FÁBRICA DE CIMENTO DE RIO MAIOR ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE JANEIRO 2010 COBA

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1 tecnovia sociedade de empreitadas, s.a. FÁBRICA DE CIMENTO DE RIO MAIOR ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE JANEIRO 2010 COBA C O N S U L T O R E S D E E N G E N H A R I A E A M B I E N T E

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3 TECNOVIA, S.A. FÁBRICA DE CIMENTO DE RIO MAIOR ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE ÍNDICE Pág. 1 INTRODUÇÃO CONSIDERAÇÕES GERAIS IDENTIFICAÇÃO DO PROJECTO Identificação do Projecto e Fase Respectiva O Proponente A Entidade Licenciadora e Autoridade de AIA EQUIPA TÉCNICA E PERÍODO DE ELABORAÇÃO Identificação dos Técnicos Responsáveis pela Execução do EIA Período de Elaboração do EIA OBJECTIVO E ÂMBITO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS Enquadramento Legal Objectivos dos Estudos Ambientais METODOLOGIA E DESCRIÇÃO GERAL DA ESTRUTURA DO EIA Metodologia do EIA Estrutura Geral e Conteúdo do EIA OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO DESCRIÇÃO DOS OBJECTIVOS E DA NECESSIDADE DO PROJECTO Breve Evolução da Industria Cimenteira em Portugal Enquadramento da Fábrica de Cimento de Rio Maior no Panorama Nacional ANTECEDENTES DO PROJECTO LICENCIAMENTO INDUSTRIAL / LICENCIAMENTO AMBIENTAL BREF - CIMENTO E CAL CONFORMIDADE COM INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. I

4 3 DESCRIÇÃO DO PROJECTO LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO Localização Espacial e Administrativa do Projecto Áreas Sensíveis Planeamento Territorial em Vigor Condicionantes, Servidões e Restrições de Utilidade Pública Equipamentos e Infraestruturas Relevantes Potencialmente Afectadas pelo Projecto Entidades Interessadas DESCRIÇÃO DO PROJECTO INTRODUÇÂO DESCRIÇÃO DA FÁBRICA DE CIMENTO DE RIO MAIOR DESCRIÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE CARÁCTER SOCIAL, VESTIÁRIOS, BALNEÁRIOS, LAVABOS, SANITÁRIOS, SERVIÇOS DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO Listagem de Máquinas e Equipamentos a Instalar Regime de Laboração e Indicação do Número de Trabalhadores por Turno PROJECTOS COMPLEMENTARES SUBSIDIÁRIOS E ASSOCIADOS PROGRAMAÇÃO TEMPORAL DAS FASES DE CONSTRUÇÃO, EXPLORAÇÃO E DESACTIVAÇÃO DO PROJECTO OUTROS ASPECTOS DO PROJECTO Materiais e Energias Utilizados e Produzidos Efluentes, Resíduos e Emissões Previsíveis Fontes de Produção e Níveis de Ruído, Radiação, Vibrações CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL CONSIDERAÇÕES GERAIS Aspectos Metodológicos Área de Estudo CLIMA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA Enquadramento Geológico Caracterização Geomorfológica Caracterização Litológica Recursos Geológicos e Mineiros Fenómenos Cársicos Tectónica e Sismicidade SOLOS E USO ACTUAL DO SOLO Características Gerais dos Solos Aptidão dos Solos Caracterização do Uso Actual do Solo RECURSOS HÍDRICOS Enquadramento Hidrográfico Aspectos de Quantidade Qualidade da Água Usos da Água ASPECTOS ECOLÓGICOS Metodologia Áreas Classificadas pelo seu Valor Ecológico II TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

5 4.6.3 Flora e Vegetação Fauna PAISAGEM Metodologia Adoptada Caracterização da Paisagem Sensibilidade Paisagística QUALIDADE DO AR Características Gerais da Região Programa de Avaliação da Qualidade do Ar em Portugal Análise Quantitativa da Informação Regional Disponível Índice de Qualidade do Ar (IQar) Análise de Fracção de Poeiras PM10, na Área Envolvente da Pedreira, em Potenciais Fontes de Poluição Condições de Dispersão Atmosférica Modelação da Dispersão de Poluentes AMBIENTE SONORO Enquadramento Normativo Descrição da Área em Estudo Caracterização do Ambiente Sonoro Actual ASPECTOS SÓCIOECONOMICOS Metodologia e Considerações Prévias Enquadramento Regional Caracterização do Concelho da Área em Estudo Caracterização Local Síntese de Caracterização Socioeconómica ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO Introdução Instrumentos de Planeamento e Gestão Territorial Áreas de Uso Condicionado e Restrições e Servidões ao Uso do Solo OUTRAS CONDICIONANTES PATRIMÓNIO CULTURAL ARQUEOLÓGICO E CONSTRUÍDO Introdução Caracterização da Situação de Referência GESTÃO DE RESÍDUOS Enquadramento Legal Estratégia Nacional na Gestão de Resíduos Sistema Regional de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA SEM O EMPREENDIMENTO CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS SISTEMAS BIOFÍSICOS QUALIDADE DO AMBIENTE ASPECTOS SOCIOECONÓMICOS IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTES AMBIENTAIS CONSIDERAÇÕES GERAIS Metodologia de Avaliação de Impactes TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. III

6 6.1.2 Identificação de Aspectos do Empreendimento Susceptíveis de Causar Impacte Impactes Cumulativos e Incerteza na Avaliação de Impactes IMPACTES NO CLIMA Fase de Construção Fase de Exploração Fase de Desactivação IMPACTES NA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA Fase de Construção Fase de Exploração Fase de Desactivação Síntese da Análise de Impactes Geológicos e Geomorfológicos IMPACTES NO SOLO E USO DO SOLO Impactes nos Solos Impactes no Uso do Solo IMPACTES NOS RECURSOS HIDRICOS Aspectos de Quantidade Qualidade das Águas Impactes nos Usos da Água IMPACTES NOS ASPECTOS ECOLÓGICOS Metodologia Flora e Vegetação Fauna IMPACTES NA PAISAGEM Fase de Construção Fase de Exploração Fase de Desactivação IMPACTES NA QUALIDADE DO AR Fase de Construção Fase de Exploração Fase de Desactivação IMPACTES NO AMBIENTE ACÚSTICO Enquadramento Legal Fase de Construção Fase de Exploração Fase de Desactivação Síntese de Impactes IMPACTES NOS ASPECTOS SOCIOECÓNOMICOS Fase de Construção Fase de Exploração Fase de Desactivação IMPACTES NO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E ÁREAS DE USO CONDICIONADO Impactes sobre o Ordenamento do Território Impactes sobre as Áreas de Uso Condicionado IMPACTES NO PATRIMÓNIO CULTURAL ARQUEOLÓGICO E CONSTRUÍDO IMPACTES NA GESTÃO DE RESÍDUOS IV TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

7 Fase de Construção Fase de Exploração Fase de Desactivação MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS IMPACTES IDENTIFICADOS CONSIDERAÇÕES GERAIS MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DE IMPACTES CLIMÁTICOS MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS Fase de Projecto Fase de Construção Fase de Exploração MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NOS SOLOS E USO ACTUAL DO SOLO MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NOS RECURSOS HÍDRICOS Fase de Projecto Fase de Construção Fase de Exploração MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NOS ASPECTOS ECOLÓGICOS MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NA PAISAGEM MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NA QUALIDADE DO AR Fase de Projecto Fase de Construção Fase de Exploração MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES DE RUIDO MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NOS ASPECTOS SÓCIOECONOMICOS Fase de Projecto Fase de Construção Fase de Exploração MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E ÁREAS DE USOS CONDICIONADO Fase de Construção Fase de Exploração MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NO PATRIMÓNIO CULTURAL ARQUEOLÓGICO E CONSTRUÍDO MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES NA GESTÃO DE RESÍDUOS Fase de Projecto Fase de Construção Fase de Exploração PLANO DE MONITORIZAÇÃO AMBIENTAL Directrizes do Programa de Monitorização da Qualidade da Água Directrizes do Programa de Monitorização de Qualidade do Ar Directrizes do Programa de Monitorização de Ruído LACUNAS TÉCNICAS OU DE CONHECIMENTO CONSIDERAÇÕES FINAIS TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. V

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9 TECNOVIA, S.A. FÁBRICA DE CIMENTO DE RIO MAIOR ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS O presente documento constitui o Relatório Síntese do Estudo de Impacte Ambiental (EIA), relativo à Fábrica de Cimento de Rio Maior. Nele apresentam-se as principais informações, conclusões e recomendações consideradas, no decurso dos trabalhos e estudos ambientais efectuados, adjudicados pela TECNOVIA, Sociedade de Empreitadas, S.A., enquanto proponente do empreendimento / projecto à COBA, S.A. Consultores de Engenharia e Ambiente. Dadas as características do empreendimento, entende-se claramente o interesse de identificar, de entre um vasto conjunto de impactes possíveis, aqueles que se poderão evidenciar como mais relevantes e que irão efectivamente contribuir para a avaliação do projecto, constituindo o suporte ao subsequente processo de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA). O acompanhamento ambiental de projectos desta natureza, desde as fases iniciais da sua definição, pode contribuir, muito decisivamente, para assegurar a minimização de potenciais impactes, sobretudo quando as acções de mitigação passam por alterações a introduzir ao nível do projecto. Face ao exposto, e conscientes das características ambientais e sociológicas da área de inserção do empreendimento, a metodologia de avaliação ambiental preconizada, entendida no seu contexto mais vasto, foi norteada pela complexidade identificada visando, por um lado, obter a melhor caracterização da área de estudo e, por outro, assegurar a materialização de um empreendimento de indiscutível valor, num território com características específicas, permitindo a minimização dos potenciais impactes, pela adopção de medidas adequadas e eficazes. Assim, aos benefícios sociais, económicos e ambientais que se atribuem a este sistema, não poderão deixar de se associar os consequentes efeitos negativos que a materialização física de uma infra-estrutura desta natureza irá certamente impor a nível do local directo da sua implantação. É também importante enfatizar que se considera que a avaliação ambiental não se esgota no presente documento, antes deverá o mesmo ser entendido como um passo decisivo na condução ambiental do empreendimento, dado que sustenta o processo de AIA, que constitui ele próprio, um elemento da estratégia nacional de ambiente e ordenamento do território. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-1

10 1.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROJECTO Identificação do Projecto e Fase Respectiva O Estudo de Impacte Ambiental que se apresenta respeita ao Anteprojecto da Fábrica de Cimento de Rio Maior, desenvolvido no sentido de promover o pedido de licenciamento, unidade que será inserida na zona actualmente delimitada para extracção de inertes, pertencente à TECNOVIA (Pedreira n.º 4652 Vale da Pedreira em Rio Maior). O Anteprojecto da Fábrica de Cimento baseou-se em caracterizações geológicas das Pedreiras da região, geomorfológicas, físicas, químicas, efectuadas sobre amostragem sistemática que foi implementada, estudos económicos e estratégia de desenvolvimento e elementos logísticos relativos ao empreendimento. Importa também referir que foi instruído o Processo de Revisão do Plano de Pedreira (PP), prevendo a instalação de Fábrica de Cimento, tendo sido comunicada a sua aprovação através do Oficio SIRG P 4652 n.º , de 9 de Outubro de 2009 da DRELVT. A Fábrica de Cimento de Rio Maior irá localizar-se no Concelho de Rio Maior, freguesia de Rio Maior, ocupando uma zona marginal ao IC2 e à EN 114, no interior da área actualmente afecta à Pedreira da TECNOVIA (ver Figura 1.2.1), e será constituída por várias unidades que constituirão a linha de fabrico, armazenagem e serviços, assim como respectivos acessos (como adiante se descreverá com maior pormenor). Vale da Pedreira Fonte: Google Earth (Out. 2009) Fotografia Vista Aérea da Pedreira de Rio Maior - Área de Implantação da Fábrica de Cimento de Rio Maior 1-2 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

11 1.2.2 O Proponente O proponente, como pessoa colectiva que formula um pedido de autorização ou de licenciamento do Projecto, apresenta o Estudo de Impacte Ambiental para o processo de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) é a TECNOVIA, S.A A Entidade Licenciadora e Autoridade de AIA A entidade competente para a autorização do projecto é a Ministério da Economia e Inovação, designadamente através da sua Direcção Regional de Economia de Lisboa e Vale do Tejo (DRE-LVT), constituindo-se consequentemente como entidade licenciadora. Dado tratar-se de um empreendimento cujo licenciamento é de âmbito regional, a Autoridade de AIA é a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo: CCDR-LVT, nos termos da Alínea b) do ponto 1, Artigo 7º, do Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro. 1.3 EQUIPA TÉCNICA E PERÍODO DE ELABORAÇÃO Identificação dos Técnicos Responsáveis pela Execução do EIA Para a realização do EIA em apreço foi mobilizada uma equipa pluridisciplinar de técnicos especializados nos diversos temas abordados, com longa experiência na realização de estudos desta natureza e habituados ao trabalho em conjunto e de forma integrada. No Quadro apresenta-se a constituição da equipa de técnicos que realizaram o presente EIA, bem como a respectiva área de actividade e/ou de responsabilidade. Além dos profissionais indicados no Quadro 1.3.1, a COBA conta com técnicos em diversas especialidades, com vasta experiência em projectos de estruturas, vias de comunicação, hidráulica, geotecnia, sistemas de informação geográfica, agronomia e outros, aos quais se recorreu sempre que surgiu necessidade, como é prática habitual da COBA, para aferição de aspectos específicos ou para apoio à execução de pormenores relativos a projectos analisados. Quadro Equipa Técnica Afecta à Realização do Estudo de Impacte Ambiental da Fábrica de Cimento de Rio Maior SUPERVISÃO GERAL COORDENAÇÃO GERAL ESPECIALIDADES Clima Solos Geologia, Geomorfologia e Hidrogeologia Recursos Hídricos - Aspectos de Quantidade Recursos Hídricos - Aspectos de Qualidade Componente Biológica Paisagem Qualidade do Ar Ruído Componente Socioeconómica, Planeamento e Ordenamento do Território Património Arquitectónico e Arqueológico Gestão de Resíduos Dr.ª Sofia Arriaga e Cunha Eng.ª Inês Guerra Dr.ª Madalena Briz Engª Paula Marques Dr. Rui Inácio Eng.ª Inês Barbosa Eng.ª Ana Helena Albuquerque Dra. Julieta Costa Arqt.ª Paula Pinheiro da Silva Eng.ª Inês Guerra, Engº Nelson Barros e Engª Sara Capela Engª Odete Domingues e Dr.ª Guiomar Custódio Dr. Bruno Vaz Dr. Tiago P. Costa e Drª. Raquel Florindo Dr.ª Madalena Briz TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-3

12 A equipa integra, na sua grande maioria, colaboradores permanentes da COBA, tendo esta sido complementada com outros colaboradores externos e/ou consultores especializados que trabalham regularmente com a COBA, como são os casos dos aspectos de acústica, ecologia, dispersão de poluentes e património, cujo trabalho contudo foi estreitamente acompanhado pela coordenação geral do EIA Período de Elaboração do EIA Os estudos ambientais acompanharam e subsidiaram a definição do local de implantação da unidade cimenteira e dos principais aspectos de dimensionamento da mesma, seguindo igualmente as várias actividades associadas à revisão do Plano de Pedreira e consequente desafectação dos usos previstos, tendo os estudos ambientais iniciado em Julho de 2008, com o acompanhamento do desenvolvimento do projecto, tendo sido desenvolvido o EIA entre Junho de 2009 e Janeiro de OBJECTIVO E ÂMBITO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS Enquadramento Legal De acordo com o Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, designadamente da sua nova versão introduzida pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro e tendo em vista o projecto de instalação da Fábrica de Cimento, considerando que todos os seus edifícios se localizarão numa área do estabelecimento de indústria extractiva licenciado, em espaços e funcionalidade, atendendo à nova directiva foi promovida a reformulação do Plano de Pedreira, designadamente dos seus Plano de Lavra e Plano Ambiental de Recuperação Paisagística para ser presente na DRELVT (tendo este sido aprovado). O presente EIA foi desenvolvido de acordo com o regime jurídico de Avaliação de Impacte Ambiental, nomeadamente seguindo as orientações contidas no Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, que transpõe para a legislação portuguesa a Directiva Comunitária 85/337/CEE, de 27 de Junho, com as alterações introduzidas pela Directiva n.º 97/11/CE do Conselho de 3 de Março, adequando-se igualmente às normas técnicas estabelecidas na Portaria n.º 330/2001, de 2 de Abril. Foi também atendido o Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro, que introduz alterações ao Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, designadamente no esclarecimento do âmbito de aplicação do diploma, garantindo a selecção de determinados projectos sujeitos a AIA, na transposição parcial da Directiva n.º 2003/35/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Maio, relativa à participação do público, actualizando também as designações das entidades envolvidas no procedimento de AIA. Atendendo ao quadro legal em vigor (nomeadamente o referido Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro), onde se estabelece a obrigatoriedade de se submeterem ao Processo Avaliação de Impacte Ambiental os projectos de infraestruturas que constam do seu Anexo II, designadamente no seu Ponto 5 Industria Mineral, o empreendimento em apreço enquadra-se na Alínea b) Fabrico de Cimento e Cal, pelo que se encontra sujeito a Avaliação de Impacte Ambiental, nos termos previstos no citado diploma. Sublinha-se também que foram tidas em consideração as directrizes recomendadas pela Agencia Portuguesa de Ambiente - APA, para a elaboração de Resumos Não Técnicos e que constam da sua publicação Critérios de Boa Prática para a Elaboração e Avaliação de Resumos Não Técnicos (1998), tal como se recomenda na referida Portaria n.º 330/2001, de 2 de Abril. 1-4 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

13 Foram igualmente consideradas as directrizes apontadas no Caderno de Encargos que superintende o presente estudo, bem como a vasta legislação específica aplicável, nomeadamente, no que respeita aos aspectos gerais mais pertinentes, dos quais se destacam os que se seguem (não obstante a legislação específica apresentada em capítulos específicos): Clima e Qualidade do Ar Resolução do Conselho de Ministros n.º 104/2006, de 23 de Agosto - Aprovação da Actualização do Programa Nacional para os Alterações Climáticas (PNAC-2004, Resolução de Conselho de Ministros n.º 119/2004, de 31 de Julho), agora designado PNAC Decreto-Lei n.º 78/2004, de 3 de Abril - Estabelece o Regime de prevenção e controlo das emissões de poluentes para a atmosfera. Decreto-Lei n.º 111/2002, de 16 de Abril - Reformula o Regime Geral de Gestão da Qualidade do Ar Ambiente (dá execução ao disposto nos artigos 4.º e 5.º do Decreto-Lei n.º 276/99, de 23 de Julho). Decreto n.º 7/2002, de 25 de Março - Portugal aprova o Protocolo de Quioto, com vista a garantir o combate efectivo às alterações climáticas através do estabelecimento de compromisso quantificados de limitação ou redução das emissões dos seis principais GEE por si regulados e tendo em vista uma redução global, até 2012 a níveis pelo menos, 5 % abaixo dos níveis de Decreto-Lei n. 276/99, de 3 de Julho - Regime Geral de Gestão da Qualidade do Ar Ambiente. Portaria n.º 80/2006, de 23 de Janeiro - Estabelece os limiares mássicos mínimos e os limiares mássicos máximos que definem as condições de monitorização das emissões de poluentes para a atmosfera. Recursos Geológicos Decreto-Lei n.º 90/90, de 16 de Março - Disciplina o regime geral de revelação e aproveitamento dos recursos geológicos. Decreto-Lei n.º 84/90, de 16 de Março - Aprova o regulamento das águas de nascente. Decreto-Lei n.º 85/90, de 16 de Março - Aprova o regulamento das águas minero industriais. Decreto-Lei n.º 86/90, de 16 de Março - Aprova o regulamento das águas minerais. Decreto-Lei n.º 87/90, de 16 de Março - Aprova o regulamento dos recursos geotérmicos. Decreto-Lei n.º 88/90, de 16 de Março - Aprova o regulamento de depósitos minerais. Decreto-Lei n.º270/2001, de 6 de Outubro - Aprova o regime jurídico da pesquisa e exploração de massas minerais-pedreiras. Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro Reformula e Completa o diploma anteriormente citado (DL 270/2001). Qualidade da Água Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro - Aprova a Lei da Água, transpondo para ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2000/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro e estabelecendo as bases e o quadro institucional para a gestão sustentável das águas. Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro - Estabelece a titularidade dos Recurso Hídricos. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-5

14 Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto - Estabelece normas, critérios e objectivos a fim de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas. Decreto-Lei n.º 47/94, de 22 de Fevereiro - Estabelece o regime económico e financeiro da utilização do domínio hídrico, sob jurisdição do Instituto da Água. Decreto-Lei 226-A/2007, de 31 de Maio - que revoga o Decreto-Lei n.º 46/94, de 22 de Fevereiro - Estabelece o regime de licenciamento da utilização do domínio hídrico, sob jurisdição do Instituto da Água. Decreto-Lei n.º 70/90, de 2 de Março - Define o regime de bens do domínio hídrico do Estado. Ecologia e Conservação da Natureza Decisão da Comissão, de 19 de Julho de que adopta, nos termos da Directiva 92/43/CEE do Conselho, a lista dos sítios de importância comunitária da região biogeográfica mediterrânica. Resolução do Conselho de Ministros, n.º 76/00, de 15 de Julho - Relativo à segunda fase de designação da lista nacional de sítios para a Rede Natura Resolução do Conselho de Ministros, n.º142/97, de 28 de Agosto - Aprova a lista nacional de sítios (1ª Fase), prevista no artigo 3º do Decreto-Lei n.º 226/97, de 27 de Agosto. Decreto-Lei n.º 169/2001 de 25 de Maio - Relativo à protecção dos montados de Azinho e Sobro. Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, com a nova redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro - Estabelece os Sítios de Interesse Comunitário (RCM n.º 142/97, de 28 de Agosto (1ª Fase) e RCM n.º 76/00, de 5 de Julho (2ª Fase) Revê transposição para a ordem Jurídica Interna da Directiva n.º 79/409/CEE, do Concelho, de 2 de Abril (relativa à Conservação das Aves Selvagens) e da Directiva n.º 92/43/CEE, do Concelho, de 21 de Maio (relativa à preservação dos habitat s naturais e da Fauna e Flora Selvagens). Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro - relativo à criação das Zonas de Protecção Especial para as Aves Selvagens. Ruído Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro - Estabelece o novo Regulamento Geral do Ruído (RGR). Decreto-Lei n.º 221/2006, de 8 de Novembro - Revoga o 76/2002, de 26 de Março - Estabelece as regras em matéria de emissões sonoras. Decreto-Lei n.º 146/2006, de 31 de Julho - Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º2002/49/ce, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Julho, relativa à avaliação e gestão do ruído ambiente. Decreto-Lei n.º 259/2002, de 23 de Novembro - Relativo, entre outras, a alterações devidas ao ruído de obra. Decreto-Lei n.º 72/92, de 28 de Abril - Protecção dos trabalhadores contra os riscos devidos à exposição ao ruído durante o trabalho (nota: altera e especifica o Decreto-Lei n.º 251/87, de 24 de Junho). Ordenamento do Território e Condicionantes ao Uso do Solo Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto - Estabelece as Bases da Política de Ordenamento do Território e Urbanismo. Decreto-Lei n.º 68/2008, de 14 de Abril de definição das unidades territoriais para efeitos de organização territorial das associações de municípios e das áreas metropolitanas (NUT s III). Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de Maio - que revoga o Decreto-Lei n.º 46/94, de 22 de Fevereiro - revisão, actualização e unificação do regime jurídico da utilização do domínio hídrico, sob jurisdição do INAG (são requisitos 1-6 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

15 gerais do título de utilização o respeito pelo disposto nos: PNA, PBH, PMOT, PEOT, PROT e Estudos de Impacte Ambiental). O D.L. n.º 234/98, de 22/07, dá nova redacção aos artigos 45.º, 46.º, 47.º e 48.º referentes à limpeza e desobstrução de Linhas de Água. Decreto-Lei n.º 180/2006, de 6 de Setembro de 2006 e Declaração de Rectificação n.º 76/2006, 6 de Novembro de Define o Novo Regime da Reserva Ecológica Nacional. Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro - introduz algumas alterações e republica o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro que define o regime aplicável aos Instrumentos de Gestão Territorial. Decreto-Lei n.º 203/2002, de 1 de Outubro - Altera o regime da Reserva Ecológica Nacional, definido pelo Decreto- Lei n.º 93/90, de 19 de Março e posteriormente alterado pelo Decreto Lei n.º 316/90, de 13 de Outubro, pelo Decreto - Lei n.º 213/92, de 12 de Outubro e pelo Decreto - Lei n.º 79/95, de 20 Abril. Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho - Define o regime da Reserva Agrícola Nacional (RAN) alterado pelo Decreto - Lei n.º 274/92, de 12 de Dezembro e pelo Decreto - Lei n.º 278/95, de 25 de Outubro, tem como objectivo defender as áreas de maior potencial agrícola ou que foram objecto de importantes investimentos destinados a aumentar a sua capacidade produtiva. Em consequência, são integrados neste regime os solos cuja capacidade de uso seja A, B ou Ch. Decreto-Lei n.º 120/86, de 28 de Maio - relativo à protecção do Olival. Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio - relativo à protecção dos montados de Azinho e Sobro. Portaria n.º 193/2005, de 17 de Fevereiro - define as disposições legais a observar pelos técnicos responsáveis dos projectos e obras e sua execução. Património Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro - Estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural. Decreto-Lei n.º 96/2007, de 29 de Março - criação do Instituto de Gestão do Património Arqueológico e Arquitectónico, I.P (IGESPAR, I.P.). Decreto-Lei n.º 270/99, de 15 de Julho - regulamenta os trabalhos arqueológicos; alterado pelo Decreto-Lei n.º 287/2000. Decreto-Lei n.º 164/97, de 27 de Junho - Património Cultural Subaquático. Resíduos Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março - estabelece o regime das operações de gestão de resíduos resultantes de obras ou demolições de edifícios ou de derrocadas. Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, estabelece o regime geral da gestão de resíduos, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2006/12/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de Abril, e a Directiva n.º 91/689/CEE, do Conselho, de 12 de Dezembro, e tem como princípios orientadores a redução da produção de resíduos, a reutilização, a reciclagem e a valorização; Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio - Relativo à deposição de resíduos em aterro. Decreto-Lei n.º 194/2000, de 21 de Agosto - Estabelece o regime de prevenção e controlo integrado de poluição. Decreto-Lei n.º 459/98, de 5 de Maio - Estabelece os elementos exigidos no Artº. 10º, alínea b) do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, relativo aos requerimentos de autorização de operações de gestão de resíduos. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-7

16 Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro - Estabelece as regras a que fica sujeita a gestão de resíduos. Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março - Apresenta a Lista de Resíduos, de acordo com a identificação e classificação adoptada na Lista Europeia de Resíduos (2001/573/CE, do Conselho de 23 de Julho). Portaria n.º 961/98, de 10 de Novembro - Estabelece os requisitos para o processo de autorização prévia das operações de gestão de resíduos. Interessa contudo realçar que as directrizes legais consideradas são necessariamente adaptadas às particularidades do projecto em consideração, às características do ambiente da sua zona de inserção, ao prazo disponível para elaboração dos estudos e à escala de abordagem inerente à fase actual de projecto Objectivos dos Estudos Ambientais Os estudos ambientais preconizados para a Fábrica de Cimento de Rio Maior, visaram essencialmente, o cumprimento dos seguintes objectivos: cumprir as determinações legais vigentes no que respeita à obrigatoriedade de implementação de um processo de AIA, o qual compreende necessariamente a realização de um EIA; analisar e avaliar ambientalmente as componentes do anteprojecto, desde as fases iniciais da sua concepção, de forma a contribuir para a selecção das soluções de projecto, mais favoráveis em termos técnicos, económicos e ambientais; caracterizar, segundo os vários aspectos ambientais, a região onde se irá implantar o empreendimento, estabelecendo um quadro diagnóstico ambiental que retracte a Situação Ambiental de Referência; determinar e avaliar as condicionantes ambientais e os impactes potencialmente significativos associados à construção e exploração da Fábrica de Cimento de Rio Maior em apreço; analisar eventuais alterações que sejam necessárias introduzir no projecto, bem como formular medidas de controlo de impactes que contribuam para um projecto melhor concebido, optimizando os seus benefícios; produzir e editar, os documentos que, de acordo com a lei vigente no contexto dos estudos ambientais propostos, integram os processos de Avaliação e Pós-avaliação de Impacte Ambiental; prestar o apoio técnico necessário ao processo de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), do qual o EIA constitui peça fundamental, nomeadamente na participação pública; prestação de assessoria no decurso da Pós-avaliação, no qual se integram os necessários Processos de Licenciamento Ambiental. O EIA que agora se apresenta, tem ainda como objectivo apresentar os estudos ambientais desenvolvidos no decurso dos trabalhos, tanto como elemento de análise da componente ambiental no processo de avaliação do anteprojecto, como nas várias etapas da sua concepção, visando contribuir para a maximização dos benefícios da exploração deste empreendimento, ou seja na sua optimização, nomeadamente promovendo a sua integração no ambiente da região onde se irá implantar. 1-8 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

17 1.5 METODOLOGIA E DESCRIÇÃO GERAL DA ESTRUTURA DO EIA Metodologia do EIA O EIA visa fundamentalmente a análise da área em que o projecto se irá inserir, incidindo sobre a viabilidade do empreendimento, a identificação e avaliação de impactes e a proposta das medidas que contribuam para optimizar as soluções a desenvolver nas fases consequentes do projecto. Na Figura apresenta-se, esquematicamente, a metodologia geral adoptada na elaboração do EIA em apreço, de acordo com as etapas principais que são tradicionalmente contempladas em estudos desta natureza e descritas resumidamente a seguir, tendo em atenção a análise efectuada sobre o empreendimento e a sua área de influência, de acordo com o detalhe explicitado na Figura ANTEPROJECTO DA FÁBRICA DE CIMENTO DEFINIÇÃO DE ÁREAS E ASPECTOS CRÍTICOS ( SCOPING ) CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA DETERMINAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTES AMBIENTAIS FORMULAÇÃO DE MEDIDAS Minimização Compensação Monitorização LICENCIAMENTO AMBIENTAL ANÁLISE DE ESTUDOS E PROJECTOS RECONHECIMENTO DE CAMPO CONTACTOS COM ENTIDADES EXPERIÊNCIAS ANTERIORES BIBLIOGRAFIA MAPAS E CARTAS TEMÁTICAS FOTOGRAFIA AÉREA MEDIÇÕES E LEVANTAMENTO DE CAMPO CONTACTOS COM ENTIDADES LOCAIS E REGIONAIS ANALOGIAS COM CASOS ANTERIORES SIMILARES LISTAGEM DE CONTROLO E MATRIZES CONTACTOS COM ENTIDADES SIMULAÇÃO COM MODELOS MATEMÁTICOS EXPERIÊNCIAS ANTERIORES OPINIÃO DE ESPECIALISTAS ANÁLISE CONJUNTA COM TÉCNICOS DO PROJECTO INSTRUÇÃO DO PROCESSO DE AIA ACOMPANHA- MENTO DO PROCESSO DE AIA ANÁLISE DE EXPECTATIVAS DA POPULAÇÃO E OPINIÃO DE ESPECIALISTAS CONSULTA A ESPECIALISTAS Figura Principais Etapas do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-9

18 INFORMAÇÕES SOBRE O AMBIENTE ANTEPROJECTO ACOMPANHAMENTO / INTEGRAÇÃO AMBIENTAL DEFINIÇÃO DO ÂMBITO DO ESTUDO AVALIAÇÃO DE IMPACTES AMBIENTAIS MEDIDAS MINIMIZADORAS OU COMPENSATÓRIAS SITUAÇÃO AMBIENTAL ACTUAL EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL SEM O PROJECTO FORMULAÇÃO DE MEDIDAS DE CONTROLO MEDIDAS POTENCIALIZADORAS CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA IDENTIFICAÇÃO DE CONDICIONANTES AMBIENTAIS ANÁLISE COMPARATIVA DE ALTERNATIVAS INDICAÇÕES PARA A MONITORIZAÇÃO E MEDIDAS DE GESTÃO AMBIENTAL IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR DE IMPACTES AMBIENTAIS ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL PEÇAS ESCRITAS PEÇAS DESENHADAS RELATÓRIO SÍNTESE PLANTA DE IMPLANTAÇÃO RESUMO NÃO TÉCNICO CARTOGRAFIA TEMÁTICA ANEXOS TÉCNICOS CARTOGRAFIA ANALÍTICA CARTOGRAFIA DE SÍNTESE Figura Metodologia Geral do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-10

