Expansão do metro de Lisboa ligação
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- Ana Luísa Sabrosa Vilalobos
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1 Expansão do metro ligação das estações Rato e Cais do Sodré Análise crítica do ponto de vista técnico 1
2 Expansão do metro O autor agradece à assembleia municipal a oportunidade de expor as suas opiniões e felicita-a por este exercício de democracia, ao promover esta sessão sobre um tema de interesse público indissociavelmente ligado ao direito à mobilidade, cuja solução não deverá ser adotada sem um debate informado Saúda também os membros do painel, com apreço pelo seu percurso profissional As opiniões expressas nesta apresentação só vinculam o autor, baseiam-se na sua experiência profissional como técnico de manutenção e de planeamento de infraestruturas, e coordenador da integração das disciplinas ferroviárias nos empreendimentos de expansão do metropolitano 2
3 Expansão do metro Das primeiras coisas que me ensinaram quando entrei para o metro, foi que havia duas deficiências da linha em V então existente: - num dos braços do V os comboios circulavam cheios e na outra quase vazios, desregulando a circulação - havia uma bifurcação; uma avaria no motor de agulha paralisava toda a linha estes são também inconvenientes de uma linha circular 3
4 Expansão do metro Graças a um consultor estrangeiro, foi possível elaborar em 1975 um plano de expansão que teve de aguardar para correção das deficiências: - desconexão da Rotunda (incompleta por não se ter cumprido a proposta extensão a Alcântara) - desconexão do Rossio 4
5 Expansão do metro O plano de 1975 aplicava o conceito de uma rede de metropolitano, cujo é: um conjunto de eixos de penetração e de eixos transversais, desejavelmente coordenado com outros modos de transporte mais ligeiros, de modo que qualquer ponto da cidade não fique a mais de 800 m de uma qualquer estação (método TOD transit oriented development) Eis porque fico chocado, como técnico, quando vejo apresentar o plano de expansão do metro com a ligação entre as estações Rato e Cais do Sodré, abandonando a ligação a Alcântara 5
6 Expansão do metro este é o plano de 2009, elaborado sem o concurso dos técnicos de operação e de manutenção, que serviu de base ao agora apresentado, e que tem as inconformidades: - linha circular - pendentes e curvas não razoáveis - bifurcações - linhas de metro muito próximas - áreas não servidas 6
7 Expansão do metro dificuldades construtivas do plano agora apresentado: - av.24 de julho a céu aberto, - interseção da galeria existente entre Cais do Sodré e Baixa, - curvas e contracurvas impondo redução de velocidade nos dois casos - construção de novo viaduto de 400m para viabilizar as ligações da linha verde a Cidade Universitária e da 2ªcircular à Av.Padre Cruz 7
8 Expansão do metro É positivo existir um plano de expansão para execução faseada num período superior a vários ciclos eleitorais e de programas comunitários de apoio. Mas este plano: - ignora as boas práticas da manutenção e da operação fiáveis de metropolitanos (linha circular sensível a perturbações, dificuldade de regulação), - subordinado ao conceito de otimização da procura, contribui para a desigualdade entre troços da rede em termos de tráfego - corre o risco do estudo de procura produzir resultados distorcidos pela desestruturação atualmente existente do território urbano : - deslocação da população residente para as áreas suburbanas, - fecho de atividades secundárias e terciárias na cidade, - provável tempo de execução de uma extensão da rede superior a alterações da estrutura de deslocações Existem alternativas, aliás referidas na apresentação do plano (notar que o prolongamento das linhas amarela ou vermelha para Alcântara exige, para o sucesso na correspondência com a linha de Cascais, o término em viaduto, na avenida 24 de julho junto da rua Fradesso da Silveira e a necessária reformulação do plano de urbanização de Alcântara): 8
9 Expansão do metro Alternativa 1 prolongamento da linha amarela Rato-Alcântara (e da vermelha para Algés/Jamor, em conjugação com a transformação da linha de elétrico em metro ligeiro) dados do mapa Google Alternativa 2 prolongamento da linha vermelha S.Sebastião-Alcântara (e da amarela para Algés/Jamor, em conjugação com a transformação da linha de elétrico em metro ligeiro) compatível com o atual plano de urbanização de Alcântara (exceto término em viaduto e auto-silos) 9
10 Expansão do metro É verdade que os estudos de procura são sedutores para os decisores (citando Paul Mees: The emphasis on secondary sources, elasticities and mathematical equations produces a kind of fog that makes it hard to see the real world ). Foi assim - que o senhor ministro justificou a ligação de Cais do Sodré à zona de maior procura de Lisboa, a avenida da República (aumentando-lhe a atratividade e consequentemente a desigualdade relativamente às outras áreas), - e o senhor presidente do metro: - a opção pela Estrela por gerar 3,3 milhões de passageiros por ano, ou por dia, ou entradas em hora de ponta de 500 em detrimento de Campo de Ourique; - esperando um acréscimo de passageiros de 7,9 milhões por ano pelas estações Estrela e Santos e por aumento de atratividade de toda a rede (ou 24 mil passageiros por dia num total de 450 mil) e contudo, como diria Galileu, um park and ride em Campo de Ourique, ou aparcamiento disuasor, como se diz em Madrid, dedicado à A5, seria um polo gerador de procura 10
11 Expansão do metro Também eu fiz um pequeno estudo de procura, não com software de microssimulação, mas à maneira dos problemas de Fermi, e obtive os seguintes valores para o custo financeiro por passageiro.km (o pass.km é o produto de um metropolitano) para as 3 hipóteses de ligações: - do Rato ao Cais do Sodré (2km): 0,354 /pass.km - do Rato a Alcântara com faseamento de S.Sebastião a Algés (9,8km): 0,222 /km - de S.Sebastião a Alcântara com faseamento do Rato a Algés(10,5km): 0,229 /pass.km Isto é, a um maior poder financeiro corresponde um menor custo de financiamento, ou, quanto menor a expansão mais elevado o seu custo financeiro 11
12 Expansão do metro Será a elaboração de um plano de expansão desadequado à situação do país? Ou o desadequado não será antes o desperdício energético devido ao predomínio (70%) do transporte individual nas deslocações casa-emprego? E se o financiamento for obtido: - nos programas de apoio da UE , ou no plano Juncker para infraestruturas (condição sine qua non: primeiro elabora-se o projeto, depois submete-se como candidatura a fundos comunitários), - através de taxação para a descarbonização (reforço do Fundo Ambiental) ou por comparticipação no IMI, no IMT ou nas receitas do estacionamento não poderá dizer-se que Lisboa está a prejudicar o interior 12
13 Expansão do metro CONCLUSÃO - a irrepreensível proposta de estratégia apresentada em 8 de maio pelo presidente do metro no sentido da correção das inconformidades anteriores, técnicas e de recursos humanos, - a capacidade de motivação e de trabalho dos trabalhadores e técnicos do metro e da FERCONSUT, - a oportunidade, em função da preparação para os apoios comunitários, de um plano de expansão: - consistente com os objetivos de redução do desperdício com a importação de combustíveis fósseis devidos ao transporte individual, - Integrado no plano mais vasto de reabilitação e reorganização do território urbano justificam um debate aberto entre técnicos para se encontrar uma solução melhor do que a apresentada o que se propõe, para que não se cometam mais erros 13
14 Expansão do metro obrigado pela vossa atenção contacto: 14
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