ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E RECURSOS DE ÁGUA : COMO INTEGRAR OS DADOS METEREOLÓGICOS PARA MELHOR GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA?
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- Regina Bergler Pedroso
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1 MELHRO GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA?, 1 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E RECURSOS DE ÁGUA : COMO INTEGRAR OS DADOS METEREOLÓGICOS PARA MELHOR GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA? Jean-Christophe PAYAN *, Iñaki GARCÍA DE CORTÁZAR ATAURI **, Bernard SEGUIN ** * ITV-France Rhône-Méditerranée Domaine Donadille, Rodilhan (jean-christophe.payan@itvfrance.com) **Unité Agroclim, INRA - Site Agroparc, Domaine St-Paul, 84914, Avignon cedex 9 Artigo extraído de Entretiens viti-vinicoles Rhône Méditerranée 2006 (ITV France Introdução A seca e a canícula de 2003 ficaram na memória; muitos especialistas do clima concordam com a previsão de vindimas com características similares, com uma frequência de um ano em cada dois na segunda metade do século, ou mesmo superior no final do século XXI. Na região mediterrânica, os verões que seguiram 2003 não tranquilizaram o conjunto de pessoas sensíveis a estas problemáticas climáticas, entre os quais, os profissionais do sector agrícola, principalmente. É, portanto, interessante apresentar algumas bases da reflexão científica que conduziram ao enunciado de tais hipóteses para poder julgar melhor a importância das modificações assinaladas. Paralelamente a estes estudos prospectivos sobre a evolução do clima, a consideração das características meteorológicas do ano agrícola podem ser já integradas dentro dos instrumentos de modelização agronómica, para ajudar o produtor a seleccionar as suas práticas culturais. Destes modelos existem já, por exemplo, alguns de apoio à gestão do stress hídrico na vinha. AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Há já alguns anos, cientistas de todo o mundo têm desenvolvido trabalhos no âmbito da problemática das alterações climáticas a diferentes escalas de tempo e de lugar (IPCC 2001). Enquanto se melhora e aumenta a fiabilidade das previsões resultantes dos modelos climáticos globais (García de Cortázar et al. 2004), estes trabalhos permitem, entre outras coisas, levar a cabo estudos de impacto fiáveis. Diferentes cenários Para ilustrar este conceito, a comparação da evolução das temperaturas médias ao longo do milénio passado (figura 1, esquerda) mostra uma tendência inegável para o aquecimento no fim do século XX (IPCC 2001). A partir deste conhecimento do passado e com base em medições do clima depois de 1989, considerado pelos especialistas como o ano de referência que marca o início das alterações climáticas, várias hipóteses foram desenvolvidas sobre a provável evolução da temperatura ao longo do século XXI. Estas hipóteses são fundadas na nossa capacidade de regular as emissões de gases de efeito estufa, com diferentes cenários politico-económicos relativos, entre outros, à evolução do comércio internacional, ao desenvolvimento dos países emergentes e à dinâmica da industrialização das principais potências mundiais. O cenário mais optimista prevê, por exemplo, que se toda a emissão de gases de efeito estufa cessasse imediatamente, um aumento da temperatura média à escala mundial seria de aproximadamente 1,5º C até ao final do século. Este incremento dar-se-ia, sem dúvida, devido a um efeito de aumento do aquecimento do clima já perceptível, tendência actual que terá repercussões no clima futuro. Por outro lado, os cenários mais pessimistas, com o aumento da industrialização à escala planetária e o aumento da emissão de gás de efeito estufa, prevêem uma temperatura média de 5,8ºC superior à actual! A título de comparação e para melhor entender as consequências de tais modificações, a ADEME (2006) indica, por exemplo, que se a temperatura média anual do episódio de 2003 excedeu de longe a intensidade e duração do que pode ser registado a partir de 1878, tal episódio foi somente 0,1ºC superior ao ano mais quente anteriormente registado no
