METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
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- Benedicto Pedroso Penha
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1 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
2 Objetivo: Realizar leitura crítica. Nesta aula: Pensamento crítico Dialética
3 Todo homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo. Schopenhauer CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PENSADOR CRÍTICO Para desenvolver a habilidade crítica, é preciso saber avaliar. Essa é uma etapa importante para o aperfeiçoamento de sua capacidade de pensar.
4 Argumentos ruins são os que: TÉCNICA PARA AVALIAR OS ARGUMENTOS (CRITICAR). Exageram (dados imprecisos), Partem de fontes duvidosas (blogs, facebook, revistas não científicas etc), Se apoiam em pesquisas e dados científicos antigos e superados, São incoerente e sem lógica (falácias, não obedecem as relações de causa e efeito, não explicam a tese, são subjetivos, emocionais), Derivam de preconceitos, Não valem para o contexto, o momento e a situação em questão, São tendenciosos (os autores estão pessoalmente comprometidos com a questão).
5 Assista ao vídeo da palestra de Ken Robinson: As escolas matam a criatividade. v=icfou4vf0aq&feature=related> O objetivo dessa técnica é que você passe a considerar apenas os argumentos fortes e irrefutáveis (os que resistiram à análise). Para exercitar o que aprendeu, leia o texto seguinte Cotas e, depois, pesquise outros em sentido contrário para amadurecer seu posicionamento. Pesquise também sobre o autor. Cotas Ives Gandra da Silva Martins Hoje, tenho eu a impressão de que o cidadão comum e branco é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos. Assim é que, se um branco, um índio ou um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles. Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior.
6 Os índios, que pela Constituição (art. 231) só deveriam ter direito às terras que ocupassem em 5 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado. Menos de meio milhão de índios brasileiros não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios que pretendem ser beneficiados também passaram a ser donos de 15% do território nacional, enquanto os outros 183 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% dele. Nesta exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não índios foram discriminados Os homossexuais obtiveram, do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef, o direito de ter um congresso financiado por dinheiro público, para realçar as suas tendências, algo que um cidadão comum jamais conseguiria. Os invasores de terras, que violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que o governo considera, mais que legítima, meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem este privilégio, porque cumpre a lei. Aos quilombolas, que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito. Desertores e assassinos, que, no passado, participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de 4 bilhões de reais o que é retirado dos pagadores de tributos para ressarcir àqueles que resolveram pegar em armas contra o governo militar ou se disseram perseguidos.
7 E são tantas as discriminações, que é de se perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema? Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios. Os argumentos são convergentes (todos os argumentos contribuem para a demonstração da tese)? Ou o autor se contradiz e cai em incoerências? Os argumentos apresentados pelo autor são objetivos ou subjetivos? O autor foi neutro ao escrever? Ou revelou uma ideologia, preconceito e preferência? Explique. As ideias e argumentos são originais/criativas ou reproduzem ROTEIRO DE LEITURA CRÍTICA Para fazer leitura crítica podemos sugerir algumas perguntas: Os argumentos utilizados pelo autor para defender a tese são coerentes? Avalie cada um deles, separe os fracos e os fortes em colunas. Os argumentos apresentados são corretos, confiáveis, proporcionais, equilibrados, foram demonstrados, são lógicos, atuais e aceitáveis? (Se há falha na argumentação, onde está ela?). Identifique exageros e falácias (argumentos falsos). o senso comum? (Afirmam o senso comum ou instauram paradoxos). Aponte uma ideia inovadora no texto. De que modo o contexto interfere na mensagem? O autor tem autoridade, experiência, estudo e isenção para falar sobre o assunto? (tem credibilidade?) O texto ofende ou afirma princípios éticos? Identificar aspectos moralizadores/ideológicos do texto, mas sempre estimulando a reflexão e não como dogma.
8 Quem ganha e quem perde com as ideias veiculadas pelo texto? O autor tem autoridade e legitimidade para falar sobre o tema? Existe no texto alguma contradição, incoerência ou fuga do tema? A linguagem e a estrutura do texto estão adequadas? As partes do texto estão bem encadeadas? O texto é progressivo (evolui) ou é repetitivo? A partir dos bons argumentos de todo o material investigado (textos), você terá dados consistente para pensar criativamente e com originalidade. Ponderando os prós e os contras você poderá PENSAR numa solução diferente das originais que supere o problema! A última etapa é a comprovação e a correção da hipótese. (Já vimos isso aula passada, você se lembra?) Hipótese significa tese frágil. A fragilidade da hipótese decorre do fato de ela ainda não ter sido comprovada. Se comprovarmos nossas hipóteses, testando-as ou racionando com lógica sobre elas, elas se transformam em novas teses (teorias ou propostas de solução). Eliminados os argumentos fracos e relacionando apenas os bons argumentos dos textos, você pode harmonizá-los, chegando a uma síntese. Da síntese surgirá sua hipótese ou sua ideia de solução, que deve ser diferente e melhor do que as posições estudadas nos textos lidos, pois considera e pacifica as divergências, superando as contradições e falhas.
