AVALIAÇÃO DE PERDA DE PESO DE ALGODÃO (Gossypium hirsutum) EM CAROÇO EM DIFERENTES ÉPOCAS DE COLHEITA (*)

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1 AVALIAÇÃO DE PERDA DE PESO DE ALGODÃO (Gossypium hirsutum) EM CAROÇO EM DIFERENTES ÉPOCAS DE COLHEITA (*) Vanessa Pucci de Toledo Lima (Esalq USP / vtoledo@esalq.usp.br), Ederaldo José Chiavegato (Esalq USP), Ariana Vieira Silva (Esalq USP), Ana Carolina Pompêu de Camargo Tisselli (Esalq USP) RESUMO - A fibra de algodão é formada em um complexo processo biológico que se inicia no florescimento e termina com a abertura das maçãs. A formação da qualidade de fibra envolve vários fatores ambientais e de manejo. O momento da colheita é importante dentro do manejo da cultura do algodoeiro para se obter tanto a qualidade quanto produção de fibras. Assim o objetivo do presente trabalho foi o de avaliar possíveis perdas de produção na cultura do algodoeiro (Gossypium hirsutum) mediante a épocas diferentes de colheitas realizadas semanalmente. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, sendo quatro épocas de colheita com sete repetições. Foram realizadas quatro colheitas semanais determinando-se nas amostras, a massa do algodão em caroço com e sem umidade. Pode-se concluir que, ocorreu perda média de peso de 4,17% e 10,52%, na segunda e terceira colheitas, respectivamente, em comparação à primeira colheita. Palavras-chave: época de colheita; peso de capulho. AVALIATION OF WEIGHT LOSS OF SEED COTTON DUE TO DIFFERENT HARVEST TIMMING ABSTRACT - Cotton fiber is formed in a complex biological process that starts in the flowering and ends when the opens boll. Fiber quality envolves many enviromental and management factors. Harvest timing is very important on cotton (Gossypium hirsutum) crop management in order to obtain both fiber quality and yield. The objective of this study was to evaluate loss of production due to harvest done in different timing. Harvest was done weekly during four weeks. The experiment was conducted in the experimental field of USP/Esalq, Piracicaba-SP in the 2004/2005 season, in a randomized block design with 7 replications. The loss of weight was analyzed. Results showed loss of weight of 4,17%, 10,52% respectively compared to the first harvest. Key words: harvest timming, open boll weight. INTRODUÇÃO O Brasil está entre os principais exportadores mundiais de algodão, ao lado de tradicionais produtores como Austrália e Estados Unidos. Se analisarmos que a demanda por fibras de qualidade é crescente, torna-se fundamental um aumento na oferta que supra tais necessidades. Atualmente a produção de algodão na região Sul, Sudeste do país vem sendo reduzida com o deslocamento para as regiões Centro-Oeste, Cerrado, e Nordeste principalmente Goiás, Mato Grosso e Bahia, onde encontra condições favoráveis para o seu desenvolvimento, sobretudo a mecanização total da cultura. A fibra de algodão se destina, basicamente, à elaboração de fios e tecidos, para uso doméstico e industrial e para confecção de vestuário. Seu valor, sua aceitação e procura pelas indústrias têxteis dependem da sua qualidade tecnológica que é, em última análise, a capacidade de satisfazer os fins a que se destina. Essa capacidade provém de um conjunto de propriedades físicas, resultado de um

