mesma quantidade que a junção cemento-esmalte, mantendo assim a mesma quantidade de inserção
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- Domingos Belo Varejão
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1 Entrevista diretamente com o tipo e quantidade de tecido gengival que está presente em cada paciente. Se um paciente tiver um biotipo de tecido espesso, então isto poderia oferecer proteção ao dente, prevenindo a recessão. Porém, se o paciente tem uma zona estreita de gengiva e tem um biotipo de tecido fino, então a recessão pode ser mais provável durante o fechamento do espaço. Terceiro, eu tenho cuidado ao escolher os casos quanto ao fechamento de espaço. Eu quero que a crista edêntula tenha pelo menos a metade da largura do dente que estou movendo para essa área. No momento, eu não tenho nenhuma evidência de pesquisa para apoiar esta filosofia. Este simplesmente é um julgamento empírico que eu faço com cada paciente. Se a largura da crista tem pelo menos a metade da largura do molar, então eu acredito que o alvéolo mostrará remodelação favorável, à medida que os segundos molares se movem para uma crista alveolar mais atrésica. 2) Alguns relatos de pesquisa têm sugerido reinserção da membrana periodontal com intrusão, em pacientes com perda óssea e incisivos extruídos. Qual é a sua abordagem nestes casos específicos? Marcos Janson Eu discordo das reivindicações de alguns pesquisadores de que a intrusão de dentes periodontalmente envolvidos resulta em reinserção do ligamento periodontal e no aumento na quantidade de inserção clínica. Eu tenho intruído e esplintado dentes durante anos em muitos adultos. Nestes casos, o osso segue os dentes, à medida que são intruídos. Este processo ajuda a manter o espaço biológico do paciente. Na verdade, um de meus estudantes de pós-graduação está agora envolvido em um projeto de pesquisa que está medindo a distância da junção cemento-esmalte para o nível ósseo alveolar, antes e após significante intrusão de incisivos superiores e inferiores. Nós selecionamos uma amostra grande de pacientes e publicaremos esta informação depois que o projeto estiver concluído, em meados de Entretanto, até o momento, parece que, à medida que os dentes são intruídos, o nível ósseo move-se apicalmente a mesma quantidade que a junção cemento-esmalte, mantendo assim a mesma quantidade de inserção periodontal. 3) A Implantologia cria opções para melhorar a restauração estética dos dentes anteriores superiores. Que aspectos são importantes quando os implantes substituirão incisivos laterais superiores congenitamente ausentes, especificamente em relação ao sucesso em longo prazo da papila? Marcos Janson O sucesso estético de coroas de implante de incisivo laterais superiores não está relacionado somente à cor da restauração de porcelana, mas também está relacionado diretamente ao nível da margem gengival vestibular e às alturas das papilas que moldam a coroa do implante. As alturas das papilas podem ser positivamente ou negativamente afetadas pelo tratamento ortodôntico. Há três pontos importantes para o ortodontista lembrar em relação à margem gengival e à papila. Em primeiro lugar, os pacientes que nós tratamos são relativamente jovens. Em muitos casos, as margens gengivais sobre os incisivos centrais, após tratamento ortodôntico, não estão no seu nível adulto. Na maioria dos adultos, a margem gengival deveria estar a aproximadamente 1mm da junção cemento-esmalte. Porém, em pacientes ortodônticos adolescentes, a margem gengival pode estar a 2 ou 3mm, ou mais, da junção cemento-esmalte. Portanto, antes do implante ser colocado na posição do incisivo lateral, a margem gengival e o osso devem ser posicionados apicalmente através de cirurgia, assim as eventuais margens gengivais e papila serão corrigidas esteticamente na vida adulta. Um segundo ponto para se lembrar é que a quantidade de espaço entre o implante e o dente adjacente afeta a altura da papila após a restauração de implante. Uma regra geral é que quanto mais estreito o espaço entre implante e dente adjacente, mais curta será a papila naquela região. Então, o ortodontista tem que prover espaço suficiente, de forma que o cirurgião terá 1mm pelo menos, ou mais, entre o implante e o dente adjacente. O terceiro R Dental Press Ortodon Ortop Facial 20 Maringá, v. 11, n. 6, p , nov./dez. 2006
