Plano de Aula: HERMENEUTICA JURÍDICA II INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - CCJ0003
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- Heloísa Mirella Prada Porto
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1 Plano de Aula: HERMENEUTICA JURÍDICA II INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - CCJ0003 Título HERMENEUTICA JURÍDICA II Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 12 Tema HERMENEUTICA JURÍDICA II. Objetivos Distinguir: - as diversas formas de interpretação das leis. - os princípios possibilitadores da resolução dos conflitos a partir da utilização da hermenêutica jurídica, à luz dos princípios constitucionais. - os diversos critérios de solução das antinomias. - Trabalhar solução de antinomias em Nível Constitucional : Caso da Vaquejada? 2016 ( art. 216, CF vs. art.225, CF ) Estrutura do Conteúdo Como sempre, antes da aula, você deve ler das páginas 166 a 172,capítulo 9. Hermenêutica Jurídica, do livro texto Livro didático de introdução ao estudo do Direito, Solange Ferreira de Moura [organizador]. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá,1ª. Ed ESTRUTURA DE CONTEÚDO DESTA AULA: Hermenêutica Jurídica Espécies de interpretação 166 Em função da amplitude 166 Em função da fonte da interpretação 166 Antinomias jurídicas 168 Classificação das antinomias quanto aos critérios de solução 168 Antinomias solúveis (Aparentes) 168 Antinomias insolúveis (Reais) 169 Insuficiência de critérios de solução 169 Parâmetros aplicáveis na falta de critérios de solução da antinomia 170 Critério com respeito à forma 170 Critério com respeito ao caso concreto 170 Conflito de critérios de solução de antinomias 171 Conflito entre o critério hierárquico e o critério cronológico 171 Conflito entre o critério de especialidade e o critério cronológico 171 Conflito entre o critério hierárquico e o critério de especialidade 172 UM ESBOÇO CONCEITUAL DOS TÓPICOS RELACIONADOS: Espécies de interpretação Em função da amplitude: - Interpretação extensiva: é tida como aquela em que o intérprete ultrapassa os limites da literalidade do texto da norma. Em geral, está alinhada com o processo teleológico de interpretação, na ampliação de sentido do comando legal, a fim de concretizar a finalidade social da norma. É uma interpretação aplicável
2 naqueles casos em que a expressão literal da norma diz menos do que deveria, sendo cabível uma extensão hermenêutica de seu sentido, para que ela alcance maior número de situações. - Interpretação estrita ou restritiva: aplicável naqueles casos em que a realização da finalidade social da norma exige uma exegese quase literal de seu texto ou, em casos menos frequentes, até uma interpretação mais restrita do que a própria expressão literal da lei. Comportam interpretação restritiva aquelas normas chamadas de excepcionais, que fogem a uma sistemática geral do ordenamento jurídico, ao disciplinar situações pontuais. Outra hipótese menos frequente ocorre quando o legislador previu um comando mais aberto quando a questão jurídica demandava um tratamento mais específico. Neste caso, a correção hermenêutica se dá por meio de uma redução do alcance da norma em relação à sua própria expressão literal. Em função da fonte da interpretação: - Interpretação autêntica: é aquela dada pelo próprio legislador e ocorre quando uma lei é interpretada por outra lei, a chamada lei interpretativa, que normalmente é editada quando existe uma grande divergência na jurisprudência e na doutrina sobre o sentido de um texto legal determinado, levando o legislador a editar outra regra voltada a pacificar a controvérsia existente na comunidade jurídica. Uma outra modalidade de interpretação autêntica seria a inserção de definições de conceitos jurídicos no texto legal, a fim de evitar interpretações contraditórias e fornecer uma orientação mais segura aos aplicadores do direito. Ressalte-se que só é considerada interpretação autêntica aquela dada pelo mesmo órgão que elaborou a norma, conceito inaplicável quando um regulamento interpreta uma lei, por exemplo. - Interpretação jurisprudencial: tem a sua base no entendimento hegemônico (majoritário) dos tribunais a respeito de uma questão jurídica, exatamente o que na teoria das fontes de direito se denomina simplesmente de jurisprudência. Cabe destacar que a função dos tribunais no direito brasileiro é essencialmente de interpretação e aplicação das leis, não tendo eles função