19 (a) Definição de Áreas e Aspectos Críticos (Definição Informal de Âmbito) Em concordância com a tendência actual e mais racional em estudos de impacte, onde se preconiza uma fase inicial para a definição informal do âmbito do estudo ("scoping"), promoveu-se nesta etapa a identificação de áreas e aspectos ambientais críticos, que mereceram maior atenção nas fases seguintes dos trabalhos, bem como a selecção prévia de alguns impactes que foram ser objecto de estudos mais cuidados, a partir da análise sumária da região de implantação e do projecto em apreço. Basicamente, o "scoping" consiste no processo de identificar e seleccionar, de entre uma série de problemas potenciais e um largo espectro de impactes possíveis, aquelas questões, aspectos e impactes ambientais que poderão ser mais relevantes e que deverão merecer estudos mais detalhados e aprofundados. Foram definidos também nesta etapa o ano horizonte a considerar nas previsões de impactes ambientais, assim como as escalas mais apropriadas de abordagem e de apresentação gráfica dos resultados e a área de estudo. (b) Objectivos, Justificação e Descrição do Projecto e de Alternativas Consideradas A utilidade do projecto foi justificada em termos de necessidades históricas, presentes e previstas, sendo apresentados os factores associados à procura de bens ou serviços produzidos e o enquadramento da actividade proposta nos planos e programas de desenvolvimento, a nível nacional, regional e local. Assim, de acordo com as exigências legais, foi definido e descrito o projecto, nas suas várias componentes e segundo todas as alternativas consideradas, a saber: Definição do Empreendimento: Identificação do Proponente e Entidade Licenciadora; Justificação da necessidade e interesse do projecto; Informação sumária sobre projectos associados. Descrição do Projecto: Sua localização; Características funcionais do projecto; Bens e serviços produzidos; Emissões e Resíduos. Foi igualmente equacionada a relação do projecto proposto com outros, quer dependam ou não do mesmo Proponente (devem ser identificados os possíveis problemas ambientais derivados de tais projectos correlacionados), numa lógica de avaliação integrada de Impactes Cumulativos. (c) Caracterização da Situação de Referência Esta actividade consiste na elaboração de um diagnóstico ambiental, sobre os seus vários aspectos, fundamentado na análise e descrição, dirigida e interpretativa, da área de afectação do empreendimento, tendo presente o ano horizonte considerado (conforme anteriormente especificado) sem a implementação do projecto, também designada como Alternativa Zero, ou seja, a alternativa que consiste na não elaboração do empreendimento. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-11

20 Contudo, é importante enfatizar que é habitual, face à dificuldade de estabelecer o quadro ambiental de referência para o ano horizonte sem o empreendimento, reduzir-se essa situação à caracterização do quadro ambiental actual, sem contudo deixar de se aludir à projecção desta, sobretudo com base em estudos de planeamento, sejam sectoriais, incluindo o quadro legal nacional e/ou comunitário, sejam territoriais. De sublinhar que a caracterização ambiental incide sobre a área em estudo a qual poderá ser diferente consoante as necessidades relativas dos vários aspectos abordados, sendo que para muitos deles se optou por uma análise localizada, focalizada para as zonas intervencionadas, enquanto que para outros se revelou importante um enquadramento mais alargado. Assim, o objectivo principal desta etapa de caracterização e análise da situação existente foi o de estabelecer um quadro de referência das condições actuais do ambiente da região a ser interferida pelo empreendimento em apreço, antes da sua implementação. A caracterização foi fundamentada no levantamento, análise e interpretação de informações obtidas através do contacto com entidades locais e nacionais, de pesquisa bibliográfica, de medições e levantamentos de campo e de contactos com interlocutores privilegiados, locais e regionais. Para definir a Situação Ambiental de Referência foram avaliados programas, projectos e planos sectoriais, globais ou de ordenamento do território, previstos, ou em desenvolvimento, na área em estudo, por forma a auxiliar a definição de um quadro de evolução da região sem a implementação deste empreendimento. Os elementos necessários ao desenvolvimento dos trabalhos foram obtidos através de pesquisa de informação existente, designadamente através de consulta bibliográfica - compreendendo o levantamento, análise e interpretação de informações específicas existentes e disponíveis para a área do empreendimento e respectiva região de inserção (ex.: estatísticas, relatórios, outros EIA s, etc.), destacando-se, como mais pertinentes, os seguintes elementos: carta militar n.º 339 (dos Serviços Cartográficos do Exército) à escala 1/25 000; cartografia temática publicada; consulta de bases de dados específicas; contactos com entidades locais e regionais; medições e análises de parâmetros de qualidade do ambiente; levantamentos locais e visitas conjuntas de reconhecimento de campo; consulta de fotografia aérea/ortofotomapas disponíveis ou produzidos no âmbito deste projecto; consulta de Planos Sectoriais, Regionais, Especiais e Municipais de Ordenamento do Território; consulta de Estudos de Impacte Ambiental desenvolvidos para a região em apreço, nos casos em que os mesmos se encontrem disponíveis; para além de diversos outros elementos que estejam disponíveis e cuja informação veiculada se venha a revelar importante. Com esta abordagem metodológica visou-se, fundamentalmente, o desenvolvimento do diagnóstico da situação ambiental de referência. Entre os temas e aspectos ambientais a serem analisados na caracterização ambiental, citam-se os seguintes (Quadro 1.5.1): 1-12 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

21 De facto, na definição de âmbito foi possível identificar estes aspectos como potencialmente mais críticos, em função da natureza sensível dos usos dominantes na região de enquadramento do empreendimento implicou a apreciação de maiores níveis de intervenção. Daí que importe enfatizar que esta caracterização referencial foi dirigida com maior acuidade para os aspectos onde seriam expectáveis impactes de maior significado, por forma a apoiar a posterior avaliação das alterações induzidas pelo empreendimento. Quadro Aspectos Ambientais a serem Analisados para Definir a Situação Ambiental de Referência GRANDES TEMAS AMBIENTAIS ASPECTOS BIOFÍSICOS QUALIDADE DO AMBIENTE ASPECTOS SOCIOECONÓMICOS E CULTURAIS USO DO SOLO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO ASPECTOS AMBIENTAIS Clima Geologia, Geomorfologia e Hidrogeologia Pedologia Hidrologia e Drenagem Aspectos Ecológicos (Fauna, Flora, Vegetação, Habitats) Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Usos e Gestão dos Recursos Hídricos Ambiente Acústico Qualidade do Ar Paisagem Gestão de Resíduos Aspectos Socioeconómicos Património Cultural Arquitectónico e Arqueológico Uso do Solo e Ordenamento do Território Condicionantes ao Uso do Solo Planeamento Regional e Urbano (d) Identificação e Avaliação de Impactes O objectivo principal desta etapa é o de identificar e avaliar os mais significativos impactes decorrentes do empreendimento, originados tanto na fase de construção como na fase de exploração. Foram estudadas as acções ou actividades relacionadas com o empreendimento, potencialmente geradoras de alterações ambientais, utilizando-se técnicas apropriadas para a sistematização da análise e avaliação de impactes. A essência desta avaliação reside na elaboração e comparação de cenários ambientais: o quadro ambiental sem o empreendimento servirá como situação de referência, contra o qual foi confrontado o cenário que considera as tendências ambientais com a implantação do empreendimento, de forma a possibilitar a: identificação dos impactes: definição dos potenciais impactes associados às acções geradoras consideradas; previsão e medição dos impactes: determinação das características e magnitude dos impactes; interpretação dos impactes: determinação da importância de cada impacte em relação ao factor ambiental afectado, quando analisado isoladamente; TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-13

22 valoração dos impactes: determinação da importância relativa de cada impacte, quando comparado aos demais impactes associados a outros aspectos ou factores ambientais. As principais características dos impactes ambientais a serem contempladas, de forma sistemática, na análise serão: natureza: negativo, positivo; ordem: directo, indirecto; duração: permanente, temporário; ocorrência espacial: localizado, disperso; magnitude (ou grau de afectação da componente ambiental): baixa, moderada, elevada. A avaliação global dos impactes realiza-se com base nas características referidas e em outras informações, tais como a percepção das expectativas da população, as características dos locais e dos aspectos ambientais considerados críticos e/ou sensíveis e a capacidade de recuperação do meio, entre outras. Tendo em atenção a optimização dos recursos necessários para a realização dos estudos, na avaliação global dos impactes foram adoptados métodos de avaliação de impactes ambientais do tipo: analogias com casos similares; análise de listagens de controlo ("checklists") e de matrizes de interacção pré-existentes; consulta a especialistas. Desta forma, os impactes identificados são classificados, de acordo com a sua significância (ou importância) relativa aos demais impactes, nas seguintes categorias: Pouco Significativo; Significativo; Muito Significativo. A avaliação dos Impactes Residuais, atendendo às possibilidades e eficácia de mitigação, será equacionada de modo a determinar, em termos reais a sua Significância. Nesta fase foram ainda avaliados impactes cumulativos ou impactes associados a projectos complementares, associados ou subsidiários, por forma a assegurar uma avaliação tão completa quanto possível dos impactes ambientais associados à implementação do presente empreendimento. Uma síntese dos principais impactes ambientais associados ao empreendimento é apresentada na forma de carta síntese de impactes, na qual são referenciados e identificados, quanto às suas características, os impactes mais relevantes, permitindo uma percepção global dos principais aspectos críticos associados à execução do empreendimento, bem como das diversas alternativas em consideração TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

23 (e) Medidas de Minimização e Potencializadoras e Programas de Monitorização Foram analisadas acções e mecanismos concretos e objectivos que possam evitar, atenuar ou compensar os impactes negativos, ou que possam contribuir para potencializar, valorizar ou reforçar os aspectos positivos do empreendimento, maximizando os seus benefícios. A formulação das medidas de controlo e a avaliação da viabilidade técnica e económica das soluções preconizadas fundamenta-se, em grande parte, na experiência anterior com casos semelhantes, na opinião de especialistas e na análise conjunta com os técnicos e especialistas de projecto e de ambiente. As medidas de controlo de impactes são formuladas no EIA a um nível compatível com a fase de projecto (Anteprojecto para Pedido de Licenciamento), salientando-se que se torna importante identificar medidas de minimização/valorização que possam vir a ser incorporadas nas suas fases seguintes, no sentido de melhor adequar o empreendimento com a sua envolvente e promover simultaneamente a maximização dos seus benefícios. As medidas recomendadas estão relacionadas com o projecto, com a construção ou com a exploração do empreendimento: articulam-se com o projecto ou propõem eventuais ajustamentos a algumas das suas componentes (geotecnia ou drenagem, integração paisagística ou acondicionamento acústico, entre outras); prendem-se, na fase de construção, quer com procedimentos ambientais adequados em obra, quer com a adequada localização, gestão e operação de estaleiros e outras áreas de apoio à obra e de acessos, de acordo com os impactes esperados, devendo ainda ser preconizado um acompanhamento ambiental das obras por parte de uma equipa adequadamente capacitada e dimensionada, envolvendo as especialidades que se poderão evidenciar como mais relevantes. Para a fase de exploração as medidas a propor relacionam-se, quer com a gestão adequada do empreendimento em termos de estabilização biofísica ou maximização dos benefícios ambientais associados, da responsabilidade do proponente, quer pela articulação com outras entidades das quais se destacam aquelas que superintendem a gestão territorial do espaço concelhio. Por último, e tal como previsto na legislação aplicável, enquadram-se ainda Estudos Adicionais e/ou Programas de Monitorização, recomendados, com vista a assegurar o estabelecimento das suas directrizes no âmbito do Projecto de Execução, compreendendo a pormenorização de aspectos para os quais se considera justificável obter um conhecimento mais adequado da evolução das componentes ambientais de maior sensibilidade ao empreendimento Estrutura Geral e Conteúdo do EIA De acordo com a metodologia geral proposta anteriormente para a execução do presente EIA, a qual decorre da abordagem globalmente proposta e aceite para este tipo de estudos, refere-se seguidamente a estrutura geral a que obedece o EIA, sendo que a sua organização compreende autonomamente os seguintes documentos: Tomo 1 - Relatório Síntese: o presente documento que inclui as informações, resultados, conclusões e recomendações mais relevantes dos estudos ambientais, contendo ainda mapas, figuras e desenhos essenciais à boa compreensão do leitor; Tomo 2 - Peças Desenhadas: serão apresentadas as peças desenhadas, considerando as escalas mais apropriadas e/ou que se evidenciem como mais relevantes para uma adequada compreensão global dos resultados apresentados no Relatório Síntese. Tomo 3 - Anexos Técnicos: documento para onde são remetidas análises pormenorizadas de alguns aspectos analisados e que se evidenciam como mais relevantes, bem como a eventual fundamentação técnica das TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-15

24 informações e resultados apresentados no Relatório Síntese, e/ou ainda dados, campanhas e outros elementos de projecto ou dos estudos ambientais que se revelaram importantes para a adequada percepção das principais questões em avaliação. Tomo 4 - Resumo Não Técnico: documento desenvolvido de acordo com a Portaria n.º 330/2001, contendo o essencial das informações veiculadas no Relatório Síntese, escrito em linguagem corrente e apropriada para a transcrição e divulgação generalizada, seguindo igualmente as Normas para a Elaboração de Documentos AIA Destinados a Divulgação na Internet (APA); No que respeita ao presente Relatório Síntese, apresenta-se em seguida, de forma necessariamente abreviada, a estrutura geral adoptada no mesmo: Capítulo 1 - Introdução. Compreende uma breve apresentação geral do empreendimento, bem como os objectivos, antecedentes, enquadramento legal, metodologia e equipa técnica afecta à realização dos estudos ambientais. Capítulo 2 - Objectivos e Justificação do Projecto. Neste capítulo desenvolve-se o enquadramento de planeamento, estratégico e ambiental, que sustentam o empreendimento em apreço, incluindo os respectivos antecedentes. Enunciam-se ainda, de modo necessariamente abreviado, os instrumentos legais, sectoriais e de gestão territorial que sustentam a justificação do projecto em apreço. Capítulo 3 - Descrição do Projecto. Neste capítulo detalham-se, de forma a assegurar a compreensão do Anteprojecto por um lado, e a avaliação de impactes, por outro, os elementos de projecto que são susceptíveis de causar impactes, sejam negativos, sejam positivos. Assim, apresentam-se aspectos de ordem geral como as características da infra-estrutura, o seu lay out geral, os projectos associados, ou a programação temporal do empreendimento, bem como elementos específicos como sejam arruamentos, drenagem, vedações, estruturas de contenção, entre outros. Capítulo 4 - Caracterização Ambiental. Neste capítulo desenvolve-se a caracterização ambiental da área de estudo para os diversos aspectos ambientais habitualmente considerados em estudos desta natureza. Capítulo 5 - Evolução da Situação Actual sem o Projecto. Este capítulo tem como objectivo definir o quadro de referência ambiental no ano horizonte do projecto sem o seu desenvolvimento (Situação de Referência/Alternativa Zero), relativamente ao qual serão avaliados os impactes do cenário de implantação do projecto em apreço. Nele apresentam-se, em linhas gerais, as principais linhas evolutivas previsíveis nos sistemas biofísico, de qualidade do ambiente e sócio-culturais para o território em avaliação suportado, em grande medida, em planos sectoriais e territoriais. Capítulo 6 - Identificação e Avaliação de Impactes Ambientais. Respeita à explanação da avaliação de impactes desenvolvida, contemplando todos os descritores considerados na caracterização ambiental, tendo como objectivo apresentar os principais impactes, positivos e negativos, associados ao projecto nas fases de construção e exploração, bem como os impactes cumulativos de acordo com a existência, no mesmo espaço e/ou tempo, de outros projectos, sejam do mesmo proponente ou não. Capítulo 7 - Medidas de Minimização e Valorização dos Impactes Identificados. Compreende a apresentação, com o detalhe necessariamente adaptado à presente fase de Projecto, de medidas a considerar no Projecto de Execução, na obra, ou posteriormente na fase de exploração do projecto em apreço. Compreende os Programas de Monitorização que se propõem implementar para a fase de obra e exploração do empreendimento. Capítulo 8 - Lacunas Técnicas ou de Conhecimento. Nesta fase de estudo, identificaram-se as deficiências no conhecimento de aspectos ambientais que poderiam assumir particular relevância nos estudos das fases 1-16 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

25 subsequentes ou Lacunas Técnicas ou de Conhecimento verificadas na elaboração do estudo e que justifiquem possíveis limitações de análise nalguns factores ambientais. Capítulo 9 - Conclusões e Recomendações Gerais. Capítulo onde se apresentam as principais conclusões do EIA, evidenciando as questões mais relevantes de forma a possibilitar uma avaliação global das consequências do empreendimento no ambiente. Para além dos capítulos referidos, o Relatório Síntese contem ainda as referências bibliográficas utilizadas. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 1-17

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27 2 OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO 2.1 DESCRIÇÃO DOS OBJECTIVOS E DA NECESSIDADE DO PROJECTO Breve Evolução da Industria Cimenteira em Portugal O presente capítulo tem como objectivo caracterizar sucintamente o sector cimenteiro nacional, com especial enfoque para a sua evolução desde 1975 até 2009, analisando alguns dos elementos fundamentais desta industria como as fábricas existentes, os níveis de produção e consumo, a importação e a exportação. A evolução da indústria cimenteira está fortemente ligada à do dinamismo económico dos países e do sector da construção civil e obras públicas. As próprias economias são influenciadas pelo preço de algumas bens de consumo como o petróleo. Nas economias mais desenvolvidas as taxas de crescimento são modestas e a indústria está consolidada, mas nos países emergentes tem havido crescimento mais significativo e vastos programas de infra-estruturas como é o caso no Brasil e China, mas também no Leste Europeu e em alguns países africanos. A China é hoje responsável por cerca de metade do consumo mundial de cimento. A nível global a procura de cimento tem aumentado e os preços acompanham esta tendência (cerca de 8,5% em 2006). A subida dos preços também reflecte o aumento do custo da energia quer na produção quer no transporte. Em Portugal e tendo por base a informação disponibilizada pela Associação Técnica da Industria de Cimento ATIC, constata-se a existência de 6 fábricas no continente português produtoras de cimento: CIMPOR Industria de Cimentos, SA (Fábricas de Souselas, Alhandra e Loulé), SECIL Companhia Geral de Cal e Cimento, SA (Fábrica do Outão), CMP Cimentos Maceira e Pataias, SA (Fábricas de Maceira-Liz e Pataias). Destacam-se ainda nos arquipélagos dos Açores e da Madeira a CIMENTAÇOR Cimentos dos Açores, LDA e os Cimentos Madeira, LDA. Entre 1975 e 1983 o número de fábricas existente no território continental era de sete, compreendendo as unidades industriais descritas anteriormente e a Fábrica da CIMPOR do Cabo Mondego que encerrou a sua produção em Desde então, as 6 fábricas existentes tentam assegurar uma resposta às solicitações do mercado, por vezes com alguma dificuldade. O cimento constitui um componente essencial para o sector da construção, daí que será importante afirmar que a produção de cimento dependerá sempre da maior ou menor actividade do sector da construção. De um modo geral, analisando subjectivamente as maiores obras públicas exercidas nos últimos anos, sendo exemplo a entrada de Portugal na Comunidade Europeia em 1986, que originou a construção de algumas das redes viárias actuais, a EXPO 98, o EURO 2004, etc., não descurando o crescimento do edificado em alguns dos núcleos urbanos nacionais, demonstram que tem existido uma actividade muito positiva no sector da construção, beneficiando obviamente a indústria cimenteira nacional. Deste modo, será assim importante fazer uma análise ao nível da produção e do consumo de cimento em Portugal, não esquecendo a análise referente ao estado actual e respectiva evolução das importações e exportações. Quadro Evolução da Produção de Cimento (1 000 t) Ano Produção Fonte: ATIC Associação Técnica da Industria do Cimento TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 2-1

28 Quadro Evolução da Consumo de Cimento (1 000 t) Ano Consumo Fonte: ATIC Associação Técnica da Industria do Cimento Fonte: ATIC Associação Técnica da Industria do Cimento Figura Produção e Consumo de Cimento em Portugal ( ) Fonte: ATIC Associação Técnica da Industria do Cimento (sem valores para Importação nos anos de 1984 e 1985) Figura Importação e Exportação de Cimento em Portugal ( ) 2-2 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

29 Analisando os Quadros e e os gráficos das Figuras e referentes à produção/consumo e importação/exportação de cimento, poderemos afirmar que os níveis de produção são de uma maneira geral muito equivalentes aos do consumo, embora durante o período temporal em análise, se destaquem oscilações de valores, que estão relacionadas com o facto de produção > consumo ou consumo > produção. Neste sentido, analisando primeiramente o consumo foi maior do que a produção, existem dois períodos temporais onde esta situação ocorre. Um primeiro período, compreendendo 4 anos (entre 1980 e 1983) e um segundo mais recente, entre 1997 e Neste último período a produção de cimento não conseguiu acompanhar a procura existente, pelo que foi necessário proceder à importação de cimento, o que levou à entrada de toneladas de cimento em Portugal até então nunca vistas, sendo o valor mais elevado, observado no ano 2000 com milhões de toneladas importadas. Em sentido contrário, constata-se um largo período (13 anos) onde a produção foi maior do que o consumo (1984 a 1996), muito embora não se possam considerar diferenças substanciais entre os valores da produção/consumo. De qualquer modo, a diferença mais elevada foi de 402 mil toneladas, valor ocorrido no ano de 1994, ano onde se verificou um nível de exportação elevado (447 mil toneladas) tendo em conta o padrão nacional. De acordo com o relatório de 2007 do IAPMEI Contributos para o Conhecimento no Contexto Internacional do Sector QPMNM, Subsectores do Cimento e Betão, a produção e o consumo de cimento em Portugal nos 29 anos compreendidos entre caracterizou-se por o consumo ter crescido em média a um ritmo superior ao da produção correspondente. De facto, a média destes 29 anos relativamente à produção de cimento é de 7 069,1 milhões de toneladas, ao passo que a média referente ao consumo é de 7 182,7 milhões de toneladas, revelando que o consumo maior do que a produção. O mesmo exercício feito para a exportação e importação de cimento, relata que a média relativamente ao primeiro é de 111,3 mil toneladas, ao passo que a média da importação de cimento em Portugal se cifra nas 493,3 mil toneladas (para 27 anos, dado não existirem valores para 1984 e 1985). Em género de conclusão e tendo em conta os dados facultados pela ATIC, a análise de 29 anos (1975 a 2003) do sector cimenteiro português resume-se ao seguinte: Existência de 6 fábricas produtoras de Cimento em Portugal Continental, 8 fábricas contabilizando os Arquipélagos dos Açores e da Madeira; Os valores da produção de Cimento são inferiores aos do consumo; Os valores ao nível das exportações são inferiores às das importações. Relativamente ao período compreendido entre 2004 a 2009, não foi possível obter informação actualizada por parte da ATIC, uma vez que os dados e análises desenvolvidas têm carácter confidencial, pelo que fomos remetidos para a informação oficial e pública do sector, que se encontra disponível no site do Instituto Nacional de Estatística (INE), Ministério das Finanças e da Administração Pública e Banco de Portugal. Assim sendo com base na informação disponibilizada constata-se que o ano de 2006 terminou com uma nova quebra na produção da Construção (ver Quadro e Figura 2.1.3). É uma das crises mais longas e profundas das últimas décadas para a qual ainda não se conseguiu implantar medidas eficazes. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 2-3

30 No ano de 2006 o consumo de cimento caiu 3,9 %, o qual se caracterizou-se por uma significativa escassez de concursos, do mercado das obras públicas e por um acentuado aumento dos níveis de concorrência, com os respectivos indicadores a registarem valores significativamente mais desfavoráveis do que em Quadro Vendas de Cimento entre 2004 a 2009 Ano Vendas de Cimento 10 3 t VH (%) VHA (%) ,003-1, ,740-3, ,271-6, ,341 1, ,850-6,7 - Jan ,0-25,0 Fev ,4-24,2 Mar 551-2,4-16,9 Abr ,4-15,9 Mai ,1-16,2 09 Jun ,8-16,5 Jul ,7-16,7 Ago 455-6,0-15,6 Set ,2-15,4 Out ,1-15,7 Nov 477-5,5-14,9 Fonte: Indicadores Mensais de Conjuntura, Ministério das Finanças e da Administração Pública VH Variação Homologa, VHA- Variação Homologa Acumulada Assim no ano de 2006 o montante de concursos abertos e adjudicados sofreram quebras em número de 39,6 % e 47,9 %, respectivamente. Esta tendência negativa mantém-se desde 2002, devido à crise com que se defrontam as construtoras desde há vários anos, e que se traduziu numa descida homóloga de 11 % na construção até Setembro de O ano de 2007 apresenta, na generalidade, uma evolução favorável uma vez que as vendas de cimento apresentaram um crescimento homólogo de 11,3% (1,9% no 3º trimestre). Assim o ano de 2007 aponta para uma evolução favorável do investimento no último trimestre de 2007, com destaque para o dinamismo das vendas de cimento. 2-4 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

31 Venda de cimento entre 2004 e t Anos Figura Venda de cimento entre 2004 e 2008 Todavia, a confiança no sector da construção, medida com base no indicador calculado pela Comissão Europeia, terá sido menos negativa face ao apurado no trimestre anterior. Em 2008 o consumo de cimento diminui 7,5% retomando a tendência de queda severa iniciada em 2002 e apenas brevemente interrompida no ano de O mercado foi abastecido pela produção nacional e por cimento comercializado com base em cimento e clínker importados, cujo volume diminuiu face a Já no que se refere às Vendas de Cimento de 2009 (ver Figura e 2.1.5) registou-se, em Fevereiro, uma variação homóloga de -23,4%, atenuando os decréscimos verificados em Janeiro de 2009 (-25,0%, VH) e agravando face ao 4º trimestre de 2008 (-14,6%, VH). Venda de Cimento durante t Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Meses Fonte: Indicadores Mensais de Conjuntura, Ministérios das Finanças e Administração Pública Nota: O dados disponíveis no Ministérios das Finanças e Administração Pública (Indicadores Mensais de Conjuntura) apenas apresentam valores até Novembro de 2009 Figura Variação Homologa das Vendas de Cimento em 2009 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 2-5

32 O consumo de cimento no mercado nacional, que nos dois primeiros meses de 2009 registou uma descida de 24,2%, reduziu, em Abril, a contracção para 14,9%, o que traduz um significativo abrandamento face às quebras registadas nos dois primeiros meses de ,0 0,0-5,0 Meses Jan Fev Mar-2,4 Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov -6,0-5,5-10,0 (%) -15,0-13,4-14,2-20,0-17,1-17,8-17,7-18,1-25,0-25,0-23,4-30,0 Variação Homologa (VH) Fonte: Indicadores Mensais de Conjuntura, Ministérios das Finanças e Administração Pública Nota: O dados disponíveis no Ministérios das Finanças e Administração Pública (Indicadores Mensais de Conjuntura) apenas apresentam valores até Novembro de 2009 Figura Variação Homologa das Vendas de Cimento em Enquadramento da Fábrica de Cimento de Rio Maior no Panorama Nacional A Fábrica de Cimento de Rio Maior, da qual se espera uma produção anual de cerca de 500 mil toneladas por ano, virá contribuir para reduzir o estado actual ainda deficitário das contas no sector cimenteiro nacional, sendo por conseguinte importante, fomentar as condições necessárias para a criação desta indústria. Representará um unidade estratégica, quer em termos de localização, na região centro do país com boas acessibilidades para o escoamento e distribuição do produto, quer na perspectiva da produção, por utilizar grande parte das matérias primas provenientes da pedreira onde se insere e ainda por estar associada a uma empresa do ramo da construção civil também ela consumidora de cimentos. Conjugam-se pois uma série de factores favoráveis que justificam a intenção da TECNOVIA, S.A. em implementar esta unidade cimenteira, como diversificação das suas actuais actividades, no sentido da sua complementação, direccionandose igualmente para o mercado interno e externo do sector. Neste contexto, pese embora a inversão sentida no mercado do cimento relativamente ao decréscimo das vendas internas, fruto da recessão verificada no sector da industria de construção civil, a intenção de implementação de uma unidade cimenteira representa sem dúvida uma aposta forte em termos deste sector económico, traduzindo-se no reforço da capacidade produtiva nacional. 2-6 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

33 2.2 ANTECEDENTES DO PROJECTO A Administração da TECNOVIA, Sociedade de Empreitadas, S.A. decidiu promover a instalação industrial de uma Unidade de Produção de Cimento Fábrica de Cimento, na área da sua Pedreira de calcários n.º 4652 Vale da Pedreira, situada em Senhora da Luz, freguesia e concelho de Rio Maior. A referida pedreira, em exploração há já várias décadas, devidamente licenciada nos termos da legislação vigente, possui um Plano de Pedreira que tem sido periodicamente actualizado, e do qual constam entre outros elementos o Plano de Lavra, o Plano Ambiental de Recuperação Paisagística e Planos de Monitorização (em curso). Tendo em consideração a intenção da TECNOVIA, S.A. em instalar uma Fábrica de Cimento numa zona da área afecta a esta pedreira, foi promovida a reformulação do Plano de Pedreira, designadamente do seu Plano de Lavra (PL) e do Plano Ambiental de Recuperação Paisagística (PARP), e sujeita a aprovação por parte Ministério da Economia Inovação - DRELVT. Assim, de acordo com o n.º 5 do artigo 41º do Decreto Lei n.º. 270/2001, de 6 de Outubro e sua nova versão introduzida pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro, em que se estabelece que o explorador deve promover a revisão do Plano de pedreira e sua prévia aprovação pelas entidades competentes sempre que pretenda proceder a alterações deste... foi alterado o Plano de Lavra, sendo que o anterior se mantêm exceptuando no que diz respeito às reservas de exploração, à profundidade e configuração dos patamares no sector sudeste da exploração, ao plano de aterro e as peças desenhadas relativas à lavra e sinalização, assim como o Plano Ambiental de Recuperação Paisagística de modo a articular a nova recuperação paisagística do sector sudeste com o PARP anterior. Tendo este sido remetido para consideração da DRELVT em Agosto de 2009, foi considerada por esta entidade a sua aprovação, segundo o despacho superior de 22 de Setembro de 2009 (de acordo com o comunicado na referência SIRGP 4652). Listam-se de seguida os documentos processuais relativos ao Plano de Pedreira, relativamente às suas últimas versões e respectiva rectificação visando a instalação da Fábrica de Cimento em apreço: 1. Pedreira n.º 4652 VALE DA PEDREIRA - Alteração do Plano de Pedreira (PP) - Dezembro 2006 entregue na DRELVT em Dezembro de 2006; 2. Pedreira n.º 4652 VALE DA PEDREIRA.- Elementos complementares à alteração do PP, entregue na DRELVT em 1 Fevereiro 2007; 3. Pedreira n.º 4652 VALE DA PEDREIRA Processo de Revisão do PP, entregue na CCDRLVT em Abril de 2007; 4. Pedreira n.º 4652 VALE DA PEDREIRA Alteração do PP e PARP prevendo instalação de Fábrica de Cimento, entregue na DRELVT em Agosto de 2009; 5. Pedreira n.º 4652 VALE DA PEDREIRA Plano de aterro (Área A) para localização da Fábrica de cimento, entregue na DRELVT em Dezembro de 2009; 6. Pedreira n.º 4652 VALE DA PEDREIRA Of. SIRG P 4652 n.º de 2009 Oct.9 da DRELVT comunicando a aprovação do PP de 22 de Setembro do Processo de Revisão do PP, prevendo a instalação de Fábrica de Cimento; TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 2-7

34 7. Pedreira n.º VALE DA PEDREIRA,Relatório de Monitorização 2008 Época seca Época húmida; 2009 Época seca; Época húmida (em preparação). 2.3 LICENCIAMENTO INDUSTRIAL / LICENCIAMENTO AMBIENTAL O Licenciamento Industrial, que integra o principio da Licença Ambiental para actividades potencialmente poluidoras, enquadra-se no regime legal que transpõe para o direito interno a Directiva n.º 96/61/CE, do Conselho de 24 de Setembro, estando regulamentado no quadro legal nacional pelos seguintes diplomas: Decreto-Lei n.º 194/2000, de 21 de Agosto - Transpõe para o direito interno a Directiva n.º 96/61/CE, do Conselho, de 24 de Setembro, respeitante à prevenção e controlo integrados da poluição proveniente de certas actividades industriais. Decreto-Lei n.º 152/2004, de 30 de Junho - Estabelece o regime de intervenção das entidades acreditadas em acções relacionadas com o processo de licenciamento industrial, regular o respectivo processo de avaliação e definir as regras de acompanhamento da actividade por aquelas desenvolvida. Decreto-Lei n.º 183/2007, de 9 de Maio (que altera e completa o Decreto-Lei n.º 69/2003, de 10 de Abril ) Estabelece as normas disciplinadoras do exercício da actividade industrial com o objectivo da prevenção dos riscos e inconvenientes resultantes da exploração dos estabelecimentos industriais, com o objectivo de salvaguardar a saúde pública e dos trabalhadores, a segurança de pessoas e bens, a higiene e segurança dos locais de trabalho, a qualidade do ambiente e um correcto ordenamento do território, num quadro de desenvolvimento sustentável e de responsabilidade social das empresas. Decreto Regulamentar n.º 8/2003, de 11 de Abril - Aprova o Regulamento do Licenciamento da Actividade Industrial. Tem como objectivo a simplificação de procedimentos enquanto factor de competitividade da economia nacional. Neste decreto, os estabelecimentos industriais são classificados de tipo 1 a 4, sendo tal classificação definida por ordem decrescente do grau de risco potencial para o Homem e para o ambiente inerente ao seu exercício. Portaria n.º 1047/2001, de 1 de Setembro Implementa o modelo de pedido de licença. Portaria n.º 464/2003, de 6 de Junho Enquadra o regime legal para o exercício da actividade industrial e define a tipologia dos estabelecimentos industriais para efeitos de definição do respectivo regime de licenciamento. Revoga a Portaria n.º 744-B/93, de 18 de Agosto. Portaria n.º 473/2003,de 11 de Junho define os termos de apresentação dos pedidos de instalação ou alteração dos estabelecimentos Industriais. Portaria n.º 1235/2003, de 27 de Outubro Define a aplicação do seguro em articulação com os regimes de licenciamento dos estabelecimentos industriais, cobrindo a natureza dos danos, respectivos capitais mínimos, bem como o momento da efectividade do seguro, coincidindo este com a emissão da licença de exploração industrial. Atendendo às características do empreendimento em causa, os normativos processuais do Licenciamento Industrial encontram-se divididos em 4 diferentes tipos, que enquadram, de forma decrescente, o grau e risco potencial para o ambiente e para o Homem, de acordo com Quadro , sendo os receptivos processos simplificados de acordo com o esta diferenciação. 2-8 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

