RESENHA CRÍTICA I) OBRA:
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- Luiz Eduardo Valgueiro Olivares
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1 RESENHA CRÍTICA I) OBRA: TAHAN, Malba. O homem que calculava. 73. ed. Rio de Janeiro: Record, p. ISBN º Publicação em 1939, atualmente a obra está em sua 79ª edição em *Autor real Júlio César de Mello e Souza II) SOBRE O AUTOR: Malba Tahan é o pseudônimo de Julio César de Mello e Souza ( ). O autor, nascido no Rio de Janeiro, era proveniente de família numerosa e humilde. Seus pais eram professores e ele possuía oito irmãos. Estudou em Colégio Militar e no Colégio Dom Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. Frequentou ainda o curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica e trabalhou na Biblioteca Nacional. Com aproximadamente 23 anos, passou a escrever para jornais, sempre adotando pseudônimos. Paralelamente à carreira de escritor, dedicou-se ao magistério, lecionano especialmente matemática. Propôs a criação de laboratórios de matemática em todas as escolas e confessou jamais dar nota zero a alunos. Entre 1918 e 1925 Júlio César de Mello e Souza, estudou árabe, história e geografia do Oriente e, combinado com o redator do Jornal A noite, criou os personagems Ali Yezid Izz-Eddin Ibn Salim Hank Malba Tahan e Breno de Alencar Bianco, professor que supostamente traduzia as obras do escritor árabe Malba Tahan. Durante toda sua vida, Julio Cesar publicou diversos livros, acredita-se que mais de cem, dentre eles Amor de Beduíno, A Caixa do Futuro, Nove Lendas Orientais, Lendas do Povo de Deus e Diabruras da Matemática. Um fato intrigante é que Júlio César, tornou-se famoso como um escritor árabe, mesmo jamais tendo visitado pessoalmente qualquer país do Oriente, visto que esteve apenas nas cidades de Buenos Aires, Montevidéu, e Lisboa.
2 III) RESUMO DA OBRA O livro é uma narrativa de ficção ambientalizada em Bagdá no século XIII. O protagonista de história é o calculista Beremiz Samir, que ao longo dos 34 capítulos da obra apresenta várias soluções matemáticas para os problemas encontrados em sua jornada. Os problemas solucionados por ele, eram para o povo da época de difícil resolução, ou até mesmo insolvíveis, porém Beremiz demonstra que todos têm soluções de fácil compreensão, usando apenas o raciocínio lógico e matemática básica. A obra é escrita em 34 contos com algumas ilustrações. Ao final da obra, há uma importante contribuição, denominada Considerações sobre os problemas propostos, onde são descorridas as soluções matemáticas de 13 dos 34 capítulos da obra, com a inclusão da formulação. Um glossário dos termos de origem árabe, persa ou hindu é mostrado em seguida. Para estruturação desta resenha mencionarei aqui alguns capítulos da obra que me despertaram atenção por sua abordagem matemática ou pela história e são mostrados abaixo. No capítulo III surge o problema dos 35 camelos. Segundo a história uma herança deveria ser repartida entre 3 irmãos onde o mais velho deveria receber ½ e segundo 1/3 e o terceiro mais jovem 1/9. Inicialmente não havia solução para tal problema pois a divisão de 35 por 2 não resultava em um número inteiro. Como solução, o calculista Beremiz empresta aos irmãos que receberam a herança, um camelo de seu amigo Hank Tade-Maiá. Dessa forma, agora com 36 camelos, efetua o cálculo matemático que permite a repartição da herança entre os três irmãos, ficando o primeiro filho com 18 camelos, o segundo filho com 12 e o terceiro filho com 4 animais, o que dá um resultado ( ) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobram dois. Um deles já pertencia a Hank Tade-Maiá, seu amigo, e o último animal fica com Beremiz, em troca da resolução do complicado problema. Este é um problema clássico encontrado em outros livros de matemática e possui sua explicação matemática por frações no apêndice.
