SUMÁRIO. Introdução... 1
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- Henrique Stachinski Maranhão
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1 SUMÁRIO Introdução... 1 Aditivos Nutricionais e, ou, Auxiliares na Fermentação... 3 a) Uréia... 3 b) Cama de frango... 4 c) Melaço... 6 d) Polpa cítrica... 7 e) Milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS)... 8 f) Farelos... 9 Aditivos Estimulantes da Fermentação... 9 Inibidores da Fermentação Indesejável a) Pirossulfito de sódio b) Ácido fórmico c) Formol d) Mistura de formol com ácido fórmico Outros Observação importante Bibliografia Consultada... 17
2 ADITIVOS PARA SILAGEM Antônio Ricardo Evangelista 1 Josiane Aparecida de Lima 2 1 Introdução O processo de armazenar forragem por meio da ensilagem é um método de preservação da qualidade nutricional da forrageira ensilada, não acrescentando às forragens, valores nutricionais além daqueles já existentes. Determinadas espécies forrageiras ao serem ensiladas necessitam de cuidados especiais, pois se forem ensiladas ao natural podem ocorrer perdas de princípios nutritivos, em função de características, tais como; elevado conteúdo em umidade e/ou, baixo conteúdo em carboidratos solúveis. Nesse contexto, os aditivos são substâncias que quando adicionadas às forragens, durante o processo de ensilagem, podem contribuir para reduzir as perdas, estimular as fermentações desejáveis e enriquecer o valor nutritivo, melhorar a palatabilidade, a digestibilidade e o consumo da silagem. 1 Professor Titular do Depto. de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras-MG (UFLA). 2 Doutor em Zootecnia Pastagens e Forragicultura. Bolsista Recém Doutora CNPq. 2
3 De acordo com as funções que desempenham, os aditivos podem estimular a fermentação desejável ou inibir a fermentação indesejável do material ensilado. Porém, para a escolha de um aditivo, inicialmente é necessário considerar alguns parâmetros que auxiliam na definição pela sua utilização: - elevação do valor energético e/ou, protéico, em relação à silagem sem aditivos; - promoção de fermentações mais eficientes; - custo compatível com a melhoria promovida no produto final; - não causar doenças, nem deixar resíduos tóxicos. - fácil aquisição; - ser de fácil aplicação; Apesar de os aditivos serem substâncias que podem ser adicionadas no momento da ensilagem, é importante ressaltar que para obtenção de silagem de boa qualidade, a sua utilização não elimina, em hipótese alguma, os cuidados necessários, tais como época de corte da forrageira, compactação e vedação do silo, etc. 3
4 2 ADITIVOS NUTRICIONAIS E/OU AUXILIARES NA FERMENTAÇÃO a) Uréia A principal razão para aplicação de nitrogênio não protéico (NNP) no material a ser ensilado é o aumento do teor de nitrogênio da forragem, sendo a uréia o principal aditivo utilizado para atender esse propósito. O milho e o sorgo, quando atingem o ponto ideal de corte para ensilar, apresentam níveis de matéria seca (30-35%) e carboidratos solúveis suficientes para proporcionar uma fermentação adequada. Entretanto, essas forrageiras apresentam teores de proteína bruta relativamente baixos. Assim, o objetivo da adição de uréia a essas espécies no momento da ensilagem é melhorar o valor nutritivo da silagem produzida. Com relação ao capim-elefante, a adição de uréia durante o processo de ensilagem, ao contrário do que ocorre com o milho e com o sorgo, pode não ter a mesma eficiência, uma vez que o capim-elefante apresenta baixo teor de matéria seca e de carboidratos solúveis, quando comparado ao milho e ao sorgo, apresentando, portanto, maior possibilidade de volatilização da amônia. 4
5 Quanto às práticas de aplicação, recomenda-se a utilização de 5 kg de uréia por tonelada de forragem (0,5%), sendo necessária uma distribuição uniforme para evitar problemas de intoxicação aos animais. b) Cama de frango A cama de frango é uma mistura de excrementos, material absorvente e restos de concentrados que contém quantidades significativas de nutrientes. É um material que se constitui numa boa fonte de energia para os ruminantes, e na sua composição química é observado também alto teor de nitrogênio. Por conter alta concentração de matéria seca, faz com que a cama de frango seja admissível na ensilagem de espécies forrageiras que apresentam elevado conteúdo de umidade. A adição de cama de frango permite aumentos lineares nos teores de matéria seca e de carboidratos solúveis, bem como no enriquecimento protéico das silagens, aumentando, conseqüentemente, o consumo e a digestibilidade. É de relevante importância salientar que o uso de cama de frango deve ser cercado dos devidos cuidados, com a finalidade de evitar transmissão de doenças ou causar distúrbios 5