2 kokich, v. g. ponto para se lembrar é que a direção do movimento dentário, durante a abertura ortodôntica de espaço para um implante de incisivo lateral, afetará a estética papilar. À medida que um incisivo central e um canino são separados, a papila permanecerá próxima ao dente que não é movido. Uma depressão gengival chamada Atherton s Patch é formada adjacente ao dente que está se movendo, durante a abertura espacial. Em crianças, o Atherton s Patch é temporário e tende a melhorar com a irrupção dos dentes. Porém, em adultos esta depressão na gengiva afeta a altura papilar e pode exigir técnicas cirúrgicas especiais para melhorar a estética papilar. 4) Adultos podem ser tratados diferentemente dos pacientes ortodônticos jovens? Nesse caso, como e de que modo? Leopoldino Capelozza Filho Pacientes ortodônticos adultos podem ou não diferir de pacientes ortodônticos adolescentes, dependendo da severidade da má oclusão, da quantidade de restaurações, de trauma prévio ou abrasão dos dentes, da suscetibilidade para doença periodontal, dos distúrbios temporomandibulares e do histórico de cáries. Embora esses aspectos pareçam difíceis de superar, durante o tratamento de um paciente adulto, é possível administrar estes problemas adicionais com ajuda de nossa equipe de Odontologia. A Odontologia interdisciplinar é freqüentemente requisitada para administrar o tratamento de um paciente ortodôntico adulto. Eu estou trabalhando habitualmente com periodontistas, endodontistas cirurgiões-bucais e maxilofaciais, como também o dentista restaurador, para tratar de modo completo uma má oclusão no adulto. Os ortodontistas têm que perceber que a Ortodontia pode ser apenas uma pequena parte de um plano de tratamento adulto. Os ortodontistas apenas fazem parte do time interdisciplinar. Uma das vantagens maravilhosas no tratamento de um adulto é que eu tenho vários anos de história para observar na boca de um paciente, o que me dará um entendimento melhor do potencial de problemas durante o tratamento de cada um deles. Eu acredito que os ortodontistas não entendem como usar a história do passado do paciente odontológico para moldar e determinar o plano de tratamento apropriado para cada paciente ortodôntico adulto. 5) Ao avaliar um paciente ortodôntico adulto, como você determina a oclusão apropriada a produzir para cada paciente? Leopoldino Capelozza Filho Esta área é onde os ortodontistas cometem erros. Eles acreditam que todo adulto tem que ter uma oclusão perfeita em Classe I de Angle, ao término do tratamento ortodôntico. Esta idéia é absurda. Muitos adultos viveram por muitos anos com uma má oclusão. Essa má posição dentária pode não estar causando nenhum problema ao paciente. Talvez o paciente precise simplesmente ter seus dentes alinhados, ter espaço aberto para restaurações, arcos nivelados para melhorar problemas de sobremordida, dentes irrompidos para superar problemas periodontais ou dentes verticalizados para restaurações futuras. Nestes casos, uma oclusão Classe I de Angle ideal pode não ser necessária, especialmente se o paciente não tem DTM, nenhum problema periodontal ou nenhuma abrasão dentária. Sim, há razões para estabelecer uma oclusão Classe I de Angle em alguns adultos, mas nem sempre é necessário. Eu uso minha equipe interdisciplinar para ajudar a determinar a oclusão apropriada para cada paciente. Em quase todos os adultos que eu trato, construo um modelo em cera para simular a eventual oclusão. Isso é extremamente útil, de forma que todos os participantes no tratamento do paciente terão uma compreensão das metas e eventual resultado da porção ortodôntica do tratamento. 6) Com base em sua experiência tratando adultos, que preocupações pós-tratamento os ortodontistas deveriam considerar ao tratar pacientes ortodônticos adultos? Leopoldino Capelozza Filho Com as crianças e adolescentes, as preocupações pós-tratamento giram em torno da contenção. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 21 Maringá, v. 11, n. 6, p , nov./dez. 2006