35 Quadro Características dos Tipos de Licenciamento Industrial TIPOS 1 CARACTERÍSTICAS Estabelecimentos industriais que se encontrem abrangidos por, pelo menos, uma das seguintes circunstâncias: Contemplados no anexo I do regime de Avaliação de Impacte Ambiental; Abrangidos pela Prevenção e controlo integrados da poluição; Prevenção de acidentes graves que envolvam substâncias perigosas com a obrigatoriedade de relatório de segurança. 2 3 Estabelecimentos industriais não incluídos no tipo 1 e que se encontrem abrangidos por, pelo menos, uma das seguintes circunstâncias: Anexo II do regime de Avaliação de Impacte Ambiental; Prevenção de acidentes graves que envolvam substâncias perigosas sem obrigatoriedade de relatório de segurança; Potência eléctrica contratada superior a 250 kva; Potência térmica superior a kj/h. Estabelecimentos industriais não incluídos nos tipos 1 e 2 e que se encontrem abrangidos por, pelo menos, uma das seguintes características: Potência eléctrica contratada igual ou inferior a 250 kva e superior a 25 kva; Potência térmica igual ou inferior a kj/h e superior a kj/h; N.º de trabalhadores igual ou inferior a 50 e superior a 5. 4 Estabelecimentos industriais não incluídos nos tipos anteriores A Fábrica de Cimento em apreço enquadra-se no tipo 2 dado que consta do Anexo II do Regime de AIA. A recente legislação introduz vantagens decorrentes da simplificação do processo de licenciamento, nomeadamente com a protecção integrada do ambiente, prazos mais reduzidos, um único interlocutor, menos actos, protecção do interesse colectivo e clarificação das responsabilidades do industrial. De acordo com a referida Portaria n.º 584/2007, de 9 de Maio, o processo de Licenciamento Industrial segue os seguintes procedimentos: Definição do tipo de Estabelecimento Industrial e Entidade Coordenadora; Apresentação do pedido em modelo específico; Projecto de instalação; Autorização de localização da instalação / alteração; Autorização da instalação; Autorização da alteração; Autorização de exploração - Vistorias de instalação ou de alteração; Seguro de responsabilidade civil; Dossier de licenciamento; Averbamento da designação social; TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 2-9

36 Suspensão e caducidade da licença de exploração. Quanto ao Licenciamento Ambiental, cujo objectivo primordial visa a consideração de uma estratégia de combate à poluição, entendido de forma integrada (PCIP Prevenção e Controlo Integrados de Poluição), de modo a garantir a preservação e protecção do ambiente no seu todo, para novas instalações, instalações sujeitas a prévia AIA, instalações existentes e alterações de instalação, considerando os seguintes aspectos: Medidas preventivas na fonte e gestão prudente dos recursos naturais; Tecnologias menos poluentes, nomeadamente por recurso às melhores técnicas disponíveis (MTD); Gestão correcta de resíduos em termos de redução, tratamento e eliminação; Abordagem integrada do controlo da poluição das emissões para o ar, água e o solo, de modo a minimizar a transferência de poluição entre os diversos meios físicos com vista À protecção do ambiente; Mecanismos mais eficazes de controlo de poluição. Neste contexto, sublinha-se do constante da Directiva PCIP a aplicação das Melhores Técnicas Disponíveis (MTD), que se definem como sendo as que melhor eficiência nos consumos de água e energia e melhor performance ambiental conseguem atingir, a par da sua funcionalidade, sendo por isso menos poluentes e menos consumidoras de recursos, podendo ser entendidas em duas vertentes: Técnicas Primárias de caracter prioritário, de natureza processual, permitindo a eliminação ou redução da formação de substâncias poluentes nos seus locais de origem, a redução de consumos de água e energia e de recursos naturais. Técnicas Secundárias associadas a tratamentos e/ou instalações fim de linha, destinados à captação e eliminação de poluentes dos processos de fabrico, por forma a minimizar o seu impacte ambiental. Sempre que as técnicas primárias se revelem insuficientes para manter as emissões nos níveis que se pretendem ou quando não é tecnicamente possível a sua aplicação, é necessária então a aplicação das técnicas secundárias. A informação e participação publica são também importantes objectivos deste processo, o que se processa durante uma fase de consulta pública, aberta a associações empresariais e publico em geral, com o acompanhamento da aplicação da legislação, tomando assento na Comissão Consultiva para a Prevenção e Controlo Integrados da Poluição (CCPCIP), regulamentada pela Portaria n.º 1252/2001, de 20 de Julho. 2.4 BREF CIMENTO E CAL Para o sector de actividade da produção de cimento e cal, encontra-se já editado pelo Comunidade Europeia (previsto pelo artigo 16º da Directiva PCIP) um documento de referencia das Melhores Técnicas Disponíveis BREF (Best Available Techniques Reference Documents), que embora não tenha um caracter vinculativo, pretende ser um documento orientador da actividade e incentivador das boas praticas associadas. Neste capítulo pretende-se analisar esse documento, enquanto referencia para o projecto em causa Fábrica de Cimento de Rio Maior, embora com as devidas restrições decorrentes da fase preliminar do projecto e consequentes indefinições quanto às suas praticas, equipamentos e técnicas. No entanto, subjacente a esta análise e a todo o restante estudo está a recomendação, segundo as indicações do BREF, das Melhores Técnicas Disponíveis (MTD s) para este sector TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

37 Assim, as MTD, referenciadas para a produção de cimento enquadram-se em quatro grandes áreas de actuação: I Selecção do Processo; II Medidas Primárias Gerais; III Técnicas de controlo de poluição atmosférica (NOx, SO 2 e Partículas); IV Resíduos. Por outro lado, as maiores preocupações ambientais relativas à produção cimenteira prendem-se com o consumo energético e com as emissões de poluentes atmosféricos: O consumo médio típico de matérias-primas para a produção de 1 tonelada de clínker, na UE, ascende a 1,57 toneladas. Na reacção de calcinação perde-se a maior parte do equilíbrio do processo sob a forma de emissões de dióxido de carbono para a atmosfera (CaCO 3 CaO + CO 2 ). A indústria de produção de cimento é uma indústria dispendiosa em termos energéticos, sendo a energia tipicamente responsável por 30-40% dos custos de produção (isto é, excluindo os custos de capital). Podem utilizar-se vários combustíveis para fornecer o calor necessário ao processo. Actuando nestas áreas críticas ao longo de todo o processo de fabrico, poder-se-á reduzir significativamente os impactes associados a cada actividade e ao processo no seu todos, como são exemplos mais expressivos os que se apontam de seguida. A produção de clínker é feita num forno rotativo que pode fazer parte de um sistema de fornos longos por via húmida ou seca, de um sistema de fornos com pré-aquecedor de grelha, por via semi-húmida ou semi-seca, de um sistema de fornos com pré-aquecedor da suspensão, por via seca, ou de um sistema de fornos com pré-aquecedor/pré-calcinador. De acordo com a analise efectuada no âmbito do BREF considerou-se que a melhor técnica disponível para a produção de clínker consiste num forno que utiliza o processo por via seca, combinado com um sistema de pré-aquecimento e précalcinação da suspensão, de vários andares. O valor do balanço térmico associado a esta melhor técnica disponível é de MJ/tonelada de clínker. No que respeita as principais emissões atmosféricas, designadamente de óxidos de azoto (NOx), dióxido de enxofre (SO 2 ) e poeiras, as actuações no sentido da sua redução assumem diferentes perspectivas: enquanto o tratamento de redução de poeiras é largamente aplicado há mais de 50 anos e o tratamento de redução de SO 2 é uma questão específica da instalação (sobretudo associada às propriedades das matérias primas e dos combustíveis utilizados), o tratamento de redução de NOx é uma questão relativamente nova na indústria de produção de cimento. As MTD s para reduzir as emissões de NOx consistem numa combinação de medidas primárias de carácter geral, em medidas primárias para controlar as emissões de NOx, na combustão por etapas e na redução não catalítica selectiva (RNCS). O nível de emissões da melhor técnica disponível, associado à utilização destas técnicas, é de mg de NOx/m 3 (expresso em NO 2 ). Também as TMD s para reduzir as emissões de SO 2 consistem numa combinação de medidas primárias de carácter geral e na adição de um absorvente com vista à obtenção de níveis de emissão iniciais não superiores a cerca de mg de SO 2 /m 3 e na utilização de uma torre de lavagem de gases (no caso por via seca) com vista à obtenção de níveis de emissão iniciais superiores a cerca de mg de SO 2 /m 3. O nível de emissões da melhor técnica disponível, em ligação com estas técnicas, é estimado em de mg de SO 2 /m 3. As emissões de SO 2 provenientes das instalações de produção de cimento são essencialmente determinadas pelo teor de enxofre volátil TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 2-11

38 presente nas matérias-primas. Os fornos que utilizam matérias-primas contendo pouco ou mesmo nenhum enxofre volátil têm níveis de emissão de SO 2 muito abaixo deste nível, sem recorrerem a técnicas de tratamento de redução. O intervalo de emissões actualmente referido é de < mg de SO 2 /m 3. As MTD s para reduzir as emissões de poeiras consistem numa combinação de medidas primárias de carácter geral e numa remoção eficiente das partículas provenientes de fontes pontuais, mediante a aplicação de precipitadores electrostáticos e/ou filtros de mangas de tecido. O nível de emissões da melhor técnica disponível em ligação com estas técnicas é de mg de poeiras/m 3. O intervalo de emissões actualmente referido é de mg de poeiras/m 3 a partir de fontes pontuais. As melhores técnicas disponíveis incluem também a minimização e a prevenção das emissões de poeiras provenientes de fontes resultantes de fugas. As MTD s para reduzir os resíduos consistem na reciclagem das partículas recolhidas por forma a inseri-las de novo no processo sempre que isso seja viável. Quando as poeiras recolhidas não podem ser recicladas, considera-se como melhor técnica disponível o aproveitamento dessas poeiras noutros produtos, sempre que tal seja possível. Importa pois sublinhar que a adopção de medidas primárias de carácter geral, como sejam a optimização do controlo do processo, a utilização de modernos sistemas gravimétricos de alimentação de combustíveis sólidos, ligações optimizadas ao arrefecedor e a aplicação de sistemas de gestão de energia com vista a melhorar a qualidade do clínker e a fazer baixar os custos de produção, acabam também por reduzir o consumo de energia e as emissões para a atmosfera uma vez que optimizam todo o processo. Assim, de acordo com a avaliação efectuada no BREF, concluiu-se que as MTD s relativas ao sector de produção de cimento são, genericamente: Selecção do processo Produção de clínker em forno de via seca, com pré-aquecedor e pré-calcinador. Medidas primárias gerais Optimização do controlo do processo; Minimização do consumo de energia térmica; Minimização do consumo de energia eléctrica; Selecção de matérias-primas e combustíveis. Técnicas de controlo de poluição atmosférica Medidas de minimização de NOx; Medidas de minimização de SO 2 ; Medidas de minimização de partículas (fontes fixas e difusas); Medidas de minimização de produção de resíduos. Embora o Anteprojecto da Fábrica de Cimento de Rio Maior se encontre ainda numa fase de desenvolvimento preliminar, com vista à formalização do seu Pedido de Licenciamento, foram já tidas em consideração as recomendações aplicáveis no sentido de dotar o projecto das MTD s, capazes de o optimizar também do ponto de vista ambiental, direccionado as seguintes fases de detalhe do projecto segundo as directrizes estabelecidas no BREF TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

39 2.5 CONFORMIDADE COM INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL Ainda que se tenham identificado inúmeros contextos das políticas, planos e programas, sectoriais, regionais e especiais onde o empreendimento assume justificação e enquadramento global, não deixa de ser relevante avaliar, em que medida, e tendo presente a natureza do empreendimento que se quer materializar, o mesmo poderá influir no contexto dos Instrumentos de Gestão Territorial que vigoram na área em estudo. O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) enquanto instrumento último de natureza estratégica e de desenvolvimento territorial, com precedência em relação aos restantes instrumentos de gestão territorial, define orientações e opções estratégicas a considerar pelos demais instrumentos de ordenamento do território. O presente Anteprojecto vai de encontro às opções estratégicas e de desenvolvimento previstas enquanto unidade de produção, criadora de emprego e desenvolvimento de um sector deficitário em termos nacionais. O Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo propõe estratégias de base territorial que passam pela inserção destes territórios nas dinâmicas de afirmação da região de Lisboa e Vale do Tejo, quer no contexto nacional, quer internacional (sobretudo europeu); pelo desenvolvimento das actividades logísticas e pelo reforço dos factores de atracção e acolhimento de actividades empresariais, da indústria e dos serviços. Neste sentido, e apesar deste Plano ainda não estar aprovado legalmente, prevê-se que os impactes decorrentes da construção da Fábrica de Cimento de Rio Maior serão positivos e de moderada significância, na medida em que o empreendimento projectado contribuirá para o desenvolvimento económico regional, numa área ainda carenciada, o que torna o sector cimenteiro competitivo e o transforma numa excelente aposta no mercado nacional. O Plano Regional de Ordenamento Florestal do Ribatejo visa fundamentalmente a gestão, preservação e conservação dos espaços florestais, definindo para esse fim diversos objectivos estratégicos. A área de implantação da Fábrica de Cimento de Rio Maior, encontra-se definida no PROF Ribatejo como zona crítica do ponto de vista da defesa da floresta contra incêndios, zona sensível para a protecção do solo e da água e Sítio da Lista Nacional (Directiva Habitats), pelo que o projecto ora em desenvolvimento terá um impacte negativo, tendo em consideração os objectivos de um plano desta natureza. Importa referir que a significância deste impacte se encontra atenuada pela ocupação/uso do solo actual da área de implantação do projecto, que corresponde a uma pedreira em actividade. Atendendo então à realidade existente, os impactes esperados, associados ao PROF Ribatejo, são negativos mas de significância reduzida. Quanto a Planos Sectoriais com incidência territorial referem-se o plano rodoviário nacional, assim como o Plano Nacional da Água, destacando na área de estudo, em matéria de recursos hídricos, o Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Tejo, no âmbito do qual se visa a salvaguarda dos recursos hídricos que integram o domínio hídrico, público e privado, e das águas interiores (de superfície, subterrâneas e de transição), no entanto sem actuação directa sobre a área e a actividade em apreço. No que se refere ao Plano Sectorial da Rede Natura 2000, que visa a salvaguarda e valorização das Zonas de Protecção Especial (ZPE) e dos Sítios da Lista Nacional, e respectivas fases posteriores de classificação Sítios de Interesse Comunitário (SIC) e Zonas Especiais de Conservação (ZEC) do território continental, bem como a manutenção e a conservação das espécies nestas áreas, constata-se que o e empreendimento em estudo se insere no SIC das Serras de Aire e Candeeiros. Assim, a sua concretização embora constitua uma afectação directa deste SIC, não deverá implicar impactes de significado nos habitats de importância uma vez que a sua instalação será numa zona já intervencionada, designadamente TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 2-13

40 numa área explorada para extracção de inertes, onde na realidade não existem valores ecológicos a preservar ou a proteger. Quanto ao Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, importa sublinhar que o empreendimento em apreço não se insere na área de intervenção, nem na natureza deste plano, pelo que embora a relativa proximidade não são expectáveis afectações. A nível concelhio, o empreendimento em apreço não se encontra contemplado no PDM de Rio Maior, no entanto, desenvolve-se maioritariamente em área classificada como Área de Industria Extractiva e Áreas de Reserva/Expansão de Industria Extractiva. Abrange também, segundo a Planta de Ordenamento do PDM, Áreas de Floresta de Protecção incluídas na REN e Áreas Especiais de Paisagem Protegida a classificar. Importa ressalvar que o PDM se encontra desactualizado pela sua antiguidade, pelo que a área de implantação do empreendimento ora em estudo corresponde, na realidade, exclusivamente à pedreira de Vale da Pedreira (em actividade e licenciada). Na medida em que as áreas ocupadas por indústrias extractivas são desvalorizadoras do território, sobretudo em termos paisagísticos e sociais, não são expectáveis impactes negativos muito significativos sobre o ordenamento do território, associados ao presente empreendimento. Os Planos de Pormenor aprovados para o concelho de Rio Maior localizam-se fora da área de intervenção do Anteprojecto, pelo que os impactes expectáveis são considerados nulos TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

41 3 DESCRIÇÃO DO PROJECTO A Fábrica de Cimento de Rio Maior tem como objectivo o fabrico de Cimento Portland, através de uma linha de via seca, com capacidade instalada para t/ano. Serão utilizadas matérias primas provenientes sobretudo da pedreira de calcários n.º 4652 Vale da Pedreira para onde se encontra prevista a implantação da fábrica, embora venha também a necessitar de materiais provenientes de outras pedreiras de calcários margosos, margas e gesso, em laboração nas vizinhanças. A presente descrição do Anteprojecto baseia-se na descrição efectuada no âmbito do Pedido de Licenciamento da Fábrica de Cimento onde constam as características técnicas, capacidades, diagramas de fabrico, referências a MTD e eco eficiência, determinados para esta fase ainda prévia de Anteprojecto. 3.1 LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO Localização Espacial e Administrativa do Projecto Em termos administrativos a área de implantação da Fábrica de Cimento de Rio Maior pertence ao concelho de Rio Maior, freguesia de Rio Maior, inserida na NUT II da Região Alentejo e na NUT III da Sub-Região da Lezíria do Tejo. Quadro Localização do Empreendimento NUT II NUT III Concelho Freguesia Região Alentejo Sub-Região da Lezíria do Tejo Rio Maior Rio Maior Figura Zona de Implementação da Fábrica de Cimento de Rio Maior TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-1

42 3.1.2 Áreas Sensíveis De acordo com o Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro, que alterou e republicou o Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, Artigo 2º alínea b), o conceito de áreas sensíveis, engloba as Áreas Protegidas, classificadas ao abrigo do Decreto- Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro, com a alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 227/98, de 17 de Julho, os Sítios da Rede Natura, classificadas nos termos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril e consequente legislação aplicável e ainda as Áreas de Protecção dos Monumentos Nacionais e dos Imóveis de Interesse Público, definidas nos termos da Lei n.º 13/85, de 6 de Julho. A Fábrica de Cimento de Rio Maior irá inserir-se numa zona de relativa proximidade à Serra dos Candeeiros, sujeita a várias classificações, designadamente Sítio de Interesse Comunitário SIC das Serras de Aire e Candeeiros e o Parque Natural da Serras de Aire e Candeeiros, como se pode verificar na Figura Figura Áreas Protegidas na Zona de Enquadramento do Empreendimento Importa pois realçar que a zona de implantação da unidade cimenteira em apreço, embora se encontre no interior da área licenciada de pedreira, ainda se encontra abrangida pela SIC das Serras de Aire e Candeeiros, apesar de se reportar aos limites Sul desta área de grandes dimensões, como se pode observar na figura. Quanto ao Património Cultural, cujo inventário da área de estudo se apresenta no Capítulo 4.12, não existem na área de implementação do projecto quaisquer Elementos Classificados ou em Vias de Classificação. 3-2 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

43 3.1.3 Planeamento Territorial em Vigor O concelho de Rio Maior encontra-se abrangido por PDM legalmente em vigor, estando o mesmo em processo de revisão embora actualmente suspenso (Capítulo 4.11), onde o espaço associado à fábrica de cimento se encontra associado à exploração de inertes (pedreira licenciada) Condicionantes, Servidões e Restrições de Utilidade Pública Considerando que as condicionantes têm repercussões espaciais, em virtude das restrições que colocam à ocupação do solo, apresentam-se como um aspecto fulcral no ordenamento do território, identificam-se seguidamente as principais condicionantes, restrições e servidões existentes na área de estudo. Área Concessionada Pedreira n.º Vale da Pedreira, em Rio Maior Reserva Ecológica Nacional - REN O regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional (REN) 1, constituída por zonas costeiras, zonas ribeirinhas, águas interiores, áreas de infiltração máxima e zonas declivosas, assume-se como uma estrutura biofísica básica e diversificada que, através do condicionamento à utilização de áreas com características ecológicas específicas, garante a protecção de ecossistemas sensíveis e a permanência e intensificação dos processos biológicos indispensáveis ao enquadramento equilibrado das actividades humanas. No Desenho 1349-EA apresenta-se a delimitação das diferentes áreas de REN. Da observação desse desenho denota-se que toda área da pedreira de Rio Maior, inclusive a zona para onde está prevista a fábrica de cimento objecto do presente estudo, se encontra inserida numa área delimitada de REN embora, estando a pedreira devidamente licenciada o seu actual uso seja já determinante no que se refere à sua desafectação. Reserva Agrícola Nacional As áreas classificadas como Reserva Agrícola Nacional (RAN) 2 correspondem essencialmente ao aproveitamento dos terrenos com condições para a agricultura. Assim, a Reserva Agrícola Nacional visa defender e proteger as áreas de maior aptidão agrícola garantindo a sua afectação, de forma a poder contribuir para o pleno desenvolvimento da agricultura e para o correcto ordenamento do território. Nos solos integrados na RAN apenas se autorizam acções de utilização do solo para fins não agrícolas mediante parecer favorável da Comissão Regional da Reserva Agrícola. No entanto, não existem na área de implementação do projecto em apreço, solos sujeitos a este regime condicionante. Sistemas de redes e infra-estruturas (redes de abastecimento de água, rede rodoviária, rede de transporte de energia eléctrica) Na área em estudo existem várias redes de infra-estruturas das supracitadas, sobretudo no âmbito as redes de abastecimento municipal. Na concepção do projecto, assim como nas posteriores fases de maior detalhe serão consideradas as afectações deste tipo de situações, sendo garantido devidamente o restabelecimento de todos os serviços afectados. 1 Estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de Março (alterado pelos Decretos-Lei n.º 213/92, de 12 de Outubro, n.º 79/95, de 20 de Abril, n.º 203/2002, de 1 de Outubro e n.º 180/2006, de 6 de Setembro) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-3

44 Apenas importa destacar que na área de implementação do projecto, não existem infraestruturas (captações de água públicas, postes de alta ou muito alta tensão, etc.) de difícil ou condicionante restabelecimento Equipamentos e Infraestruturas Relevantes Potencialmente Afectadas pelo Projecto Uma vez que a área estabelecida para a implantação da Fábrica de Cimento de Rio Maior já se encontra à vários anos com um uso associado à industria extractiva, estando inclusivamente sido considerada no PDM de Rio Maior enquanto área de exploração de inertes, não existem actualmente quaisquer equipamentos ou infraestruturas relevantes que possam ser afectadas com a implementação do projecto em apreço Entidades Interessadas Desde as primeiras etapas dos estudos foram consultadas diversas entidades, sobretudo aquelas intervenientes na gestão do território a estudar ou responsáveis pela sua ocupação, no sentido de obter todas as contribuições consideradas importantes para a definição dos traçados e para o seu enquadramento ambiental. Os diversos contactos efectuados ao longo das fases de elaboração do EIA com várias entidades de relevância regional e local, indicam-se de forma resumida no Quadro Quadro Entidades Consultadas Entidades Consultadas Datas Elementos Disponibilizados Câmara Municipal de Rio Maior Carta - Janeiro 2008 Elementos de PDM, Ordenamento e Gestão Municipal Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT) Carta Novembro Instituto Meteorologia, I.P. Mail - Janeiro 2008 Normais Climatológicas para a Estação de Rio Maior (1961/90) Instituto da Água INAG Carta Novembro Administração da Região Hidrográfica do Tejo - ARH Carta Novembro Instituto da Conservação da Natureza e Informação sobre Habitats cartografados Carta Novembro 2008 Biodiversidade - ICNB para a zona em estudo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros Carta Novembro 2008 RAVE Carta Novembro 2008 Informação sobre o corredor que se encontra condicionado como Medidas Preventivas Estradas de Portugal, SA Carta Novembro Direcção Geral de Energia e Geologia - DGEG Carta - Novembro 2008 Direcção Regional de Economia de Lisboa e Vale do Tejo DRE-LVT Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico - IGESPAR Carta - Novembro 2008 Carta Janeiro 2009 Informação referindo que a área em estudo não se sobrepõe a qualquer área afecta à exploração de recursos geológicos, com direitos concedidos ou requeridos Informação sobre exploração de pedreiras na região Carta de Autorização dos Trabalhos Arqueológicos 2 Nos termos de Decreto-Lei 196/89, de 14 de Junho, alterado pelo Decreto-Lei nº 274/92, de 12 de Dezembro. 3-4 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

45 3.2 DESCRIÇÃO DO PROJECTO INTRODUÇÂO A TECNOVIA S.A. apresenta o Anteprojecto de uma instalação cimenteira denominada Fábrica de Cimento (FC) de Rio Maior, a instalar na sua Pedreira n.º Vale da Pedreira, Concelho de Rio Maior e Distrito de Santarém. O cimento é um produto de grande interesse industrial obtido a partir de reacções químicas, essencialmente entre cal (CaO), sílica (SiO2) e alumina (Al2O3), óxidos que resultam da calcinação, entre ºC, de duas matérias-primas minerais fundamentais para o fabrico de cimento do tipo Portland: calcário (que proporciona CaO) e argila (que proporciona SiO2 e Al2O3). Quando o calcário contém naturalmente argila, então denominado calcário margoso, esta matéria-prima pode possuir composição bastante para o fabrico de cimento do tipo referido. Na formulação final e, para se conseguirem determinadas propriedades que proporcionem determinadas funções, podem ser incorporadas pequenas quantidades de outras matérias-primas naturais ou não naturais: areia siliciosa ou quartzosa, gesso, óxidos de ferro, pozolana natural ou artificial (por exemplo, cinzas volantes e metacaulino). No que respeita à Fábrica de Cimento de Rio Maior, a área total de ocupação da instalação será de m 2 (cerca de 10,5 ha), tal como consta do Desenho 1349-EA Esquema de Implantação da Fábrica de Cimento. A previsão do fluxo de movimentação de camiões de transporte de e para a Fábrica, será de oito por hora entre as 06:00 h e as 20:00 h. Este tráfego passará sempre pela EN114, a partir da qual tomará outros rumos através do IC2 e A1. A capacidade nominal da Fábrica de Cimento será de t / ano. A Fábrica de Cimento apresenta os seguintes sectores funcionais onde estão agrupados equipamentos constituindo as seguintes unidades fabris: Instalações de britagem e moagem de calcários e armazenamento de Matérias-Primas (MP); Retoma e tratamento de matérias-primas (MP); Moagem do cru; Pré - Homogeneização e armazenamento do cru; Permutador de calor, torre de arrefecimento, cozedura; Britagem clinker; Armazenamento cimento; Gesso; Expedição; Ensacagem; PT; Etar; Edifício de Serviços administrativos; Edifício de Serviços técnicos; Edifício Social (refeitório, sala de convívio e posto médico) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-5

46 Armazéns; Portaria; Vedações e acessos; A orientação e responsabilidade de marcha de todo este conjunto fabril tem por base todos os recortes funcionais reproduzidos nos seguintes órgãos: Sala de comando do conjunto fabril ; Sala de comando para os sectores de britagem de calcários, retoma e ensacagem, agrupados em armários de comando local; Conjuntos de força motriz, armários, automatismos, concentrados em instalações próprias, tendo em atenção a segurança e a operacionalidade DESCRIÇÃO DA FÁBRICA DE CIMENTO DE RIO MAIOR Descreve-se, em seguida o processo de fabrico de cimento (Figura 3.2.1) preconizado para o empreendimento em apreço, assim como os vários equipamentos que o integram. I - SINALIZAÇÃO-COMANDOS Para a operação e controlo desta unidade cimenteira será construída uma Sala de Sinalização - Comandos que disporá dos equipamentos de operação informatizado com sinalização sinóptica e directa, armários de comando descentralizado, armários de substituição, comandos e sinalização, que determinarão a funcionalidade de controlo normal/urgência dos diversos sectores de fabrico. II - TELECOMANDOS Os automatismos implicam ligações lógicas de arranque, paragem, regulação sequencial entre equipamentos, segurança e assim a partir de sistemas de telecomando cada função é realizada segundo as situações seguintes: arranque; paragem ordem da sala de comandos e/ou local; paragem de urgência; dependências técnicas; segurança; monitorização pontual de marcha; idem monitorização em contínuo; III - SINALIZAÇÕES As sinalizações seguem em geral os princípios de sinalizações associadas aos telecomandos, as sinalizações reagrupadas na Sala de comando (arranque, paragem, marcha sequencial), as sinalizações classificadas como de defeito que podem ocorrer na Sala de comandos, nos armários. IV - MARCHA SEQUENCIAL DO FC-PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO O arranque do FC a partir da Sala de Comandos é sequencial, telecomandado, sendo as tecnologias aplicadas de recurso a memórias de comando, sequências, causas exteriores, paragens acidentais. 3-6 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

47 Figura Ilustração do Processo de Fabrico do Cimento TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-7

48 V - CAPITULOS I a IV Complementarmente elaboramos as funções de cada um dos Sectores que compõem as linhas de fabrico referindo, de maneira sucinta, os recortes funcionais destas mesmas linhas de fabrico. VI - ENSILAGEM DE MATÉRIA PRIMA As instalações de ensilagem de Matérias-Primas (MP) estão projectadas para localização quer ao ar livre, em zona reservada da própria Pedreira, quer em recintos cobertos para a armazenagem. No seu conjunto nestas instalações se armazenam os calcários, as margas e calcários margosos, o gesso, as areias, as pozolanas, as escórias, as pirites e outros produtos aditivos das cargas. A disponibilidade destas (MP) constitui um conjunto de etapas que se iniciam na própria Pedreira e na prospecção e pesquisa, de outras jazidas, cálculos de reservas disponíveis, amostragem e classificação, até à sua armazenagem e homogeneização das cargas preparadas para a alimentação do Forno de Cimento (FC). Assim, em Junho de 2009 foi elaborado e entregue à TECNOVIA S.A. um relatório de prospecção, reconhecimento, delimitação de sectores de jazidas de calcários, gesso, argilas, completado por análise e ensaios de Matérias Primas, tendo em vista a implantação de uma Fábrica de Cimento, documentos estes que subsidiaram a elaboração do Anteprojecto e do presente EIA. Uma vez que o Forno de Cimento (FC) constitui uma unidade industrial que trabalha em regime contínuo, os programas de fabrico terão sempre em conta que a britagem e homogeneização de MP se processará, normalmente, durante 6 (seis) dias por semana e por vezes em regime de marcha intermitente, tendo em conta a avaliação de stocks ( MP) em contínuo. O equilíbrio entre operações de ensilagem, homogeneização de cargas, moagem e britagem, a disponibilidade de (MP) são parâmetros que constituem situação básica e fundamental para a boa marcha de produção da Fábrica de cimento (FC). As áreas de ensilagem de cru tornam possível a homogeneização das cargas de Matérias primas (MP) no sentido de obter uma marcha regular do Forno de Cimento (FC) e a produção de um clinker de qualidade. As MP são armazenadas em área a céu aberto, com cerca de 200 m x 50 m, disponível no sector nascente da Pedreira Vale da Pedreira a Nascente da área das instalações fabris e serviços auxiliares, anexos da pedreira. Esta área está de acordo com a capacidade de consumo do Forno de Cimento (FC), que será projectado para uma produção média de cerca de t de cimento por ano. VI.1 - Preparação mecânica de MP - o cru será preparado nas instalações de britagem - moagem, constituídas por: tremonha metálica; transportadores; moinho desbastador - moinho acabador; caleiras; equipamentos de motorização e componentes de regularização de marcha e operação; 3-8 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

49 equipamentos de monitorização e controlo ambiental; instalações localizadas em edifício próprio, coberto, de 125 m x 35 m x 15 m; linha de britagem - transmissão de carga de 200 t aos terrenos, componente vibratória importante, 40 m x 30 m x10 m; VI.2 - A capacidade de armazenagem de MP corresponde a cerca de 20 a 30 dias de produção do Forno de Cimento. Este primeiro estágio funcional abrange as operações de britagem, armazenamento de MP, moagem de cru, dispondo de instalações operacionais dos seguintes equipamentos: Sala de comandos com sinalização sinóptica, Armários de comando descentralizados, Quadros de força motriz, Dispositivos de telecomando, marcha e controlo de urgência, Dispositivos de sinalização, segurança, As sinalizações funcionam segundo os princípios gerais associados aos telecomandos, marcha/paragem das unidades, instaladas em sala central. VI.3 - Serão definidos os diversos sistemas de comando, sinalização e alarmes e suas instalações. VI.4 - Os calcários extraídos da Pedreira são classificados em três categorias A, B e C que permitem distinguir dois tipos de misturas na formação de cargas do Forno de Cimento (FC): Calcário 1 (C1) mistura de produtos A, B e C de composição seguinte 100%C1=10%A + 50%B + 40%C; Calcário 2 (C2) - constituído por calcários de elevado teor em Oca; Produtos de correcção aditivos (Ad); Figura Misturas na Formação de Cargas do Forno de Cimento TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-9