2 MELHRO GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA?, 2 mesmo período (1998). Encontramo-nos, então, muito longe dos valores optimistas de 1,5º C projectados na Figura 1. Figura 1 Quantificação do aquecimento global durante o milénio passado (à esquerda, ADEME 2006) e previsão para o séc XXI de acordo com os diferentes cenários (à direita, IPCC 2001). De salientar as diferenças significativas de escala. O aquecimento climático não afectará todas as regiões do mundo em proporções similares. Será particularmente significativo nos continentes, do hemisfério norte, acima do trópico de câncer, com uma intensidade máxima no círculo polar árctico. No que se refere às estações climáticas, em França, o Inverno e a Primavera serão as estações que sofrerão o menor aquecimento, antecedendo uma ruptura brutal para o período estival, completado com um Outono intermédio. Isto é particularmente certo para a região mediterrânica. Além da abordagem térmica, é essencial considerar a evolução e a distribuição das precipitações. Em média, à escala planetária, verificase uma importante recuperação das chuvas nos círculos polares árctico e antárctico, assim como em solo africano e euro-asiático localizados entre o trópico de câncer e o equador. Por outro lado, outro elemento surpreendente é a redução substancial das precipitações anuais no arco mediterrânico, assim como na região mexicana e no oeste australiano, mas em menores proporções. Coloca-se então a questão da repartição anual das precipitações de forma a entender melhor as prováveis consequências no que concerne à gestão das vinhas. Em França, os estudos mostram já uma tendência segundo a qual as irregularidades pluviométricas entre o norte e o sul de França por um lado e entre estações por outro, se irão acentuar (Planton 2003). Somente o período de Inverno permitirá um aumento da precipitação em relação à actual, as outras três estações deixam entrever défices pluviométricos importantes, mais particularmente ainda nas regiões do Sul e sudoeste. Efeitos na vinha Os impactos do aquecimento climático na fisiologia das plantas são de diferentes ordens. O primeiro traduz-se num aumento de produção da biomassa sob o efeito do aumento da concentração de CO 2 no ar, ainda que o incremento da respiração sob o efeito do aquecimento deva manter estes valores na ordem dos 15 aos 20%. A eficácia hídrica será melhorada igualmente pela melhoria da resistência estomática. Na vinha, um dos acontecimentos mais marcantes será, provavelmente, a modificação do ciclo fenológico devido ao aumento das temperaturas. Como consequência, teremos um aumento do crescimento dos órgãos da planta (Brisson 2004). As datas de floração das vinhas poderão ocorrer entre duas e três semanas mais cedo, e a data das vindimas sofrer uma antecipação de um mês, como já acontece em Cotes-du-Rhône ou em Médoc (Ganichot 2002).
3 MELHRO GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA?, 3 É provável que se atinja um equilíbrio agro fisiológico diferente do actual, que conduzirá a uma revisão de certas práticas culturais (Garcia de Cortázar e al. 2004). Nas vinhas as consequências serão traduzidas, numa antecipação dos estados fenológicos, entre estes, uma maturação mais precoce na estação, em pleno período estival, e o risco de alterações relativas às características organolépticas da uva (Lebon 2002, Garcia de Cortázar 2006). Tendo em conta os elementos anteriormente indicados, o ciclo vegetativo da vinha deverá realizar-se num período certamente mais quente, mas também mais seco que o actual, aumentando a preocupação dos viticultores para recorrerem aos recursos hídricos complementares como paliativo do défice pluviométrico. A tipicidade dos produtos também deve ser afectada assim como, a prazo, o encepamento das vinhas. Foram realizados estudos sobre a adaptação das vinhas a estas modificações climáticas com base em diferentes indicadores bioclimáticos, que demonstram claramente uma tendência à meridionalização das vinhas, com possíveis deslocações das áreas actuais da repartição das variedades (Schultz 2000, Jones e al.2004, Seguin e Garcia de Cortázar 2004). A MODELIZAÇÃO NA AGRICULTURA : UMA FERRAMENTA TÉCNICA IMPRESCINDIVEL NO FUTURO Para contornar estas modificações culturais, os técnicos necessitam de ferramentas que lhes permitam quantificar a importância do clima nas características da colheita. Estas ferramentas existem e estão em vias de desenvolvimento; são modelos agronómicos que permitem simular o crescimento ou a produção das culturas essencialmente a partir dos dados climáticos e pedológicos. O seu uso permite uma projecção no futuro do comportamento das culturas, introduzindo cenários