6 aos animais. Portanto, recomenda-se, como cautela, armazená-la durante 40 dias, para que possa fermentar. Vale ressaltar que é imprescindível adquirir o produto de firmas idôneas, ou seja, que tenham bom manejo de seus aviários. Com relação à quantidade, recomenda-se que a cama de frango seja utilizada até 15% da massa ensilada. c) Melaço Este aditivo, por apresentar concentrações elevadas de carboidratos solúveis, favorece a fermentação lática, resultando em silagens com menores perdas dos princípios nutritivos. O melaço ainda melhora a palatabilidade, a digestibilidade e, conseqüentemente, proporciona maior consumo da silagem. Salienta-se que precauções devam ser tomadas na incorporação do melaço que, por ser muito viscoso, requer, para melhor distribuição, diluição em água quente (1:3 melaço:água quente), possibilitando que maior volume de melaço seja adicionado sem que ocorram perdas por drenagem. Em geral, recomenda-se a adição de 1 a 3% (10 a 30 litros/tonelada de forragem) para a ensilagem de gramíneas e de 4 a 5% (40 a 50 litros/tonelada de forragem) para a ensilagem de leguminosas. 6
7 A adição de melaço às plantas forrageiras com teor excessivo de umidade pode não proporcionar resultados benéficos, pois as perdas do aditivo por lixiviação, nessas condições, são bastante elevadas. Dessa forma, quando a planta forrageira apresentar elevado conteúdo de umidade, a adição de níveis elevados de melaço, diluído em grande quantidade de água, deve ser evitada, pois parte significativa do aditivo será perdida por drenagem. Ressalta-se que a adição de melaço diluído em água quente permite misturas de até sete partes de melaço para uma parte de água. Porém, a fim de reduzir possíveis perdas do aditivo por drenagem, procura-se reduzir ao máximo a quantidade de água a ser adicionada ao material a ser ensilado. d) Polpa cítrica A polpa cítrica é um subproduto da agroindústria que apresenta cerca de 6-8% de proteína bruta e alto teor energético, da ordem de 78% de NDT. Cita-se, como limitação para o uso da polpa cítrica na alimentação animal, o fator econômico, uma vez que sua produção se destina basicamente à exportação e o seu custo para uso interno é elevado. Dessa forma, é interessante 7
8 comparar o custo da polpa com outras opções de aditivos, tais como fubá de milho, farelo de arroz e farelo de trigo, entre outros. Em caso de uso, a dosagem varia de acordo com as características da forragem e, embora apresente efeitos positivos com adição de até 30% em peso, os melhores resultados são obtidos com níveis entre 4 e 15%, que devem ser misturados à forragem no momento da ensilagem. e) Milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS) É um produto de alta eficiência, pois associa a capacidade de baixar a umidade (palha e sabugo) com o fator nutricional (milho quebrado e fubá). Assim sendo, é um aditivo muito interessante para o uso na produção de silagem de capimelefante. A quantidade a ser utilizada é dependente do aspecto econômico, sendo que, geralmente, bons resultados são obtidos com adição de 4 a 10% da massa ensilada, misturados à forragem no momento da ensilagem. É importante ressaltar que na época ideal da ensilagem (fevereiro-março), não há milho disponível, uma vez que essa cultura, geralmente, é colhida em abril-maio. Por outro lado, caso 8
9 a ensilagem coincida com a colheita do milho, ressalta-se que este não deve ser utilizado, pelo fato de que o milho novo é difícil de ser triturado para obtenção do MDPS. O ideal é programar com antecedência e guardar o milho colhido no ano anterior para esse fim. f) Farelos Os farelos de trigo ou de arroz, os quais, com freqüência, compõem as rações concentradas dos bovinos, também podem ser utilizados para auxiliar na redução do teor de umidade da forragem a ser ensilada. A exemplo do MDPS, a quantidade a ser utilizada depende do aspecto econômico e, geralmente, a proporção utilizada é de 4 a 10% da massa ensilada, proporcionando bons resultados. 3 ADITIVOS ESTIMULANTES DA FERMENTAÇÃO Os inoculantes enzimo-bacterianos atuam indiretamente transformando os carboidratos complexos da forragem em açúcares simples para serem utilizados pelas bactérias produtoras de ácido lático. Esses inoculantes contêm também culturas vivas de bactérias (principalmente Lactobacillus, 9