50 VI.5 - as (MP) em stock nas tremonhas são preparadas a diâmetros < 30 mm, contendo humidade de 10/20%, as condições de reactividade química no (FC) necessitando de uma (MP) com finos < 30 micron e humidade < 2%, a fim de facilitar a sua manipulação. As operações de moagem são realizadas em moinho de bolas trabalhando em circuito fechado segundo o esquema seguinte: Figura Esquema das Operações de Moagem As (MP) alimentam a Câmara 1 de maneira contínua, sendo o produto que sai desta Câmara retomado por um elevador de alcatruzes até um separador dinâmico. Uma corrente de ar arrasta os finos, os graúdos retornam à Câmara 2 ou 1, em função dos seus tamanhos, para nova moagem. A secagem do cru é assegurada na Câmara 1 seja por gases quentes provenientes do (FC), seja por sistema de aquecimento auxiliar. À saída do separador o cru é enviado por sistema pneumático e bomba para a Homogeneização. A britagem, secagem, transporte após extracção da tremonha de armazenamento até aos silos Homo, são asseguradas por este Sector, que é formado pelos seguintes sub sectores: circuito de gases constituído por ventiladores; circuito de descarga constituído por bombas, condutas, separadores pneumáticos, separadores dinâmicos; lubrificação britadores; britadores; alimentação; amostragem; A inter-disciplina funcional entre sectores depende do sistema de arranque a frio; a quente; No caso de arranque a quente teremos de considerar o circuito dos gases, a descarga de (MP) e sua circulação, as lubrificações dos aparelhos de britagem, os britadores, sistemas de alimentação e amostragem TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

51 VII.-PRÉ-HOMOGENEIZAÇÃO - a instalação de pré-homogeneização das diversas Matérias Primas (MP) que constituem a carga do (FC), é projectada para 4 (quatro) áreas de ensilagem de cru, proveniente das instalações de britagem, sendo as duas primeiras áreas sede de mistura e Homogeneização de cargas, em circuito com uma terceira directamente ligada à alimentação do Forno de Cimento (FC). VII.1 - A instalação de Pré-Homogeneização das MP provenientes da britagem é constituída por um pavilhão de construção metálica de 125 m x 35 m x 12 m, dispondo de duas linhas de homogeneização em que os equipamentos instalados correspondem a cargas da ordem de 300 t por linha. Este pavilhão está ligado por transportador de correia ao pavilhão de britagem já descrito em VI.1 - com 20 m x 40m, num só piso, onde estão montados a tremonha metálica, o alimentador e o moinho desbastador e acabador e/ou britador de maxilas primário. VII.2 - Em futuras revisões e reformulações de circuitos de fabrico de cimentos é sempre aconselhável dispor de um maior número de áreas de ensilagem de cru, para aumento de capacidade de cru terminado e disponível para alimentação do Forno de Cimento (FC). Para tal disporemos de áreas livres na zona licenciada da pedreira que nos permitirão encarar esta necessidade, no tempo. Assim prevemos que nos casos de produção de diferentes tipos de cimentos sejam exigidas naturalmente instalações com maior número de áreas de ensilagem de cru (MP), disponíveis. VII.3 - O transporte, o transvasamento e a manutenção de Matérias primas (MP) que constituem o cru de alimentação do (FC) são operações conseguidas por recurso a circuitos devidamente estruturados e dimensionados. VII.4 - No cálculo de estabilidade dos edifícios e coberturas das áreas de ensilagem do cru deverão ser consideradas as diferenças de temperaturas transmitidas pelo cru quente ou frio e pela atmosfera exterior no verão ou no Inverno, devendo ser previsto o isolamento de superfícies em contacto com o ar. Teremos sempre presente que o problema das temperaturas é condicionante básico em Projecto de estabilidade e análise térmica a acautelar neste tipo de construção. VII.5 - O cru passa num silo onde é homogeneizado depois armazenado num segundo silo, conjunto este que constitui a reserva de alimentação do Forno de Cimento (FC). VII.6 - A Homogeneização é uma operação que se torna necessária devido a desvios ocasionais de qualidade das MP, situação esta aliás frequente neste tipo de MP, em que os teores de base são bastante diferenciados, alem de ocorrência de elementos acidentais que podem provocar irregularidades de produção e tipos de cimento contendo anomalias de constituição. O tratamento é efectuado por via pneumática sendo o fundo do silo poroso e dividido em 4 quadrantes os quais são atravessados por uma corrente de ar vertical, equipados de um distribuidor rotativo que permite distribuir o ar em um quadrante activo e três quadrantes inactivos, verificando-se que por períodos de cerca de 15 minutos o distribuidor efectua um quarto de volta assim se modificando a repartição do ar. Os finos são assim fluidificados nos próprios silos. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-11

52 VII.7 - Os silos de homogeneização e de armazenamento estão interligados por conduta reversível ar comprimido. A alimentação do Forno de Cimento (FC) efectua-se, em marcha normal, a partir dos silos de armazenamento, equipados com distribuidores pneumáticos de modo a manter as cargas em suspensão, devidamente fluidificadas. VII.8 - Os 3 (três) tipos de marcha do Forno de Cimento (FC) previstos são os seguintes: Marcha normal Marcha excepcional Marcha de manutenção (esvaziamento dos silos) Qualquer que seja o tipo de marcha referida o Forno de Cimento (FC) mantêm-se em serviço, bem como o sistema de despoeiramento, circuitos de ar comprimido, órgãos de manobra. Marcha Normal Fábrica em Laboração Teremos de considerar a moagem em serviço 144 h por semana, alimentação dos silos de Homogeneização (Homo), sentido homo - armazenamento, circuitos pneumáticos em serviço, evacuação a partir de silos de armazenamento, recirculação de MP dos silos de armazenamento para homogeneização e vice-versa. Fábrica Parada A moagem é suspensa, circuitos pneumáticos mantêm-se em marcha, recirculação e armazenamento Homo, evacuação a partir de silos Homo. Marcha Excepcional Neste caso, promove-se a movimentação de MP entre silos Homo e armazenamento, circuito pneumático apenas nos silos Homo. Marcha de manutenção ( esvaziamento dos silos) As possibilidades de esvaziamento dos silos. de acordo com as condições de marcha do Forno de Cimento são as seguintes: esvaziamento do silo de armazenamento; esvaziamento do silo homo britagem; 3-12 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

53 esvaziamento do silo homo por recirculação do silo homo para o silo de armazenamento; esvaziamento do silo homo por extracção de carga; VII.9 - As considerações que vimos de enunciar permitir-nos-ão decompor a instalação em 6 (seis) sub conjuntos que mencionamos a seguir: 1 ar piloto central de ar comprimido; 2 despoeiramento análogo ao conjunto de despoeiramento das instalações de britagem; 3 circuito de ar sob silo Homo o circuito de ar activo é comum aos compressores cujo arranque conjunto é automático. 4 um comutador ciclo longo/ciclo curto permite modificar o tipo de funcionamento da velocidade do distribuidor; 5 circuito de ar sob silo armazenamento o ar de fluidificação de cargas do silo de armazenamento é proveniente de dois compressores, um dos quais em reserva; 6 conjunto de descarga este conjunto permite a alimentação da tremonha tampão à entrada do permutador de calor, dividida em dois compartimentos, um deles a tremonha tampão utilizada na marcha normal do Forno de Cimento e permitindo dispor de um certo volante de MP, e um outro a tremonha by pass utilizada de urgência para compensação da tremonha tampão. A tremonha by pass está sempre vazia em marcha normal. 1. Ar Piloto Central de Ar Comprido Compreende os compressores que alimentam todos os circuitos de válvulas, servo motores, registos. 2. Despoeiramento Conjunto análogo ao despoeiramento instalado na britagem. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-13

54 3. Circuito de Ar sob Silo Homo Este circuito reagrupa o transporte pneumático de (MP) a partir de compressores, e instalações auxiliares fornecendo ar activo e inactivo. 5. Circuito de Ar sob Silo de Armazenamento O ar de fluidificação do silo de armazenamento é produzido em compressores, um dos quais constitui reserva. Um comutador será instalado para escolha de circuitos. 6. Conjunto de Descarga Este conjunto permitirá alimentar a tremonha tampão e tremonha by pass em arranjo que permitirá a recirculação de fluxos de (MP). VII.10 - No capítulo referente aos diversos estados de marcha do Forno de Cimento (FC) a evacuação pode ser efectuada a partir do silo Homo e/ou a partir do silo de armazenamento, para o que existe um equipamento que permite decidir a escolha preferencial. VII.11 - Existem diversas possibilidades de recirculação, controladas por comutador de sentido Homo - stock, stock Homo contendo várias combinações de sistema. VIII. MOAGEM As MP pré-homogeneizadas são transferidas por meio de correia transportadora para a Central de moagem do cru, edifício de 40 m x 30 m e altura de 10 m onde estão instaladas duas linhas de moagem em moinhos de bolas e/ou barras, cada uma delas transmitindo cargas ao solo de 600 t. VIII.1 - a instalação B de retoma de MP permite, de acordo com directivas de exploração, a alimentação de uma de três tremonhas seja em ligação com o caso de marcha em directo, seja por retoma de pré homogeneização constituída por calcário C1. A moagem opera sobre os produtos C1 e C2 reduzindo-os a granulometrias < 30 mm. A alimentação processa-se por alimentador metálico, provido de variador de velocidade. A amostragem é efectuada nos materiais à saída do moinho. VIII.2 - As operações de moagem são realizadas num moinho de bolas trabalhando em circuito fechado, em que a MP chega à Câmara (I) do moinho de maneira contínua, saindo o produto pela outra Câmara, a qual alimenta um elevador de alcatruzes até a um separador dinâmico onde se opera uma classificação por vibração. VIII.3 - Uma corrente de ar arrasta os finos das cargas enquanto que os calibres maiores voltam à Câmara (II) ou (I) em função da sua dimensão para reciclagem e moagem. A secagem da MP é assim assegurada na Câmara do moinho de bolas, por adição de gases quentes provenientes do Forno de Cimento (FC). VIII.4 - À saída do separador os finos são enviados por meio de ventilador para a torre de homogeneização (HOMO). VIII.5 - As operações de britagem, secagem, transporte a partir das tremonhas até aos silos de homogeneização, são operações compostas pelos seguintes sub-conjuntos: 3-14 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

55 Circuito de gás, Circuito de limpeza de finos e separadores dinâmicos, Manutenção e lubrificação do britador e equipamentos auxiliares, Alimentação dos transportadores de correia, Amostragem nos sem fim e amostradores primário e secundário. VIII.6 - o transporte de finos para a homogeneização é efectuado por meio de ar comprimido, alimentadores vibratórios, transportadores e elevadores. A amostragem deve representar uma imagem exacta e tão fiel quanto possível das características das MP. Será instalado um amostrador primário cuja cadência de amostragem elementar é de 1 amostra por cada 60 s. O total das amostragens elementares constitui a amostra primária que será amostrada no seu total, passando por um amostrador secundário cuja cadência de amostragem é de 30 s. A amostra obtida é expedida para o densificador automático munido de membrana doseadora e de transportador pneumático. Esquematicamente podemos reproduzir o esquema de amostragem como segue Amostrador primário tapete vibratório, alimentador; Amostrador primário amostrador secundário; Sistema de amostragem/alimentação dos circuitos do Forno de Cimento (FC). VIII.7 - Será montado um sistema de calculador automático que permite definir a proveniência das amostras e de validar cada uma delas em função da válvula doseadora. IX. ENSILAGEM DE CRU as áreas de ensilagem de cru tem uma capacidade correspondente a, pelo menos, 3 (três) dias de produção do Forno de Cimento (FC). Disporemos de três áreas de ensilagem para homogeneização, duas delas operando sempre cheias e uma terceira em operação de compensação de cargas, todas estas unidades equipadas com agitadores e misturadores de ar comprimido. Esta instalação ocupa silos que serão devidamente dimensionados. X. TORRE DE CICLONES PREAQUECIMENTO. está prevista a instalação de 4 ciclones de pré aquecimento os quais transmitirão ao terreno uma carga de 600 t, devidamente montados num edifício de 25 m x 20 m x 40 m. XI. EDIFICIO DE HOMOGENEIZAÇÃO DE STOCKS. Serão instalados dois silos de t de capacidade cada. Destes silos a Matéria prima (MP) será enviada para alimentação do Forno de Cimento (FC) por meio de correias transportadoras. XII. FORNO DE CIMENTO ROTATIVO (FC) (via seca). Esta unidade é constituída por um tubo cilíndrico, metálico, inclinado 3-5% sobre a horizontal, revestido interiormente por material refractário, velocidade de rotação 0,15m /s trabalhando em contracorrente carga combustível para uma produção nominal de t de cimento / ano. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-15

56 O FORNO DE CIMENTO (FC) opera sobre dois pares de roletes instalados de forma que o eixo do Forno e os eixos dos roletes de suporte formam com a vertical um ângulo de 30º, medidas estas reguláveis de acordo com os fenómenos de dilatação da unidade. O Forno de Cimento (FC) transmitirá uma carga ao solo de t sem carga, devendo ser consideradas ainda as cargas transmitidas o às fundações do sistema motor e das bandagens. A relação entre diâmetros de roletes/bandagem e diâmetro do Forno é de 1/ 1,4. A sua montagem exige rigor no sentido de evitar desgastes nas superfícies dos roletes e de maneira que a pressão dos roletes sobre as cintas de rotação do Forno de Cimento não seja elevada, assim evitando roturas mecânicas. O comando mecânico do Forno de Cimento (FC) situa-se até meio comprimento do tubo metálico, junto dos roletes mas salvaguardando a zona de cozedura, sendo constituído por uma coroa dentada e de equipamento de emergência complementar que permite não parar o Forno de Cimento em caso de falta de corrente ou reparação. XII.1 - O esquema funcional dos diferentes sectores que intervêm directamente na produção do cimento é o seguinte: Figura Esquema Funcional dos Diferentes Sectores que Intervêm Directamente na Produção do Cimento XII.2 - No seu campo funcional a paragem do circuito de MP é provocada pelo circuito de Homo, circuito de gases, circuito de fuel; o circuito de evacuação de poeiras apenas interfere nos electrofiltros. A paragem do FC arrasta o arrefecedor e as grelhas que funcionam na interdependência umas das outras e deverá ser dada a maior atenção ao seu funcionamento simultâneo. XII.3 - O conjunto FC - arrefecedor constitui a peça fundamental do conjunto de cozedura das MP. Estas são introduzidas no Forno rotativo onde em contacto com elevadas temperaturas sofrem transformações físico químicas descarbonatação ate 1 000ºC e clinkerização até cerca de 1 500ºC TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

57 O clinker apresenta-se sob a forma de grãos esféricos cujas dimensões e porosidade dependem por um lado da composição das MP e por outro das condições de marcha do FC. A saída do FC o clinker cai sobre grelhas de arrefecimento onde a sua temperatura é reduzida por corrente de ar frio, uma parte deste ar de arrefecimento, é reaquecido e serve de ar secundário para a combustão no FC. As grelhas, com disposição em degrau, conduzem o clinker para um britador e respectivo armazenamento segundo um esquema de marcha descrito a seguir. a) Auxiliares do FC - Este sector compreende compressores, ventiladores do FC, de arrefecimento, pirómetros, todos estes equipamentos com arranques independentes, comandados a partir da sala de comandos; b) FC - Compreendendo bombas de lubrificação, resistências, electrofreios, compressores, motores, ventiladores, caixas e quadros diversos; c) Alimentação fuel/combustão - Compreendendo queimadores, ventiladores, alimentação de ar comprimido, alimentação fuel, recirculação fuel, limpeza de circuitos; d) Auxiliares arrefecimento - Compreendendo compressores, quadros de automatismo, comutadores de marcha cíclica, de marcha acidental, registos de entrada de ar, ventiladores, equipamentos de lubrificação, de maneira geral trabalhando todos estes equipamentos em regime de automatismo. e) Ventilação sob grelhas - Compreende todos os ventiladores instalados sob as grelhas; f) Arrefecimento/descarga - Este sector compreende tremonhas, filtros, elevadores, aparelhos sem fim, britadores, grelhas, tapetes metálicos, associada cada grelha a um motor ventilador de arrefecimento. XII.4 - UTILIZAÇÃO DE CALOR DE GASES DE ESCAPE - PERMUTADOR DE CALOR O calor proveniente de gases de escape é utilizado em equipamentos de secagem, pré-aquecimento, calcinação parcial do cru ou da pasta crua. O calor contido no clinker, após desenfornamento, é aproveitado em aquecimento do ar de combustão. O calor consumido no Forno de Cimento (FC) na produção de clinker, é calculado numa base de 17% de consumo de combustível em Kg combustível/kg de clinker, sendo: Combustível Pc = k cal; Temperatura dos gases de escape 500º; Temperatura do clinker 200º; Humidade 10%; Excesso de ar 1,2; Balanço térmico referido a calor de formação de clinker; Calor perdido com o CO 2 contido no cru; Calor perdido com o clinker; Vaporização da água; TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-17

58 Perdas por irradiação; Calor consumido k cal/kg de clinker. XII.5 - O equipamento permutador de calor destina-se ao tratamento de gases provenientes do Forno de Cimento (FC), arrefecimento e despoeiramento, e ao pré aquecimento das cargas de Matérias Primas (MP). O tratamento dos gases tem a intervenção dos seguintes equipamentos: ventiladores de tiragem; torre de humidificação; electrofiltros; circuitos de evacuação de poeiras; A troca de calor efectua-se nos ciclones do permutador, onde são atingidas temperaturas da ordem de 800ºC. XII.6 - Este sector apresenta 5 conjuntos funcionais e que são os seguintes: a) evacuação de poeiras; b) electrofiltros; c) torre de humidificação; d) electrofiltros HT e BT; e) circuitos de gases; f) circuito de MP; g) torre de humidificação; a) Evacuação poeiras por via pneumática evacuando as poeiras dos filtros de mangas e da torre de humidificação para a tremonha tampão de alimentação do Forno de Cimento no caso de britador de MP fora de serviço. b) Electrofiltros mencionamos a hipótese da sua utilização embora tenhamos considerado as baterias de filtros de mangas (última geração) como mais eficientes e económicas. c) Circuito de gás - o circuito de gases compreende um ventilador de tiragem - permutador, e um ventilador de tiragem no circuito dos electrofiltros. Os órgãos auxiliares serão automatizados associados a um comutador geral do permutador, posicionado em normal, o que permite por um lado, manter a temperatura dos gases que saem do permutador mediante a introdução de ar frio sob a dependência de um relais de comando a distancia, por outro lado na medida que 3-18 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

59 dispomos das condições de marcha do FC e do moinho, permite nos orientar os gases quentes para o sector de moagem/britagem MP. d) Circuito MP neste circuito existem as bombas de alimentação do permutador e a tremonha tampão. Os diversos órgãos que integram o sistema são o despoeiramento, bombas/compressores, doseador/supressores, variadores de velocidade. Projectaremos a operação do FC em duas fases - Marcha Normal e Marcha de Emergência. Marcha Normal o nível de MP é mantido de acordo com o débito exigido do silo de armazenamento e/ou silo homo, por acção de válvulas reguladoras que transmitem sinal imagem de nível de MP nas tremonhas. O débito de extracção de MP da tremonha tampão é regulado a partir de informação débito produzida pelo doseador. Marcha de Emergência A válvula de alimentação é orientada para o circuito emergência, operações estas comandadas manualmente. Quando o doseador está avariado deve operar-se imediata e automaticamente de Marcha normal para Marcha de emergência. No decorrer destas manobras o comutador de escolha tremonha normal/emergência encontra-se inactivo. Um sinal luminoso permite rearmar o sistema. De igual modo que um defeito de alimentação provoca a paragem do queimador e falta de combustível nos circuitos. A retoma de marcha do Forno de Cimento (FC) processa-se de acordo com o seguinte esquema: Figura Esquema de Retoma de Marcha do Forno de Cimento e) Torre de Humidificação a função desta instalação é de abaixar a temperatura dos gases, humidificando-os de modo a torná-los compatíveis com as condições de boa marcha dos elementos filtrantes. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-19

60 A temperatura dos gases é regulada por pulverização de água sob o efeito secundário de precipitação de matérias em suspensão. Em função do grau de humidade destas matérias, um equipamento controlador permute a evacuação destas matérias (secas) ou sob a forma de lamas. Quando o FC está em operação todo os gases passam pela Torre de Humidificação. Nas operações de arranque do britador, o débito de gás é fraco, e portanto torna-se necessário limitar o débito de água de injecção. Os equipamentos de regulação e automatismo da Torre de Humidificação são fornecimentos de empresas especializadas. XII.7 - CÁLCULO DE DIMENSÕES DO FORNO DE CIMENTO (FC) E CONSUMOS DE ENERGIA Sendo: Q produção de clinker t/dia; W consumo de calor k cal/kg clinker; Gv gases de escape Nm 3 /kg clinker; vg velocidade dos gases na boca do Forno de Cimento(FC) m/s; s carga térmica na zona de clinkerização k cal /m 2.h; ls- capacidade especifica do Forno de Cimento em t/dia/m 3 ; J capacidade útil do Forno de Cimento em m 3 ; d diâmetro útil livre interior do Forno de Cimento em m; dg diâmetro útil livre do Forno de Cimento segundo velocidade dos gases em m; dw diâmetro útil livre do Forno de Cimento(FC) segundo a carga térmica na zona de clinkerização em m; F secção útil livre do Forno de Cimento (FC) em m 2 ; Fg secção útil livre do Forno de Cimento (FC) segundo velocidade dos gases na boca de alimentação em m 2 ; Fw secção útil livre do Forno de Cimento (FC) segundo carga térmica na zona de clinkerização em m 2 ; L comprimento do Forno de Cimento (FC) em m; D diâmetro do Forno de Cimento (FC) em m; t - temperatura dos gases de escape em ºC; ta temperatura absoluta em ºC; N consumo de energia em CV; 3-20 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

61 Teremos: d = (dg + dw) /2 ; F = (Fg + Fw)/2; L=J/F; Capacidade livre do Forno de Cimento (FC)J=Q/ls; Tendo em conta a velocidade de gases à saída do Forno vg teremos: Fg=Q. Gv(t+ta) / vg.ta = dg2.π/4; dg2= 4.Fg/π; Tendo em conta a carga térmica da zona de clinkerização Fw=Q. W/24.s = dw2.π/4 dw2= 4.Fw/3,14; A energia necessária para o accionamento do Forno de Cimento (FC) será N = D. L. k d em CV N = D.L.kd.0,726 em kw. Para um Forno de Cimento (FC) rotativo e para uma produção de t /dia de clinker via seca teremos: Consumos de calor k cal/kg clinker; Gases de escape 2,23 m 3 /kg clinker; Temperatura dos gases de escape 500ºC; vg 3,16 m/s; Carga Térmica kcal/h m 2 ; ls 0,65/24h.m 2 ; Humidade do cru 10%; Fg= ,23. ( )/ , = 10,18 m 2 ; dg 3,60m diâmetro; Fw= / =10,85 m 2 ; dw 3,72 m diâmetro; d= (3,60+3,72)/2 = 3,66 m diâmetro; F= 10,18+10,85/2=10,52 m 2 ; J = 450,00/0,65 = 692,30 m 3 ; L=692,30/10,52=65,80 m; D=3,66+0,40=4,06 m TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-21

62 Donde resulta, por cálculo e base de Projecto um Forno de Cimento (FC) sujeito às correcções a introduzir, todas elas derivadas da experiência dos Fábricantes deste tipo de instalações: 65,00 m de comprimento 4,00 m de diâmetro. XIII. MOAGEM DO CARVÃO-MOAGEM DO GESSO XIII.1 - MOAGEM DO CARVÃO - o edifício de moagem do carvão é instalado num pavilhão de estrutura metálica de 30 m x 20 x 12 m de altura, transmitindo os equipamentos de moagem uma carga de cerca de 300 t aos solos. A transferência de carvões faz-se por correia transportadora directamente do edifício de moagem até à sala dos queimadores. XIII.2 - MOAGEM DO GESSO esta instalação tem por objectivo tratar os produtos de adição e alimentar as tremonhas associadas aos britadores e moinhos de cimento. Os produtos associados são os gessos e aditivos em geral. A fim de evitar misturas de produtos os elevadores trabalham em comum com os pontos de armazenamento de cimento e britagem de gesso, sendo portanto funcional admitir. Marcha Normal gesso alimentando a linha de fabrico, idem linha de fabrico 2; Marcha de Emergência descarga de gesso ao mesmo tempo, aditivos e clinker, nas linhas de fabrico 1 e 2; A fim de satisfazer estes estágios de operação teremos na instalação: a) by pass; b) descarga gesso; c) descarga clinker/pozolanas; d) britagem gesso Para satisfazer as finalidades desta instalação teremos 4 conjuntos funcionais: a) posicionamento do by pass; b) descarga gesso; c) descarga clinker - escórias; d) britagem gesso; 3-22 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

63 Estes esquemas estão interligados da seguinte maneira: a) posicionamento do by pass - um comutador reversível permitirá posicionar o by pass para alimentação de gesso e/ou clinker - escórias. b) descarga gesso - compreende os transportadores ligados à descarga de gesso para linhas de alimentação, marcha normal, adaptando-se todos estes circuitos em marcha de emergência do FC. c) descarga clinker - escórias- este grupo associa os transportadores em Marcha Normal - segundo o esquema seguinte: Marcha de Emergência - segundo o esquema d) britagem gesso - em marcha normal do FC a sequência de transportador britador alimentador é mantida. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-23

64 XIV. AQUECIMENTO DO FORNO DE CIMENTO os queimadores são instalados num pavilhão metálico com 30 m x 20 x 12 m de altura. Os combustíveis mais utilizados são o carvão mineral, coque de petróleo, fuel óleo e gás natural. Carvões os carvões são sujeitos a moagem, secos e reduzidos a pó fino com 10% de resíduo a malhas/cm 2. O ar de combustão deve ser introduzido a temperaturas elevadas de modo a obter uma temperatura de chama da ordem de 1 700ºC uma vez que a clinkerização se obtém para níveis de cerca de 1 400º-1 450ºC Fuelóleo será necessário aquecê-lo a ºC para obter uma viscosidade VDE 2º Engler. Gás natural trata-se de um combustível de elevado preço e de aplicação sujeita às considerações de economia dos fabricos. De eventual utilização em arranques do FC. A combustão reduz-se praticamente à combustão do C, do H e do S sendo a quantidade de ar primário introduzido na injecção do combustível, como ar primário, e ar de arrefecimento como ar secundário da ordem de 0.9-1,0 Nm 3 /kg clinker. XV. ARREFECEDORES o clinker é arrefecido por meio de equipamentos que fornecem o ar quente como comburente secundário para a combustão no Forno de Cimento (FC). Os tambores de arrefecimento constam de tubos dispostos em volta da estrutura do Forno de Cimento (FC), com cerca de 5% de inclinação sobre a horizontal e de comprimento 10 a 15 vezes o seu diâmetro. O seu débito de ar é de 1m 3 por cada 100 kg de clinker. A capacidade dos tambores de arrefecimento é dada por Q.1000/ m 3. A energia necessária para o accionamento dos tambores de arrefecimento é calculada pela fórmulas N = D. L. Kk em CV e N=D.L.kk.0736 em kw sendo: N potência necessária em CV; D diâmetro do tubo em m; L- comprimento do tambor em m; Kk coeficiente de potência; XVI. CIRCULAÇÃO DE CARGAS NO FORNO DE CIMENTO no interior do Forno de Cimento (FC) o transporte e movimento de cargas é conseguido por meio de rotação das cargas, que ao elevar as cargas correspondentes até alcançar o ângulo de queda, devido a sua inclinação, as cargas caem em pontos mais avançados, traduzindo-se assim por deslocação das cargas ao longo do eixo da estrutura tubular, sendo: D diâmetro do Forno; d diâmetro interior do Forno; L comprimento do Forno em m; s inclinação do Forno (3-5%); v velocidade periférica do forno 0,15 m/s; n.- número de rotações por minuto; 3-24 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

65 W percurso da carga no interior do Forno; Z tempo de passagem da carga no Forno em minutos. d. π.s/100 em m; W=d.π.s.n/100 m/s ; Z = L.1007d.π.s.n em minutos; N = 60.v/D.π r p m; XVII. ARMAZENAGEM DE CLINKER a armazenagem de clinker processa-se por meio de elevadores de alcatruzes a 40 m de altura, que transferem o clinker desde o desenfornamento até dois/três silos de cerca de t de capacidade. O clinker extraído dos silos é encaminhado para as tremonhas de clinker A interligação entre circuitos processa-se por meio de transportadores metálicos (corrente) e correia. A armazenagem de clinker poderá processar-se ao ar livre se tal for considerado em Projecto. Neste caso haverá que reservar uma maior superfície para armazenagem. Em geral constituem-se três conjuntos: a) depósito de clinker; b) tremonhas de alimentação do moinho de cimento; c) extracção clinker. E assim teremos: a) depósito de clinker - compreendendo transportadores de correia, válvulas, despoeiramento podendo o clinker ser armazenado em silos e/ou em pilhas; b) tremonhas de alimentação do britador de cimento - compreendendo elevadores, transportadores, válvulas servindo tremonhas de calcários, de gesso, escórias, pirites; c) extracção clinker XVIII. MOAGEM DO CLINKER a moagem do clinker processa-se por adição de gesso em moinhos tubulares onde o clinker e o gesso apresentam uma granulometria 0-25 mm devendo o clinker ser introduzido no moinho em estado seco, estando o moinho bem ventilado de modo a eliminar os inconvenientes de presença de humidade. As duas linhas de moagem e ensacagem de cimento estão instaladas em edifício de 30 m x 40 m x 20 m de altura. Os moinhos podem classificar-se da seguinte maneira: Moinho combinado de três câmaras; Moinho combinado com elevador e separador centrífugo; Trituração prévia (prensa de rolos), elevador e separador centrífugo; Moinho tubular em circuito fechado com elevador e separador; TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-25

66 O limite de capacidade de produção de um moinho combinado oscila entre 90 a 100 t/h, enquanto que os moinhos com separador podem ser construídos para maiores capacidades de produção. No caso de moinhos combinados de três câmaras o diâmetro e comprimento dos moinhos combinados são determinados de acordo com a produção e aptidão de moagem até produtos de elevada finura, sem qualquer classificação intermédia. No caso de moinhos combinados com elevador e separador centrífugo o objectivo reside em desviar os finos produzidos na primeira câmara, melhorando a capacidade especifica de produção em cerca de 8%,por outro lado deve agregar-se ao moinho um elevador e separadores, que estruturalmente vêem complicar e encarecer este conjunto de equipamentos. No caso de trituração prévia, elevador e separador centrífugo seriam montados dois moinhos, um deles trabalhando as fracções de maiores diâmetros, e um outro para fracções mais finas. A capacidade de moagem aumenta cerca de 12% mas teremos de montar dois moinhos, elevadores e separadores, motores e mecanismos de accionamento que resultam numa solução menos económica. No caso de moinho tubular em circuito fechado com elevador e separador a capacidade específica deste conjunto é 17% superior à solução de moinhos combinados de três câmaras uma vez que os finos produzidos são subtraídos à acção de moagem de fracções mais grosseiras e não interfere com a actuação sobre estas fracções. A função deste sector é constituir uma mistura de clinker e de produtos de adição a qual após britagem em equipamentos semelhantes à preparação mecânica das MP cru, é transformada em cimento. É ao nível deste sector que se faz a diferenciação entre cimentos, função por um lado da natureza dos seus constituintes secundários e por outro da granulometria do produto. Os seis sub-conjuntos que constituem este sector são os seguintes; a) circuito gases, despoeiramento; b) circuito de descarga; c) lubrificação do moinho; d) moinho; e) circuito de alimentação; f) amostragem; a) Circuito de gases despoeiramento - comporta os seguintes comandos a distância ventiladores, electrofiltros; b) Circuito de descarga - deste circuito fazem parte a transferência do cimento para os silos de armazenamento, bombas e compressor; c) Lubrificação moinho - este sistema tem por função permitir o arranque de bombas de lubrificação dos redutores, do britador de cimento, e manter boas condições de operação em zonas de temperaturas mais elevadas ou de zonas de arrefecimento. Este importante sector da FC inclui as bombas de lubrificação das coroas, dos redutores, dos motores; d) Moinho - compreende as bombas HP para arranque e rearranque dos britadores, sistema em marcha, comutadores para sistema automático e/ou manual, comando de sistema de travagem eléctrica; 3-26 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

67 e) Circuito de alimentação - compreende a alimentação do moinho por transportador metálico de cadeia, doseadores de clinker, de gesso e de aditivos que permitem o doseamento dos produtos e preparação de cargas segundo o seguinte esquema: f) Amostragem - por equipamento de amostragem comandado a partir da sala de comando do FC XIX. SILOS DE CIMENTO o armazenamento de cimento deve ser calculado para um mínimo de 1 mês de consumo médio de mercados, devendo ser deixados espaços livres para a instalação e ampliação eventual dependendo de novas condições de mercados e consumos. Os silos de cimento são calculados para uma capacidade de 2 x 8000 t alimentados por elevadores de alcatruzes a 40 m de altura e são utilizados para expedição a granel. Os alcatruzes transmitem cargas ao terreno de 15 t cada. O cimento é transferido por via pneumática para os silos de armazenamento, em numero de 3, a partir dos quais se efectua a alimentação das ensacadeiras e/ou alimentação dos stock piles. O sector de despoeiramento dos silos consta de ventiladores e motores interligados e operando da seguinte maneira :o arranque de despoeiramento de um dos silos provoca o desligar do britador de cimento, o mesmo sucedendo em referência aos outros, de moído a impedir atravancamentos de circuitos. Este conjunto funciona em regime automático O sistema de alimentação dos silos funciona no seu conjunto em ligação com um comutador de comando central XX. EXPEDIÇÃO E PALETIZAÇÃO DE CIMENTO num pavilhão de 40 m x 50 m x 10 m de altura existem os equipamentos de paletização de cimento e expedição de produto ensacado. XXI. CAPTAÇÃO DE POEIRAS CÃMARAS DE SEDIMENTAÇÃO - os gases do circuito fabril circulam, em geral, a velocidades de 0,3-0,5 m/s, prevendo a permanência de 20 a 60 s na câmara de sedimentação onde se efectua a separação de partículas até 30 u. As perdas de pressão nas câmaras da ordem de 5/15 mm de coluna de água permitem a previsão de tiragem por chaminé devidamente calculada. No caso de um Forno de Cimento (FC) rotativo, via seca, de capacidade nominal de / t /24 h, temperatura média dos gases 250º C, velocidade 0,3 m/s, em que: TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-27