climáticos previsíveis e observando as prováveis consequências sobre a paisagem vitivinícola, como neste caso. Para ser o mais preciso possível, estes modelos de culturas são extremamente complexos na sua concepção. Estão actualmente a ser desenvolvidos, particularmente com os estudos a decorrer no departamento de Agroclima do INRA de Avignon sobre o modelo de culturas STICS-vigne, e pela UMR System do INRA de Montpellier sobre a modelização da concorrência hidro-mineral nas vinhas com cobertura vegetal. Outra aplicação da modelização pode ser realizada para melhorar o conhecimento das vinhas já plantadas e seguir a sua evolução ao longo da estação vegetativa. Deste modo, os modelos permitem optimizar a frequência das intervenções no campo melhorando a caracterização das vinhas, o que representa uma vantagem inigualável para os técnicos responsáveis pelo acompanhamento das parcelas. Uma ferramenta deste tipo está a ser desenvolvida pelo ITV em colaboração com os principais organismos profissionais vitivinícolas do perímetro mediterrâneo e laboratórios de investigação agronómica. Este trabalho tem como objectivo melhorar o conhecimento das repercussões da redução da disponibilidade hídrica nas características da colheita e desenvolver uma ferramenta que permita a sua avaliação em tempo real. O que conduziu à optimização desta metodologia é seguidamente apresentado. Um modelo de balanço hídrico como ferramenta de ajuda à decisão de irrigação A estimativa do stress hídrico na vinha e o acompanhamento da sua evolução no decorrer da estação vegetativa só são possíveis sob observação no terreno, o que é tecnicamente difícil de se conseguir; isto reduz consideravelmente as capacidades de monitorização de uma região vitivinícola. As consequências de um stress hídrico importante podem ser desastrosas para a rentabilidade económica de uma exploração, é portanto necessário poder acompanhar em tempo real a evolução do stress hídrico na vinha de forma a adaptar apropriadamente as práticas culturais. Uma solução simples para realizar este acompanhamento será poder interpretar, em
4 MELHRO GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA?, 4 termos de efeitos na vinha, as características climáticas que condicionam a evolução do stress hídrico. Tais modelos climáticos já existem, tratam-se de modelos de balanço hídrico. O modelo considerado neste trabalho foi baseado nos trabalhos de Riou (1994) e Carbonneau (1998). Este permite acompanhar a evolução das reservas de água do solo, sendo o solo considerado como um simples reservatório que se enche com o efeito das chuvas, e que se esvazia por evaporação directa ou por transpiração da vinha (figura 2) Figura 2 : Ilustração dos fluxos hídricos tendo em consideração o balanço hídrico. ATSW = reserva de água do solo utilizável pela planta; P = precipitações; Es = evaporação do solo; Tv = transpiração da vegetação; kc = coeficiente de intercepção da radiação solar; E = espessura da vegetação; H = altura da vegetação; P % = porosidade da vegetação; ETP = evapotranspiração potencial. As parcelas vitivinícolas não são iguais entre elas do ponto de vista agronómico (profundidade do solo, tipo de solo, densidade de plantação ), um procedimento que combine balanço hídrico com as medições de campo (Riou et Payan 2001, Lebon et al. 2003, Payan et al. 2003, Pellegrino 2003, Fermond 2005) permite definir uma das características permanentes da parcela até então de difícil acessibilidade: a reserva hídrica utilizável pela vinha (TTSW). A partir deste dado, a interpretação dos relevos meteorológicos, podemos monitorizar, através da utilização de modelos, a evolução do stress hídrico durante um ano e comparar diferentes colheitas entre eles ou diferentes parcelas para melhor decidir os limites e datas de intervenção. Paralelamente a esta abordagem, numerosos trabalhos tendem actualmente a definir, para um determinado perfil de vinho, o que tem sido chamado de um itinerário hídrico, óptimo. O objectivo é quantificar os limites de stress hídrico acima ou abaixo dos quais os objectivos de produção não serão atingidos (por excesso ou falta de água). A modelização de evolução do stress hídrico permite situar as parcelas vitivinícolas nestes quadros para emitir um diagnóstico da situação (Payan 2004, Gary et al. 2005), e racionalizar a data e o volume das irrigações a realizar para um determinado objectivo de produção (figura 3).