9 Síntese A síntese reconstitui as partes separadas na análise (é a junção dos argumentos bons que podem ser reaproveitados na solução nova). É uma terceira posição que soma o que há de aproveitável nas ideias anteriores. Problema Investigar Observar Pesquisar Ler Teses Antíteses Buscar soluções Síntese e sua hipótese
10 Para exemplificar, vamos imaginar dois textos sobre o problema da adoção de crianças por casais homossexuais : Para avaliar os erros e acertos de cada posicionamento é preciso ter raciocínio lógico e informação. Análise do texto 1 Análise do texto 2 Tese Homossexuais devem adotar crianças, pois Argumento (pois): 1- Pelo princípio da igualdade, ninguém pode ser discriminado em razão do sexo, portanto a lei não pode impedir a adoção. 2- Se os homossexuais podem se casar, também poderão ter filhos. 3- Há crianças que ninguém quer adotar (doentes, grandes etc.). 4- Os homossexuais podem dar amor e educação do mesmo modo que os heterossexuais. (Anti) Tese (tese contrária) Homossexuais não devem adotar crianças, pois Argumento (pois): 1- O homossexualismo contraria a determinação de algumas religiões. 2- É uma prática imoral e condenada pela sociedade. 3- As crianças serão vítimas de preconceito. 4- Poderão ter problemas emocionais. Depois de analisar os textos, passamos à crítica. Nesse momento, avaliamos os dados, julgando a coerência de cada um deles.
11 JUSTIFICANDO A CRÍTICA AOS ARGUMENTOS 1 E 2 DO TEXTO 2 Depois de avaliar os textos devemos refletir sobre eles Refletir é comparar as teses diferentes sobre determinado problema, ponderando sobre elas para finalmente formular uma síntese. Eliminados os argumentos fracos, agora devemos pensar numa solução a partir de todos os argumentos bons. Para isso devemos relacionar os dados da investigação (textos 1 e 2)! A solução proposta parte da síntese dos argumentos bons (e leva a uma nova tese). SÍNTESE Considera os bons argumentos e prepara a resposta pessoal e nova que daremos a um determinado problema, depois estudar as diversas propostas já existentes.
12 Veja a hipótese sugerida: Solução Homossexuais devem adotar mas (como o preconceito é real) o Estado deve propiciar acompanhamento psicológico à família, bem coo implantar políticas educacionais mais firmes que combatam o preconceito. ATENÇÃO Observe que a solução considera e enfrenta também o argumento contrário! Harmonizando esses bons argumentos, devo propor minha hipótese (minha sugestão para resolver o impasse). Se essa sugestão for comprovada por teses e raciocínios corretos, se tornará uma nova tese. Reflete sobre os dois lados da questão (sobre os dados dos dois testos que apoiaram a investigação - harmonizando a tese e antítese!) Por isso a dialética é uma maneira inteligente de lidar com os problemas, pois ela traz uma solução equilibrada e madura!
13 A LEITURA DO INVESTIGADOR COMPETENTE
14 Quem só lê o que concorda consigo torna-se intolerante e estagnado do ponto de vista intelectual.
15 "No fim das contas, penso que devemos ler somente livros que nos mordam e piquem. Se o livro que estamos lendo não nos sacode e acorda como um golpe no crânio, por que nos darmos ao trabalho de lê-lo? Para que nos faça feliz, como diz você? Meu Deus, seríamos felizes da mesma forma se não tivéssemos livros. Livros que nos façam felizes, em caso de necessidade, poderíamos escrevê-los nós mesmos. Precisamos é de livros que nos atinjam como o pior dos infortúnios, como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos, que nos façam sentir como se tivéssemos sido banidos para a floresta, longe de qualquer presença humana, como um suicídio. Um livro tem de ser um machado para o mar gelado de dentro de nós. É nisso que acredito". (Kafka)
16 DESAFIOS A SEREM EVITADOS Se a aparência e a essência das coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária Karl Marx
17 REFERÊNCIAS E LEITURAS RECOMENDADAS: APPOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de metodologia científica: um guia para a produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007, p. 73 D ONOFRIO, Salvatore. Da Odisséia ao Ulisses: evolução do gênero narrativo. São Paulo: Duas Cidades, D ONOFRIO, Salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. São Paulo: Atlas, GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. O ensino jurídico e a produção de teses e dissertações. São Paulo: Edgard Blucher, LIPMAN, Matthew. A filosofia vai à escola. São Paulo: Summus Editorial, A filosofia na sala de aula. São Paulo: Nova Alexandria, O pensar na educação. Petrópolis: Vozes, LORIERI, Marcos Antônio. Filosofia no ensino fundamental. São Paulo: Cortez, MATTAR, Fauze. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, MEZZAROBA, Orides. Manual de metodologia da pesquisa no direito. São Paulo: Saraiva, 2004 REY, Luís. Planejar e redigir trabalhos científicos. São Paulo: Edgard Blucher, ROCHA, Ailton Schramm. Metodologia da pesquisa em direito e filosofia. São Paulo: Saraiva, RODRIGUES, Zuleide Blanco. Desenvolvendo habilidades básicas de pensamento: possibilidades de reflexão e pensar correto. Disponível em: < desenvolvendohabilidades.htm>. Acesso em 14 mar SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez, SUCHODOLSKI, Bogdan. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. Lisboa: Livros Horizonte, s/d.
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