68 Gv gases de escape em Nm 3 /24 h; G gases que passam na câmara de sedimentação m 3 /s; t temperatura na Câmara de Sedimentação ºC v velocidade dos gases na câmara m/s; fv velocidade de queda de poeiras 0,2 m/s; z tempo de permanência de gases na Câmara de Sedimentação J capacidade da Câmara de Sedimentação m 3 ; F - secção da Câmara de Sedimentação m 2 ; H - altura da Câmara de Sedimentação m; B - largura da Câmara de Sedimentação m; L - comprimento da Câmara de Sedimentação m a quantidade de gases de escape para 2,23 Nm 3 /kg clinker é de: Gv= ,23= Nm 3 /24h; G=(Gv.(273+t)/ ).n G=( ( )/ ) 1.5 G=111,25 m3/s; considerando v=0,5m/s teremos: F=G/v=111,25/0,5=222,50 m 3 A câmara de sedimentação deverá conter gases que circulam a z=25 s. J=G.z=111,25 x25=2781,250 m 3 ; L=J/F=2781,25/370,84=12,50 m; H=fv.z=0,2.25=9,0 m; B=F/H=370,84/9=8,3 m. XXII. CHAMINÉ - para o cálculo da chaminé consideramos os seguintes elementos: pressão atmosférica de 760 mm; temperatura ar exterior 25ºC; trajecto de fumos 10 m; queda de pressão da Câmara de Sedimentação mais chaminé 20 mm coluna água; temperatura à entrada da conduta de fumos 230ºC; tu - temperatura dos gases base da chaminé 200ºC; temperatura dos gases a meio da chaminé 185ºC; 3-28 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

69 temperatura dos gases na saída da chaminé 170ºC; donde resultam os elementos dimensionais construtivos para a chaminé, sujeitos a revisão e correcções de acordo com condições locais da instalação: G = ( ( )/ ) = 62,82 m 3 /s à saída da chaminé; hk = app. 50 m altura da chaminé; dk = 2,24 m de diâmetro base chaminé. XXIII. CICLONES XXIV. FILTROS DE MANGAS os filtros de mangas utilizam-se na captação de poeiras dos moinhos e equipamentos transportadores em que se observam temperaturas de ºC. Um bom rendimento de uma instalação de filtros de mangas baseia-se na estanquidade do sistema que está sempre em depressão. Os filtros de mangas oferecem uma resistência à aspiração de 150 mm de água. XXV. APARELHOS DE TRANSPORTE transportadores sem fim são utilizados para o transporte de areias e pó segundo trajectórias horizontais ou ligeiramente inclinadas; elevadores de alcatruzes; correias transportadoras; transportes pneumáticos.- o transporte pneumático, por aspiração ou sucção, e por impulsão, sendo o transporte por ar comprimido o sistema mais utilizado nas fábricas de cimento. XXVI. ENSACAGEM CARGA existem máquinas ensacadoras e correias transportadoras que podem efectuar a carga directa sobre camião. A carga a granel, a partir dos silos, é efectuada por mangas de cargas/doseadoras, equipamentos pneumáticos e outros equipamentos específicos de carga directa, sobre plataformas báscula, que serão definidos a quando do projecto. XXVII. AUTOMATIZAÇÃO a utilização de equipamentos automatizados permite uma economia de mão de obra, e evita menos cuidados com sobrecarga dos equipamentos, evitando sobre alimentação de transportes, britadores e moinhos, falta de calefacção nos secadores e nos fornos, transvasamento descontrolado de silos. A regulação dos equipamentos, é medida por consumo em KW, temperatura, intensidade de ruído, vibrações, obrigando a uma boa vigilância dos conjuntos fabris. O estudo da automatização da Fábrica, será tratado numa perspectiva geral dos seus equipamentos a saber: Britagem Prévia controlo de consumo em KW, análise de sobrecargas e regulação de velocidades, os equipamentos de controlo obrigam a intervenção imediata do pessoal e de vigilância; TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-29

70 Moagem É efectuada em moinhos e moinhos combinados, o controlo automático analisado através do ruído produzido nos moinhos que nos permite actuar a distância sobre aparelhos de regulação de quantidade de alimentação se estiverem em funcionamento dois ou mais moinhos, o controlo do ruído pode ser influenciado, modificando a sua regulação. O controlo de marcha dos moinhos está previsto incidir sobre os motores que os accionam, pressão e regulação da circulação dos óleos de lubrificação. Moinhos primários em circuito fechado e moinhos com separador de ar O controlo dos excessos e/ou insuficiências de alimentação destes moinhos permite, através do ruído modificar a sua marcha, desligando os aparelhos de alimentação e diminuindo a quantidade de material introduzida nos seus circuitos. Por se tratar de moinhos secadores é necessário dispor de uma regulação separada de volume de ar quente. A humidade dos gases é também controlada de maneira a não produzir condensações nas tubagens ou nos próprios filtros. Fornos de Cimento (FC) Rotativos no sentido de obter uma boa produção, baixo consumo de calorias, melhor quantidade clinker e consumos mais baixos de força motriz teremos de assegurar a regulação dos factores que intervém na sua marcha, entendendo-se que uma boa marcha do forno depende da tiragem da chaminé e dos aspiradores, da alimentação de cru, da distribuição de combustível, da adição de ar primário, da velocidade de rotação do forno, do equipamento de arrefecimento do clinker, das instalações de pré-aquecimento e outras instalações internas. A exploração de um Forno de Cimento (FC) automático subentende a composição constante de matérias primas (MP) e combustível, e uma boa repartição de calor. A alimentação do cru corresponde a uma quantidade de calor a reproduzir no Forno, tendo em conta as perdas definidas de acordo com a experiência o Forno de Cimento (FC) tem quatro zonas principais: Zona de pré-aquecimento até 800ºC; Zona de calcinação de 800/1200ºC; Zona de clinkerização a 1 400ºC; Zona de arrefecimento a 1 000ºC. É indispensável que haja uma relação exacta entre alimentação de combustível e ar primário, por um lado medido pelo seu caudal e pressão e por outro lado os gases evacuados no outro extremo do forno. O teor CO 2 e CO nos gases indica que a combustão está correcta e que os valores observados servem de base a regulamentação da alimentação de combustível, sendo portanto necessário dispor de um equipamento analisador de gases. XXVIII. PT - Instalações de um só piso (15 m x 20 m) que fazem parte de projecto de especialidades a elaborar após licenciamento industrial da Fábrica pela DRELVT do Ministério da Economia e da Inovação e para apresentação na Câmara Municipal de Rio Maior. XXIX. SALA DE COMPRESSORES instalações de um só piso (15 m x 20 m) que fazem parte de projecto de especialidades a elaborar após licenciamento industrial da Fábrica pela DRELVT do Ministério da Economia e da Inovação e para apresentação na Câmara Municipal de Rio Maior TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

71 XXX. SALA DE COMANDO - edifício com cerca de 30 m x 20 m em 3 pisos onde serão instalados todos os equipamentos de marcha, controlo e programação, automatismos, circuitos de fabrico, movimentação de MP e de produto acabado. XXXI. ARMAZÉM - Edifício de 40 m x 20 m x 6 m de altura num só piso. XXXII. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO - edifício de 40 m x 20 m x 6 m de altura num só piso onde se projectam as instalações de equipamentos, ferramentaria, ensaios mecânicos, testes eléctricos, reparações ligeiras, instrumentação de controlo mecânico e eléctrico. XXXIII. SERVIÇOS TÉCNICOS edifício em 3 pisos de 22 m x 15 m onde serão instalados os serviços técnicos da Fábrica, gabinetes de técnicos responsáveis pelos diversos sectores fabris, direcção técnica. XXXIV. ADMINISTRAÇÃO - edifício em 3 pisos de 22 m x 15 m onde serão instalados os serviços administrativos e auxiliares, contabilidade, auditoria jurídica. XXXV. SERVIÇOS SOCIAIS edifício de 1 piso de 25 x 15, onde estão instalados os serviços de carácter social, vestiários, balneários, lavabos, sanitários, serviços de segurança e saúde no trabalho adiante descritos. XXXVI. ETAR Instalações de 50 m x 20 m localizadas a sul das instalações da Fábrica de Cimento (FC) e ligada a todo um circuito de águas pluviais, industriais e domésticas que servirá todo conjunto fabril. (Este projecto será elaborado por gabinete creditado neste tipo de engenharia, apresentado na Câmara Municipal de Rio Maior). XXXVII. PORTARIA - Edifício de 5 m x 10 m que será objecto de projecto de arquitectura e especialidades a aprovar na Câmara Municipal de Rio Maior. Esta portaria servirá exclusivamente a Fábrica de Cimento e nela será instalado um Serviço de controlo e movimento de viaturas e de pessoal que servem esta indústria. Todos os edifícios serão alvo de projecto de licenciamento a apresentar na Câmara Municipal de Rio Maior após regularização de licenciamento industrial da DRELVT do Ministério da Economia e de Inovação. Os Projectos de estabilidade e especiais serão apresentados após licença industrial da DRELVT. Também os silos e restantes equipamentos serão objecto de licenciamento a apresentar na Câmara Municipal de Rio Maior após regularização de licenciamento industrial pela DRELVT do Ministério da Economia e Inovação DESCRIÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE CARÁCTER SOCIAL, VESTIÁRIOS, BALNEÁRIOS, LAVABOS, SANITÁRIOS, SERVIÇOS DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO A - EDIFICIOS 1. Prevê-se que as Instalações Sociais de Apoio, Refeitório, Sala de Lazer, Posto Médico, (Instalações Sanitárias e Vestiários) se localizem em edifício que está destinado exclusivamente para esse uso, confinante ao edifício que albergará as instalações da Administração. A área bruta a considerar é de 375m 2 (25 x 15 m). Este edifício será sujeito a elaboração de Projecto a apresentar na Câmara Municipal de Rio Maior após aprovação de Licenciamento industrial pela DRELVT do Ministério da Economia e da Inovação, das instalações da Fábrica de Cimento de Rio Maior. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-31

72 2. As instalações mencionadas deverão cumprir o disposto na Portaria n.º 53/71, de 3 de Fevereiro, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 702/80, de 22 de Setembro. 3. Prevê-se que o número de trabalhadores que utilizarão estas instalações seja igual a 128 indivíduos, divididos por três turnos de oito horas (cerca de 43 trabalhadores por turno), considerando 58 trabalhadores directos especializados, 30 trabalhadores directos não especializados, 40 trabalhadores indirectos. 4. Estas instalações serão iluminadas e ventiladas conforme as disposições do capítulo II na Portaria n.º 53/71, de 3 de Fevereiro. A iluminação será preferencialmente garantida por luz natural, recorrendo-se à artificial, complementarmente, quando aquela seja insuficiente. As superfícies de iluminação natural serão dimensionadas e distribuídas de tal forma que a luz diurna seja uniformemente repartida e serão providas, se necessário, de dispositivos destinados a evitar o encandeamento. A iluminação artificial será eléctrica, de intensidade uniforme e distribuída de maneira a evitar sombras, contrastes muito acentuados e reflexos prejudiciais. A edificação manterá boas condições de ventilação natural, recorrendo-se à artificial, complementarmente, quando aquela seja insuficiente. O caudal médio de ar fresco e puro será, pelo menos, de m 3, por hora e por trabalhador. B - INSTALAÇÕES SANITÁRIAS 1. As instalações sanitárias serão separadas por cada sexo e não comunicarão directamente com os locais de trabalho, por se encontrarem em edifício independente. Terão acesso fácil e cómodo, sendo a comunicação com os locais de trabalho efectuada, de preferência, por passagens cobertas. 2. Disporão de água canalizada potável e de esgotos ligados à rede geral, com interposição de sifões hidráulicos. 3. Os pavimentos serão revestidos de material resistente, liso e impermeável, inclinados para ralos de escoamento providos de sifões hidráulicos. 4. As paredes serão de cor clara e revestidas de azulejo ou outro material impermeável até, pelo menos, 1,5 m de altura. 5. Disporão do seguinte equipamento, no qual deverá ter sido em conta a distribuição de sexo dos trabalhadores: 5 (Cinco) lavatórios fixos com torneiras comandadas por pedal; 5 (Cinco) cabinas de banho com chuveiro; 3 (Três) retretes de assento aberto na extremidade anterior; 2 (Dois) urinóis; 6. As instalações de vestiário localizar-se-ão em salas próprias separadas por sexos, com boa iluminação e ventilação, em comunicação directa com as cabinas de chuveiro e os lavatórios, e disporão de armários individuais duplos (formados por dois compartimentos independentes para permitir guardar a roupa de uso pessoal) e bancos ou cadeiras em número igual ao número de trabalhadores TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

73 7. A área dos vestiários não será inferior a 50 m 2 (1 m 2 por operário). Os armários individuais serão em local distinto do da roupa do trabalho. C - REFEITÓRIO 1. O refeitório terá aproximadamente 100 m 2 de superfície. 2. Os refeitórios serão providos de cadeiras e de mesas em número suficiente, sendo as mesas de tampo liso, sem fendas e de material impermeável. Cada mesa deve destinar-se-á a quatro pessoas e terá as dimensões mínimas de 0,8 m x 0,8 m. 3. Existirão lavatórios em número suficiente, que não devem ser considerados para efeito das proporções estabelecidas na alínea a) do n.º 2 do artigo 139º. As paredes e pavimentos serão lisos e laváveis, e aquelas, de preferência, pintadas de cor clara. 4. O refeitório será equipado com meios para que os trabalhadores possam aquecer a refeição e possuirá meios para se realizar a lavagem dos utensílios após a mesma. D POSTO MÉDICO 1. O Posto Médico é equipado com utensílios de primeiros socorros, maca para o transporte de feridos, marquesa e instrumentação médica de base, equipamentos de pequena cirurgia, primeira assistência a estados passageiros de ferimentos e pequenos acidentes. 2. Este Posto Médico terá a assistência de um médico, de um enfermeiro e de pessoal especializado em assistência a primeiros socorros Listagem de Máquinas e Equipamentos a Instalar De seguida são designados, por sectores fabris, os equipamentos, estruturas que constituem a unidade a instalar, assim como uma estimativa da tonelagem calculada para os elementos metálicos das instalações, que totalizam cerca de t. 1. Britagem de Matérias Primas 183 t Equipamento britador de martelos, duplo rotor; grelha classificadora, com capacidade nominal de 400/500 t/h; Cargas - a considerar nas instalações - equipamento 118 t ; estruturas 65 t. 2. Armazenagem de Matérias Primas 805 t Equipamento correias transportadoras, empilhadoras, pás mecânicas, equipamento móvel, pré homogeneização em linha t. Cargas a considerar nas instalações equipamentos 95 t; estruturas 90 t ; coberturas 620 t. 3. Moagem do Cru 480 t Equipamento moinhos desbastador e acabador, capacidade nominal 150 t/h: Cargas a considerar nas instalações equipamentos 345 t; estruturas 135 t. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-33

74 4. Homogeneização e Armazenamento do Cru 401 t Equipamento pneumático de 2 silos de homogeneização descontínua para capacidade de cerca de t; Cargas a considerar nas instalações equipamentos 85 t ;silos metálicos 148 t; estruturas 130 t; plataformas, escadas 38 t ; 5. Torre Ciclones 650 t Equipamento tubagens; Cargas a considerar nas instalações equipamento 315 t; estruturas (Torre) 280 t; plataformas/escadas 55 t; 6. Cozedura t Equipamento forno de cimento via seca, Torre ciclones de pré - aquecimento, pré - calcinador, Forno de Cimento app. 4,00m - 65,00m ; arrefecedor de grelhas; Cargas - a considerar nas instalações equipamentos 1220 t ; estruturas 78 t; plataformas/escadas 38 t; 7. Moagem Carvão 250 t Equipamento - moinho de bolas em circuito fechado 15t/h, com separador; Cargas - a considerar nas instalações equipamentos 145t; estruturas 75 t plataformas/escadas 30 t; 8. Armazenagem Clinker 434 t Equipamento - silos ( 2x t); armazém coberto ; Cargas - a considerar nas instalações equipamentos 98 t; estruturas 130t ; silos 168 t; plataformas/escadas 38t; 9. Moagem de Cimento 476 t Equipamento - moinho de bolas em circuito fechado( t/h); Cargas - a considerar nas instalações equipamentos 344 t; estruturas 94 t; plataformas/escadas 38; 10. Armazenagem de Cimento/ Ensacagem 284 t Equipamento - silos com capacidade de t cada; Cargas/Ensacagem - a considerar nas instalações equipamentos 58 t; estruturas 184 t; plataformas/ escadas 42 t; silos; 11. Paletização 62 t Equipamento.- máquinas ensacadoras (2); paletizadora/empacotadora; Cargas.- a considerar nas instalações equipamentos 34 t; plataformas/escadas 28 t; 12. Granel 227 t Equipamentos - Carregador automático (1); pontos de carregamento e granel; Cargas - a considerar nas instalações equipamentos 27 t; estruturas 86 t; plataformas/escadas 34 t; silos 80 t; 3-34 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

75 13. Fuel 14 t Equipamentos - Depósitos de combustível, tubagens, bombagem; Cargas - a considerar nas instalações equipamentos 14 t; 14. Instalações Eléctricas Equipamentos - PT; cablagens; equipamentos vários; gerador de emergência; 15. Sala de Comando Equipamentos - Informática; equipamentos vários; Regime de Laboração e Indicação do Número de Trabalhadores por Turno A Fábrica de Cimento funcionará em regime contínuo, empregando cerca de 58 trabalhadores directos, especializados, 40 trabalhadores directos não especializados, 30 trabalhadores indirectos, por turno de 8 (oito) horas, durante 52 semanas/ano, totalizando 128 trabalhadores subdivididos em 3 (três) turnos, distribuídos pelos seguintes sectores fabris: Britagem prévia de Matérias primas; Moagem de cru; Moagem de clinker; Moagem de Cimento; Moagem de Carvão; Forno de Cimento; Silos de cru; Silos de clinker; Silos de cimento; Ensacadoras; Laboratório; Armazéns; Electricistas, Mecânicos; Motoristas; Pessoal de manutenção e limpezas. Completam ainda esta equipa o Director fabril, Serviços Técnicos, Encarregados de fabrico, Chefes de Mecânica e de Electricidade, Pessoal Administrativo, Pessoal de Refeitório e Serviços de Saúde. Não estão incluídos os trabalhadores que estão afectos à indústria extractiva da Pedreira n.º 4652 Vale da Pedreira, com Licença de Estabelecimento emitida a favor de TECNOVIA, Sociedade de Empreitadas, SA. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-35

76 3.3 PROJECTOS COMPLEMENTARES SUBSIDIÁRIOS E ASSOCIADOS Como projectos complementares, subsidiários e associados, importa primeiro estabelecer o enquadramento da Fábrica de Cimento de Rio Maior englobada num sistema mais complexo de extracção, produção e escoamento de cimento, considerando todas as suas infraestruturas e ambivalências, das quais se destacam as pedreiras de onde se extrairão as matérias primas necessárias ao fabrico do cimento. Foi neste âmbito realizado um estudo com a finalidade específica de reconhecimento sistemático das jazidas e formações calcárias, argilosas e gessosas na envolvente da Pedreira Vale da Pedreira, sita em Rio Maior, local onde se pretende instalar uma fábrica de cimento. Neste estudo, efectuado pela EPP, Engenharia, Projecto e Planeamento Industrial, Lda, com a colaboração do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro, foram analisadas 12 (doze) amostras de matérias-primas minerais, calcários, argilas e gessos colhidas nas seguintes 4 pedreiras: Pedreira n.º 4652 Vale da Pedreira, pertencente à empresa Tecnovia, S.A., sita em Rio Maior, local onde se pretende construir a fábrica de cimento. VP1 - Vale da Pedreira (calcário vidraço bege com pisólitos); VP2 - Vale da Pedreira (calcário vidraço bege); VP3 - Vale da Pedreira (calcário oolítico branco); VP4 - Vale da Pedreira (calcário oolítico mais compactado branco sujo); VP5 - Vale da Pedreira (calcário vidraço bege alaranjado). Pedreira n.º 5187 Cortinhas n.º 5, pertencente à empresa Fábrica Cerâmica Viúva Lamego, Lda, sita em Prazeres de Aljubarrota, Alcobaça, a 32 Km do local onde se pretende construir a fábrica de cimento. V1 - Argila azul; V2 - Argila vermelha. Pedreira n.º 1974/SRG Tojeira, pertencente à empresa Inersilex, Sociedade de Transformação de Inertes, S.A., sita em Foz do Arelho, Caldas da Rainha, a 31 Km do local onde se pretende construir a fábrica de cimento. I1 - Inersilex (calcário oolítico branco); I2 - Inersilex (calcário cinzento escuro). Pedreira n.º 21 Avarela, pertencente à empresa Sogerela, Comércio de Gesso, S.A., sita em A-Dos-Francos, Caldas da Rainha, a 22 Km do local onde se pretende construir a fábrica de cimento. S1 - Sogerela ( Shale cinzento escuro); S2 - Sogerela (gesso sem dobras); S3 - Sogerela (gesso com micro-dobras). O estudo de prospecção realizado permitiu retirar as seguintes conclusões: O calcário margoso é a matéria-prima mais adequada para se Fábricar cimento, pelo facto de possuir elevados teores de argila. No entanto, a prospecção agora realizada, revelou que não existe este tipo de calcário, pelo 3-36 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

77 menos num raio de 31 Km a partir do centro da Pedreira Vale da Pedreira. Perante este cenário, é aconselhável a utilização de calcários que possuam altos teores de CaCO 3 (carbonato de cálcio) e argilas adequadas para este tipo de indústria; Os calcários que foram amostrados na Pedreira Vale da Pedreira, local onde se pretende instalar a fábrica de cimento, apresentam elevados teores de CaCO 3, sendo deste modo adequados para o fabrico de cimento; As argilas estudadas distam da Pedreira Vale da Pedreira cerca de 32 Km e são exploradas pela Fábrica Cerâmica Viúva Lamego, Lda. Estas argilas possuem óptimas características para puderem ser adicionadas aos calcários existentes em Vale da Pedreira. Importa referir que a Fábrica Cerâmica Viúva Lamego, Lda está à procura de comprador para esta Pedreira; O gesso estudado nesta prospecção dista da Pedreira Vale da Pedreira cerca de 22 Km e é explorado pela Sogerela, Comércio de Gesso, S.A. Os principais clientes desta empresa são produtores de cimento, pelo que se torna evidente a óptima qualidade que este gesso apresenta para o fabrico de cimento. O gesso é o produto de adição final no processo de Fábricação do cimento, com o fim de regular o tempo de pega por ocasião das reacções de hidratação; A Pedreira Tojeira da Inersilex, Lda dista 31 km da Pedreira Vale da Pedreira e foi estudada com o intuito de se verificar a existência de calcários margosos. No entanto, ficou claro neste relatório que na área de exploração apenas existem calcários comuns com elevados teores de CaCO PROGRAMAÇÃO TEMPORAL DAS FASES DE CONSTRUÇÃO, EXPLORAÇÃO E DESACTIVAÇÃO DO PROJECTO Segundo a programação prevista para a Fábrica de Cimento de Rio Maior, considera-se 2011 como ano de construção, o ano de 2012 como ano de abertura, tendo-se determinado 2030 como ano horizonte do projecto. 3.5 OUTROS ASPECTOS DE PROJECTO Materiais e Energias Utilizados e Produzidos Pela natureza do empreendimento em apreço, os materiais utilizados e produzidos na fase de construção estarão essencialmente associados às acções de escavação e aterro da plataforma, sendo que, outras acções, nomeadamente no que respeita a desmatação, deverão envolver quantitativos menos expressivos dado que incidirão sobre uma área de cerca de 9 ha. Também a decapagem envolve volumes de terras; contudo por envolverem terra viva e solos de qualidade, estas são habitualmente reutilizadas para posterior revestimento dos taludes de obra e subsidiar as zonas objecto de tratamento paisagístico. Na fase de exploração refere-se apenas a necessidade de utilização de energia eléctrica e a produção de materiais associados a resíduos sólidos urbanos relacionados com as áreas sociais, estando as respectivas redes de distribuição e recolha descritas nos capítulos anteriores. De seguida são indicados os tipos de energia utilizada e respectivos consumos previstos: TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-37

78 1. Fábrica de Cimento - Em termos de valores de consumos específicos prevemos que seja possível obter valores mais favoráveis em linhas de fabrico modernas, de adopção de tecnologias mais avançadas, embora neste nosso Projecto indiquemos valores de que dispomos e que utilizaremos como valores médios. Assim teremos: Capacidade nominal instalada t /ano cimento Energia eléctrica kwh /t cimento Energia térmica kcal /kg clinker 2. Moinho de rolos tratando-se de materiais medianamente duros o consumo de energia eléctrica é calculado pela fórmula N= T/H. L. g. f em que: N consumo de energia em HP; T- tamanho dos pedaços de rochas de alimentação; L- produção em m 3 ; g peso especifico aparente dos materiais em m 3 /t; f coeficiente dependente do material a triturar; No caso das dimensões de Matéria prima previstas no fabrico, calculamos uma potência instalada necessária de 190 HP (139,84 kw). 3. Britador de maxilas o consumo de energia para uma abertura de 1 400/1 800 é de 170 HP (125 kw). 4. Britador de martelos para um diâmetro de rotor de mm e 10 martelos teremos um consumo de energia de 77 HP ou seja um consumo específico por m 3 /h de 1,85 kw. 5. Moinho de martelos para um moinho de martelos de 1400 mm de diâmetro de perdutor teremos um consumo de energia de 112 HP. 6. Moinho cónico para k = 2,9 e 900 mm de diâmetro de anel de trituração a energia necessária medida no eixo é de 65 HP. 7. Secagem de Matérias primas - de acordo com as tecnologias a aplicar teremos consumos variáveis de energia de 1 a 54 HP, na dependência dos equipamentos a utilizar. 8. Moagem de cimento - em moinhos de bolas/barras de 2,6 m de diâmetro e 12 m de comprimento, 2,32 m 2 de secção, via seca, o consumo de energia é de 382 HP. No caso de se utilizarem moinhos tubulares em circuito fechado com elevador de alcatruzes e separador centrifugo o seu rendimento aumenta. 9. Moagem de cimento com separador de ar no caso de se utilizarem moinhos de 2,00 m de diâmetro, de 2,87 m 2 de luz interior, a potência necessária é de 170 HP no moinho e mais 66 HP nos ventiladores. 10. Forno de cimento rotativo via seca consumo 0,170 kg carvão/ kg de clinker, 1,54 kg de cru / kg de clinker. Em termos gerais o calor calculado necessário por kg de clinker é de cerca de k cal TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

79 No caso de Fornos rotativos, com instalações de intercâmbio e recuperação de calor dos gases de escape e secagem simultânea o calor necessário por kg de clinker reduz-se para 830 k cal. 11. Elevadores de alcatruzes a capacidade e potência absorvida depende das distâncias e elevação, calculando-se valores entre 5 e 10 HP por unidade a determinar a quando do Projecto. 12. Correias Transportadoras Capacidade de transporte e a potência necessária para as correias transportadoras que utilizaremos na fábrica, incluindo os seus mecanismos e equipamentos auxiliares depende da sua largura no nosso caso 0,600 a 1,00 m do seu comprimento calculando-se potências necessárias para distâncias entre eixos de 5 m a 100 m respectivamente de 2,65hp a 12,00hp. As correias transportadoras podem passar da posição inclinada à horizontal, havendo que acautelar raios mínimos de curvatura relacionados com o tipo de material da própria correia. 13. Transporte Pneumático trabalhando em regime contínuo por agitação do material nos circuitos, com capacidades de 3 a 30 t/h de cru, carvão e cimento, para distâncias de transporte vertical/horizontal de 5/10 m, com consumos de energia de 8 a 48 HP, aplicando 25/30 m 3 /t de ar, em tubagens variáveis de mm. Os pesos volumétricos utilizados são 1,2 t/m 3 para o cru, 0,7 t/m 3 para o carvão e 1,45 t/m 3 para o cimento Utilização de Calor de Gases de Escape - Permutador de Calor O calor proveniente de gases de escape é utilizado em equipamentos de secagem, pré-aquecimento, calcinação parcial do cru ou da pasta crua. O calor contido no clinker, após desenfornamento, é aproveitado em aquecimento do ar de combustão. O calor consumido no Forno de Cimento (FC) na produção de clinker, é calculado numa base de 17% de consumo de combustível em kg combustível/kg de clinker, sendo: Combustível Pc=7 200 k cal; Temperatura dos gases de escape 500º; Temperatura do clinker 200º; Humidade 10%; Excesso de ar 1,2; Balanço térmico referido a calor de formação de clinker; Calor perdido com o CO 2 contido no cru; Calor perdido com o clinker; Vaporização da água; Perdas por irradiação; Calor consumido k cal/kg de clinker. O equipamento permutador de calor destina-se ao tratamento de gases provenientes do Forno de Cimento (FC), arrefecimento e despoeiramento, e ao pré aquecimento das cargas de Matérias Primas (MP). A troca de calor efectua-se nos ciclones do permutador, onde são atingidas temperaturas da ordem de 800ºC. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 3-39

80 3.5.2 Efluentes, Resíduos e Emissões Previsíveis Relativamente a emissões e resíduos gerados durante a fase de construção, serão produzidos poluentes atmosféricos, em especial poeiras, devido à elevada movimentação de terras e à operação de maquinaria pesada e de veículos de transporte. Na obra serão ainda produzidos resíduos resultantes da desmatação, bem como da gestão de estaleiro, para os quais deverão ser adoptados cuidados e medidas de aplicação geral de acordo com a legislação em vigor. Efectivamente, serão gerados resíduos típicos da existência de operações de estaleiro, assim como efluentes líquidos, poeiras, resíduos sólidos, etc.. Na fase de exploração, a produção de efluentes e resíduos, decorrente do funcionamento das várias unidades operativas que constituem o empreendimento no seu todo, encontram-se estimados em projecto, estando descritos nos capítulos anteriores os sistemas de encaminhamento e recolha preconizados. De seguida apresentam-se os efluentes previstos, gerados na fase de exploração: CO 2 : Valores médios inferiores a 853,0 kg/t clinquer NOx: Valores médios inferiores a 2,1 kg/t clinquer SO 2 : Valores médios inferiores a 0,5 kg/t clinquer Partículas: Valores médios inferiores a 0,065 kg/t de cimento (com valores pontuais inferiores a 15mg/Nm 3 através de filtros de mangas) Fontes de Produção e Níveis de Ruído, Radiação, Vibrações Na fase de construção perspectiva-se a produção de ruído e vibrações, quer com origem na maquinaria afecta às obras, nomeadamente nas acções de escavação e compactação da plataforma, quer pela possível necessidade de se recorrer pontualmente à utilização de explosivos para as acções de desmonte. Nas zonas em que se prevê a realização de escavações (a determinar em fases mais avançadas de projecto, suportadas por um estudo geológico / geotécnico). Contudo, de acordo com a avaliação efectuada, a perturbação acústica devido ao ruído na fase de construção não deverá ser apercebida para além de uma faixa que dista 100 a 150 m, sendo mais expressiva até 50 m; por outro lado tal dependerá do volume de obras e de maquinaria em laboração simultânea, pelo que, uma adequada gestão das frentes de obra, bem como a aplicação correcta de normas e medidas no uso de explosivos, poderão contribuir para a minimização da afectação da envolvente, sendo de evitar qualquer actividade ruidosa no período nocturno. Na fase de exploração dado se estar perante uma zona de apoio logístico, perspectiva-se a produção de ruído e vibrações susceptíveis de causar alguns problemas dignos de menção, embora tal tenha sido devidamente estudado de modo a adequar as melhores medidas que colmatem os potenciais impactes decorrentes da circulação de veículos sobretudo pesados em toda a zona de acessos à plataforma, principalmente nas zonas em que ocorrem usos sensíveis nas imediações (este aspecto encontra-se devidamente avaliado no capítulo de avaliação de impactes do ruído constante do presente estudo Capítulo 6.9) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