5 MELHRO GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA?, ,0 90-0,1-0,2 80-0,3 Précipitations (mm) ,4-0,5-0,6-0,7-0,8-0,9-1,0-1,1 20-1,2 10-1,3-1,4 0-1,5 1-mai 8-mai 15-mai 22-mai 29-mai 5-juin 12-juin 19-juin 26-juin 3-juil 10-juil 17-juil 24-juil 31-juil 7-août 14-août 21-août 28-août 4-sept 11-sept PHFB (MPa) Figura 3 : Exemplo da discriminação de três colheitas ou três parcelas para o balanço hídrico de 1 de Maio a 15 de Setembro. Tal representação permite hierarquizar a importância do stress hídrico para uma determinada data. As zonas coloridas ao fundo do êcran representam diferentes itinerários hídricos que condicionam diferentes perfis de vinho. Conclusão No âmbito da gestão do stress hídrico na vinha, considerar a evolução das características climáticas ao longo do ano é de extrema importância. Numerosos estudos mostram que no futuro, o aquecimento do clima já em curso pode tomar proporções extremamente inquietantes, aumentando também as problemáticas agronómicas para a obtenção de um produto de qualidade. As previsões sobre a evolução das precipitações são tão negativas quanto as previsões sobre a evolução das temperaturas, por isso a tendência para a diminuição da quantidade de água recebida nas vinhas mediterrânicas é clara, aumentando desta forma a necessidade de o técnico vitícola dispor de ferramentas de ajuda para a racionalização das suas práticas culturais. Tais ferramentas estão em desenvolvimento, tratando-se essencialmente de modelos agronómicos. Os mais concretos de entre estes permitem simular as mudanças de paisagem vitivinícolas francesas a médio e longo prazo. Estes modelos podem além disso ser já utilizados como instrumentos de ajuda à decisão, estando actualmente um deles a ser testado em vinhas mediterrânicas para controlar a evolução do stress hídrico. Estando sempre condicionado pela legislação em vigor, o viticultor pode, actualmente, encontrar informação cada vez mais completa sobre a forma de gerir correctamente uma irrigação qualitativa; colocam-se agora muitas questões quanto à acessibilidade aos recursos hídricos De facto, vários elementos deixam pensar que embora o recurso à rega esteja autorizado e mesmo que se saiba quantificar uma irrigação qualitativa, as vinhas meridionais encontram-se frequentemente plantadas em zonas bastante secas, nas quais o acesso à água está limitado. É, então, necessário recorrer a uma fonte de distribuição e nem todas as vinhas terão possibilidade de igual acesso.
