Tópico do plano de ensino: Formação dos contratos: condições de validade; requisitos subjetivos, objetivos e formais; interpretação.
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- Bruna Cesário Palha
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1 AULA 05 PONTO: 05 Objetivo da aula: Teoria geral dos contratos. Teoria geral dos contratos. Perfil e princípios. Formação defeito e extinção. Classificação e interpretação. Garantias legais específicas. Tópico do plano de ensino: Formação dos contratos: condições de validade; requisitos subjetivos, objetivos e formais; interpretação. Roteiro de aula FORMAÇÃO DOS CONTRATOS O direito também tem o seu ciclo de vida: nasce, desenvolve-se e extingue-se. Essas fases ou momentos decorrem de atos, denominados fatos jurídicos, exatamente por produzir efeitos jurídicos. Os fatos humanos em uma classificação mais estreita, são atos jurídicos, que são eventos emanados de vontade humana que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos. Alguns elementos do negócio jurídico podem ser chamados de essenciais, porque constituem requisitos de existência e validade. Outros, porém, são chamados de acidentais, porque não exigidos pela lei, mas introduzido pela vontade das partes, em geral como requisitos de eficácia do negócio, como condição, o termo, o prazo. Na visão de Pontes de Miranda o negócio jurídico é dividido em três planos, o que gera um esquema gráfico como uma estrada com três degraus, denominada por parte da doutrina, como escada ponteana. O plano de existência define os elementos mínimos, os pressupostos de existência, sem os quais o negócio não existe. Estes elementos são definidos como substantivos; partes, vontade, objeto e forma sem adjetivos. Se não tiver partes, vontade, objeto e forma, ele não existe. No plano de validade os substantivos recebem os adjetivos. Requisitos de validade previstos no art. 104 do Código Civil, que estão definidos como agente capaz, manifestação de vontade, objeto lícito, possível ou determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei. Aqui temos os requisitos de validade. Não há dúvida, que nosso código civil adotou o plano da validade.
2 O último degrau da escada ponteana é o plano da eficácia, que são as consequências do negócio jurídico, seus efeitos práticos no caso concreto, como a inclusão de elementos acidentais definidos como condição, termo e encargo. O contrato, enquanto espécie de negócio jurídico, deve ser permeado por todos os requisitos de existência e validade dos negócios jurídicos em geral. MANIFESTAÇÃO DA VONTADE - O contrato como ato bilateral só se aperfeiçoa pela manifestação concordante da vontade dos celebrantes, através de uma declaração, que poderá ser expressa ou tácita. EXPRESSA - pode-se revelar através da palavra escrita ou oral, como ainda por meio de gestos (leilão - com um sinal o arrematante adquire o bem). TÁCITA - quando provém de atos do agente, incompatíveis com a decisão contrária (I - donatário de um automóvel que sem declarar que o aceita, toma posse do veículo, obtém licença, emplaca-o e passa a utilizá-lo; II - comerciante que recebe encomendas e dá início à execução do contrato, com a remessa das primeiras partidas) SILÊNCIO COMO MANIFESTAÇÃO DA VONTADE O silencia importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (111). Tem-se admitido a função vinculadora do silêncio em circunstâncias especiais, quando a inércia de uma das partes pode ser considerada como aceitação (denomina-se silêncio qualificado ou circunstanciado). Isso se dá sempre que a lei e a vontade das partes houver estabelecido para qualquer destes o dever de recusar expressamente a oferta, sob pena de se imaginar que a aceitou. Exemplo: O comerciante que recebe de freguês habitual, encomenda de mercadoria de sua especialidade, pelo preço corrente de mercado, com prazo de entrega determinado, deve comunicar de pronto sua recusa ao cliente, sob pena de haver aceito a proposta. Não obstante a livre convenção das partes, os acordos são disciplinados no ordenamento jurídico com requisitos e pressupostos a serem observados, como a capacidade dos agentes em realizarem atos na esfera privada assim como a licitude do objeto contratual, sua formalidade, quando houver uma, pois como geradores de riquezas
3 devem guardar conformidade com a ordem jurídica. Portanto, por seu cunho econômico, repercute diretamente na sociedade. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS E AS NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES O contrato torna-se perfeito e acabado no momento em que nasce o vínculo jurídico entres as partes (integração da proposta e aceitação) - policitante (proponente), oblato (aceitante). Os contratos se ultimam quando as obrigações estabelecidas são adimplidas, como por exemplo nos contratos reais (que se ultimam pela entrega da coisa), quando o bem é entregue na forma celebrada. Entretanto, na maioria dos casos o ajuste entre as partes surge somente após intensa fase pré-contratual (puntuação-brasil, tratattive-itália). Tais tratativas podem ser estabelecidas de forma verbal ou reduzidas por escrito em um instrumento particular denominado minuta (simples projeto do contrato). Nesse caso importa saber se e até que ponto tais negociações vinculam as partes nelas envolvidas, e qual a conseqüência do rompimento de referidas obrigações. A rigor, se as partes estiverem na fase de negociações preliminares (discussões vestibulares), não havendo qualquer laço convencional entre elas, nenhuma responsabilidade pode daí advir, pois as negociações preliminares não obrigam os proponentes. Todavia se o abandono de uma das partes sem a devida justificativa, estribado em mero capricho, causar prejuízos à outra parte (despesas, abrir mão de outros negócios etc.), nasce o dever de reparar os danos porventura causados. Deve ficar caracterizado comportamento censurável daquele que abandonou as negociações (dolo, negligência ou culpa), entendendo parte da doutrina que o evento culpa deve ser muito bem mensurado. IHERING denomina de interesse contratual negativo, tais situações.