3 Entrevista Muitos pacientes jovens não são bons em usar placas contensoras depois que os aparelhos fixos são removidos. Adultos são tipicamente mais cooperativos quanto ao uso de retentores ortodônticos. Provavelmente minha preocupação maior pós-tratamento com pacientes adultos seria o acompanhamento do tratamento periodontal e restaurador, que é necessário após a Ortodontia. O tratamento interdisciplinar do adulto pode durar vários anos. Alguns pacientes simplesmente se cansam do processo, ficam sem dinheiro, perdem seu seguro de saúde ou mudam sua atitude sobre a importância dos seus dentes. É por isso que o processo de trabalho de equipe é tão importante. O paciente precisa ter uma visão do processo inteiro, antes de iniciar qualquer tratamento. Por isso a equipe tem que continuar encorajando e informando os pacientes ao longo de todo o processo de tratamento, de forma que eles mantenhase focalizados até que as restaurações finais sejam feitas. 7) Que contribuições o Conselho Americano de Ortodontia (American Board of Orthodontics) tem oferecido à Ortodontia e aos ortodontistas americanos? Jorge Faber Esta é uma excelente pergunta. Para respondê-la, tenho que fornecer alguma história de fundo. Quando o ABO foi criado, em 1929, os fundadores olhavam a certificação de maneira diferente da atual. O ABO foi o primeiro Conselho em toda a Odontologia. Ser certificado era considerado uma honra, não uma exigência. Na realidade, eu tenho certeza que os primeiros proponentes do ABO acreditavam que apenas alguns dos melhores ortodontistas poderiam atingir este nível de excelência. Durante os últimos 75 anos, o processo de certificação em Conselhos assumiu um significado totalmente diferente nos Estados Unidos. Em Medicina, a certificação é requerida como uma qualificação de nível para poder tratar o paciente. Na verdade, a re-certificação é norma em toda a Medicina e na maioria da Odontologia, inclusive na Ortodontia. A certificação pelo Conselho de Ortodontia também se tornará uma qualificação de nível para ingresso. Em alguns anos, os residentes farão a fase III do exame clínico e estarão certificados após se formarem em um programa de Ortodontia. Porém, esta certificação terá limite de prazo e o indivíduo terá de renovar seu certificado algumas vezes durante a sua carreira em Ortodontia. Essa é uma excelente idéia. Isto é o que um conselho de certificação deveria ser. O Conselho Americano de Ortodontia deu uma ferramenta de medida à profissão, e todo ortodontista pode medir a qualidade do seu trabalho em qualquer paciente e saber se este atenderia aos padrões do Conselho. Isto no futuro ajudará não só a elevar a qualidade da Ortodontia, mas também melhorará a qualidade da educação ortodôntica, porque falhar ao ser certificado, após a conclusão de um programa ortodôntico, refletirá no mesmo e ajudará aquele programa a melhorar sua instrução. Estes são passos bons e necessários na evolução do processo de certificação do Conselho. 8) Que benefícios recebem os ortodontistas quando são certificados pelo Conselho Americano de Ortodontia (American Board of Orthodontics)? Jorge Faber No passado, a certificação dada pelo Conselho era um assunto pessoal. O ortodontista certificado tinha um sentimento de realização. Porém, num futuro muito próximo, as coisas serão diferentes. Com todos os residentes tendo a oportunidade de serem certificados diretamente pelos seus programas de residência, eventualmente haverá poucos ortodontistas não certificados. Então, esses que não são certificados estarão em desvantagem aos olhos do público. Isto é como deveria ser. Mas lembre, o ABO não representa a comunidade ortodôntica. O ABO existe para proteger o público e assegurar que um ortodontista certificado é qualificado para tratar os pacientes. Nós ainda estamos longe de alcançar esta meta, mas isso já foi obtido em Medicina e já é tempo da Odontologia, especificamente a Ortodontia, sair do atraso para os dias atuais, no que se refere à certificação e processo de re-certificação. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 22 Maringá, v. 11, n. 6, p , nov./dez. 2006