10 Streptococcus e Pediococcus) que transformam os açúcares da forragem em ácido lático com maior eficiência. Dessa forma, o princípio de atuação das culturas enzimo-bacterianas é aumentar a disponibilidade de açúcares simples da forrageira, para que as bactérias inoculadas, juntamente com as existentes na forrageira, utilizem esses açúcares para a subseqüente produção de ácido lático e rápida queda do ph da massa ensilada. Entre as principais ações atribuídas aos inoculantes enzimo-bacterianos, citam-se o aceleramento da fermentação da massa ensilada, redução de perdas de proteína e energia, redução do teor de nitrogênio amoniacal, melhor digestibilidade da fibra e melhoria da estabilidade da silagem na ocasião da abertura do silo. 4 INIBIDORES DA FERMENTAÇÃO INDESEJÁVEL São compostos químicos que, além de contribuírem para o abaixamento do ph da massa ensilada, podem ter efeito bactericida. Esses aditivos reduzem o crescimento de microrganismos aeróbicos e a solubilidade da proteína. Entre 10
11 esses produtos, incluem-se o pirossulfito de sódio, ácido fórmico, formol e misturas de formol com ácido fórmico. a) Pirossulfito de sódio Este produto possui ação bacteriostática e atua bloqueando a respiração celular do material ensilado, em face da liberação de dióxido de enxofre (SO 2 ), desencadeando, assim, a formação de um ambiente anaeróbico necessário à ação das bactérias produtoras de ácido lático. Geralmente, é utilizado na dosagem de 0,2 a 0,3% (2 a 3 litros/tonelada de material verde). b) Ácido fórmico O efeito preservativo do ácido fórmico é atribuído ao aumento na concentração hidrogeniônica do meio (efeito acidificante), baixando, portanto, o ph, com subseqüente inibição das fermentações indesejáveis. Assim, a influência do ácido fórmico sobre os microrganismos e subseqüente fermentação do material ensilado apresenta as seguintes características: - baixo ph; - baixos conteúdos de ácidos acético e butírico; 11
12 - baixo conteúdo de amônia; - redução da temperatura atingida durante a fermentação; - níveis mais elevados de açúcares residuais e etanol. Ressalta-se, entretanto, que tais características estão diretamente relacionadas com os níveis de aplicação do ácido e com o conteúdo de matéria seca do material ensilado. Com relação à prática de utilização, é importante que o ácido seja aspergido sobre a forragem picada. Dessa forma, sua ação é mais efetiva. Quanto à dosagem, recomenda-se utilizar de 0,5 a 0,6% (5 a 6 litros/tonelada de material verde) diluído em água na proporção de 1:1. c) Formol O formol, comercializado em solução de 37 a 45% de formaldeído, possui duas características que o tornam propício como aditivo para silagens: - é um produto bacteriostático, sendo utilizado para reduzir as fermentações na massa ensilada; - torna as proteínas relativamente insolúveis e intocáveis pelos microrganismos do material ensilado e do rúmen. 12
13 Com a utilização do formol, as proteínas atravessam o rúmen e são digeridas e absorvidas pelo abomaso e intestino delgado, onde são liberados os aminoácidos, evitando, assim, que as proteínas sejam degradadas com perdas maiores de nitrogênio sob a forma de amônia. É interessante ressaltar que o uso de baixos níveis de formol, em geral, são ineficientes e impedem uma fermentação desejável, enquanto o uso de altos níveis pode reduzir a taxa de digestão, além de deprimir o consumo e a retenção de nitrogênio. Nesse sentido, o benefício máximo do formol como aditivo é, em parte, regulado pelas dosagens de aplicação, uma vez que, na dependência dessas, podem ocorrer alterações no processo de fermentação do material ensilado. Assim, a utilização do formol na dosagem de 0,3 a 0,4% (3 a 4 litros/tonelada de matéria verde), respectivamente, para gramíneas e leguminosas, além de controlar a fermentação, é um conservador eficiente de proteínas. Salienta-se que esse produto é amplamente encontrado em farmácias e supermercados, pois é muito utilizado na desinfecção e limpeza doméstica. 13