4 Todavia o direito de recusar determinada contratação na sua fase preliminar, em regra, é exercício regular de um direito; INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS - Esclarecimento do sentido das declarações de vontade a determinar o significado do acordo ou consenso (Orlando Gomes). A função tradicional do intérprete é perquirir e aclarar a vontade dos contraentes, manifestada na contrato, mediante declaração destinada a provocar efeitos jurídicos. As regras contratuais devem ser interpretadas restritivamente (tomadas no sentido que esteja em estrita relação com os fins para os quais as partes se propuseram contratar). A vontade uma vez separada do declarante, assume caráter objetivo e tamanha força, que a pessoa menos indicada para aferir o seu valor é quem a emitiu (Bonfante). A interpretação do negócio jurídico contratual situa-se no âmbito do conteúdo da declaração de vontade, deste modo o Código Civil não traz nenhum capítulo relativo à interpretação dos contratos, contém somente três preceitos: artigo 112, do artigo 113 e do artigo 114 (além do Código de Consumidor). As regras interpretativas são de natureza doutrinária. DISTINÇÕES ENTRE INTERPRETAÇÃO DE LEI E DE CONTRATO A) DA LEI - Interpretação da vontade do legislador, significando-se com essa expressão a vontade objetiva e constante que se exprime no texto, não a vontade subjetiva das pessoas naturais que elaboraram ou do órgão que a aprovou. B) DO CONTRATO - Processo de esclarecimento da vontade subjetiva dos contratantes e, na doutrina mais recente, como a investigação da vontade objetivada no conteúdo do vínculo contratual. OBS.: Na interpretação da lei, a missão do intérprete consiste em lhe determinar o sentido e o alcance, enquanto na interpretação do contrato lhe cumpre descobrir a vontade concreta das partes.
5 REGRAS DE INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO SUBJETIVA Esse tipo de interpretação é dominado pelo princípio de investigação da vontade real ( voluntas spectanda ); tal investigação precede a qualquer outra, oportunidade que o intérprete tem de indagar, antes de mais nada, qual foi a intenção comum das partes, e não a vontade singular de cada declarante. Necessária, pois o objeto da interpretação do contrato é sempre a vontade e a meta a ser alcançada pelo intérprete, a exata determinação dos efeitos jurídicos que as partes quiseram provocar. PRINCÍPIOS QUE DOMINAM A INTERPRETAÇÃO SUBJETIVA I - por mais gerais que sejam as expressões usadas no contrato, ele só compreende coisas que as partes tinham em vista contratar, e não aquelas que não foram objeto de sua cogitação; II - deve-se interpretar uma cláusula pelas outras contidas no ato, quer elas a precedam, quer a sigam (um dispositivo não deve ser analisado isoladamente, mas como parte de um todo). INTERPRETAÇÃO OBJETIVA A interpretação é realizada com a ajuda de regras editadas pelo legislador (lei) e preconizadas pela doutrina; método utilizado em seguida àquelas subjetivas, quer pelo intérprete advogado, quer pelo intérprete magistrado. PRINCÍPIOS QUE DOMINAM A INTERPRETAÇÃO OBJETIVA I - princípio da boa-fé; II - princípio da conservação do contrato; III - princípio do menor peso e equilíbrio das prestações (extrema ratio - exame extremo - tradução livre); I - Os contratos devem ser interpretados tal como o exijam a confiança e lealdade recíprocas (Art Do Código Civil Alemão); II - Quando uma cláusula contratual admite dois sentidos, deve ser entendida naquele que possa produzir algum efeito ; III - quando a obscuridade permanecer a despeito da aplicação de todos os princípios e regras de interpretação, orienta o examinador no sentido de entendê-lo menos gravoso para o devedor, se gratuito, de que se realize eqüitativo equilíbrio entre os interesses das partes, se a título oneroso (art do Código Civil Italiano).
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