81 4 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL 4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS De acordo com a estrutura metodológica geral preconizada para o presente estudo, apresenta-se seguidamente a Caracterização Ambiental da Área de Influência da Fábrica de Cimento de Rio Maior, que visa constituir um diagnóstico da situação actual, segundo as várias componentes ambientais, por forma a apoiar a identificação dos principais impactes associados ao empreendimento em apreço. Enfatizar-se-ão necessariamente os aspectos/descritores considerados como mais relevantes, ou seja, que efectivamente poderão apoiar a avaliação ambiental deste projecto, no sentido de propor soluções e medidas ambientalmente mais equilibradas Aspectos Metodológicos Esta etapa pretende estabelecer um diagnóstico actual da área onde será implementada a Fábrica de Cimento de Rio Maior, incluindo também uma área envolvente de pelo menos 500 m, sendo que as perspectivas de evolução para o ano horizonte de projecto, sem a sua implementação, serão abordadas no capítulo seguinte (Capítulo 5). Para caracterizar a situação actual para as várias componentes do ambiente, recorreu-se ao levantamento e análise de informações existentes, disponíveis e sistematizadas sobre os diversos aspectos ambientais, obtidas através da consulta de documentos disponíveis ou desenvolvidos no âmbito deste trabalho, assim como através do contacto directo com entidades locais e regionais e visitas de campo para recolha de elementos. Entre os documentos de interesse geral utilizados na caracterização ambiental da região de influência do empreendimento, destacam-se os seguintes: Documentos técnicos existentes e disponíveis (ex.: estatísticas, relatórios, outros EIA s, etc.), desenvolvidos para a área do empreendimento e respectiva região de inserção; Bases de dados específicas, nomeadamente, da Agência Portuguesa de Ambiente - APA, do Instituto da Água - INAG, da Direcção Geral de Energia e Geologia - DGEG, do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade - ICNB, da Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, Instituto de Meteorologia, I. P. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I.P. (IGESPAR), etc.; Cartas Militares do Instituto Geográfico do Exército e Cartas do Instituto Geográfico Português IGP, à escala 1 : e 1 : ; Cartografia Temática existente e disponível (ex.: Atlas do Ambiente, solos, geologia, etc.) e o Corine Land Cover; Fotografia Aérea; Plano Director Municipal do concelho de Rio Maior e outros Planos de Ordenamento do Território (regionais, municipais, intermunicipais, sectoriais e especiais); A consulta documental foi ainda complementada por outras actividades para recolha de informação, tais como: contactos directos com entidades locais, regionais e nacionais, tais como as que constam da lista de entidades interessadas, constante do Capítulo 3.1.6; TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-1

82 medições e análises de parâmetros de qualidade do ambiente, levantamentos locais e visitas de reconhecimento de campo (de que são exemplo as medições locais de ruído e os inventários florísticos e faunísticos). Importa sublinhar os contactos estabelecidos (através de reuniões de trabalho e de variados contactos das várias especialidades) com a autarquia da área de estudo, por possibilitar, não só a obtenção de elementos e informações preciosos ao desenvolvimento dos estudos, como ainda por permitir apreender as condições existentes através da percepção que delas têm as entidades locais e regionais. A natureza do empreendimento e da área de implantação determinou uma maior incidência dos estudos naqueles aspectos que apresentam maior relevância em áreas sensíveis, humanas e ecológicas, destacando-se os aspectos socioeconómicos e de planeamento, de património cultural e ruído, para além de aspectos de qualidade do ambiente e conservação da natureza. Assim, esta etapa tem como principal objectivo fundamentar o estabelecimento de um diagnóstico das condições ambientais existentes, a partir do qual se perspectivará a evolução da situação actual para o ano horizonte considerado sem a implementação do empreendimento, também designada como Alternativa Zero ou Opção Zero, determinando a designada Situação de Referência (Capítulo 5). Será essa projecção da situação actual para o ano horizonte, que constitui a situação ambiental de referência que, confrontada com a situação prospectivada com a realização do empreendimento, assegurará a determinação, análise e avaliação de impactes. Efectivamente, em termos metodológicos a avaliação da magnitude e significância dos impactes associados a um determinado empreendimento é estabelecida a partir de dois cenários: o cenário da situação ambiental de referência, que constitui o cenário da projecção da situação actual do ambiente para o ano horizonte considerado sem implementação do projecto; e o cenário esperado com esse mesmo ano horizonte, considerando as implicações que o projecto induziria. Esta abordagem apresenta, consequentemente, um grau maior de incerteza face à dificuldade de estabelecer cenários de projecção, pelo que se considera habitualmente, por maior facilidade de apreensão, por estabelecer a situação de referência como Situação Actual do Ambiente Área de Estudo Neste estudo foram adoptadas duas áreas de influência, dependendo do aspecto considerado: Para os aspectos biofísicos e alguns aspectos socioeconómicos de natureza localizada, a área de influência abrange a área de implementação do empreendimento, designadamente os cerca de m 2 (10,5 ha) da área em estudo e uma faixa envolvente de 500 m (a partir dos limites da área de intervenção directa). Cartograficamente esta área assume uma envolvente mais abrangente (identificada a amarelo nas Peças Desenhadas do Tomo 2), com cerca de 20 ha; Para outros aspectos, nomeadamente socioeconómicos e de planeamento, a área de influência abrange em particular o concelho de Rio Maior em que o empreendimento se insere, podendo-se alargar o âmbito da análise, caso tal se justifique, à sub-região em causa. No que respeita à informação cartográfica, os estudos e análises foram efectuados utilizando-se a escala ou escalas mais apropriadas para cada um dos aspectos específicos em apreço. No entanto, a escala privilegiada de representação cartográfica dos resultados, respeitadas as especificidades inerentes a cada aspecto ambiental, será a 1/25 000, 4-2 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

83 salvaguardando situações específicas que se venham a evidenciar como relevantes a analisar à escala de abordagem do estudo. Tendo em conta o enquadramento da região em estudo e as características do empreendimento, o EIA adopta uma abordagem pragmática na realização dos trabalhos, dando-se ênfase às zonas mais ocupadas próximas do empreendimento, bem como às zonas que, pelas suas características, apresentam maior sensibilidade do ponto de vista socioeconómico, de qualidade ambiental e ecológica. Por outro lado, de acordo com os aspectos específicos a analisar e os impactes expectáveis, esta área será englobada em espaços mais vastos, quando a natureza dos aspectos em causa assim o justificar; assim, descritores do território poderão definir uma área envolvente relativamente homogénea, enquanto que, no que respeita a aspectos sociais e económicos, a abordagem deverá ser suportada pelos valores e análises a nível concelhio. A definição desta área de avaliação directa das incidências, não dispensou o desenvolvimento de abordagens mais vastas, dado que a exploração do empreendimento assumirá incidências numa zona bastante mais alargada, nomeadamente no que respeita à influência que induzirá na estrutura de acessibilidades e, consequentemente, no desenvolvimento social e económico da região. 4.2 CLIMA A caracterização do clima da área em estudo baseou-se nos dados do Instituto de Meteorologia (IM) para a Região de Ribatejo e Oeste (1990), tendo-se utilizado valores médios mensais das variáveis climáticas da estação de Rio Maior (Figura 4.2.1). Fonte: IM Rede Climatológica 130 Estação de Rio Maior Figura Localização da Estação Climatológica de Rio Maior TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-3

84 No Quadro apresentam-se as principais características desta estação. Quadro Principais Características da Estação de Rio Maior Estação Climatológica Longitude Latitude Altitude (m) Período de Observação Rio Maior 8º56 39º Fonte: IM (2008) Os dados climatológicos obtidos na estação de Rio Maior foram objecto de tratamento gráfico nos sub-capítulos seguintes, visando ilustrar a caracterização dos parâmetros climatológicos em que se baseou a presente caracterização. Temperatura do Ar A distribuição espacial da temperatura do ar numa região, é principalmente condicionada pelos factores fisiográficos, nomeadamente o relevo (altitude e exposição), a natureza do solo e do seu revestimento, a proximidade de grandes superfícies de água e pelo regime de ventos. A temperatura média anual do ar na região em estudo é de 15ºC, determinando, segundo o critério de classificação clássico, um clima do tipo Temperado (10ºC<T<20ºC). As temperaturas médias mais elevadas ocorrem entre Julho e Setembro (21,2ºC 21,5ºC), e as mínimas entre Dezembro e Janeiro, período este em que as temperaturas médias mensais se situam entre os 9,1ªC e 9,7 ºC (Figura 4.2.2). Temperatura média do ar (ºC) 22,0 20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Mês Temperatura Média Figura Temperatura Média Mensal na Estação de Rio Maior A amplitude térmica anual, diferença entre a temperatura média do ar do mês mais quente e a temperatura média do mês mais frio, (Figura 4.2.3) classifica o clima como sendo do tipo Moderado (10<a<20). A amplitude média da variação diurna da temperatura do ar (i.e., diferença das médias das temperaturas máximas e mínimas diárias) depende da distância do local ao mar, da altitude e das exposição dos ventos marítimos. O seus valores no mês encontram-se representados graficamente na Figura TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

85 30 25 Amplitude Média da variação diurna da temperatura Temperatura (ºC) Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Média Minima Média Média Máxima Figura Temperatura Média do Ar, Temperatura Média Máxima e Mínima do Ar. Estação Climatológica de Rio Maior Verifica-se que os valores médios variam com regularidade ao longo do ano: Os maiores valores correspondem aos meses de Agosto e Setembro, e os menores a Dezembro e Janeiro. É nos meses de Verão que a amplitude da variação diurna da temperatura do ar é maior. Em relação ao número de dias de ocorrência de temperaturas extremas (> 25ºC ou < 0ºC), verifica-se que há uma frequência significativa de dias nos quais a temperatura excede os 25ºC, sendo que entre Julho e Setembro esta situação sucede mais de 60% dos dias. Com temperaturas inferiores a 0ºC, apenas se verifica alguns registos de dias, ocorrendo com maior frequência nos meses de Dezembro e Janeiro (Figura 4.2.4). Atendendo aos desvios das temperaturas médias mensais, em relação ao valor da temperatura média anual, pode repartirse o ano por dois períodos de igual duração para a estação considerada, conforme se pode observar no Quadro Quadro Meses com Desvios Relativamente à Temperatura Média Anual Estação Temperatura Média Anual Meses com desvios relativamente à Temperatura Média Anual Desvio Positivo Desvio Negativo Rio Maior 15 ºC Maio a Outubro Novembro a Abril Fonte: IM (1990) Precipitação A precipitação é um parâmetro susceptível de grande variabilidade interanual, que se deve, fundamentalmente, a modificações da circulação atmosférica de larga escala que, por sua vez, levam a alterações significativas da posição da TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-5

86 frente polar e da frequência de ocorrência de situações de bloqueio, com implicações no trajecto das depressões baroclínicas que atingem a Europa, entre o Outono e a Primavera. Na área em estudo, a precipitação média anual é de 871,6, caracterizando-se o clima regional, segundo o critério clássico, como Moderadamente Chuvoso (500 < R < 1000), ocorrendo a maior precipitação em Fevereiro e a menor em Julho, que corresponde a 14,9% e 0,6%, respectivamente, da precipitação total anual. A área em apreço, tal como a generalidade do território de Portugal Continental, insere-se numa região de clima mediterrânico, em que a maior parte da precipitação anual se concentra nos meses de Inverno, ao passo que o período estival coincide com a época de maior secura (mm) Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Precipitação Média Figura Precipitação Média Total (Mensal) para a Estação Climatológica de Rio Maior Assim verifica-se que, na estação em estudo, os maiores quantitativos de precipitação ocorrem entre Novembro e Fevereiro, destacando-se um período particularmente seco entre os meses de Junho e Setembro (Figura 4.2.4). O número médio de dias do mês em que há precipitação 0,1 mm 1 varia ao longo do ano. Enquanto que em Fevereiro, chove, em média, mais de 50% dos dias (15,2 dias), consta-se que em Agosto, chove apenas em média cerca de 2 dias por mês. Assim com base nos valores da precipitação existentes verifica-se que chove em média, em 116 dias por ano, ou seja, em cerca de 32 % dos dias. Destes dias de chuva há, em média, 30 dias de chuvas fortes (R 10 mm), 63 dias de chuvas moderadas (1,0 R < 10,0) e 23 dias de chuva fraca (0,1 R < 1,0) (Figura 4.2.5). 1 Considera-se que há dia de precipitação quando se regista 0,1 mm, ou mais, de precipitação 4-6 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

87 Período Seco Chuva Fraca Chuva Moderada Chuva Abundante 6% 17% 69% 8% Figura Distribuição da Chuva ao Longo do Ano - Estação Climatológica de Rio Maior Atendendo ao Postulado de Gaussen que caracteriza como secos os meses em que o total de precipitação R (mm) é igual ou inferior ao dobro da temperatura média mensal R 2T (ºC) constata-se a ocorrência de dois períodos: Período Seco e Período Chuvoso, os quais se encontram especificados, no Quadro sendo representados graficamente na Figura Quadro Meses Secos e Meses Húmidos, Segundo Gaussen, para a Estação em Estudo Fonte: IM (2008) Estação Climatológica Período Seco (R 2T) Período Chuvoso (R> 2T) Rio Maior Junho - Setembro Outubro - Maio 140,0 120,0 100,0 Evaporação (mm) Precipitação (mm) 80,0 60,0 40,0 Período Chuvoso Período Chuvoso Período Seco 20,0 0,0 Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Mês Temperatura Precipitação Figura Gráfico Termo-Pluviométrico de Gaussen ( ) para a Estação Climatológica de Rio Maior TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-7

88 Humidade Relativa do Ar A humidade relativa do ar depende fortemente da temperatura, numa relação quase exponencial, se for constante a concentração do vapor de água, pelo que este parâmetro tende a atingir os valores mínimos durante a tarde e em dias quentes. O valor médio da humidade relativa do ar às 9 horas, usualmente considerada no nosso país como boa aproximação ao valor médio do dia, é elevado região em estudo, sendo o valor médio anual de 81% (Quadro 4.2.4). Assim, segundo o critério de classificação clássico, o clima regional é do tipo Húmido (75 % < U < 90 %). Quadro Valores de Humidade (%) Relativa do ar na Estação Climatológica de Rio Maior (mm) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano 9h h Fonte: IM (2008) No que diz respeito à evolução da humidade relativa do ar ao longo do ano, verifica-se que não se registam variações significativas, situando-se estes valores acima dos 71% (Figura 4.2.7). (%) Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.Dez. Meses Humidade Relativa do Ar às 9 horas (%) Figura Humidade Relativa do Ar às 9 Horas na Estação Climatológica de Rio Maior Nebulosidade / Insolação O elemento climático nebulosidade (N) representa a quantidade de nuvens no céu, vistas do local à hora que se considera. Os seus valores exprimem-se em décimos de céu com nuvens: 0 representa céu limpo, sem nuvens, e 10 céu encoberto sem qualquer porção azul visível. De acordo com os dados disponíveis, o índice médio de nebulosidade na região em estudo é de cerca de 5, verificando-se os menores valores em Julho/Agosto e os maiores entre Outubro/Maio (Quadro 4.2.5). 4-8 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

89 Quanto ao número de dias de forte nebulosidade, este é relativamente elevado em Dezembro a Fevereiro (12-13 dias / mês), enquanto o número de dias de céu limpo assumem maior expressão, nos meses de Julho e Agosto (19-21 dias / mês). Quadro N.º Anual de Dias por Classes de Nebulosidade para a Estação Climatológica de Rio Maior N.º de dias Frequência (%) Céu muito nublado (N 8) Céu nublado (2 < N < 8) Céu limpo (N 2) Total Fonte: IM (2008) Assim sendo, em termos de classes de nebulosidade, verifica-se que a frequência de dias com céu limpo (N 2) é de 44%, céu nublado (2<N<8) e muito nublado (N>8) de 28% (Figura 4.2.8). 44% 28% Céu Muito Nublado (N>=8) Céu Nublado (2<N<8) Céu Limpo (N<=2) 28% Figura Classes de Nebulosidade (%)para a Estação Climatológica de Rio Maior Nevoeiro/Geada A ocorrência de geada ou nevoeiro ou geada está fundamentalmente relacionada com as condições meteorológicas prevalecentes no final da noite e princípio da manhã, quando as temperaturas do ar e da camada superficial do solo atingem os valores mínimos. A ocorrência destes meteoros está muito dependente de condições locais, em termos de vento, exposição ao sol, cobertura do solo, etc.. A ocorrência de geada é relativamente frequente na região (19,3 dias/ano). O nevoeiro, por seu turno, regista uma média anual de 15,3 dias verificando-se uma maior incidência entre os meses de Dezembro e Janeiro (Quadro 4.2.6). Quadro Valores Médios (n.º de dias), de Ocorrência de Nevoeiro e Geada na Estação Climatológica de Rio Maior Jan Fev Mer Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano Nevoeiro 3,5 1,7 1,3 0,4 0,7 0,6 0,5 0,9 0,7 1,3 1,4 2,3 15,3 Geada 7,1 4,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,6 5,3 19,3 Fonte: IM (2008) Ventos A velocidade média anual do vento na região pode considerar-se fraca/moderada, rondando, em média, os 7,3 km/h, constatando-se um aumento considerável da velocidade média do vento nos meses de Verão. Na Figura encontrase a representação gráfica da variação anual da velocidade média do vento. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-9

90 Dez. Jan. 20,0 15,0 Fev. Nov. 10,0 Mar. 5,0 Out. 0,0 Abr. Set. Mai. Ago. Jun. Jul. Velocidade Média do Vento (km/h) Figura Velocidade Média do Vento (km/h) Estação Climatológica de Rio Maior O número de dias com ventos fortes (f 36 km/h) é de 0,1 dias do ano, e muito fortes (f 55 km/h) não é significativo (0 dias). A frequência de calmas é de 12,0 %. Os ventos predominantes são os do quadrante Noroeste, ocorrendo em cerca de 24,7% dos dias do ano. (Figura ). W NW N NE E SW SE S Vento - Frequência (%) Vento - Velocidade (km/h) Figura Rosas dos Ventos Estação Climatológica de Rio Maior Classificação Climática Sistema de Thornthwaite A classificação climática de Thornthwaite (1948) baseia-se no balanço hidrológico do solo. A realização de cálculos deste balanço permite definir alguns indicadores e, com base nestes, classificar o clima de um determinado local. O balaço hidrológico do solo, após cálculo pelo método de Thorthwaite, baseado nos valores das normais climatológicas da estação de Rio Maior, e para a hipótese de 100 mm de capacidade utilizável do solo, resultou nos seguintes valores médios: 4-10 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

91 Precipitação Total (P) mm Evapotranspiração Potencial (ETP) mm Evapotranspiração Real (ETR) mm Défice de Água (D) mm Excesso de Água (S) mm De acordo com a classificação de Thorthwaite, o clima de um local é descrito por um conjunto de quatro índices, definidos de acordo com os resultados do balanço hidrológico do solo, anteriormente apresentados. Seguidamente, apresentam-se os resultados obtidos para estes índices. Índice de Aridez (I a )...36,7% Índice de Humidade (I hu )...48,3% Índice Hídrico (I u )...26,3% Concentração Térmica Estival (C t )...43,4% Com base nestes índices, o clima da região classifica-se como húmido (60 Ih < 80%), mesotérmico (712 ETP < 855mm), com défice moderado de água no verão (16,7 Ia < 33,3%) e nula ou pequena concentração térmica estival (Ct < 48). A fórmula climática que traduz este tipo de clima é a seguinte: B1 B 2 s2a Sistema de Köppen A classificação de Köppen atende à relação temperatura/precipitação da região. Com base nos limites fixados pelo autor (40 mm para a precipitação e 18 ºC para a temperatura média do ar), construiu-se o climograma de Köppen para a estação em estudo (Figuras ), podendo constatar-se que o ano se encontra dividido em dois períodos: Chuvoso Frio Outubro a Maio Chuvoso Quente - Seco Frio - Seco Quente Junho a Setembro De acordo com a classificação climática de Köppen, o clima da região em estudo classifica-se como mesotérmico (C), uma vez que é um clima temperado moderadamente chuvoso, sendo a temperatura média do mês mais frio inferior a 10ºC e superior a 3ºC e a temperatura média do mês mais quente superior a 10ºC. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-11

92 Precipitação (mm) Chuvoso Frio CLIMOGRAMA DE KÖPPEN II XI I XII Chuvoso Quente 100 X III IV V 40 IX 20 VI VIII 0 VII Seco Frio Seco Quente Temperatura média do ar (ºC) Figura Diagrama Ombrotérmico correspondente à Estação Climatológica de Rio Maior Insere-se no sub-tipo de clima de Verão seco (Cs), em que a precipitação do mês menos chuvoso de Verão é inferior a 1/3 da precipitação do mês mais chuvoso de Inverno, e quente (a), uma vez que a temperatura média do mês mais quente de Verão é superior a 22ºC. Assim, a fórmula climática deste tipo de clima é a seguinte: Csb Cs b Clima de Verão seco - Há uma estação seca que coincide com a estação quente do ano, sendo a precipitação do mês mais seco inferior a 1/3 do mês mais chuvoso de Inverno; Verão Quente - Temperatura média do mês mais quente inferior a 22ºC. 4.3 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA A caracterização geológica e geomorfológica do local de implantação da Fábrica de Cimento de Rio Maior foi efectuada com base nos seguintes elementos: análise bibliográfica de elementos existentes sobre a área em estudo, sendo de destacar a Carta Geológica de Portugal à escala 1:50 000, Folha 26-D publicada pelos Serviços Geológicos de Portugal; Estudo Preliminar da Fábrica de Cimento, Estudos Geológicos da Pedreira de Rio Maior (Tecnovia); reconhecimento de superfície; 4-12 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

93 4.3.1 Enquadramento Geológico A área em estudo enquadra-se numa grande unidade geotectónica constituída pela Orla Ocidental Portuguesa (também conhecida por Orla Mesocenozóica Ocidental) constituída por formações de muito baixa permeabilidade (argilas e margas), formações de permeabilidade fissural e intersticial (arenitos) e formações com grande permeabilidade, de tipo cársico (calcários) (Figura 4.3.1). A orogenia hercínica deu origem à estruturação zonada do Maciço Antigo e às deformações de empregamento de orientação dominante NNW-SSE (Figura 4.3.1). Esta orogenia foi acompanhada de processos de metamorfismo regional e por importante actividade magmática de que resultaram as rochas graníticas ou granitóides que actualmente ocupam uma vasta área do território nacional e uma área muito significativa da bacia portuguesa do Tejo. Área de Estudo Fonte: Ferreira, D (1981) - Carte Geomorphologique du Portugal 1 - Bacia do Tejo e do Sado; 2 - Orla Mesocenozóica Ocidental; 3 - Cadeia Bética; 4 - Maciço Antigo Figura Regiões Estruturais do Oeste da Península Ibérica TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-13

94 No final da orogenia hercínica o Maciço Antigo foi recortado por uma densa rede de fracturação (tardi-hercínica), resultante de compressão N-S. Formaram-se então dois sistemas de fracturas conjugadas: um sistema, mais desenvolvido, de desligamentos esquerdos NNE-SSW a ENEWSW e um sistema, menos desenvolvido, de desligamentos direitos NNW- SSE a NW-SE. No final da Era Primária, constituíram-se duas zonas marginais, a Bordadura Ocidental e a Bordadura Meridional, interessando a primeira à bacia do Tejo. Durante o Mesozóico, instalou-se na Bordadura Ocidental a Fossa Lusitaniana que veio a ser preenchida por sedimentos mesozóicos espessos que revelam fácies profundas e fácies pouco profundas, com bruscas variações laterais. O estilo tectónico destes sedimentos caracteriza-se pela presença de falhas que, na sua maioria, continuam os rejeitos da fracturação tardi-hercínica. Em consequência da compressão alpina, formou-se um horst que originou a Cordilheira Central, com orientação paralela à da Cadeia Bética (em território espanhol). Com a formação da Cordilheira Central, a área do Maciço Antigo subdivide-se em dois blocos: o setentrional, com altitude média de 800 m e drenado em grande parte pela rede hidrográfica do Douro; o meridional, com altitudes variáveis entre 900 e 200 m, drenado na sua maior parte pelo Tejo e pelo Guadiana. A Cordilheira Central do maciço Antigo prolonga-se para SW por um bloco sobre-elevado da Orla Sedimentar Ocidental, em que pontifica o Maciço Calcário Estremenho, cujo bordo SE é drenado pelo Tejo. Aquele bloco está delimitado, a Norte pelo acidente Lousã-Pombal-Nazaré, e a Sul pelo cavalgamento Serra de Aire-Serra de Montejunto sobre a Bacia Terciária do Tejo Caracterização Geomorfológica A região localiza-se numa área de morfologia suave, integrada numa das principais linhas estruturais do País, de alinhamento NE-SW. A altitude média é da ordem dos 150 metros com amplitudes de cotas variando dos 100 aos 180 metros. Na sua morfologia geral, a região onde se localiza a Pedreira apresenta bordos suaves, regulares, com presença evidente de fenómenos tectónicos que modificaram profundamente o seu fácies regional. A pedreira de calcário é objecto de exploração a céu aberto há mais de 20 anos, sendo os materiais resultantes da lavra aplicados na construção civil e obras públicas. A Pedreira "Vale da Pedreira" localiza-se na extremidade SE da Serra dos Candeeiros e faz parte do chamado Maciço Calcário Estremenho (MCE). o Maciço Calcário Estremenho (MCE) é constituído essencialmente por uma espessa sequência de rochas calcárias que se depositaram durante o Jurássico inferior, médio e superior (entre 144 e 213 milhões de anos), sedimentos elásticos do Cretácico inferior, e ainda formações detríticas quaternárias. A Serra dos Candeeiros é fundamentalmente constituída por uma dobra anticlinal de orientação NNE-SSW, cortada, no seu flanco oriental, por importantes acidentes que fazem aflorar uma estreita faixa de terrenos gessosalíferos do Infralias, cujo maior desenvolvimento pode ser observado no vale tifónico de Fonte da Bica, a NNW de Rio Maior Caracterização Litológica A cartografia indica que na área de estudo afloram as formações características do Jurássico Médio- Dogger [J2 abc] os Calcários oolíticos da Serra dos Candeeiros (Figura 4.3.2) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

95 Figura Extracto da Carta Geológica n.º 26-D TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4.15

96 As formações inclinam para W intersectadas por um acidente tectónico complexo de direcção geral N-S, em leito coberto por aluviões e detritos resultantes da lavra. A frente da pedreira em exploração corresponde a um pequeno anticlinal interceptado por um acidente tectónico originando zonas de intensa fracturação, em que o horizonte superior é constituído por bancadas de rocha solta, com fenómenos visíveis de forte alteração expressos por bolsadas de Terra-Rossa. A estratificação das bancadas da área nascente é subvertical, variando desde N62 E a N87 W, com frequente fissuração intensa paralela, verificando-se a presença de uma falha de orientação N82 E, 72 N com caixa expressiva de 0,70 m de possança, preenchida por brecha argilo-calcária ferruginosa. O maciço calcário apresenta-se muito fragmentado com as juntas de estratificação de direcção N12 E, 15 W, ocorrendo veios de calcite e bolsadas de Terra-Rossa em espectros comuns de rocha carsificada, brechóide. Na área Sul da actual exploração da pedreira, a estratificação apresenta a orientação N13 E, 20 W, evidenciando a ocorrência de calcários rijos em camada de espessuras variáveis entre 0,50 e 1,00 m, alternando com bolsadas de argila, denunciando zonas de carsificação recente Recursos Geológicos e Mineiros No que respeita aos recursos geológicos e mineiros foram consultadas as várias entidades responsáveis pelo licenciamento e jurisdição, no sentido de obterem informações sobre concessões e zonas concessionadas ou outras condicionantes relativas a áreas de extracção de inertes, nos corredores em estudo, designadamente as Direcções Regionais de Economia de Lisboa e Vale do Tejo e a Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) do Ministério da Economia e Inovação. O subsector de minas na Região de Lisboa e Vale do Tejo (Figura 4.3.3), apresenta pouco significado, comparado com as restantes regiões. As substâncias actualmente exploradas nesta Região são, por ordem de importância do respectivo valor de produção, sal-gema, caulino e diatomito, representando apenas cerca de 2 % do total do subsector de minas a nível nacional. Das 6 minas actualmente existentes, 4 encontram-se em actividade TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

97 Área de Estudo Figura Recursos Minerais e Hidrominerais em Exploração TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-17

98 O subsector de pedreiras nesta Região representa 28% do valor global de produção de pedreiras do País, correspondendo a 92% do total da indústria extractiva desta Região (Figura 4.3.4). Figura Valor da Produção dos Recursos Geológicos e Minerais Esta é a região do país que apresenta maior diversidade de substâncias exploradas, correspondendo os principais grupos de substâncias aos calcários para fins industriais e ornamentais, argilas e areias, que representam, 90% do valor global de produção desta Região. Os restantes 10% correspondem a produção de granito e rochas similares para fins industriais, calcite, caulino (como subproduto das areias), gesso, saibro e seixo. O calcário explorado na região destina-se essencialmente às indústrias da construção civil e obras públicas, cimento e química, sendo proveniente dos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal. Com grande importância como recurso geológico nesta região, mencionam-se as argilas e areias, comuns e especiais, sendo que 80% da areia produzida no país é proveniente desta região. A areia comum provém essencialmente do distrito de Setúbal e a areia especial do distrito de Santarém (Rio Maior), onde se localiza o centro produtor mais importante e aquele onde existem maiores reservas. As areias especiais, são utilizadas sobretudo nas indústrias do vidro, cerâmica de "barro branco" e refractários, fundição e química. Nesta região salienta-se ainda a produção de basalto, calcite, dolerito e ofito, para fins industriais, com pouca expressão no valor global de produção. Tendo sido contactadas as entidades regionais e nacionais responsáveis pela jurisdição dos recursos geológicos, designadamente o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), a Direcção Geral de Geologia e Energia (DGGE) e a Direcção Regional de Economia do Norte (DRE - Norte), para recolha de informação. Da informação recebida da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG), apresentam-se as áreas com direitos mineiros atribuídos (ou pedidos) no enquadramento da área em estudo (Figura 4.3.5), onde se assinala a presença de quatro concessões, sendo as duas primeiras de extracção de caulino e a terceira de areia e saibro: 4-18 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

99 Alto da Serra, pedreira n.º 2113 que se encontra em suspensão de exploração, situada no concelho e freguesia de Rio Maior, concessionada pela empresa João Lindo Filipe, Lda., Senhora da Luz, pedreira n.º uma vasta área concessionada para a empresa Riobritas - Sociedade Produtora de Britas do Centro, Lda, actualmente em recuperação, situada no concelho e freguesia de Rio Maior; Vale Murtinhos, pedreira n.º uma área licenciada no concelho e freguesia de Rio Maior, explorada por João Lindo Filipe, Lda., Vale da Pedreira, pedreira n.º em fase de licenciamento pela empresa Parapedra Sociedade Transformadora de Pedra, Lda. no concelho de Rio Maior. Figura Pedreiras na Área de Estudo Fenómenos Cársicos O maciço calcário estremenho apresenta características inerentes às zonas cársicas, próprias de formações sedimentares, com um aspecto ruiniforme árido. O relevo cársico resulta da acção continuada e movimentos tectónicos das placas continentais e oceânicas, da fracturação das camadas, do desenvolvimento de falhas e da dissolução das rochas por acção erosiva e química das águas. O processo natural de fractura da rocha, associado à passagem das escorrências pluviais descendentes, favoreceu a formação de diversas formas cársicas. As águas pluviais portadoras de grandes TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-19

100 quantidades e CO 2, dissolvem os calcários, infiltram-se e circulam facilmente ao longo de fendas e outra aberturas, largando-as constantemente. Este processo vai contribuir para o aumento da circulação subterrânea e consequentemente a formação de grutas e algares. As serras de Aire e Candeeiros diferenciam-se da sua área envolvente pela sua geomorfologia e características geológicas. A sua origem calcária permite que aqui ocorram significativos fenómenos cársicos, como são exemplo as dolinas, as uvalas, os algares, os poljes (como o de Minde) e campos de lapiás. Abaixo da superfície, existem inúmeras grutas, que cruzam o interior do maciço, estando referenciadas mais de 1 500, algumas das quais abertas ao turismo (Grutas de Santo António, Grutas de Mira de Aire (Fotografia 4.3.1)) e outras funcionando como centros de interpretação (Algar da Pena, Gruta do Almonda). Fonte: Fotografia Gruta de Mira D Aire Refere-se ainda que devido à abundância de água no subsolo, esta zona assume-se como um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do país; que vai de Rio Maior até Leiria e conta com cerca de sessenta e cinco mil hectares, sendo alimentado principalmente pela chuva que, infiltrando-se rapidamente no subsolo, forma ribeiras subterrâneas, restituindo depois o excedente à superfície, originando uma nascente cársica como é o caso da nascente dos Olhos de Água do Alviela, uma das mais importante de todas e alvo de captação por parte da EPAL para fornecimento de água a Lisboa desde Outra das particularidades desta região, está ligada ao regime hídrico, ou seja, o modo como é efectuado o escoamento da água que se precipita na região. Apesar do clima ser de transição entre a influência mediterrânica e atlântica, com uma elevada precipitação, à superfície, verifica-se uma enorme escassez de água. Porém no subsolo, existe uma verdadeira 4-20 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

101 rede hidrográfica subterrânea, onde as grutas desempenham um importante papel na condução e armazenamento das massas de água. Uma das actividades económicas é a exploração das salinas de Rio Maior, afastadas mais de 30 km do mar, mas que resultam de uma exsurgência de um curso de água subterrâneo que atravessa uma jazida de sal-gema, conferindo salinidade à água (Fotografia 4.3.2). Fonte: Fotografia Salinas da Fonte da Bica em Rio Maior Vista Geral Tectónica e Sismicidade Do ponto de vista tectónico a região é constituída por uma dobra anticlinal (serra dos Candeeiros) mais ou menos paralelas e inclinadas para Este, cujos núcleos são constituídos por formações gessosas e salíferas do Lias inferior (ver Figura 4.3.6). A formação desta dobra é relacionada com a tectónica salífera. A compressão, em profundidade, das formações plásticas, no fosso sinclinal, obrigou-a a subir e a aparecer ao longo das grandes fracturas. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-21

102 Área de Estudo Figura Inserção da Área em Estudo na Carta Neotéctónica de Portugal 4-22 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

