RESENHA CRÍTICA. OBRA RESENHADA: POLANYI, Karl. A subsistência do homem e ensaios correlatos. Rio de Janeiro: Contraponto, p. 23 cm.
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1 RESENHA CRÍTICA OBRA RESENHADA: POLANYI, Karl. A subsistência do homem e ensaios correlatos. Rio de Janeiro: Contraponto, p. 23 cm. CREDENCIAIS DA AUTORA: Leandra Pereira da Silva é Graduanda do curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Campus de Vitória da Conquista/BA Brasil. leandra.asaconquista@gmail.com Telefone: 055(77)
2 RESENHA CRÍTICA 1. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA POLANYI, Karl. A subsistência do homem e ensaios correlatos. Rio de Janeiro: Contraponto, p. 23 cm. 2. APRESENTAÇÃO DO/A AUTOR/A DA OBRA Húngaro, Karl Polanyi nasceu em Estudou direito na Universidade de Budapeste onde se envolveu com o movimento estudantil de esquerda. Além do direito, estudou também antropologia e economia política. Com a emergência do fascismo na Áustria, em 1933 ele imigra para Londres. Lá, participa do grupo de esquerda cristão e co-escreve a obra Cristianismo e Revolução Social. Entre 1940 e 1943, torna-se residente no Bennington College, em Vermont e escreve uma de suas obras mais conhecidas, A Grande transformação. Nela Polanyi trabalha uma categoria inédita de análise, a economia plural. Na economia plural os indivíduos não agem de forma a salvaguardar seu interesse individual na posse de bens materiais, ele age para salvaguardar sua situação social, suas exigências sociais, seu patrimônio social. Ele valoriza os bens materiais na medida em que eles servem a seus propósitos. Morou e lecionou na Áustria, na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Canadá. Foi um defensor das reformas democráticas e um crítico agudo das ideias liberais. Polanyi defendia que o estabelecimento de um sistema de mercado auto-regulável foi uma tentativa utópica do liberalismo. 3. BREVE SÍNTESE DA OBRA A obra A Subsistência do Homem e Ensaios Correlatos, de Karl Polanyi, organizada com a ajuda de sua filha Kari Polanyi Lavitt, consiste em uma publicação de textos inéditos em português. Trata-se de artigos que relevantes com os debates do século XX. São textos em que evidenciam a originalidade do pensamento de Karl Polanyi, pois sua análise transita pelos vários espaços da ciência a fim de analisar os eventos políticos e econômicos de sua época. Transitando pela erudição, sua obra vem despertando interesse crescente de estudiosos em todo o mundo. Os textos selecionados para compor esse primeiro volume de "Ensaios" tratam, primordialmente, de temas relacionados com as formas de subsistência do homem na
3 sociedade capitalista, bem como os elementos não econômicas de organização dessa sociedade. 4. PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA A perspectiva teórica presente no percurso da obra de Karl Polanyi e em sua filosofia política, é permeada de elementos históricos, sociológicos antropológicos e econômicos. Esses elementos foram instrumentos em que Polanyi utilizou para compreender a sociedade capitalista. Por meio deles foi possível desenvolver uma investigação das sociedades antigas, nas quais mercados, comércio e moeda não formavam uma tríade articulada e elevar a economia enquanto elemento enraizado em outras instituições sociais. 5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS (METODOLOGIA) Com o objetivo de delinear os traços gerais da sociedade capitalista, Polanyi desenvolve em seu programa teórico um exame minucioso das sociedades antigas, nas quais mercados, comércio e moeda não formavam uma tríade articulada e a economia estava enraizada em outras instituições sociais. Entre os instrumentos utilizados por Polanyi para desenvolver seus estudos está o método qualitativo, responsável entender a natureza de um fenômeno; o método histórico, também chamado de método crítico ou crítica histórica, que compreende duas operações, a saber: análise e síntese. 6. CONTEÚDO Na primeira parte de A Subsistência do Homem e Ensaios Correlatos, Polanyi se propõe a desmistificar o que ele chamou de falácia economicista onde o modo de pensar é personificado na mentalidade de mercado (POLANYI, 2012, p. 47). Nessa lógica, homem e sociedade se transformam em produtos na chamada economia de mercado, uma condição necessária para a organização estrutural do sistema econômico. Aqui, o mundo humano parece se organizar a partir de motivações essencialmente materiais e suas instituições determinadas pelo sistema econômico. Isso implica em dizer que, em um sistema econômico do tipo capitalista, todo indivíduo tem que obter um rendimento. A terra e o trabalho também passam por uma transformação crucial. Antes, concebidos enquanto elementos necessários à reprodução da sociedade, agora são levados à condição de mercadorias. Nas palavras de Polanyi, é como se tivessem sido produzidos para a venda
