RESPOSTA DO ALGODOEIRO A DOSES E MODOS DE APLICAÇÃO DE FÓSFORO EM SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL NO CERRADO (*)
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- Rodrigo da Cunha Avelar
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1 RESPOSTA DO ALGODOEIRO A DOSES E MODOS DE APLICAÇÃO DE FÓSFORO EM SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL NO CERRADO (*) Maria da Conceição Santana Carvalho (Embrapa Algodão / mcscarva@cnpa.embrapa.br), Kézia de Assis Barbosa (Fundação GO), Wilson Mozena Leandro (UFG). RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta do algodoeiro a doses de fósforo aplicadas a lanço e no sulco de semeadura, em solos com diferentes teores deste nutriente. O experimento foi conduzido na safra 22/23, em dois locais: Ipameri-GO, em área cultivada em sistema de plantio direto, e em Santa Helena de Goiás-GO, em sistema convencional. Em Ipameri, utilizou-se um esquema fatorial (4x3) + 1, sendo quatro doses de fósforo (8, 14, 2 e 26 kg ha -1 de P 2 ), três modos de aplicação (lanço, sulco, e lanço + sulco), além de um tratamento testemunha (sem aplicação de fósforo), totalizando 13 tratamentos. Em Santa Helena de Goiás foram testados 16 tratamentos formados da combinação de cinco doses de fósforo (8, 14, 2, 26 e 32 kg ha -1 de P 2 ), com três modos de aplicação (lanço, sulco e lanço + sulco), além de um tratamento testemunha. O algodoeiro respondeu positivamente à aplicação de doses de fósforo, porém a magnitude de resposta dependeu do teor de fósforo no solo e do potencial de produtividade da região. Não houve diferença de produtividade quando o fertilizante fosfatado foi aplicado a lanço, no sulco de semeadura, ou metade a lanço e metade no sulco. Palavras-chave: adubação com fósforo, algodão, plantio direto. COTTON RESPONSE TO DOSES AND METHODS OF PHOSPHORUS APPLICATION IN CONVENTIONAL AND NO-TILL SYSTEMS IN THE BRAZILIAN CERRADO ABSTRACT - The goal of the present study was to evaluate the cotton response to doses of phosphorus on broadcast application and in the seed row in soils with different contents of this nutrient. The experiment was conducted in the season 22/23, in two different places in Brazil: Ipameri-GO, in one area cultivated with no-till system, and in Santa Helena de Goiás-GO, using conventional system. In Ipameri, a factorial scheme (4x3) + 1 was used, with four doses of phosphorus (8, 14, 2 and 26 kg ha -1 of P 2 ), three methods of application (broadcast, seed row, and broadcast + seed row), and one control (no phosphorus application), in a total of 13 treatments. In Santa Helena de Goiás, 16 treatments were tested, with the combination of five doses of phosphorus (8, 14, 2, 26 and 32 kg ha -1 of P 2 ), three methods of application (broadcast, seed row, and broadcast + seed row), and one control. The cotton crop responded positively to the application of the phosphorus doses, but the magnitude of the response depended on the amount of phosphorus in the soil and on the yield potential of the region. There was no difference of yield whether the phosphorus fertilizer was used on broadcast application, in the seed row, or half on broadcast application and half in the seed row. Key words: phosphorus fertilization, cotton, no-till system
2 INTRODUÇÃO Apesar de seu pequeno requerimento pelos vegetais, o fósforo é um dos nutrientes aplicados em maiores quantidades nos solos brasileiros, o que é conseqüência de sua baixa disponibilidade natural e grande afinidade da fração mineral por este elemento, retirando-o da solução (adsorção/precipitação) e fazendo com que a concentração de equilíbrio seja muito baixa, tornando-se um dos fatores mais limitantes da produção em solos tropicais. Portanto, a adubação fosfatada é imprescindível para a obtenção de produções satisfatórias das diversas culturas. Na cultura do algodoeiro, no cerrado, tem-se utilizado doses totais de fósforo que variam de 8 a 2 kg ha -1 de P 2, independentemente do teor de fósforo disponível no solo (ZANCANARO, 24). Uma outra questão a ser respondida é sobre a eficiência da aplicação de fósforo a lanço antes da semeadura. Segundo Silva (1999) e Souza e Lobato (22), quando o teor de fósforo no solo encontra-se na faixa considerada adequada ou alta, o fertilizante fosfatado pode ser aplicado tanto no sulco como a lanço, sem afetar a produtividade. No cerrado, há carência de pesquisas com a cultura do algodão para estudar o efeito de doses e modos de aplicação de fósforo, e ainda existem dúvidas sobre a quantidade máxima a ser aplicada no sulco e o modo de aplicação (lanço ou sulco) em solos com diferentes teores desse nutriente, tanto no sistema convencional como no sistema plantio direto. O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta do algodoeiro a doses de fósforo aplicadas a lanço e no sulco de semeadura, em solos com diferentes teores de fósforo, no sistema convencional e plantio direto. MATERIAL E MÉTODOS Sistema de plantio direto, em Ipameri Em Ipameri, o experimento foi instalado na Fazenda Santo Antônio, em solo, de textura argilosa, com 4 mg dm -3 de P (Mehlich 1) na camada -2 cm. A área vem sendo cultivada há seis anos sob o sistema plantio direto. Na safra 22/23, a área foi cultivada com soja (safra) e milho (safrinha). O experimento foi arranjado no campo em esquema fatorial (4x3) +1, sendo quatro doses de fósforo (8, 14, 2 e 26 kg ha -1 de P 2 ) e três modos de aplicação (lanço, sulco, lanço + sulco), além de um tratamento testemunha (sem aplicação de fósforo), totalizando treze tratamentos. O delineamento usado foi o de blocos ao acaso com três repetições. As parcelas foram formadas por seis linhas de 7, m de comprimento, com espaçamento,9 m entre linhas. A fonte de fósforo utilizada foi superfosfato triplo. A adubação a lanço com fósforo foi feita sobre a palhada de milho, seguida do plantio com a variedade Delta Opal. A adubação no sulco de plantio foi: 18 kg ha -1 de N, 6 kg ha -1 de K 2 O, 3, kg ha -1 de Zn, e 1,5kg ha -1 de B, além de fósforo em função dos tratamentos. As fontes de fósforo, nitrogênio, potássio, zinco, e boro foram, respectivamente, superfosfato triplo, uréia, cloreto de potássio, zincogran, e borogran. A primeira adubação de cobertura foi realizada após o aparecimento dos primeiros botões florais, aos 32 dias após a emergência, com 25 kg ha -1 de A segunda adubação de cobertura foi realizada no início do florescimento com 3 kg ha -1 de Aos 86 dias após a emergência foi feita amostragem de folhas para análise química, coletando-se a 5ª folha a partir do ápice da haste principal. A colheita foi realizada em 2/6/24.
3 Sistema convencional, em Santa Helena de Goiás Em Santa Helena de Goiás, o experimento foi instalado na área experimental da Fundação GO, em Latossolo vermelho argiloso, cujo teor de fósforo medido no solo antes da instalação do experimento foi 1 mg dm -3. Foram testados dezesseis tratamentos formados da combinação de cinco doses de fósforo (8, 14, 2, 26 e 32 kg ha -1 de P 2 ) com três modos de aplicação (lanço, sulco e lanço + sulco), além de um tratamento testemunha, sem aplicação de fósforo. Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições, totalizando 64 parcelas. As parcelas possuíam 42 m 2 (6m x 7m). A fonte de fósforo utilizada foi superfosfato triplo. A adubação a lanço foi seguida de incorporação com grade niveladora. O plantio foi realizado logo em seguida com a variedade BRS Aroeira. Realizou-se uma adubação pré-plantio com 9 kg ha -1 de cloreto de potássio (54 kg ha -1 de K 2 O). A adubação no sulco de plantio foi: 2 kg/ha de N, 45 kg ha -1 de K 2 O, 3, kg ha -1 de Zn, e 1,5 kg ha -1 de B, além de fósforo em função dos tratamentos. As fontes de fertilizantes usadas foram: uréia, cloreto de potássio, zincogran e borogran, respectivamente. A primeira adubação de cobertura foi feita com 25 kg/ha de sulfato de amônio, e a segunda com 25 kg ha -1 de ,4% B. Amostras da 5 a folha foram coletadas para análise foliar em todas as parcelas na época de pleno florescimento. A colheita foi realizada em 13/6/24. RESULTADOS E DISCUSSÃO Sistema plantio direto, em Ipameri A análise de variância dos dados mostrou que houve efeito das doses de fósforo sobre a produtividade de algodão em caroço (Tab. 1) e algodão em pluma (Tab. 2), porém não houve diferença quanto aos modos de aplicação e nem interação entre modos e doses. As médias de produtividade obtidas em função das doses de P 2 foram ajustadas a uma equação polinomial do segundo grau (Fig. 1A), a partir da qual foi estimada a produtividade máxima (4.461 kg ha -1 de algodão em caroço) com a dose de 197 kg ha -1 de P 2. Considerando o preço de um quilograma de P 2 igual a R$1,56 e um quilograma de algodão em caroço igual a R$,93, a dose para a obtenção da máxima produtividade econômica (4.387 kg ha -1 ) foi 161 kg ha -1 de P 2. Contudo, com a aplicação de 8 kg ha -1 de P 2 já foi possível obter produtividades médias de kg ha -1 de algodão em caroço e 1.78 kg ha -1 de algodão em pluma. Com essa dose também foi verificada a maior eficiência da adubação, ou seja, o acréscimo de produtividade para cada unidade de fertilizante aplicado (Fig. 1B). Os teores de P na folha aumentaram de 3,6 sem aplicação de fósforo até 4,4 com a dose 26 kg ha -1 de P 2, porém todos os valores se encontram dentro da faixa considerada adequada para o algodoeiro (YAMADA et al., 1999). Em média, os teores foliares de P foram maiores com a aplicação de fósforo a lanço (4,2 g kg -1 ) do que no sulco (3,8 g kg -1 ).