criadora das normas, diferentemente do que ocorre na tradição jurídica do Common Law, em que o direito nasce d os precedentes jurisprudenciais. Diante de tal quadro, a interpretação jurisprudencial, principalmente a dos Tribunais Superiores tem um peso simbólico junto ao Poder Judiciário como um todo e à comunidade jurídica, mas não tem natureza obrigatória, podendo ser seguida ou não, fora das ações judiciais em que foram proferidas as decisões respectivas, ressalva feita às chamadas súmulas vinculantes. - Interpretação administrativa: no exercício de suas atividades, a administração pública é regida por um princípio de legalidade estrita, segundo o qual as suas ações devem se dar nos precisos limites da lei. Diante de tal realidade, os entes públicos lançam mão de diversos instrumentos de padronização interpretativa, a fim de dar maior segurança e transparência para a atividade de seus agentes, tais como pareceres de órgãos técnicos e de consultoria jurídica, que fornecem uma interpretação que será seguida pelos órgãos vinculados ao ente público respectivo ou mesmo da edição de atos regulamentares de natureza interpretativa (Decretos do Chefe do Poder Executivo, resoluções, circulares, orientações normativas etc.). Esse tipo de diretriz obviamente será obrigatória no que tange à atuação dos agentes da estrutura administrativa em questão e à sua interação com os cidadãos, sendo sempre passível de revisão pela via judicial. - Interpretação doutrinária: os estudiosos do direito também podem dirigir esforços à interpretação de normas jurídicas em vigor, a fim inclusive de auxiliar os profissionais de direito no manejo de uma determinada legislação. Tal interpretação não é, contudo, obrigatória e admite uma multiplicidade de entendimentos, justamente por não ter caráter oficial, sendo produto de uma reflexão pessoal dos doutrinadores. As Antinomias O estudo das antinomias jurídicas relaciona-se à questão da consistência do ordenamento jurídico, à condição de um ordenamento jurídico não apresentar simultaneamente normas jurídicas que se excluam mutuamente, isto é, que sejam antinômicas entre si, a exemplo de duas normas, em q ue uma manda e a outra proíbe a mesma conduta. Há vários tipos de antinomias, porém, dividem -se basicamente em antinomias aparentes passíveis de solução, e antinomias reais são aquelas onde o intérprete é abandonado a si mesmo, ou pela falta de um critério ou por conflito entre os critérios dados. a) Critério Cronológico: na existência de duas normas incompatíveis, prevalece a norma posterior. Este critério é anunciado pelo brocardo jurídico: lex posterior derogat legi priori. Essa regra se explica pelo fa to de a eficácia da lei no tempo ser limitada ao prazo de sua vigência, que começa com a sua publicação e perdura até a sua revogação. Assim, a lei só começa a produzir seus efeitos após entrar em vigência e deixa de produzi-los depois de revogada. Como ensina Norberto BOBBIO, "Do princípio de que a lei só tem eficácia durante a vigência, resulta que nenhuma lei pode aplicar-se a fatos anteriores (nenhuma lei tem efeito retroativo). O único caso de retroatividade permissível é da lei penal favorável ao réu."[1] b) Critério Hierárquico: também chamado de Lex superior, porque inspirado na expressão latina lex superior derogat legi inferiori. Por esse critério, na existência de normas incompatíveis, prevalece a hierarquicamente superior. O contrário, uma norma inferior revogar uma superior é inadmissível. c) Critério da Especialidade: também denominado Lex specialis, em função da expressão latina lex specialis derogat legi generali. Por esse critério, se as normas incompatíveis forem geral e especial, prevalece a segunda. O entendimento que norteia esse critério diz respeito à circunstância de a norma especial contemplar um processo natural de diferenciação das categorias, possibilitando, assim, a aplicação da lei especial aquele grupo que contempla as peculiaridades nela presentes, sem ferir a norma geral, ampla por demais. Além do mais, a aplicação da regra geral importaria no tratamento igual de