4 kokich, v. g. 9) É importante que os ortodontistas se submetam a testes de Conselhos de seus respectivos países? Se afirmativo, por que? Jorge Faber A resposta para esta pergunta depende totalmente da atitude do país, da percepção de renovação contínua da certificação e da força de compromisso da sociedade ortodôntica de cada país para melhorar o nível de excelência em cuidados ortodônticos. Como declarei anteriormente, esta evolução na definição de certificação do Conselho já mudou em Medicina e Odontologia nos Estados Unidos. Nós já fizemos essa transição. Nós agora consideramos a certificação dada pelo conselho não somente como uma honra obtida por alguns, mas como uma exigência para praticar a especialidade de Ortodontia. Infelizmente, outros países ainda têm a mesma atitude de 75 anos atrás sobre a certificação dada pelo Conselho. Que isso está reservado somente para alguns dos melhores, em minha opinião, é tolice. Certificação e re-certificação farão parte do futuro e os grandes vencedores nesse processo serão os programas de pós-graduação, os ortodontistas formandos, os ortodontistas em prática, os pacientes que nós tratamos e a reputação da Ortodontia. R Dental Press Ortodon Ortop Facial Marcos Janson - Mestre e Especialista em Ortodontia pela FOB USP /Bauru. - Ortodontista Clínico em Bauru-SP. - Professor dos cursos de Especialização em Ortodontia da ABCD-Bahia, UNIC-Cuiabá e USP Bauru. Leopoldino Capelozza Filho - Professor Assistente Doutor da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo. - Responsável pelo Setor de Ortodontia do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, em Bauru-SP. Jorge Faber - Doutor em Biologia - Morfologia, Laboratório de Microscopia Eletrônica da Universidade de Brasília. - Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. - Clínica privada focada no atendimento de pacientes adultos. 23 Maringá, v. 11, n. 6, p , nov./dez. 2006
5 A r t i g o In é d i t o Análise facial numérica do perfil de brasileiros Padrão I Sílvia Augusta Braga Reis*, Jorge Abrão**, Leopoldino Capelozza Filho***, Cristiane Aparecida de Assis Claro**** Resumo Objetivo: o objetivo do presente estudo foi determinar as medidas do perfil facial de brasileiros portadores de equilíbrio facial, denominados Padrão I. Metodologia: a amostra foi constituída por 50 indivíduos (32 femininos e 18 masculinos), brasileiros, adultos, leucodermas, com idade média de 23 anos. Fotografias padronizadas do perfil foram obtidas. Sobre essas foram executados os traçados por dois avaliadores, que verificaram: 1) ângulo nasolabial; 2) ângulo mentolabial; 3) ângulo interlabial; 4) ângulo de convexidade facial; 5) ângulo de convexidade facial total; 6) ângulo do terço inferior da face; 7) proporção entre a altura facial anterior média e a altura facial anterior inferior e 8) proporção do terço inferior da face. Resultados e Conclusões: não houve diferença estatística relevante entre as duas medidas realizadas. Os valores de média, desvio-padrão, valores máximos e mínimos obtidos para cada variável estudada foram: 1) ângulo nasolabial: 108,13 ± 9,75 (81 a 127 ); 2) ângulo do sulco mentolabial: 132,37 ± 9,82 (110,5 a 152 ); 3) ângulo interlabial: 135,35 ± 11,14 (116,5 a 159,5 ); 4) ângulo de convexidade facial: 12,32 ± 3,93 (4 a 19,5 ); 5) ângulo de convexidade facial total: 137,85 ± 4,08 (129,5 a 147,5 ); 6) ângulo do terço inferior da face: 103,41 ± 8,12 (88 a 124 ); 7) proporção entre os terços médio e inferior da face: 0,93 ± 0,10 (0,80 a 1,21) e 8) proporção do terço inferior da face: 0,45 ± 0,06 (0,30 a 0,67). Propõe-se esse conjunto de medidas como um padrão de referência para avaliação facial numérica de adultos, brasileiros, brancos. Palavras-chave: Diagnóstico. Fotografias extrabucais. Análise facial. Perfil. introdução Desde o início da Ortodontia, autores como Angle 1, Case 6, Hellmann 8 e Wuerpel 23 valorizaram a análise facial como um recurso indispensável para o adequado diagnóstico e o sucesso do tratamento ortodôntico. Ao utilizarem a avaliação subjetiva para elegerem faces representativas do ideal de beleza, como a de Apolo Belvedere, estes autores tentavam estabelecer parâmetros de normalidade a serem conquistados com o tratamento ortodôntico. O advento da cefalometria desviou a atenção da face para a posição do esqueleto e dos dentes, permitindo o estabelecimento de referências de normali- * Doutoranda em Ortodontia pela USP - São Paulo. Mestre em Ortodontia pela Universidade Metodista de São Paulo. Especialista em Ortodontia pela PROFIS USP Bauru. Professora Assistente do Departamento de Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo. ** Professor Livre Docente da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professor Doutor da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo Bauru. Membro do setor de Ortodontia do HRAC USP Bauru. **** Doutoranda em Ortodontia pela USP São Paulo. Mestre em Odontologia pela Universidade de Taubaté. Especialista em Ortodontia - C.T.A. Professora Colaboradora Assistente da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 24 Maringá, v. 11, n. 6, p , nov./dez. 2006