4 Tabela 1. Produtividade de algodão em caroço em função de doses e modos de aplicação de fósforo no sistema plantio direto. Ipameri, Goiás, safra 23/24. Modo de aplicação (kg ha -1 ) Testemunha Lanço Sulco Lanço + Sulco Média Média b a a a CV (%) = 5,28 Fdose=28,67** Fmodo=,51 ns Fdose*modo=.66 ns Sistema convencional, em Santa Helena de Goiás Em Santa Helena de Goiás, embora as produtividades tenham sido bem menores do que em Ipameri, os resultados apresentaram a mesma tendência, ou seja, houve efeito significativo de doses de fósforo, mas não houve diferença dos modos de aplicação (Fig. 2). Porém, a magnitude de resposta foi pequena, sendo a máxima eficiência alcançada pela menor dose (8 kg ha -1 ), que proporcionou aumento de 2,9 kg de algodão em caroço para cada quilograma de P 2 aplicado. A baixa resposta do algodoeiro à aplicação de fósforo em Santa Helena de Goiás, em comparação com Ipameri, pode ser explicada pelo maior teor de fósforo no solo (1 mg dm -3 ), e também pela menor produtividade média alcançada, sugerindo que a produtividade foi limitada por outros fatores. Os teores de P na folha variaram de 3,5 a 4,8 g kg -1. Os teores de P na camada -2 cm do solo, analisado após a colheita do algodão nas parcelas com aplicação a lanço, foram 7, 1, 11, 12, 14 e 16 mg dm -3, nas doses, 8, 14, 2, 26 e 32 kg ha -1 de P 2, respectivamente, indicando que houve elevação do teor de P disponível com a aplicação do fertilizante. Tabela 2. Produtividade de algodão em pluma em função de doses e modos de aplicação de fósforo no sistema plantio direto. Ipameri, Goiás, safra 23/24. Modo de aplicação (kg ha -1 ) Testemunha Lanço Sulco Lanço + Sulco Média Média b 1.84 a a a CV (%) = 5,28 Fdose=28,67** Fmodo=,51 ns Fdose*modo=.66 ns
5 Produtividade (kg/ha) A Prod = -,239x 2 + 9,49x R 2 =.93** Eficiência (kg/kg) 1 B (kg/ha) (kg/ha) Figura 1. Variação de produtividade média em função de doses de P 2 (A) e eficiência agronômica da adubação (acréscimo de produtividade para cada kg de P 2 aplicado) (B). Ipameri, safra 23/24. Algodão em caroço (kg ha -1 ) Testemunha Sulco Lanço Lanço+Sulco Algodão em pluma (kg ha -1 ) Testemunha Sulco Lanço Lanço+Sulco (kg ha -1 ) (kg ha -1 ) Figura 2. Produtividades de algodão e de algodão em pluma em função de doses e modos de aplicação de fósforo no sistema plantio convencional. Santa Helena de Goiás, safra 23/24. CONCLUSÔES 1. Nas condições apresentadas neste trabalho, não houve diferença de produtividade quando o fertilizante fosfatado foi aplicado a lanço, no sulco de semeadura, ou metade a lanço e metade no sulco; 2. O algodoeiro respondeu positivamente à aplicação de doses de fósforo, porém a magnitude de resposta dependeu do teor de P no solo e do potencial de produtividade da região; 3. Estes resultados permitem concluir que, embora a aplicação de altas doses de fósforo permita aumentar o teor de P no solo, as doses podem ser reduzidas em anos em que o preço do algodão seja menos favorável. (*) Parte do Projeto financiado pelo FIALGO, parceria entre Embrapa Algodão, Fundação GO e UFG.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, N. M. da. Nutrição mineral e adubação do algodoeiro no Brasil. In: CIA, E.; FREIRE, E.C.; SANTOS, W.J. dos. (Ed.) Cultura do algodoeiro. Piracicaba: Potafos, p SOUZA. D. M. G.; LOBATO, E (Eds.). Cerrado: correção do solo e adubação. Planaltina: Embrapa Cerrados, p. YAMADA, T. MALAVOLTA, E.; MARTINS, O. C.; ZANCANARO, L.; CASALE, H.; BAPTISTA, I. Teores foliares de nutrientes observados em áreas de alta produtividade. Piracicaba: Potafos, ZANCANARO, L. Fósforo na cultura do algodão em Mato Grosso. In: YAMADA, T.; ABDALLA, S.R.S. (Eds.) Fósforo na agricultura brasileira. Piracicaba: Potafos, 24. p
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