclodidas, provavelmente se alimentam de matéria orgânica. Passam, possivelmente, por sete ínstares larvais, atingindo, quando completamente desenvolvidas, cerca de 60 mm de comprimento. A pupa é livre, branco-amarelada e fica protegida na câmara pupal, geralmente abaixo de 1,5 m de profundidade. Os adultos aparentemente emergem de 3 a 4 meses antes da revoada e no início são pouco móveis, permanecendo na câmara pupal até o começo da época de acasalamento (revoada), quando então sobem à superfície (TERÁN et al., 61

62 1983; ARRIGONI, 1988a, 1988b). Enquanto permanecem na câmara pupal, os adultos apresentam a região abdominal expandida e são muito sensíveis à umidade, o que, de acordo com ARRIGONI, (1988b), seja o fator mais importante para predispô-los às revoadas após o início das chuvas. As larvas possuem grande mobilidade no solo e, durante sua movimentação, formamse numerosos canais ou galerias, posteriormente usados pelos adultos para atingir a superfície do solo. As populações de larvas são mais elevadas na camada superficial do solo na época fria e seca do ano. Embora possam ocorrer em qualquer tipo de solo, os sintomas de ataque são mais severos em solos arenosos, onde as plantas têm menos condições de suportar danos devido às restrições nutricionais e principalmente de água. Além da cana-de-açúcar, Migdolus spp ataca várias outras plantas cultivadas, como café, feijão, mandioca, algodão, além de eucalipto, várias gramíneas utilizadas em pastagens e cipós nativos (BENTO et al., 2004). 62

63 Figura 6. Macho, fêmea, adultos em acasalamento e larvas de M. fryanus (Fotos: G.C. PIUBELLI e L.L. DINARDO-MIRANDA). Os danos são causados pelas larvas que atacam o sistema radicular, danificando tanto as raízes superficiais como as mais profundas. Também atacam os rizomas (internódios basais localizados abaixo da superfície do solo), abrindo galerias. Em conseqüência da destruição das raízes e rizomas, as plantas não se desenvolvem, amarelecem, secam e morrem, reduzindo drasticamente o estande e a produtividade do canavial. Em reboleiras severamente infestadas, pode ocorre destruição total do canavial (Figura 7). Geralmente, há redução na longevidade da lavoura. 63

64 Figura 7. Reboleira de plantas atacadas por Migdolus: canavial adulto em vista aérea (à esquerda) e canavial recém-cortado (à direita) (Fotos: M.A. P. LIMA; L.L. DINARDO-MIRANDA). 2. Manejo de áreas infestadas a) Amostragens de rotina em áreas de reforma Em áreas cultivadas com cana-de-açúcar, as amostragens para estimar as populações de pragas de solo devem ser feitas, rotineiramente, logo após o último corte do canavial e antes da destruição da soqueira, o que coincide, normalmente, com o período mais seco do ano, quando as populações são mais elevadas. O método de levantamento mais utilizado é o proposto por ARRIGONI et al. (1988), que consta de 2 pontos de amostragem por ha, e em cada ponto abre-se, na linha de cana, uma cova de 0,50 m de largura por 0,50 m de comprimento e 0,30 m de profundidade. O IAC, entretanto, recomenda que sejam feitos pelo menos 6 pontos por ha, pois estudos preliminares indicam que, quando a praga ainda está em população não muito alta, ela pode causar perdas severas à cultura, mas geralmente não é detectada em amostragens feitas em somente 2 pontos/ha. Especialmente para S. levis, o aumento no número de pontos amostrados por hectare, durante levantamento, é extremamente importante. O solo e material vegetal contidos na cova são vistoriados, anotando-se em ficha apropriada (figura 8) a ocorrência de danos nas touceiras, a presença de cupins e de outras pragas de solo (Migdolus, S. levis e outros). Para cupins, deve-se atribuir nota em função do número de indivíduos presentes (0 = sem cupins; 1 = 1 a 10 indivíduos; 2 = 11 a 100 indivíduos; 3 = mais de 100 indivíduos). Os soldados devem ser coletados, colocados em vidros com álcool 70% ou formol para identificação da(s) espécie(s) presente(s). É importante identificar as espécies de cupins ocorrentes, pois, como anteriormente citado, há espécies mais daninhas à cana-de-açúcar que outras. 64

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