6 Reis, S. A. B.; Abrão, j.; Capelozza Filho, l.; Claro, c. a. a. dade mensuráveis. Iniciou-se um período de grande conforto para os ortodontistas, dispensados de usar a subjetividade, e grandes frustrações a alguns pacientes, que viam suas metas cefalométricas serem obtidas às custas de prejuízos na estética facial. Esse paradoxo exigiu, então, o reconhecimento da necessidade do uso dos parâmetros faciais no diagnóstico, por meio da análise morfológica da face. A análise morfológica da face, nas vistas frontal e lateral, permite a definição do Padrão Facial em I, II, III, Face Longa e Face Curta, que remete a protocolos de tratamento e prognósticos específicos nas diferentes faixas etárias 5. O indivíduo Padrão I caracteriza-se pela normalidade nas relações esqueléticas sagitais e verticais, nas avaliações de frente e perfil 5. Na análise morfológica frontal, os portadores de Padrão I apresentam simetria aparente, distância intercantos medial dos olhos similar à largura do nariz, distância interpupilar similar à largura da comissura bucal, proporção entre os terços faciais, parte superior do terço inferior da face (altura do lábio superior) equivalente à metade da altura da parte inferior (lábio inferior e mento), volume proporcional de vermelhão dos lábios e selamento labial passivo, o qual pode estar comprometido nos pacientes acometidos por protrusão do arco dentário superior 5. Na avaliação do perfil, a normalidade é caracterizada por um grau moderado de convexidade. A expressão da maxila na face é identificada pela presença da projeção zigomática e depressão infraorbitária, que podem ser verificadas também na vistas frontal. A linha de implantação do nariz, levemente inclinada para anterior, denota adequada posição maxilar. O sulco naso-geniano com leve inclinação posterior completa a avaliação do equilíbrio maxilar. O ângulo nasolabial avalia a relação da base nasal em relação ao lábio superior, cuja posição é fortemente determinada pela inclinação dos incisivos superiores. Portanto, esse ângulo pode estar adequado, aberto ou fechado nos pacientes Padrão I, como conseqüência da posição dos dentes anteriores superiores, independente do bom posicionamento maxilar, sempre observado nestes pacientes 5. O equilíbrio mandibular (tamanho, forma e posição) pode ser verificado na avaliação do perfil, por meio da linha queixo-pescoço. Ela deve ser expressiva sem ser excessiva e tender ao paralelismo com o plano de Camper. Esse paralelismo contribui para um ângulo adequado entre as linhas do queixo e do pescoço. Além disso, espera-se um ângulo mentolabial agradável esteticamente e construído com igual participação do lábio e do mento 5. Apesar das características acima citadas, que permitem o reconhecimento do indivíduo Padrão I, diferentes configurações faciais podem ser observadas naqueles classificados como portadores desse Padrão. A variabilidade encontrada resulta das particularidades inerentes aos tipos faciais braquifacial, mesofacial e dolicofacial. As construções faciais obtidas, se pertencentes ao Padrão I, não são necessariamente belas, mas obrigatoriamente equilibradas nas suas mais diversas formas. A má oclusão, quando presente nos indivíduos Padrão I, é decorrente de desarranjo dentário e confinada aos limites dentoalveolares, geralmente relacionado a fatores etiológicos ambientais, exceto nos pacientes com discrepâncias dente-osso positivas ou negativas. Ou seja, nos pacientes Padrão I o erro dentário é primário ou a essência da doença 5, por isso mesmo inespecífico e dificilmente identificado pela análise facial do paciente. Esses pacientes não representam, portanto, grandes desafios para os ortodontistas, sendo, por esse motivo, pouco estudados. Entendemos, entretanto, que os indivíduos Padrão I são a referência de normalidade para o estudo e tratamento dos Padrões II, III, Face longa e Face Curta. Em artigo já publicado, estabelecemos as características cefalométricas dos indivíduos Padrão I 18. O objetivo deste estudo foi determinar as medidas para Análise Facial Numérica do Perfil de brasileiros, adultos, brancos, previamente reconhecidos, por meio da análise facial subjetiva, como portadores de equilíbrio facial. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 25 Maringá, v. 11, n. 6, p , nov./dez. 2006