103 A Serra dos Candeeiros A serra dos Candeeiros é fundamentalmente constituída por uma dobra anticlinal de orientação NNE-SSW, cortada, no seu flanco oriental, por importantes acidentes que fazem aflorar uma estreita faixa de terrenos gesso-salíferos do Infralias, cujo maior desenvolvimento pode ser observado no vale tifónico de Fonte da Bica, a NNW de Rio Maior. As falhas transversais Na região de Rio Maior, duas importante falhas foram evidenciadas, uma delas a W, a qual corta o Miocénico continental, cujas camadas calcárias se encontram fortemente levantadas na sua passagem a Sul de Freiria de Rio Maior. Outra fractura, não menos importante, passa a Leste de Azinheira e de Rio Maior, prolongando-se para NW até Pé da Serra e pondo em contacto as formações jurássicas, cretácicas e oligocénicas com as do Pliocénico, estas últimas nitidamente levantadas na sua passagem. Foram estas duas falhas que deram lugar à formação do pequeno sinclinal dos lignitos e dos diatomitos de Rio Maior. As estruturas tifónicas, de orientação NNE-SSW, devem te começado a formar-se a partir do Doggerm, continuando a jogar até o Vilafranquiano. A idade dos acidentes transversais deverá ser pliocénica ou mesmo pós-pliocénica. No que respeita à sismicidade, a actividade no território português resulta de fenómenos localizados na fronteira das placas Africana e Euro-Asiática (sismicidade interplaca) e de fenómenos no interior da placa (sismicidade intraplaca). Segundo o Mapa de Intensidade Sísmica Máxima (histórica e actual) observada em Portugal Continental (Instituto de Meteorologia - IM, 1997), a área de estudo, insere-se numa zona que apresenta uma intensidade sísmica máxima de grau IX na escala de Mercalli modificada (1956) (Figura 4.3.7). TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-23

104 Área de Estudo Área de Estudo Figura Carta de Intensidade Sísmica (Escala de Mercalli Modificada) (IGM, 1998) De acordo com o Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSAEEP, 1983), para efeitos de quantificação da acção dos sismos, considera-se o País dividido em quatro zonas sísmicas. A área de estudo insere-se na zona A e B (Figura e Quadro 4.3.1), identificada com um risco sísmico mediano a elevado, a que corresponde um coeficiente de sismicidade, α, de 0, TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

105 Área de Estudo Figura Zonas Sísmicas de Portugal Quadro Zonas Sísmicas e Coeficientes de Sismicidade Zona Sísmica Coeficiente de Sismicidade, α A 1.0 B 0.7 C 0.5 D 0.3 Fonte: Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes, 1983 Este regulamento define espectros de potência traduzidos por um coeficiente sísmico de referência, β0, que apesar de já ter em conta a estrutura a edificar, ainda depende da natureza dos terrenos, cuja tipologia se apresenta no Quadro Este quadro deve apenas ser considerado como elemento orientador. Quadro Tipologia dos Terrenos com Vista à Definição do Coeficiente Sísmico de Referência, β0, (segundo RSAEEP, 1983) Formações Ocorrentes Solos dos depósitos aluvionares e de terraços Tipo de Terrenos Tipo I Tipo II Tipo III Rochas e solos coerentes rijos Solos coerentes muito duros, duros e de consistência média; solos incoerentes compactos Solos coerentes moles e muito moles; solos incoerentes soltos Pliocénico ++ + Miocénico e Jurássico ++ + Nota: ++ - Mais provável + - Possível ++ TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-25

106 4.4 SOLOS E USO ACTUAL DO SOLO O solo constitui um substracto essencial para a biosfera terrestre e contribui, num sistema complexo e interactivo, para regularizar o ciclo hidrológico e condicionar a quantidade e qualidade de água, nomeadamente através da sua capacidade de transformação, filtro e tampão (Bordeau, 1987). É um sistema externamente complexo, uma vez que, para além de composto pelas fases sólida, líquida e gasosa possui ainda, em cada uma delas, substâncias orgânicas e inorgânicas, bem como compostos activos e inertes. Esta heterogeneidade influencia de forma extremamente marcada as suas propriedades físicas, químicas e biológicas, tendo um efeito directo no transporte de solutos e adsorção de constituintes (Travis, 1981). Para caracterizar os solos ocorrentes na área de influência directa da Pedreira, pesquisou-se a informação disponível, nomeadamente ao nível da cartografia de solos de Portugal, à escala apropriada, assim como da base do Dicionário de Solos disponibilizado pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA). Os solos da região foram classificados segundo o sistema preconizado pelo antigo SROA (Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário) e correntemente utilizado no País. De acordo com a Carta de Solos de Portugal (ex-idrha, 1999), verifica-se que a grande maioria dos solos que ocorrem na área de estudo, do tipo Argiluviados e Aforamentos Rochosos. Numa percentagem significativamente menor distinguem-se ainda os solos Litólicos e Calcários. No Quadro apresenta-se a classificação portuguesa definida pela Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) adoptada na Carta de Solos de Portugal. Na Figura 4.4.1, apresenta-se a Carta de Solos da área em estudo, com a correspondente legenda TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

107 Figura Carta de Solos TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-27

108 Além dos símbolos das unidades-solo, é indicadas na Carta de Solos a abreviatura de A. Social correspondente a Área Social (área urbana, curso de água, pateira, etc.). Quadro Unidades Pedológicas Dominantes na Área de Estudo Unidades-Solo Símbolos Afloramento Rochoso - de calcários ou dolomias Arc Aluviossolos Modernos, não calcários - de textura mediana A - de textura pesada Aa Solos Incipientes Solos de Baixas (coluviossolos) não calcários - de textura ligeira Sbl Solos Argiluviados Pouco Insaturados Solos Calcários de textura pesada Sba - húmicos, de textura mediana Sblu Mediterrâneos Pardos - de materiais não calcários, normais, de depósitos argiláceos não consolidados Pa - de materiais não calcários, normais, de arenitos finos, argilas ou argilitos Pato Mediterrâneo Vermelhos ou amarelos - de Materiais calcários, Normais, de calcários compactos ou dolomias Vcd - de Materiais não calcários, normais, de arenitos finos, argilas ou argilitos (de textura franco-argilosa a Vato argilosa) Calcários pardos dos climas de regime xérico - Para-Barros de margas ou materiais afins Pcs Calcários vermelhos dos climas de regime xérico, para-barros - de materiais coluviados de solos calcários Svc - de rochas detríticas argiláceas calcárias Vac Litólicos não húmicos pouco insaturados normais - de arenitos grosseiros Vt Solos Litólicos - de materiais arenáceos pouco consolidados (de textura anrenosa a franco-arenosa) Par Barros Pardos Calcários, não descarbonatados, de arenitos argilosos, argilas ou argilitos, calcários Bc Características Gerais dos Solos Procede-se neste item à apreciação das características gerais dos solos presentes na área em estudo, a partir dos dados disponíveis na carta de solos. SOLOS INCIPIENTES Aluviossolos e Solos de Baixas Os Aluviossolos e os Solos de Baixas são solos incipientes em que os processos de formação do solo não actuaram ainda tempo suficiente para provocar quaisquer diferenciações, a não ser, em muitos casos, uma certa acumulação de matéria orgânica à superfície, a qual nunca é muito grande porque, dado o bom arejamento dessa camada superior, a mineralização processa-se rapidamente. Embora estes solos apresentem muitas vezes considerável variação morfológica em profundidade, especialmente no que diz respeito à textura, não possuem verdadeiros horizontes genéticos. As camadas sedimentares, depositadas em diferentes ocasiões por acção da água e da gravidade e que se diferenciam por características diversas, tais como textura, pedregosidade, espessura, cor, teor de carbonatos, etc., mostram normalmente transições abruptas, ou nítidas, de umas para outras, havendo até casos em que, pelo teor orgânico, se pode reconhecer que alguma delas foi outrora a camada superficial, por tempo demorado, dum solo hoje fóssil. Os Aluviossolos e os Solos de Baixas têm, em regra, uma toalha freática mais ou menos profunda (mais profunda nos Aluviossolos Antigos), sujeita a oscilações acentuadas no decurso do ano, mas não mostram no perfil qualquer efeito acentuado da água estagnada; encontram-se, porém, geralmente humedecidos e influenciados fortemente na sua 4-28 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

109 economia de água, vegetação e biologia, pela presença dessa toalha freática. Os fenómenos de redução não se manifestam com intensidade porque a toalha oscila bastante e renova-se constantemente, mesmo na altura das inundações, o que permite um permanente elevado teor de oxigénio dissolvido na água. Se, porventura, a oscilação e a renovação se tomam diminutos, então formam-se horizontes glei e o solo passa para a Ordem dos Solos Hidromórficos. Na época seca, a toalha freática atinge os níveis mais baixos. Quando a descida é muito grande, pode dar-se uma forte dessecação das camadas superficiais e o consequente aumento da sua compacidade, o que prejudica certamente a vegetação que os cobre. Tal facto é mais comum nos Aluviossolos Antigos, que nos outros solos. SOLOS ARGILUVIADOS POUCO INSATURADOS Estes solos integram na área em estudo solos Mediterrânicos Vermelhos ou Amarelos de materiais calcários (Vcd), de materiais não calcários (Vato) e Solos Pardos de materiais não Calcários (Pa, Pato). Solos Mediterrâneos Pardos de Materiais não Calcários Os Solos Mediterrâneos Pardos de Materiais Não Calcários têm como característica genética principal a presença de um horizonte B do tipo "textural" de relativamente pequena insaturação, colocando de parte os processos responsáveis pela cor parda do solo. A textura das camadas superficiais é ligeira, aumentando bastante a percentagem de argila no horizonte B; este satisfaz, por esse motivo e por outros, os requisitos para se classificar do tipo "textural". A curva da distribuição da argila segue, inteiramente, o padrão característico dos Solos Argiluviados. Nos solos cultivados deste agrupamento, a percentagem de matéria orgânica é sempre baixa, mas em incultos pode atingir valores elevados. Decresce muito, em geral, gradualmente com a profundidade. A relação C/N é normalmente baixa nos solos sujeitos à cultura; nos incultos parece ser relativamente elevada o que, junto a outras características, faz crer que o húmus seja um "mull" florestal. Os valores do ferro livre são quase sempre indicativos de mais, ou menos, intensa emigração dos horizontes superiores e acumulação nos inferiores. A capacidade de troca catiónica é muito variável, acompanhando em regra a curva da argila. Nos horizontes superiores é baixa ou mediana, enquanto nos horizontes de acumulação é mediana ou alta (excepto num perfil Pag). Nos Para-Barros, devido à natureza da argila, atinge normalmente os valores mais elevados. Em todos os solos o cálcio é o catião dominante. Em muitos deles o magnésio excede 20% da capacidade de troca, mas isso é mais frequente nos horizontes inferiores do que nos superficiais; nestes acontece que, por vezes, as quantidades deste catião metálico não chegam a ser mensuráveis pelas técnicas usuais. Os valores de potássio de troca são, como regra, muito baixos e os de sódio altos, excedendo quase sempre aqueles. O grau de saturação, importante característica taxonómica para a Ordem a que estes solos pertencem, é muito elevado, quase sempre superior a 75 % e aumenta, geralmente, com a profundidade. A reacção varia de moderadamente ácida a neutra, podendo ser ligeiramente alcalina nos horizontes de alguns solos em que há diminutas quantidades de carbonatos. Solos Mediterrâneos Vermelhos e Amarelos de Materiais não Calcários A textura das camadas superficiais destes solos é geralmente ligeira, ou mediana. No horizonte B a percentagem de argila aumenta muito, dando à curva de distribuição do material coloidal a forma característica dos Solos Argiluviados. O teor orgânico é baixo, por vezes mediano, em solos não sujeitos a cultura agrícola; decresce, porém, rapidamente com a profundidade. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-29

110 A relação C/N é baixa a atestar uma rápida decomposição dos restos vegetais, ou animais. Nota-se todavia que a tendência, sobretudo em solos não intensivamente cultivados, é para os valores característicos do "mull" florestal. A quantidade de ferro livre é mediana ou elevada; a sua distribuição é nitidamente reveladora de forte migração para os horizontes inferiores em que, por vezes, a percentagem deste elemento é superior ao dobro da das camadas superficiais. A capacidade de troca catiónica é, na maioria dos casos, baixa, ou mesmo muito baixa. O ião cálcio predomina sobre os restantes. Nuns solos, o magnésio tem valores muito reduzidos e noutros, medianos ou até altos. O potássio de troca é, em regra, baixo enquanto o sódio, comparativamente, apresenta valores elevados. O grau de saturação, de especial significado taxonómico nestes solos, é alto ou muito alto, sempre superior a 50 %. O ph nunca é inferior a 5,0 e indica que a reacção vai de moderadamente ácida, a neutra. A expansibilidade desta tipologia de solos parece ser baixa (excepto no perfil de Pv onde existe pequena percentagem de montmorilonóides e certamente nos solos Vm); a estabilidade da microestrutura elevada, ou muito elevada; a capacidade de campo mediana, ou alta e a capacidade utilizável, dos primeiros 50 cm, mediana. A porosidade da terra fina tem valores moderados e a permeabilidade é lenta ou moderada, às vezes com tendência para rápida; em condições naturais deverá, porém, ser sempre lenta nos horizontes de acumulação de argila. Solos Mediterrâneos Vermelhos e Amarelos de Materiais Calcários Os solos mediterrâneos vermelhos e amarelos de materiais calcários apresentam textura dos horizontes superficiais mediana ou pesada; nos horizontes B a percentagem de argila aumenta imenso, às vezes para mais do dobro, imprimindo à curva de distribuição dessa fracção a forma característica dos Solos Argiluviados. Sempre que os solos estão sujeitos à cultura agrícola o seu teor orgânico é baixo, enquanto que em zonas incultas se mostra elevado. Em qualquer dos casos decresce muito com a profundidade. A razão C/N é baixa ou mediana, indicando uma satisfatória ou mesmo rápida decomposição das substâncias orgânicas; mas é evidente a tendência para os valores característicos do "mull" florestal. As quantidades de ferro livre são apreciáveis em todos os horizontes; nem sempre porém demonstram uma migração descendente, como seria de esperar em todos os casos. É evidente a descarbonatação completa ou quase dos solos deste Grupo. A capacidade de troca catiónica é mediana eu alta, com raras excepções. A sua distribuição, acompanha a dos colóides (orgânicos e minerais). O catião dominante é o cálcio, cuja percentagem vai de 50% a mais de 90 % da capacidade de troca. O magnésio e o potássio apresentam valores medianos ou altos mas, às vezes, são nitidamente deficientes. O sódio de troca aparece em quantidades normais ou, nalguns casos, relativamente excessivas. O grau de saturação, característica de grande interesse taxonómico nesta Ordem, é muito elevado, variando entre cerca de 75 % e 100 %. A expansibilidade é normalmente baixa, subindo apreciavelmente nos solos do Subgrupo Para-Barros. A microestrutura tem estabilidade muito elevada. A capacidade de campo mostra valores altos, quase sempre superiores a 20 % de humidade. A capacidade utilizável dos primeiros 50 cm de solo varia de mediana a elevada, podendo, armazenar-se nessas camadas de 45 a mais de 100 mm de água disponível para as plantas. A porosidade da terra fina é mediana ou baixa e a permeabilidade parece ir de moderada a lenta, agravando-se sobretudo nos horizontes mais argilosos TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

111 SOLOS CALCÁRIOS Estes solos integram na área em estudo solos Calcários pardos, dos climas de regime xérico (Pcs ), e Calcários vermelhos dos climas de regime xéricom, para-barros (Svc, Vac ). Solos Calcários Pardos A textura destes solos é geralmente mediana ou pesada, sendo a percentagem de areia grossa quase sempre baixa, inferior a 25 %, excepto no caso dos solos derivados de granitos (Peg) e de materiais arenáceos calcários pouco consolidados (Rc). Os carbonatos são abundantes em todo o perfil mas, evidentemente, atingem as maiores percentagens, no horizonte C. Esta abundância é, até certo ponto, desfavorável à cultura, principalmente no que respeita à conservação dum teor orgânico suficiente para a manutenção da sua fertilidade. A percentagem de matéria orgânica é baixa, raramente excedendo 2 %, e sendo com frequência inferior a 1 %. A relação C/N é baixa ou mesmo muitíssimo baixa, a indicar uma decomposição muito rápida, por virtude de intensa actividade biológica. Nuns solos a quantidade de ferro livre é superior no horizonte superficial, talvez em virtude de uma alteração mais forte do que em profundidade; noutros dá-se o inverso, principalmente naqueles em que é menor a percentagem de carbonatos, parecendo indicar uma certa migração descendente deste elemento. A capacidade de troca de catiões é, no geral, mediana; no Subgrupo dos Para-Barros é porém elevada, mostrando que as argilas são do grupo dos montmorilonóides. O cálcio é o catião nitidamente dominante, como seria de esperar. Com excepção do perfil de Pcs, o teor de magnésio de troca é relativamente baixo. O potássio apresenta, também, valores muito baixos, enquanto o sódio, em comparação com o potássio, atinge quase sempre teores muito elevados. Todos os solos deste agrupamento se encontram completamente saturados e têm uma reacção moderadamente alcalina. De acordo com os elementos reunidos, a expansibilidade é diminuta excepto no Subgrupo dos Para-Barros. A microestrutura é muito estável ou estável. A porosidade da terra fina é elevada e a permeabilidade varia, em geral, entre moderada a rápida nos horizontes superficiais; nos materiais originários, muito calcários, mostra-se, porém, inferior, de moderada a lenta. A capacidade de campo é sempre alta ou muito alta e os valores a pf 4,2 são frequentemente baixos. Daí resulta que a água disponível é elevada. O cálculo, da capacidade utilizável nos primeiros 50 cm de solo, entrando em linha de conta com a densidade aparente, conduziu a valores compreendidos entre 8 cm e cerca de 20 cm de água, os quais se podem considerar altos ou muito altos. Solos Calcários Vermelhos Os Solos Calcários Vermelhos têm, de um modo geral, textura pesada ou mediana, excepto aqueles que são derivados de arenitos. A areia grossa não apresenta, mesmo nos últimos, uma percentagem muito alta, idêntico facto se passando com o limo. São as fracções areia fina e argila as que predominam. Nos solos que apresentam um horizonte B, este têm uma quantidade de argila superior à do horizonte superior, facto esse devido à formação "in loco" e não à argiluviação (apenas se têm encontrado películas de argila nos Vac, mas provavelmente formadas antes da calcificação dos materiais que deram origem ao solo actual). Os carbonatos abundam, especialmente nos solos derivados exclusivamente de calcários, em que chegam a atingir valores próximos dos 80 % no horizonte C; nos derivados doutros materiais, há uma menor quantidade de carbonatos, variável com o seu teor na rochamãe. A quantidade de matéria orgânica é baixa, não havendo valores superiores a 2%. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-31

112 A relação C/N é, em regra, muito baixa nos solos mais carbonatados, em que a decomposição da matéria orgânica é mais rápida, e tende, nos solos menos calcários, para valores medianos (próximos do óptimo em solos cultivados), a revelar uma mineralização satisfatória, não excessiva. Nuns solos o teor de ferro livre é superior nos horizontes superficiais como prova de que a alteração é aí um pouco mais intensa, noutros verifica-se uma moderada migração descendente desse elemento. A capacidade de troca de catiões é mediana ou elevada, variável com a quantidade e a natureza dos colóides minerais. É maior onde a percentagem de argila é mais alta e onde esta dispõe de minerais do grupo dos montmorilonóides. O ião cálcio predomina sobre todos os outros. O magnésio apresenta valores regulares, ou elevados, relativamente ao total dos catiões metálicos, excepto nos horizontes superficiais dos perfis de Vc e de Vcx. De um modo geral, e numa base comparativa, o potássio de troca é bastante baixo, mas o de sódio é elevado. Os solos mostram-se inteiramente (ou quase) saturados e a sua reacção é ligeira ou moderadamente alcalina (ph entre 7,5 e 8,6). SOLOS LITÓLICOS Na área de estudo ocorrem Solos Litólicos Não Húmicos, os quais são quase sempre de textura ligeira resultante da natureza de material originário ou da sua relativamente reduzida alteração. Também o seu teor orgânico é bastante reduzido, poucas vezes excedendo 1 %. Solos Litólicos Não Húmicos O clima em que se desenvolvem e, mais ainda, o sistema cultural predominante, são a razão de tão baixa percentagem de materiais orgânicos. Estes têm relações C/N baixas, indicadoras de uma decomposição rápida. Os valores do ferro livre não são, no geral, elevados; aumentam, porém, com a profundidade, o que mostra haver uma certa lavagem para as camadas inferiores. Na realidade muitos destes solos revelam alguns sintomas de podzolização. A capacidade de troca de catiões é baixa raramente excedendo 10 m.e./100g, sobretudo devido à falta de colóides minerais. O catião dominante é o cálcio. Os valores de potássio de troca, com excepção de um caso ou outro, parecem medianos; já os de sódio, em relação aos do elemento anterior, são quase sempre elevados. O grau de saturação oscila entre 50 e 100% e o ph indica acidez moderada ou neutralidade. A expansibilidade destes solos é muito baixa, ou nula e a permeabilidade é muito rápida. A capacidade de campo classifica-se como mediana, pois varia entre cerca de 10% e pouco mais de 20%. O cálculo da água disponível nos primeiros 50 cm de solo, revela que uma quantidade entre 65 mm e 120 mm de água pode ser utilizada pelas plantas, o que indica uma elevada ou muito elevada capacidade utilizável. Isso é principalmente devido aos baixos valores a pf 4,2. Os Solos Litólicos Não Húmicos são solos pouco evoluídos de perfil AC, ou A B C, sem horizonte A1 húmico, formados a partir de rochas não calcárias, de grande representação a Sul do rio Tejo. Nestes solos o principal factor de formação é a rocha-mãe, que está sujeita a intensa meteorização física e a menos forte alteração química, sendo, em geral, relativamente pequenas a formação de argila e a segregação de ferro livre e praticamente nulas, as migrações. Por acção do clima, pouco favorável ao desenvolvimento de forte cobertura vegetal, a que se junta a prolongada interferência do homem através de um cultivo muitas vezes secular, quase sempre favorecedor dos fenómenos erosivos, é baixo o teor orgânico destes solos e pequena a sua espessura efectiva TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

113 São, pois, solos relativamente delgados, frequentemente pobres sob o ponto de vista químico devido à fraca alteração da rocha originária e muitas vezes à própria pobreza desta, em que escasseia o complexo de absorção e abundam os fragmentos grosseiros, de difícil meteorização. Nos de textura mais ligeira verifica-se, por vezes, um princípio de podzolização. Quando em fase delgada aproximam-se muito dos Litossolos, podendo então classificar-se no Subgrupo dos Para-Litossolos. BARROS PARDOS Os solos Barros Pardos são solos evoluídos, argilosos, com aplicável percentagem de colóides minerais do grupo montmorilonóides que lhes imprime características especiais, tais como elevada plasticidade e rijeza, estrutura anisoforme no horizonte A e prismática no B com presença de superfícies polidas, pronunciado fendilhamento nas épocas secas. Por outro lado apresentam cores padacentas, de croma e valor no estado húmido, iguais ou superiores, respectivamente, a 2 e 3,5. Apresentam ainda carbonatos em todo ou em parte do perfil Aptidão dos Solos Globalmente, pode considerar-se que a área em estudo é pobre em solos de elevada aptidão agrícola. Contudo, constituem excepção os Solos de Baixas e Aluviosslos que ocorrem junto à principal linha de água, designadamente nas zonas mais baixas associadas ao rio Maior. Nas situações mais comuns os solos litólicos e calcários presentes na área em estudo não possuem aptidão agrícola ou estas é reduzida a mediana, o que se relaciona com uma abundância de solos esqueléticos, pedregosos e uma espessura efectiva pouco profunda. Neste casos a capacidade de uso é De e Ee. Estas áreas, frequentemente em áreas de relevo desfavorável, com risco de erosão e estão essencialmente ocupadas por povoamentos florestais. Refira-se que na classe E de capacidade de uso do solo incluem-se os solos que apresentam as seguintes características: limitações muito severas, riscos de erosão muito elevados, não susceptíveis de uso agrícola, severas a muito severas limitações para pastagens, matos e exploração florestal, apenas aptos para vegetação natural, florestal de protecção ou de recuperação, ou não susceptíveis de qualquer uso. Por outro lado, os solos da classe D apresentam limitações severas, risco de erosão elevados a muito elevados em casos extremos, não susceptíveis de uso agrícola excepto em casos especiais e apresentam poucas ou moderadas limitações para uso florestal, exploração de mato e pastagens. A subclasse e refere-se a limitações por risco de erosão e escoamento superficial. Por outro lado, os solos ocorrentes nas baixas aluvionares associados principalmente às linha de água estão classificados no regime legal da Reserva Agrícola Nacional (RAN) e encontram-se dispersos ao longo do rio Maior, sendo considerados solos de Classe A, com capacidade de uso muito elevada, com poucas ou nenhuma limitações, sem riscos de erosão ou riscos ligeiros; susceptíveis de utilização agrícola intensiva e de outras utilizações Caracterização do Uso Actual do Solo As sociedades organizam-se no espaço em actividades baseadas nos recursos proporcionados pelo ambiente, os quais são variáveis no território, definindo consequentemente diferentes tipologias de uso e estruturação do mesmo. O espaço é assim uma dimensão importante da organização social, dado que, para além de suporte constitui ainda um recurso e, portanto, um meio de produção para múltiplas actividades e usos que se reflectem num conjunto de elementos TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-33

114 edificados. De facto, o espaço revela-se, deste modo, uma dimensão importante na organização social, não só como recurso mas também porque a sua componente construída interfere sempre nos comportamentos e na decisão humana. Pelo exposto, a análise do uso actual do solo reveste-se de uma importância estratégica quando estão em causa intervenções / acções que introduzem alterações na dinâmica de uso e ocupação, permitindo aferir a distribuição humana no território, e possibilitando a antevisão das tendências de transformação do espaço. É também importante explicitar que, a avaliação ambiental deste descritor não pode ser dissociada da expressão prospectivada do uso do solo, expressa nomeadamente em planos de ordenamento territorial, considerando-se relevante realçar que o uso actual resulta das dinâmicas de apropriação do território que as comunidades impõem no mesmo, as quais são actualmente condicionadas e condicionantes dos instrumentos de gestão e ordenamento territorial, não sendo possível dissociar estes descritores do uso do solo. Efectivamente, entende-se que, se a ocupação actual do uso do solo tem como objectivo estabelecer o quadro actual das formas de apropriação dos espaços, a avaliação do ordenamento territorial projectado para essas mesmas áreas acaba por constituir a situação de referência para a ocupação actual do solo. Assim, de modo a compreender os actuais usos do solo no espaço definido para a futura Fábrica de Cimento, recorreu-se à análise visual de imagens, tendo sido imprescindível o apoio cartográfico, sobretudo os elementos fundamentais do PDM de Rio Maior e a fotografia aérea da área em estudo. Como resultado desta análise, consideram-se as seguintes tipologias principais de ocupação actual do solo: Uso de Industria Extractiva compreende as pedreiras, disseminadas em toda a região; Uso Urbano: compreende as áreas residenciais; Uso Industrial: caracteriza as unidades industriais e os armazéns; Uso Agrícola: descreve os terrenos destinados à prática da agricultura; Uso Florestal: representa os espaços de coberto arbóreo; Espaço Canal: assinala os corredores ocupados com infra-estruturas. De uma forma geral, o uso actual do solo na globalidade da área em estudo, resulta essencialmente de uma morfologia ondulada, onde o principal elemento físico que se impõe localmente é o vale do rio Maior, sendo que em termos regionais marcada pela zona serrana (Aire e Candeeiros). Espaço de Industria Extractiva A presença de inúmeras pedreiras em toda a região, algumas das quais já sem actividade, mas na sua maioria em exploração, marca a paisagem calcária que insere e envolve toda a região das serras de Aire e Candeeiros. Como referido no ponto anterior (Capítulo 4.3.4) as áreas extractivas situadas mais próximas da zona em estudo são as do Alto da Serra, Senhora da Luz, Vale Murtinhos e Vale da Pedreira. Importa uma vez mais sublinhar que o projecto em estudo irá ser implementado numa zona já explorada de extracção de inertes, pertencente à exploração da Tecnovia no Vale da Pedreira (Fotografia e 4.4.2), sendo o seu uso determinado no PDM de Rio Maior como sendo exactamente de Espaço de Industria Extractiva TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

115 Fotografia e Aspecto do Vale da Pedreira Espaço Urbano O principal núcleo urbano da região em que se irá inserir o empreendimento é Rio Maior, sede de concelho, situada aproximadamente a 3 km da zona em estudo. No enquadramento da zona da pedreira encontram-se algumas povoações dispersas, designadamente Quintão (Fotografia 4.4.5), Vales, Alto da Serra (Fotografia 4.4.4) e Feiria, todas elas a mais de 1 km da área de implantação do projecto, sendo que a única área estabelecida com o respectivo perímetro urbano no PDM de Rio Maior é a de Alto da Serra. Fotografia Aproximação à Povoação de Quintão Fotografia Alto da Serra Espaço Industrial No que respeita ao espaço industrial, apenas de salientar a presença, a Norte da zona em estudo, de uma unidade, recentemente instalada (Fotografia 4.4.5). A única Zona Industrial constante da planta de ordenamento do PDM de Rio Maior situa-se a Norte do Alto da Serra, onde existem várias unidades industriais (Fotografia 4.4.6), de armazenamento e comércio, parte das quais ao longo do IC2. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-35

116 Fotografia Unidade industrial Recentemente Instalada na zona a Norte da Pedreira Fotografia Unidades Industriais que Marginam o IC2 Espaço Agrícola O espaço agrícola (Fotografia ) em presença encontra-se disperso pela região, principalmente nas zonas envolventes dos núcleos urbanos, constituídas essencialmente por pomares e hortícolas, mas também cereais e olivais. Fotografia Zonas Agrícolas na Envolvente da Pedreira Espaço Florestal As áreas florestais (Fotografia 4.4.8) predominam em toda a envolvente da área em estudo e denotam elevada homogeneidade sendo essencialmente constituídas por pinheiro bravo e eucaliptal (Fotografia 4.4.9). Neste contexto, assinala-se um extenso eucaliptal a Este e NE da zona da pedreira, estendendo-se até ao IC2, recortado por algumas zonas de mata. A Sul da EN 114 também se assinala uma mancha florestal, em parte associada às margens do Rio Maior TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

117 Fotografia Ocupação Florestal Envolvente Sul da Pedreira Fotografia Eucalipto/Pinheiro/Mato Espaço Canal O espaço canal na zona em estudo é sobretudo marcado pelas principais vias rodoviárias (Fotografias e ), com particular destaque para o IC2, a EN 114 (que estabelece o acesso directo à pedreira) e a Sul a A15 (IP8). Fotografia EN 114: Zona de Entrada para a Pedreira Fotografia IC2, Viaduto Próximo da Pedreira Sublinha-se ainda a reserva de um corredor afecto à linha férrea de Alta Velocidade, tendo este sido estabelecido pelo Decreto n.º 7/08, de 27 de Março, onde são enunciadas as medidas preventivas que visam garantir a reserva deste canal (ver Desenho 1349-EA Carta de Outras Condicionantes). 4.5 RECURSOS HÍDRICOS Enquadramento Hidrográfico A zona em estudo insere-se na bacia hidrográfica do rio Tejo, situando-se a Norte. Na Figura apresenta-se o enquadramento da zona em estudo na bacia hidrográfica do rio Tejo, definida segundo o Índice Hidrográfico (DGRAH, 1981), sendo que na Figura se localiza o enquadramento geral da área em estudo nas Regiões Hidrográficas previstas na Directiva Quadro da Água. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-37

118 Fonte: Índice Hidrográfico, DGRAH, 1981 Figura Localização da Área em Estudo na Bacia Hidrográfica do Tejo 4-38 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

119 Área em Estudo Fonte: Relatório Síntese das Regiões Hidrográficas de Portugal previstas na Directiva Quadro da Água, INAG, Figura Regiões Hidrográficas No Quadro apresentam-se as principais características das bacias hidrográficas a que pertencem as linhas de água identificadas na zona em estudo e, na Figura ilustra-se a localização das sub-bacia do rio Maior na grande bacia hidrográfica do rio Tejo. Quadro Principais Características da Bacia Hidrográfica abrangidas pela Área de Estudo Rio Maior Grande Bacia Hidrográfica Curso de Água Classificação Decimal Área da Bacia Hidrográfica (km 2 ) Comprimento da Linha de Água Principal (km) Tejo Rio Maior ,9 66,3 Fonte: Índice Hidrográfico, DGRAH, 1981 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-39

120 Fonte : PBH do Tejo, 2000 Figura Localização da Sub-Bacia do Rio Maior Segundo o Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) do Rio Tejo, o rio Tejo é uma linha de água internacional, com extensão de km, cuja bacia hidrográfica, com uma área de km 2, possui km 2 situados em território português, o que corresponde a cerca de um terço de Portugal Continental. O PBH do Rio Tejo contempla uma área de cerca de km 2 a qual compreende, para além da bacia hidrográfica do rio Tejo, as regiões hidrográficas das linhas de água entre a Costa da Caparica e o Cabo Espichel (designadas Ribeiras a Sul do Tejo), as quais drenam directamente para o Oceano Atlântico. Localizada, em termos gerais, entre os paralelos 38º e 41º N, a Bacia Hidrográfica do rio Tejo corta longitudinalmente a Península Ibérica. A orientação dominante de leste para oeste é fixada pela inclinação da Meseta, pela disposição de um dos grandes sistemas orográficos da Península a Cordilheira Central e pelos Montes de Toledo e seus prolongamentos para ocidente. A principal linha de água da zona em estudo, afluente da margem direita do rio Tejo, é o rio Maior, que nasce no sitio de Bocas, a Oeste de Rio Maior TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