4 (POLANYI, 2012, p. 53). A esse processo de transformação Polanyi denominou de transformação economicista. Para Polanyi (2012, p. 57) a filosofia erigida sobre esses alicerces foi tão radical, quando fantasiosa, pois, em certo sentido, conduziu o homem e a sociedade a se comportarem de acordo com os princípios do racionalismo econômico, situando toda a vida humana com sua profundidade e riqueza no quadro das ações de referência do mercado. Polanyi dota o termo econômico de uma definição formal e substantiva em sua obra. Para ele existem dois significados. O primeiro provém do caráter lógico da relação meiosfins [...], desse significado provém a definição de econômico pela escassez (POLANYI, 2012, p. 63). O segundo, o significado substantivo, aponta para a realidade de que os seres humanos não podem existir sem um meio físico que os sustente. Nessa perspectiva, formal e substantivo, são significados que nada possuem em comum, pois o primeiro decorre da realidade e o segundo, da lógica. No processo econômico há uma necessidade de integração e estruturas de apoio. Tal processo se apresenta na medida em que se institucionalizam os movimentos de bens e pessoas. Para Polanyi (2012, p. 83), as principais formas de integração da economia humana são a reciprocidade, a redistribuição e a troca. Na segunda parte de sua obra, estão textos escritos por Polanyi. Os textos selecionados para compor esse primeiro volume de "Ensaios" tratam, primordialmente, de temas relacionados com as formas de subsistência do homem na sociedade capitalista, bem como os elementos não econômicas de organização dessa sociedade. São textos em que evidenciam a originalidade do pensamento de Karl Polanyi, pois sua análise transita pelos vários espaços da ciência a fim de analisar os eventos políticos e econômicos de sua época. Transitando pela erudição, sua obra vem despertando o interesse crescente de estudiosos em todo o mundo. São seis textos: Nossa obsoleta mentalidade de mercado; Aristóteles descobre a economia; O lugar das economias nas sociedades; A economia como processo instituído; A semântica dos usos do dinheiro e Interesse de classe e mudança social. Dentre as principais discussões empreendidas por Polanyi em seus textos está a necessidade de determinar o significado que se pode atribuir ao termo econômico, com coerência, em todas as ciências sociais (POLANYI, 2012, p. 293). Além disso a autor retoma o tema sobre as forma de integração da economia destacando que elas se diferenciam à medida que existem formas distintas de a economia se relacionar com as esferas política e cultural de cada sociedade. Todavia, as formas de integração não se apresentam como estágios de desenvolvimento (POLANYI, 2012, p. 310).
5 7. CONSIDERAÇÕES PESSOAIS A obra de Polanyi aqui trabalhada é resultado de um trabalho de importância impar para o pensamento econômico e a história das Ciências Econômicas, pois trata-se de uma criação que desenvolve e defende conceitos inéditos. Polanyi inova, não somente por criticar a economia de mercado preconizada pelos liberais, mas também por propor e perceber a existência de outra lógica no sistema econômico. Nesse contexto, Polanyi aponta perspectivas diferenciadas para o pensamento econômico. Os elementos antropológicos, sociológicos, históricos e econômicos presentes da obra de Polanyi revela sua inquietude por desenvolver um trabalho que possa trazer uma análise holística da sociedade capitalista. Trata-se de um suporte imprescindível para enfrentar e superar a lógica economicista e os graves desafios contemporâneos de nossa civilização. A obra de Polanyi tem sido cada vez mais recupera a fim de ser instrumento capaz de analisar os modos de vida conduzidos pela lei do valor em que a sujeição da vida às leis de mercado vem reduzindo significativamente outras formas de vida social. A obra de Polanyi sugere a existência de uma conexão entre a ciência econômica e as demais ciências sociais, fazendo emergir uma reconstrução do paradigma econômico, integrando-o interdisciplinarmente.
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