14 d) Misturas de formol com ácido fórmico Como o formol não é um aditivo ideal, uma vez que a sua utilização em baixos níveis impede uma fermentação desejável e, em níveis elevados, reduz o consumo da silagem, as fermentações a nível de rúmen e a digestibilidade das proteínas, a prática de associá-lo ao ácido fórmico, considerado acidificante e de ação bactericida, é particularmente estratégica, pois permite o uso de menores doses de formol, o que, conseqüentemente, não prejudica o consumo e a digestão da silagem, aliado ao fato de assegurar relativa proteção das proteínas. Com relação à mistura, destaca-se a solução Viher, produto constituído basicamente de 70% de formol (38 a 40% de formaldeído), 26% de ácido fórmico (85% de pureza) e 4% de água. Entretanto, é importante ressaltar que, no Brasil, o uso de misturas de formol e ácido fórmico é estritamente experimental e é utilizada, em grande parte, na ensilagem do capim-elefante, com resultados pouco esclarecedores. Sendo assim, ainda são necessários estudos para se determinar quais as melhores proporções e respectivas doses a serem adotadas. Salienta-se, também, o fato do ácido fórmico ser de difícil aquisição, sendo encontrado somente nos grandes centros comerciais. 14
15 Outros Alguns produtos têm sido utilizados com o único propósito de elevar a matéria seca do material ensilado e, entre esses, incluem-se a utilização de fenos, palhadas e sabugo de milho moído, os quais têm grande capacidade de retenção de umidade. Entretanto, trata-se de produtos que, normalmente, contêm alto teor de fibra, afetando, portanto, o valor nutritivo das silagens. Vale lembrar que, no caso de se utilizar estes produtos, deve-se verificar a relação custo benefício. Observação importante Não se recomenda a colocação de aditivos em camadas, pois nesse caso, a sua eficiência é menor. Sendo assim, todo aditivo deve ser bem misturado à forragem, pois dessa forma, o aproveitamento de suas propriedades é mais eficiente, resultando em silagem de boa qualidade e bom valor nutritivo. 15
16 5 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ARNOULD, R., JOASSART, J. M., VANBELLE, M. et al. La valeur d um noveau conservant pour ensilage à base de nitrite de soude et d hexaméthylene tétramine. Revue del Agriculture, Bruxelas, v.30, n.4, p , ARNOULD, R., VANBELLE, M., JOASSART, J. M. et al. Le formaldehyde utilisé comme conservateur d ensilage. I. Comparaison de son effect avec celui de l acide formique pour la conservation du forrage dans de silo. Revue del Agriculture, Bruxelas, v.31, p , EVANGELISTA, A. R., ROCHA, G. P. Forragicultura. Lavras: UFLA/FAEPE, p. FERGUSON, K. A., KEMSLEY, J. A., REIS, P. J. The effect of protecting dietary protein microbial degradation in the rumen. Austr. J. Sci., v.30, p , LAVEZZO, W. Ensilagem do capim-elefante. In: PEIXOTO, A. M., MOURA, J. C., FARIA, V. P. (eds.). Manejo do capimelefante. Piracicaba: FEALQ, p LAVEZZO, W., CAMPOS, J. Efeito da adição de cama de galinheiro sobre o valor nutritivo da silagem de capim-elefante Napier (Pennisetum purpureum Schum). R. Ceres, Viçosa, v.24, n.134, p , LIMA, J. A. Qualidade e valor nutritivo da silagem mista de capim-elefante (Pennisetum Purpureum, Schum) e soja (Glycine max (L.) Merrill), com e sem adição de farelo de 16
17 trigo. Lavras, MG. 69 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Lavras, MARTIN, L. C. T. Bovinos - volumosos suplementares. São Paulo: Nobel, p. OLIVEIRA, M. D. S., VIEIRA, P. F., SAMPAIO, A. A. M. Efeito da estocagem sobre a composição bromatológica da cama de frango. R. Soc. Bras. Zoot., Viçosa, v.17, n.2, p , TIESENHAUSEN, I. M. E. V. Resíduos avícolas na alimentação dos ruminantes. Inf. Agrop., Belo Horizonte, v.10, n.119, p.52-55, VILELA, D. Aditivos na ensilagem. Coronel Pacheco:EMBRAPA-CNPGL, p. (EMBRAPA-CNPGL, 21). WILSON, R. F., WILKINS, R. J. Paraformaldeyde as a silage additive. J. Agric. Sci., Cambridge, v.91, n.1, p , ZIMER, E. Efficient silage systems. In: FORAGE CONSERVATION IN THE 80 s. Brighton, Proceedings... Hurley: BRITSH GRASSLAND SOCIETY, p Occasional Symposium, II). 17
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