6 MELHRO GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA?, 6 Por outro lado, face ao aumento das secas nestes últimos anos, e a restrições da utilização de água cada vez mais sistemáticas, o meio agrícola é frequentemente posto em causa, incentivando cada vez mais, quando é possível, a substituição de culturas com elevadas exigências de água por outros mais tolerantes à seca. Neste contexto, mesmo que os factores limitativos anteriormente citados não sejam um obstáculo, é necessário agora interrogar-se sobre a sua repercussão, em termos de opinião pública, da imagem deixada ao consumidor sobre a irrigação de uma cultura historicamente não irrigada nos períodos de restrição de água, nos quais a cada um se pede um controlo dos gastos de água. Perante tais perspectivas, o posicionamento judicioso, controlado e criterioso das irrigações baseado em reflexões prudentes será uma necessidade absoluta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADEME 2006 Site Internet : 1&cid=13419&m=3&catid=13421 Brisson N Questionnements sur l impact du changement climatique sur les grandes cultures. Séminaire MICCES INRA, Isle sur Sorgue, janvier Carbonneau A Irrigation, vignoble et produits de la vigne. Traité d'irrigation, Jean-Robert TIERCELIN, éd. Lavoisier Tec & Doc : Fermond N A propos de deux modèles de bilan hydrique. Mémoire de fin d études, ENITA Bordeaux, 53p. Ganichot B Evolution de la date des vendanges dans les Côtes-du-Rhône méridionales. 6èmes Rencontres Rhodaniennes, éd. Institut Rhodanien, Orange, France : García de Cortázar Atauri I Impacts sur le vignoble, perspectives. Le Changement climatique: quelles conséquences pour l'agriculture et la sylviculture régionales? Rencontre Chercheurs/Professionnels. 2 février. INRA. Avignon. García de Cortázar Atauri I., Brisson N. et Seguin B Estimation de l impact du changement climatique sur les résultats agronomiques de la vigne avec le modèle STICS. Cahier Technique Mondiaviti, éd. ITV France : Gary C., Payan J.C., Kansou K., Pellegrino A. et Wéry J Un outil de diagnostic de la contrainte hydrique de parcelles viticoles, en relation avec des objectifs de rendement et de qualité. Comptes-rendus GESCO vol.2, Geisenheim : IPCC Climate change 2001 : impacts, adaptation and vulnerability. Contribution of Working Group II to the third assessment report of IPCC, Cambridge University Press, Cambridge. Jones G. V., White M. A. et Cooper O. R Climate change and global wine quality. Climatic Change. (in review). Lebon E Changements climatiques: quelles conséquences prévisibles sur la viticulture? 6émes Rencontres Rhodaniennes, éd. Institut Rhodanien. Orange, France. p Lebon E., Dumas V., Pieri P. et Schultz H.R Modelling the seasonal dynamics of the soil water balance of vineyards. Functionnal Plant Biology, 30 : Payan J.C L évaluation de la contrainte hydrique: développer des outils pour mieux connaître ses conséquences sur la qualité de la vendange. Cahier Technique Mondiaviti, Bordeaux, éd. ITV France : Payan J.C., Ramel J.P., Martinez A.M. et Salançon E Sécheresse et canicule en 2003 : caractérisation climatique et méthodes d identification au vignoble. Comptes-rendus Euroviti, Montpellier, éd. ITV France : Pellegrino A Elaboration d un outil de diagnostic du stress hydrique utilisable sur la vigne en parcelle agricole par couplage d un modèle de bilan hydrique à des indicateurs de fonctionnement de la plante. Thèse de doctorat, AgroM Montpellier, 138p. Planton S A l échelle des continents : le regard des modèles. Comptes-rendus de l Académie des Sciences, Paris. Tome 335, n 6-7 : Riou 1994
7 MELHRO GERIR O STRESS HÍDRICO DA VINHA?, 7 Riou C. et Payan J.C Outils de gestion de l eau en vignoble méditerranéen. Application du bilan hydrique au diagnostic du stress hydrique de la vigne. Comptes-rendus GESCO, journée professionnelle, Montpellier : Schultz H.B Climate change and viticulture :a european perspective on climatology, carbon dioxyde and UV-B effects. Australian Journal of Grape and Wine Research, 6 : Seguin B. et García de Cortázar Atauri I Climate warning : consequences for viticulture and the notion of «terroirs» in Europe. 7 th International Symposium of Vineyard Physiology and Biotechnology, june, Davis USA.
Este artigo foi extraído de Entretiens viti-vinicoles Rhône Méditerranée 2006 (ITV France)
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