2 complexo processo biológico desde o florescimento até a abertura das maças do algodoeiro (GRIDI- PAPP et al., 1992), e são inúmeros os fatores ambientais que influenciam o desenvolvimento e a qualidade da fibra como verificado por PETTIGREW, 2001 e CHIAVEGATO (1995). No agroecossistema é importante que se busque a racionalização de utilização e maximização da eficiência dos recursos naturais disponíveis, como a água, nutrientes, radiação solar, insumos agrícolas e mão de-obra, visando manter e/ou melhorar os atributos do solo e do ambiente. No atual estágio da cotonicultura, é freqüente a busca pela produtividade, a qual deve ser conseguida com a melhoria na eficiência dos processos produtivos, visando ainda, a melhoria da qualidade do produto para atender as exigências impostas pelo mercado globalizado (SILVA, 2002). O sucesso da lavoura algodoeira está ligado a um conjunto de operações e processos, os quais devem funcionar de acordo com as necessidades de cada atividade dependente. Desta maneira, por exemplo, a operação de colheita depende de uma série de outras que são realizadas anteriormente e, que influirão diretamente no sucesso desta etapa. As mudanças no sistema de produção do algodoeiro devem ser acompanhadas pelo constante monitoramento, adoção e adequação de tecnologias apropriadas, melhorando a qualidade das operações e propiciando maior rentabilidade (CARVALHO et al, 1999). O momento da colheita é importante dentro do manejo da cultura do algodoeiro para se preservar tanto a qualidade quanto produção de fibras, pois capulhos expostos às alterações climáticos podem ter queda de peso, de tipo e de qualidade tecnológica da fibra. Por isso, a importância deste trabalho, o qual visa avaliar possíveis perdas de produção na cultura algodoeira devido à permanência dos capulhos no campo, com o atraso na colheita. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz /Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), durante a safra de 2004/2005. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, sendo quatro épocas de colheita, realizadas semanalmente, com sete repetições. Para tanto, foi utilizada a cultivar Makina no espaçamento entrelinhas de 0,90 m, com 10 plantas.m -1 linear. As adubações na semeadura e em cobertura foram determinadas através da análise do solo. Já, o manejo de pragas e plantas daninhas foi de forma preventiva e conforme a necessidade do experimento. O controle da altura das plantas foi realizado com regulador de crescimento, cloreto de mepiquat, produto comercial PIX, aplicado parceladamente, de forma que ao final do ciclo os tratamentos receberam um total de 0,9 l/ha. A colheita foi feita com amostras de 20 capulhos ao acaso, no terço médio das plantas em cada parcela experimental, sendo a primeira realizada no dia 04 de maio de 2005, quando 100% dos frutos estavam abertos. Posteriormente, foram realizadas colheitas semanais para verificação da perda média de peso de algodão em caroço (g). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância com aplicação do teste F e a diferença entre as médias, foram comparadas entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (GOMES, 1990).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Pelas determinações em condições de campo imediatamente após as colheitas (Fig. 1), verifica-se redução linear de massa do algodão até a terceira semana. O aumento da massa ocorrido na quarta semana deve-se a ocorrência de chuvas nos dias anteriores (Fig. 3), consequentemente proporcionando a hidratação do algodão no campo. As perdas de massa durante o período foram de 4,1%, 10,52% e 7,4% respectivamente na segunda, terceira, e quarta semana. Aparentemente a redução de massa do algodão no campo, com o atraso da colheita, normalmente esta relacionado com a maior ou menor umidade na fibra ,99 a 116,89 ab CV (%) = 6,596 F = 0,03426* Peso (g) ,14 b 113,44 ab 100 4/5/ /5/ /5/ /5/2005 Data de Colheita Figura 1. Peso médio de algodão em caroço (g) ao longo do tempo. Piracicaba, safra 2004/2005. Quando as avaliações foram realizadas em amostras secas (Fig. 2), a tendência linear de redução de massa, ao longo do período, foi mantida, com reduções de 4,1%, 6,4% e 13,08% nas três semanas após a primeira colheita.

4 Peso Seco (g) ,91 a ,58 ab CV (%) =7,721 F = 0,02509* 98,19 ab 91,24 b 4/5/ /5/ /5/ /5/2005 Data de Colheita Figura 2. Peso seco médio de algodão em caroço (g) ao longo do tempo. Piracicaba, safra 2004/2005. Conforme a Figura 3, pode-se observar que, a umidade relativa do ar oscilou entre 72 e 100%, com ausência de chuva nas três primeiras colheitas, bem como temperaturas médias diárias de aproximadamente de 20ºC Chuva (mm) Umidade Relativa (%) Temperatura (ºC) Dia do mês de maio de 2005 Figura 3. Elementos climáticos do mês de maio de 2005 da estação automática do Departamento de Agrometeorologia da ESALQ/USP. Piracicaba, safra 2004/05.

5 CONCLUSÃO O atraso na colheita pode proporcionar redução de 13,08% na massa do algodão em caroço em condições de campo. Ainda esta redução não se deve exclusivamente ao teor de umidade no produto. Conseqüentemente, a colheita mais rápida é desejável, a qual depende de um rigoroso planejamento de todas as suas operações de manejo, desde o momento da desfolha, dimensionamento de máquinas/área e transporte. (*) Apoio CNPq, ESALQ/USP REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, L. H.; CHIAVEGATO, E. J. A cultura do algodão no Brasil: fatores que afetam a produtividade. In: CIA E.; FREIRE, E. C.; SANTOS, W. J. Cultura do Algodoeiro. Piracicaba: Potafos, p.1-8. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. Piracicaba: Nobel, p GRIDI-PAP, I. L.; CIA, E.; FUZATTO, M. G.; SILVA, N. M. da; FERRAZ, C. A. M.; CARVALHO, N. de; CARVALHO, L. H; SABINO, N. P.; KONDO, J. J.; PASSO, S. M. G.; CHIAVEGATO, E. J.; CAMARGO, P. P de; CAVALERI, P. A. Manual do produtor de algodão. São Paulo: Bolsa de mercadorias e Futuros, p PETTIGREW, W. T. Environmental Effects on Cotton Fiber Carbohydrate Concentration and Quality. Crop Scince, v. 41, p SILVA, A. V. Espaçamentos ultra-adensado, adensado e convenvional com densidade populacional variável em algodoeiro. Piracicaba: ESALQ USP, p. Dissertação (Mestrado) Universidade de São Paulo/Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.