7 Análise facial numérica do perfil de brasileiros Padrão I MATERIAL E MÉTODOs A amostra do presente estudo foi constituída por 50 indivíduos selecionados a partir de uma amostra pré-existente composta por 100 brasileiros, adultos, leucodermas, portadores de selamento labial passivo, sendo 50 do gênero masculino e 50 do feminino, com idade média de 23 anos e 7 meses, variando entre 18 e 36 anos 11,17. Nenhum dos pacientes foi submetido previamente a tratamento ortodôntico ou cirurgia plástica facial. Todos os indivíduos que aceitaram participar da presente pesquisa assinaram um termo de consentimento que esclarecia sobre os objetivos do trabalho e os exames aos quais seriam submetidos. No termo de consentimento, os participantes autorizavam ainda a divulgação de suas fotografias faciais para fins de ensino e pesquisa. Fotografias padronizadas da face, nas vistas frontal e lateral, foram obtidas 11,17. Na análise morfológica frontal da amostra original, 85% dos pacientes foram Padrão I, 11% Padrão II e 4% Padrão III. Na mesma avaliação do perfil observou-se 50% Padrão I, 41% Padrão II e 9% Padrão III. Os 50 indivíduos classificados como portadores do Padrão I nas avaliações frontal e lateral, 32 do gênero feminino e 18 do masculino, compuseram a amostra do presente estudo. Na fotografia frontal, além do selamento labial passivo, esses pacientes apresentavam: 1) simetria aparente; 2) distância intercantos medial dos olhos similar à largura do nariz; 3) distância interpupilar similar à largura da comissura bucal; 4) proporção entre os terços faciais; 5) altura do lábio superior equivalente à metade da altura somada do lábio inferior e mento; e 6) volume proporcional de vermelhão dos lábios. Ao exame do perfil foram verificados: 1) perfil levemente convexo; 2) terços faciais proporcionais; 3) linha queixo-pescoço paralela ao plano de Camper; 4) sulco mentolabial normal, com igual participação do lábio e do mento e 5) projeção zigomática presente, caracterizada pela presença de depressão infra-orbitária e sulco naso-geniano. A idade média e o desvio-padrão da amostra foram 23 ± 3 anos. Para o gênero feminino observou-se média e desvio-padrão de 23 ± 2,9 anos, enquanto para o gênero masculino os valores encontrados foram 23 ± 3,4 anos. As fotografias do perfil foram traçadas e medidas por dois examinadores. Para avaliação do erro de medidas interexaminadores utilizou-se o Erro Padrão Percentual (EPP) (Tab. 1). Esse erro identifica a diferença percentual média obtida entre as medidas dos dois observadores. Considerando a variabilidade individual na marcação dos pontos, esperam-se maiores diferenças que nas avaliações intra-examinador. Entretanto, as porcentagens ficaram entre 1,14% e 2,14% para os ângulos nasolabial, interlabial, mentolabial, de convexidade facial total e do terço inferior da face. Todas as medidas citadas apresentam médias que ultrapassam os 100, indicando que o erro médio foi entre 1 e 2, clinicamente insignificantes. Para as proporções AFAM/AFAI e do terço inferior da face, os EPPs foram respectivamente 4,49% e 10,04%. Erros maiores para essas medidas são esperados, uma vez que as proporções dependem de duas medidas distintas para cada observador, aumentando a chance do erro. Entretanto, o erro médio foi de 0,04 para as duas variáveis, valor clinicamente imperceptível. O maior EPP obtido foi para o ângulo de convexidade facial. Considerando que o valor médio para esse ângulo foi aproximadamente 12, 1 grau de diferença nas medidas realizadas pelos 2 observadores, decorrentes de pequenas variações do traçado ou da capacidade de precisão do transferidor, já representam 8,33% de EPP. Dificilmente, medidas realizadas por 2 observadores em 2 traçados diferentes ficariam aquém do 1 grau descrito acima. Após a demarcação dos pontos tegumentares, realizamos a análise denominada Facial Numérica do Perfil, utilizando as seguintes grandezas 9 : 1) Ângulo Nasolabial (Cm.Sn.Ls) ângulo formado pela base do nariz e pelo lábio superior. Scheidemann et al. 19 propuseram um valor normativo de 111,9º ± 8,4º para o gênero feminino e 111,4º ± 11,7º para o gênero masculino. 2) Ângulo do Sulco Mentolabial (Li.Lm.Pg ) - ângulo formado entre o lábio inferior e a projeção R Dental Press Ortodon Ortop Facial 26 Maringá, v. 11, n. 6, p , nov./dez. 2006
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