3 pessoas que pertencem a categorias diferentes, e, portanto, numa injustiça. OBS: Conflito entre critérios Conflito entre critério hierárquico e o cronológico? Norma anterior-superior é antinômica em relação a uma norma posterior-inferior. A norma anterior-superior prevalece. Conflito entre critério de especialidade e o cronológico? Norma anterior especial é incompatível com uma norma posterior geral. A norma anterior especial prevalece. Conflito entre o critério hierárquico e o da especial? Norma superior geral incompatível com norma inferior especial. Dependerá de cada caso. HERMENÊUTICA : POLIAMOR É NEGADO PELO SUPREMO E PELO STJ Muito se tem falado ultimamente sobre poliamor. São relações interpessoais amorosas de natureza poligâmica, em que se defende a possibilidade de relações íntimas e duradouras com mais de um parceiro simultaneamente. No plano dos afetos ou gostos ou preferências não discutimos o poliamor. Resta saber se esse tipo de relação múltipla pode ou não gerar efeitos jurídicos e efeitos na órbita do direito de família. ANTINOMIA : CASO VAQUEJADA? STF (NOTÍCIA? MIGALHAS? 2016) - STF+Lei+que+regulamenta+vaquejada+no+CE+e+inconstitucional (VOTO? VISTA : MINISTRO DIAS TOFFOLI)? DEFENDE QUE É MANIFESTAÇÃO CULTURAL (VOTO MINISTRO MARCO AURÉLIO? INTERPRETAÇÃO "BIOCÊNTRICA" DO ART. 225, CF)
4 Aplicação Prática Teórica CASO CONCRETO: STF reconhece união homoafetiva Ao julgarem a ADIn 4277 e a ADPF 132, ministros reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo. Ações foram ajuizadas, respectivamente, pela PGR e pelo governo do RJ. Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADIN nº. 4277/DF e da ADPF nº. 132/RJ, propostas pela Procuradoria Geral da República e pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, respectivamente. Os acionantes pediam, em relação à ADIN nº. 4277/DF, a declaração de inconstitucionalidade do art do Código Civil Brasileiro e a extensão, em relação à ADPF nº. 132/RJ, aos servidores públicos homossexuais do Estado do Rio de Janeiros dos direitos até então reservados aos servidores heterossexua is. O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3º, inciso IV, da CF/88 veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua preferência sexual. "O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica", observou o ministro, para concluir que qualquer depreciação da união estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV do artigo 3º da CF. Os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso, bem como as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie acompanharam o entendimento do ministro Ayres Britto, pela procedência das ações e com efeito vinculante, no sentido de dar interpretação conforme a CF para excluir qualquer significado do artigo 1.723, do CC, que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Veja os dispositivos legais elencados: Art. 226, 3º da Constituição da República, in verbis: Art A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. A chamada Lei da União Estável, Lei nº. 9278/ 1996 regulamentou este dispositivo constitucional, seu art. 1º traz o seguinte texto: Art. 1º É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família. Ou seja, apenas repetiu o que consta na regra da norma constitucional supracitada. CÓDIGO CIVIL Art É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Considerando a interpretação gramatical das normas, seria impossível esta decisão do STF. Então, como hermeneuticamente pode ser fundamentada a decisão do STF? Podemos afirmar tratar-se de uma questão de opinião da maioria dos Ministros? QUESTÕES OBJETIVAS 1 - O método de interpretação das normas constitucionais segundo o qual se procura identificar a finalidade da norma, levando-se em consideração o seu fundamento racional, é o método a) literal. b) gramatical. c) histórico. d) sistemático. e) teleológico. 2 - A respeito da Hermenêutica do Direito, analise as proposições: I- Hermenêutica e Interpretação não se confundem, enquanto a hermenêutica é teórica e visa a estabelecer princípios, a interpretação é de cunho prático, aplicando os ensinamentos da hermenêutica. II- Com a interpretação extensiva, o intérprete constata que o legislador não usou propriamente os termos e disse menos do que queria afirmar. III- Na analogia juris, amplia-se a significação das palavras até fazê-las coincidir com o espírito da lei. IV- Quanto ao resultado, diz-se ser a interpretação autêntica quando emana do próprio órgão competente para a edição do ato interpretado.
5 A alternativa que corretamente julga as assertivas é: a) as proposições I, II, III e IV estão corretas. b) as proposições I, II e III estão corretas. c) as proposições I e II estão corretas. d) as proposições III e IV estão corretas.
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