3 Já no capítulo VII Beremiz se diverte com os quatros quadros onde com um graveto começa a formular qualquer número usando 4 vezes o numero 4 na conta. Mostra o zero (44-44=0), mostra 1 (44/44), mostra 2 (4/4 + 4/4), assim até o numero 10( (44-4)/4). No apêncice o problema é demonstrado e afirma-se que pode-se formar na verdade qualquer numero de 0 a 100, usando apenas quatro quatros. Os números amigos 220 e 284 são mostrados no capitulo XIII. Após a leitura do elogio poético da amizade Beremiz diz ao rei que reparou que do falatorio das 504 palavras 220 eram caracteres pretos e 284 eram vermelhos e inicia-se a historia dos numeros amigos. 220 é divisível por 1, 2, 4, 5, 10, 11, 20, 22, 44, 55 e 110 e a soma destes numeros resulta em 284. Já o numero 284 é divisivel por 1, 2, 71 e 142 e esta soma resulta em 220. As histórias dos números amigos também são um caso clássico da matemática, e constam inclusive no livro Problemas famosos e curisosos da matemática. O sistema de numeração usado hoje e o antigo sistema quinário são tema do capítulo XX. O sistema quinário é aquele onde as unidades se agrupam de cinco em cinco, obtendo-se assim a chamada quina, quando agrupadas cinco unidades. Assim o número 8 seria representado em 1 quina e mais 3, e seria escrito como 13. Além do sistema quinário existiam outros na Babilônia, como o caso do sistema base 20. Neste sistema o numero 90 seria representado por 4.10, e seria lido como quatro vinte e mais dez. Depois surgiu o sistema base 10, devido a contagem nas mãos pelos gregos, cinco em cada mão. Beremiz também fala sobre o sistema de base doze, ou duzia. No penúltimo capítulo do livro, XXXIII, Beremiz soluciona o problema da pérola mais leve, explicando como descobrir, com apenas duas pesagens qual pérola, dentre oito é a mais leve. Impressionado com a rápida resolução do problema, um sultão oferece dinheiro, ou um palácio em Bagdá, ou o governo de uma província ou cargo de vizir em sua corte, porém Beremir diz que deseja apenas e casar com a filha do cheique, Iezid Abul-Hamid. O pai da jovem, aceita o noivado, porém impõe ao homem que calculava a solução de mais um problema, para que seja permitido o casamento. Para conseguir
4 casar, Beremiz deverá descobrir quais das cinco escravas de um poderoso califa e Bagdá são metirosas e quais sempre falam a verdade, questionando apenas três das cinco escravas e uma úncia vez cada menina. Importante obeservar que o único dado com que contava Beremiz era que existiam duas escravas com olhos negros, as quais sempre diziam a verdade, e três escravas de olhos azuis, as quais nunca diziam a verdade. Ao formular três perguntas a três diferentes escravas sobre a cor de seus olhos, Beremiz monta uma espécie de tabela verdade em sua mente e acerta a charada, usando apenas o raciocínio lógico matemático. Dessa forma, ele ganha a permissão para casar com a mulher que desejava. Com um tema bem matemático envolvido com uma história que justifica a atenção no problema proposto o livro todo é fomado com capítulos com e sem necessidade de utilização da matemática. Muitas vezes apenas lendas, e passagens do oriente são mostradas. IV) CRÍTICA/CONCLUSÃO A obra mostra lendas e histórias pitorescas da cultura islâmica, contado inclusive como ocorreu o surgimento do jogo do xadrez. Apresenta um tom, moralista e correto em vários casos mostrados, especialmente porque o calculista se mostra ético em seus cálculos, e se apropria de algum bem somente com consentimento de todos os envolvidos. Demostra também na ficcção um companherismo ente Beremiz e Maiá. Creio que sua grande importância é mostrar que muitos dos problemas aparentemente sem solução podem ser resolvidos com aplicações básicas de matemática e raciocíno lógico. Mostrar a lógica matemática em aplicação em pequenos casos ajuda a despertar o interesse de novos leitores ao assunto. Importante observar que há considerações matemáticas, explicação dos cálculos e apresensentação das contas e fórmulas, relativas a alguns capítulos. Sugiro que a leitura do capítulo e das considerações sejam feitas em conjunto, para tornar a leitura mais
5 clara e concisa, e a compreensão mais fácil. Ressalvo que inicialmente não observei este procedimento, razão pela qual encontrei alguma dificuldade em compreender a leitura e os cálculos apresentados nas considerações matemáticas, as quais visualizei apenas após a leitura dos 34 capítulos. A obra auxiliou-me também a conhececer o ilustre Julio Cesar de Mello Souza, um grande incentivador da matemática no ensino no Brasil. Sempre ouvi falar desta obra e nunca desconfiaria que o autor era brasileiro, bem como que haveria mais de cem obras suas publicadas. V) INDICAÇÕES O livro está repleto de informações, histórias e curiosidades sobre a matemática. Indico a leitura a todos que buscam aguçar seu raciocínio lógico, assim como profissionais e estudantes que pretendem seguir a área das ciências exatas ou mesmo para quem trabalha em comércio, mercado financeiro, ou qualquer um que, de alguma forma, utilize a matemática em seu cotidiano. Não apresenta pesada formulação matemática podendo ser lida por grande parte da população.
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