121 A sub-bacia de rio Maior (Figura 4.5.3) abrange totalmente o concelho de Rio Maior e parcialmente os concelhos de Alcobaça, Azambuja, Cadaval, Cartaxo, Porto de Mós e Santarém. O clima, nesta sub-bacia é variável entre sub-húmido seco, no Sul, e pouco húmido, no Norte sub-húmido; a precipitação anual média é de 790 mm, sendo crescente de Sul para Norte, com valores compreendidos entre 620 e 980 mm. Esta sub-bacia é constituída a Oeste por rochas calcárias do Maciço Calcário Estremenho, fracturadas e com cavidades que contribuem para uma escorrência dominantemente subterrânea. Estas mesmas rochas contribuem como estrutura de recarga das rochas arenosas recentes, que ocupam a restante área da sub-bacia, onde, dadas as suas características composicionais e estruturais, se podem encontrar aquíferos livres, semi-confinados e confinados (PBH do rio Tejo) Aspectos de Quantidade Águas Superficiais Quanto às linhas de água que atravessam a área de estudo, é importante evidenciar a ocorrência de regimes torrenciais, com caudais importantes após precipitações elevadas, tornando-se praticamente nulos a nulos durante o Verão. Frequentemente estas linhas de água transportam, neste período, descargas pluviais associadas a efluentes domésticos, conferindo-lhe condições de desconforto visual e olfactivo, com importantes acumulações de resíduos no leito e respectivas margens. O escoamento anual médico nesta sub-bacia na série de anos de 1975/77 a 1989/90 foi de 259,4 mm, um valor de significado reduzido no âmbito do PBH do Rio Tejo (Figura 4.5.4). Figura Escoamento Médio Anual por Sub-Bacia (mm) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-41

122 As zonas críticas de inundação situadas na sub-bacia de Rio Maior (Figura 4.5.5) são as seguintes: Rede ferroviária submersão de alguns troços da linha do Norte entre a Azambuja e a Golegã, situada na sub-bacia do Rio Almonda (de Azambuja até Setil, nas proximidades de Vila Chã de Ourique e em Vale de Santarém), problemas de inundação na linha de Vendas Novas nas proximidades de Ponte de Muge, com submersão do troço que vai de Setil até Cabeço de Monte de Alvo devido ao galgamento e destruição do dique; Rede viária os troços normalmente afectados são: EN 3 Azambuja e Vale de Santarém Santarém; EN 3-2 Valada Pontével; EN 3-3 Porto de Muge Cartaxo. Aglomerados populacionais as povoações de Reguengo, Valada e Porto de Muge ficam frequentemente isoladas durante a ocorrência de cheias; Culturas agrícolas das culturas normalmente submergidas destacam-se as vinhas e os arrozais existentes na zona da Azambuja e Valada. Fonte : PBH do Tejo, 2000 Figura Delimitação de Áreas Inundáveis de Acordo com o LNEC, TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

123 Águas Subterrâneas Análise Regional Na bacia hidrográfica do Tejo, mais propriamente na zona de intervenção, identifica-se uma grande unidade geológica denominada Orla Ocidental (Figura 4.6.4), os terrenos que a constituem depositam-se numa bacia sedimentar, cuja abertura coincide com os primeiros estádios da abertura do Atlântico, a Bacia Lusitaniana. Área de Estudo Figura Maciço Hespérico (Grande Homogeneidade Hidrogeológica) A Unidade Hidrogeológica da Bacia Lusitaniana em que se insere a área objecto de análise, corresponde a uma grande bacia sedimentar, preenchida por sedimentos terciários e quaternários. Constitui uma depressão alongada na direcção NNE-SSW, onde os sedimentos acumulados na zona axial atingem cerca de 5 km de espessura. A Leste, encontra-se individualizado o maciço Hespérico pela falha de Porto-Coimbra-Tomar, a Sul pelo ramo desta fractura, com direcção NNE, que se estende até ao canhão de Setúbal e a ocidente por um horst hericínico, actualmente materializados pelos granitos e rochas metamorficas do arquipélago das Berlengas Na Orla Ocidental, o Miocénico é quase sempre de natureza continental, estando representado por argilas, margas, arenitos argilosos, mais ou menos grosseiros com intercalações de lenhitos. A espessura média é da ordem dos 200 m. Ao Jurássico médio, pertencem os calcários mais puros, compactos e espessos, responsáveis pelas principais elevações topográficas da Orla Ocidental. São este calcários que constituem a assatura principal do Maciço Calcário Estremenho. Constituem uma sequência muito espessa de calcários cristalinos, calcários oolíticos, calcários compactos, calcários dolomíticos e margosos. Sob o ponto de vista hidrogeológico a Orla Ocidental é caracterizada pela existência de vários sistemas de aquíferos importantes, relacionados com formações calcárias e detríticas. A organização sequencial dos sedimentos e a tectónica, em particular a tectónica salífera, tiveram um papel importante na organização e distribuição daqueles sistemas. A organização sequencial dos sedimentos, individualiza, verticalmente, formações com comportamento hidrogeológico diversos, criando alternâncias, mais ou menos cíclicas de aquíferos, aquitardos e aquiclusos. Formam-se, assim, sistemas TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-43

124 aquíferos multicamada, com escoamentos por drenância intercamadas, de acordo com o potencial hidráulico local: genericamente descendente nas zonas de recarga e ascendente na de descarga. No que respeita à circulação da água subterrânea, individualizam-se dois tipos de sistemas aquíferos: os cársicos e os porosos, sendo que a área de estudo encontra-se no sistema cársico. O sistema cársico, tem por suporte, calcários e dolomitos, fundamentalmente do Liásico inferior; Dogger e Malm inferior. Apresenta circulação, em grande, condicionada por estruturas cársicas, que se desenvolvem pela dissolução dos carbonatos, provocada pelo próprio escoamento no aquífero. A infiltração, quando a superfície se encontra carsificada, é elevada, podendo ser da ordem de 50 a 60% da precipitação. Também a capacidade de armazenamento e transmissidade dependendo da carsificação. Estes aquíferos têm, em regra, poder de auto-regulação limitado, que bem se evidencia pelas grandes variações de caudal das nascentes por onde descarregam e pela amplitude da variação dos níveis de água, entre a época das chuvas e a estação seca. A infiltração e o escoamento rápido, pelas estruturas cársicas, tornam estes aquíferos particularmente vulneráveis à poluição, com muito baixo poder autodepurador e com propagação rápida das contaminações De acordo com o resultado da pesquisa efectuada (site do Instituto da Água (INAG) - Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH)), apresenta-se, seguidamente, uma descrição dos sistemas aquíferos que ocorrem na zona em estudo. O sistema aquífero Maciço Calcário Estremenho (Figura 4.5.7) cuja área aproximada é de km 2 é, como referido um dos constituintes da grande unidade hidrogeológica Bacia Lusitaniana. Tendo em consideração as características litológicas, as principais formações aquíferas deste sistema são constituídas por materiais liásicos, que dispõem do seguinte modo, da base para o topo: Calcários dolomíticos e dolomitos alternantes com formações de gesso e sal-gema (ocorrem no diapiro de Porto de Mós e no da Serra dos Candeeiros); dolomitos, calcários dolomíticos, calcários semicrsictalinis, calcários argilosos, calcários compactos e sublitográficos, margas e calcários margosos por vezes compactos, argilas calcárias, calcários microcristalinos (nos bordos SW dos poljes de Mira-Mide e de Alvados). Este sistema é muito complexo, apresentando um comportamento típico de aquífero cársico, caracterizado pela existência de um numero reduzido de nascentes perenes e várias nascentes temporárias com caudais elevados mas com variações muito acentuadas ao longo do tempo. É constituído por vários subsistemas cuja delimitação coincide aproximadamente com grandes unidades morfoestruturais que dividem o Maciço Calcário Estremenho. Cada um desses sistemas está relacionado com uma nascente cársica perene, e por vezes, com várias nascentes temporárias que descarregam apenas em períodos de ponta TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

125 Área de Estudo Fonte: Sistemas Aquíferos de Portugal Continental, 2000 Figura Sistemas Aquíferos da Área de Estudo Maciço Calcário Estremenho A delimitação das áreas de cada nascente apresenta grandes dificuldades devido ao padrão altamente complexo do escoamento em meios cársicos. O sistema é constituído por um aquífero carbonatado, superficial e ausente nalgumas regiões, e por um aquífero mais profundo, instalado em rochas detríticas, ambos predominantemente confinados ou semi-confinados. Em termos de funcionamento hidráulico, a recarga faz-se por infiltração directa da precipitação e por drenância a partir de cursos de água superficiais, dado que os calcários se apresentam, localmente, carsificados, embora em geral, a carsificação não seja muito desenvolvida. Do total da recarga que aflui ao aquífero, cerca de 150 a 200 hm 3 /ano, sendo que se verifica a saída de 92 hm 3 /ano. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-45

126 Inventário de Pontos de Águas Subterrâneas De forma a suportar melhor a caracterização dos recursos hídricos subterrâneos, realizou-se um inventário dos principais pontos de água subterrânea da área em estudo. No âmbito do presente estudo efectuou-se uma pesquisa, junto da ARH-Tejo (Administração da Região Hidrogáfica do Tejo), com o intuito de se inventariar as captações licenciadas (ou seja captações que apresentam uma profundidade superior a 20 m ou quando os meios de extracção excedem a potência de 5 Cv, de acordo com a Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, bem como quando estas possuem a autorização, licença ou concessão da sua utilização conforme o Decreto- Lei n.º 226-A/2007, de 31 de Maio) por essa entidade, que se encontrassem na área em estudo e na envolvente da área em análise, pelo que se torna importante referenciá-las. Assim, de acordo com os resultados da análise efectuada à base de dados das licenças de utilização dos furos (dados de 2009), no concelho em análise, concluiu-se que na área em estudo inserem-se 10 captações privadas e uma nascente (339/19), sendo de notar a presença de 2 captações na pedreira Vale da Pedreira (Figura e Quadro 4.5.2). Captação subterrânea privada SNIRH ARH Tejo Figura Pontos de Água Subterrânea existentes na área envolvente da Fábrica de Cimento 4-46 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

127 Quadro Captações Privadas Licenciadas para a Utilização de Águas Subterrâneas na área da Pedreira Vale da Pedra N.º Local do Furo Concelho Freguesia Coord. (M) Coord. (P) Volume Autorizado Finalidade 339/124 Vale da Pedreira Actividade Industrial Rio Maior Rio Maior 339/123 Vale da Pedreira Actividade Industrial Fonte: ARH Tejo, 2009 Apesar de não se verificar a presença na área de implantação do empreendimento de poços, furos ou nascentes, registase que os pontos de água, anteriormente identificados afectos à exploração da pedreira, distam cerca de 20 m (339/124) e 300 m (339/123 e 339/19) do limite da área de implementação da fábrica de cimento. Assim, cruzou-se a informação obtida dos furos de captação de água proveniente do INAG e ARH Tejo (listagem presente no Anexo III.3 Pontos de Água Subterrânea, Tomo 3 Anexos Técnicos), procedendo-se posteriormente à aferição no local da proximidade destes pontos de água, captações, furos, nascentes na envolvente da área de estudo (Figura 4.5.8) Qualidade da Água Águas Superficiais De forma a caracterizar a qualidade da água efectuou-se uma pesquisa no sitio do Instituto da Água (INAG) - Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), por forma a identificar a existência de estações de qualidade da água localizadas na região e representativas da zona em estudo, tendo-se escolhido a estação de Ponte de Freiria (Figura 4.5.8). Zona em Estudo Estação de Ponte de Freiria Figura Qualidade da Água Superficial Estação de Ponte de Freiria TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-47

128 No Quadro apresentam-se as principais características da estação considerada. Quadro Principais Características da Estação de Qualidade da Água Superficial Nome Código Coordenada X (m) Coordenada Y (m) Altitude (m) Bacia Meio aquático Área Drenada (km 2 ) Ponte de Freiria 18E/ , ,1 15 Tejo Rio Maior 184,06 Refere-se ainda que, para a análise que se segue, foram escolhidos os parâmetros que permitem uma caracterização geral da qualidade das águas e que possuem dados passíveis de serem analisados, tendo em consideração os usos da água comuns na zona em estudo, como sejam: azoto total, carência bioquímica de oxigénio, temperatura, cloretos, oxigénio dissolvido, nitratos, coliformes fecais, coliformes totais, condutividade (Anexo III.1 Qualidade da Água Superficial, Tomo 3 Anexos Técnicos). Os resultados apresentados, para os parâmetros referidos, respeitam a dados dos anos de 2004 a 2006 para a estação seleccionadas. Foi efectuada uma comparação das análises disponíveis com o estipulado no Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, que estabelece as normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos, nomeadamente: Qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano - Anexo I; Qualidade das águas destinadas à rega - Anexo XVI e; Objectivos ambientais de qualidade mínima para as águas superficiais - Anexo XXI. É de referir que, quanto à qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano, existem três classes de águas superficiais correspondentes a esquemas de tratamento distintos: Classe A1 - tratamento físico e desinfecção; Classe A2 - tratamento físico, químico e desinfecção; Classe A3 - tratamento físico, químico, de afinação e desinfecção. No Quadro 4.5.3, apresenta-se uma síntese da avaliação efectuada para as estações consideradas, identificando-se os parâmetros para os quais se registaram situações potencialmente anómalas face aos limites legais estabelecidos no Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto. Face aos valores analisados pode concluir-se que a estação considerada da bacia do Tejo apresenta água de muito má qualidade. Assim, no que se refere à produção de água para consumo humano, a estação em questão manifesta várias situações de incumprimento em alguns parâmetros, mesmo para a classe A3, o que conduz a que estas águas não possam destinarse a consumo humano sem qualquer tipo de tratamento. Contudo, seriam necessárias mais análises para despiste das situações verificadas e para se determinar a sua adequabilidade para este fim. De facto, os parâmetros para os quais se verificaram situações de incumprimento indicam alguma contaminação dos recursos hídricos em termos de carga orgânica e bacteriológica, carência de oxigénio nas águas, bem como excesso de 4-48 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

129 coliformes o que poderá estar associado a contaminação de efluentes domésticos, sem ou com tratamento deficiente, lançados para as linhas de água, ou mesmo com contaminação por fossas sépticas, pecuárias, entre outras fontes. No que diz respeito à qualidade da água para rega, a água monitorizada na estação seleccionada apresenta qualidade não conforme, devido aos elevados valores de cloretos e coliformes fecais. Os teores obtidos para estes parâmetros poderão estar associados às práticas agrícolas comuns na região. No que concerne aos objectivos ambientais de qualidade mínima das águas superficiais, constatou-se que os resultados obtidos na estação em análise apresentaram-se, também, não conformes, relativamente aos parâmetros carência bioquímica de oxigénio, amónia total e oxigénio dissolvido. Consultou-se igualmente a informação sintetizada do site do INAG em relação à Classificação dos Cursos de Água Superficiais de acordo com as suas características de Qualidade para Usos Múltiplos da estação de qualidade considerada, por se localizar mais próximas da área de intervenção, tendo-se obtido os resultados apresentados no Quadro TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-49

130 Quadro Síntese da Avaliação da Qualidade da Água Superficial Ponte da Freiria (18E/01) Estação Anexo I - Qualidade das Águas Doces Superficiais Destinadas à Produção de Água para Consumo Humano Características Gerais Classificação Provável Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto - amónia total - apenas 4 valores dentro dos limites de A2, 4 valores em A3 e os restantes valores observaram-se fora do limite estipulado. - carência bioquímica de oxigénio - observaram-se todos os valores acima do limites de A3; - cloretos - registaram-se 3 valores acima dos limites estabelecido; - coliformes fecais - registaram-se 9 valores na classe A2, 16 valores na classe A3 estando os restantes na classe A3; - coliformes totais - registaram-se 2 valores na classe A2, 17 valores dentro do limite da classe A3 e os restantes acima do limite estabelecido; - sólidos suspensos totais - registaram-se 20 valor dentro do limite estabelecido para a classe A1, pertencendo os restantes à classe A2 ou A3; - nitratos - registaram-se todos os valores dentro da classe A1; - sulfatos - todos os valores registam-se acima do limite admissível; oxigénio dissolvido - registaram-se 5 valores na classe A1, 13 valores na classe A2, 8 valores na classe A3 e restantes (9) da classe A3; - todos os outros parâmetros se encontravam dentro da classe de tratamento A1. Anexo XVI - Qualidade das Águas Destinadas à Rega - cloretos 21 valores fora do limite; - coliformes fecais - todos os valores acima do limite estipulado; - sólidos suspensos totais - 3 valores acima do limite estipulado; - nitratos todos os valores dentro dos limite. - sulfatos todos os valores dentro do limite; - os outros parâmetros encontraramse dentro do estipulado. Anexo XXI - Objectivos Ambientais de Qualidade Mínima para Águas Superficiais - amónia total - apenas 3 valores dentro dos limites e os restantes valores apresentam-se fora do limite estipulado. - carência bioquímica de oxigénio - registaram-se 3 valores dentro do limite, todos os restantes valores encontram-se acima do limite admissível; - oxigénio dissolvido - 18 valores registam-se dentro do limite admissível; - sulfatos - todos os valores registamse acima do limite admissível; - todos os outros parâmetros encontraram-se dentro do estipulado. Pior que A3 (nitratos, CBO5) Não Conforme Não Conforme TOMO 1 RELATÓRIO SÍNTESE. 4.50

131 Quadro Classificação dos Cursos de Água Superficiais de acordo com as suas características de Qualidade para Usos Múltiplos Estação de Qualidade da Água Superficial Ponte de Freiria Fonte: SNIRH, 2009 Classificação D (2003) E (2004) E (2005) E (2006) E (2007) E (2008) Parâmetros Responsáveis pela Classificação Coliformes Fecais e Coliformes Totais Azoto Amoniacal, Fósforo Total, Sat OD e Fosfatos Azoto Amoniacal, Fósforo Total, Sat OD, Fosfatos e Oxidabilidade Azoto Amoniacal, Fósforo Total e Fosfatos Azoto Amoniacal, Fósforo Total, Sat OD, Fosfatos e Oxidabilidade Azoto amoniacal, Carência bioquímica de oxigénio,fosfatos P2O5,Oxidabilidade, Oxigénio dissolvido (sat) e Fósforo P Constata-se que a estação de medição da qualidade da água - Ponte de Freiria possui dados com a Classificação E, ou seja, as águas analisadas revelaram-se extremamente poluídas e inadequadas para a maioria dos usos. Esta classificação manteve-se desde 2004 (Figura 4.5.9). Fonte : PBH do Tejo, 2000 Figura Qualidade dos Recursos Hídricos Superficiais Conclui-se, assim, que a qualidade das águas superficiais na zona em estudo apresenta alguns problemas, decorrentes, aparentemente, da contaminação causada por efluentes de origem doméstica e das actividades pecuária e, naturalmente, agrícola. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-51

132 Águas Subterrâneas No que diz respeito aos recursos hídricos subterrâneos, a zona em estudo apresenta, como referido anteriormente, uma elevada produtividade aquífera (até 500 m 3 /dia.km 2 ). Quanto à qualidade química das águas subterrâneas e na perspectiva de um enquadramento genérico, recorreu-se à cartografia do Atlas do Ambiente e respectiva Notícia Explicativa No Quadro encontram-se os intervalos de valores característicos da qualidade química das águas subterrâneas nos concelhos em estudo, devendo referir-se que se tratam de classes de valores estimados para o país a uma escala de 1: e, por isso, apenas indicativos da situação regional (Atlas do Ambiente). Quadro Qualidade das Águas Subterrâneas na Zona em Estudo Dureza (mg/l CaCO3) Determinação Teores (mg/l) Rio Maior Resíduo Seco Coretos (Cl - ) Sulfatos (SO4 2- ) 0-30 Total Permanente Temporária A análise destes resultados evidencia que as águas subterrâneas nesta zona serão: muito fracamente mineralizadas, no que diz respeito ao resíduo seco; fracamente cloretadas em relação ao teor de cloretos; fracamente a medianamente sulfatadas quanto ao teor de sulfatos observado; quanto à dureza, estas águas classificam-se como duras. De modo a permitir uma análise mais aprofundada da qualidade química das águas subterrâneas, indicam-se seguidamente as concentrações máximas desejáveis e admissíveis, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, bem como os limites estabelecidos pelo Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, relativamente à qualidade da água (Quadro 4.5.6). Optou-se por estabelecer uma comparação com estes valores, uma vez que são aqueles que se encontram sujeitos a critérios mais rigorosos. Verifica-se que os teores obtidos para os parâmetros em análise nas águas subterrâneas da zona em estudo, são inferiores às concentrações máximas admissíveis estabelecidas pela OMS. Analisando, de igual forma, os limites estabelecidos no Decreto-lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, que estabelece as normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos, pode verificar-se que todos os parâmetros analisados possuem valores abaixo do recomendável, para a produção de água para consumo humano e para a produção de água para rega, considerando-se aptas para esses usos TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

133 Parâmetro Quadro Limites Estabelecidos Relativamente à Qualidade da Água Concentração Máxima (OMS) (mg/l) Limites Estabelecidos (DL 236/98 de 1 de Agosto) (mg/l) Anexo I 1 Anexo XVI 2 Desejável Admissível VMR 3 VMA 4 VMR 3 VMA 4 Resíduo Seco Cloretos (Cl - ) Sulfatos (SO4 2- ) Dureza Total (CaCO3) Qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano; 2 - Qualidade das águas destinadas à rega; 3 - Valor Máximo recomendado; 4 - Valor Máximo Admissível Neste sentido, verifica-se que estas águas apresentam uma boa qualidade química, podendo destinar-se ao consumo humano, à luz dos parâmetros analisados. Tal facto não inviabiliza a necessidade de correcção antes de ser distribuída na rede de abastecimento público. Além do mais, uma vez que não foi efectuada nenhuma campanha de caracterização da qualidade das águas subterrâneas, salienta-se que os valores apresentados são muito gerais, podendo apresentar variações a nível local. Refira-se também que esta análise contempla somente algumas características químicas, não sendo analisadas as características bacteriológicas da água. No sentido de melhor caracterizar a qualidade da água subterrânea da zona em estudo, realizou-se uma pesquisa de dados, que permitissem quantificar os dados, especificamente para a realidade local. Deste modo, recorreu-se, uma vez mais, ao sitio do Instituto da Água (INAG) tendo sido possível obter alguma informação adicional, relativamente à qualidade da água subterrânea; no entanto é importante referir que estão em causa pontos de amostragem (Quadro 4.5.7) que, apesar de pertencerem à bacia hidrográfica do rio Tejo, possuem poucos dados registados, o que dificulta a clara interpretação de resultados sobre a classificação das águas subterrâneas do local de intervenção (Figura ). Quadro Características dos Pontos de Amostragem de Água Subterrânea Código Coordenada X (m) Coordenada Y (m) Concelho Sistema Aquífero Bacia 339/ Rio Maior T1 Bacia do Tejo - /Margem Direita Tejo TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-53

134 Figura Localização dos Pontos de Amostragem de Água Subterrânea Próximos da Área em Estudo Os dados de qualidade da água subterrânea analisados (Anexo III.2 Qualidade da Água Subterrânea, Tomo 3 Anexos Técnicos) referem-se a diversos parâmetros, nomeadamente azoto amoniacal (NH 4 ), cloretos (Cl), nitratos (NO 3 ), sulfatos (SO 4 ), coliformes totais, estreptococos fecais, ph, cobre total (Cu), chumbo total (Pb) e zinco total (Zn) os quais respeitam aos dados existentes entre os anos de 2003 e 2007 para os pontos de amostragem de água subterrânea em causa. De acordo com a avaliação efectuada, é possível concluir que as estações/captações consideradas, apresentam água de qualidade razoável. No que se refere à produção de água para consumo humano, tal como para os objectivos ambientais de qualidade mínima, na generalidade, para estes pontos de amostragem não se registam situações de incumprimento. No que diz respeito à qualidade da água para rega, estes resultados revelam, face aos limites legais, um excesso de cloretos. No entanto, as análise realizadas não se podem considerar representativas, de modo a concluir pelo impedimento do uso da água para a rega. a) Furo na área da Pedreira, dados de 2009 De acordo com o estabelecido no Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, com nova redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro, as pedreiras já licenciadas e adaptadas, como é o caso da Pedreira nº Vale da Pedreira, devem cumprir o Plano de Monitorização proposto no Plano de Pedreira TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

135 Deste modo, em Abril de 2009, durante o período húmido, foram realizadas medições (Quadro 4.5.9) à qualidade da água do furo existente no interior da área da pedreira, por forma a determinar a sua possível contaminação pela actividade da Pedreira. Mais se refere que a água proveniente deste furo é utilizada pelos trabalhadores da empresa, unicamente para lavagem de maquinarias e rega. Os parâmetros físico-químicos, da água colhida, foram analisados pelo LABORATÓRIO AEMITEQ (Associação para a Inovação Tecnológica e Qualidade). A caracterização qualitativa da água é dependente do fim a que se destina, assim sendo procedeu-se à avaliação da qualidade da água colhida, segundo o disposto no Capítulo II, Secção II, do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto. No Quadro apresenta-se uma compilação dos Valores Máximos Recomendados (VMR) e Valores Máximos Admitidos (VMA) para os parâmetros físico-químicos analisados, cujos valores normativos se encontram fixados no Anexo I Classe A1 (Consumo Humano) e Anexo XVI (Água destinada à Rega) do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto. No Quadro são também apresentados os resultados das análises efectuadas pelo Laboratório AEMITEQ. Como se pode observar na Quadro 4.5.9, a água, colhida no furo, não apresenta quaisquer problemas relativamente aos parâmetros físico-químicos analisados dos grupos G1, G2 e G3, quando a água se destina a rega. Apenas os parâmetros Bactérias Coliformes e Escherichia coli, ultrapassam o VMA quando a água se destina ao consumo humano. Uma vez que esta água não é utilizada nas instalações da empresa para consumo humano, tal resultado não é preocupante. No entanto aconselha-se uma desinfecção do depósito e condutas de água. As medições da qualidade da água de 2008 (período seco e húmido), foram realizadas de acordo com o plano de Monitorização da Pedreira nº Vale da Pedreira, as quais se encontram no Anexo III.2 Qualidade da Água Subterrânea, Tomo 3 Anexos Técnicos Usos da Água No que diz respeito a usos da água, refere-se que na área do Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) do Rio Tejo, o abastecimento doméstico foi estimado em cerca de 340 hm 3 /ano (14% do abastecimento total), enquanto que o industrial é da ordem dos 130 hm 3 /ano (6% do abastecimento total). Para além disso, cerca de 80% dos recursos hídricos subterrâneos estão disponíveis para o sector agrícola (rega e pecuária). A principal utilização dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Tejo está ligada ao sector agrícola, cujas necessidades são na ordem dos hm 3 /ano. Os consumos de água na agricultura são superiores na região agro-ecológica da Lezíria do Tejo, que apresenta um total de 32% do consumo anual. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-55

136 Quadro Valores VMR e VMA, segundo o Anexo I e Anexo XVI do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto Furo da Pedreira - limite não legislado; * valor mínimo aceitável; LQ parâmetro não detectado, ou, se presente, em concentrações inferiores ao Limite de Quantificação TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-56

137 Segundo o PBH do Rio Tejo, o abastecimento doméstico e industrial realiza-se predominantemente a partir de captações de águas subterrâneas. Em termos de necessidades hídricas, a extracção anual através da rede na sub-bacia do Rio Maior é de 5,16 hm 3 /ano em relação a captação de água subterrânea, enquanto que a extracção de água superficial para esta sub-bacia se verificou nula Abastecimento Público de Água De acordo com o Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais - INSAAR, o abastecimento público ao concelho é garantido pela Câmara Municipal de Rio Maior, bem como pelas Águas do Oeste. Segundo esta mesma fonte de informação, o concelho de Santarém apresenta índices de atendimento de população servida por sistema público de abastecimento de água no concelho de Rio Maior apresenta índices entre os 71 e 80% (Figura ). Fonte - INSAAR, Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais Figura Índices de Atendimento de População Servida por Sistema Público de Abastecimento de Água Apresentam-se em anexo (Anexo III.4 Usos da Água, do Tomo 3 Anexos Técnicos), o sistema de abastecimento em baixa do concelho de Rio Maior. Actualmente as 14 freguesias que constituem o concelho de Rio Maior, encontram-se infra-estruturados com rede de distribuição domiciliária de água. Relativamente às captações para abastecimento público procedeu-se à pesquisa no sitio do Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais (INSAAR), no qual não se verificou a existência de nenhuma captação na área de estudo. Da pesquisa efectuada no INSAAR relativamente à existência de captações públicas no concelho de Rio Maior obteve-se a listagem constante do Anexo III.4 Usos da Água, Tomo 3 Anexos Técnicos. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-57

138 Saneamento Básico O concelho abrangidos pela região em estudo compreendem alguns sistemas de drenagem e tratamento de águas, cuja listagem se apresenta em Anexo III.4 Usos da Água, Tomo 3- Anexos Técnicos (Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais INSAAR 2007). Estes sistemas são geridos pela Câmara Municipal e Águas do Oeste. Segundo o Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais - INSAAR, apresenta índice de atendimento de população servida por sistema público de drenagem de águas residuais encontram-se entre 71-90% para o concelho de Rio Maior (Figura ). Fonte - INSAAR, Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais Figura Índice de Atendimento de População Servida por Sistema Público de Tratamento de Águas Residuais Da pesquisa efectuada ao sitio do INSAAR, obteve-se informação respeitante a Estações de Tratamento de Águas Residuais no concelho abrangidos neste estudo, cuja informação se apresenta em Anexo III.4 Usos da Água, Tomo 3 Anexos Técnicos. Ainda no mesmo Anexo encontra-se informação respeitante a pontos de descarga de águas residuais existentes na freguesia da área de estudo. Já no que concerne a população servida por sistemas públicos de tratamento de águas residuais o concelho da Rio Maior apresenta o índice de atendimento de 71-90% (Figura ). Segundo o INSSAR o concelho de Rio Maior, possui um índice de atendimento com tratamento e drenagem na ordem dos 71-90% TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

139 Fonte - INSAAR, Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais Figura Índice de Atendimento de População Servida por Sistema Público de Tratamento de Águas Residuais Da consulta do PBH do rio Tejo, verifica-se que as principais ETAR existentes na sub-bacia de Rio Maior com grau de tratamento compatível com as exigências do Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho, são: Rio Maior (com tratamento secundário para cerca de hab.eq.); Azambuja (com tratamento terciário para cerca de hab.eq.); Vale de Santarém (com tratamento secundário para cerca de hab.eq.); Aveiras de Cima (com tratamento secundário para cerca de hab.eq.). Há três aglomerados com mais de hab.eq. sem ETAR: Cartaxo (com cerca de hab.eq), Vila Chã de Ourique/Cartaxo (com cerca de hab.eq.) e Pontével/Cartaxo (com cerca de hab.eq.) Em suma, na área de influência do empreendimento em estudo, a taxa de população servida por rede de drenagem de águas residuais é considerada satisfatória, relativamente a algumas outras áreas do País, assim como quanto à percentagem de população servida por sistemas de tratamento de águas residuais, cuja taxa é bastante baixa Fontes Poluidoras A carga poluente de origem tópica gerada na área do Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Tejo é de ton/ano em CBO 5, ton/ano em CQO, ton/ano em SST, ton/ano em P total e ton/ano em N total. O carácter intensivo do uso de factores de produção na agricultura, principalmente na região agro-ecológica da Lezíria do Tejo, permite afirmar que os problemas de poluição de origem difusa são um aspecto a observar com cuidado, pois a contaminação dos aquíferos com nitratos de origem agrícola compromete, em várias situações, o uso da água para consumo humano. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-59

140 Na sub-bacia de Rio Maior denota-se alguma importância em termos de poluição tópica industrial, estimando-se em cerca de hab.eq. a carga poluente em CBO 5, desta carga total, 73% está associada à contribuição de efluentes de suniculturas. As outras actividades geradoras de poluição tópica são, fundamentalmente, a produção do vinho e a restante indústria alimentar, respectivamente com 24% e 88% da carga em CBO 5. Quanto ao CQO, destaca-se a contribuição de uma fábrica de cerveja em Santarém. Relativamente a outras actividades, salienta-se a industria química, de curtumes, de Fábricação de produtos metálicos, máquinas e equipamentos, que contribuem com os restantes 3% em CBO4 e 12% em CQO. De referir uma lixeira em actividade no Concelho do Cartaxo, com 4 ha de área, e duas exploração activas, uma no concelho de Santarém para extracção de caulino, com 405 ha de área contractual. Identificaram-se várias unidades abrangidas pela Directiva IPPC uma fábrica de pesticidas no concelho do cartaxo e 31 suiniculturas (12 no concelho de Rio Maior, 4 no concelho do Cartaxo e 1 no concelho da Azambuja) e duas unidades industriais que descarregam comprovadamente substâncias perigosas com os seus efluentes uma fábrica de pesticidas no concelho do Cartaxo, e uma fábrica de abate de gado no concelho do Cadaval (Figura ). Fonte : PBH do Tejo, 2000 Figura Fontes de Poluição Industrial No Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Tejo apresenta-se uma síntese das cargas poluentes totais para a sub-bacia de Rio Maior (Quadro 4.5.8) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

141 Quadro Cargas Poluentes Tópicas Totais Estimadas na Sub-Bacia de Rio Maior Carga Poluente de origem tópica (ton/ano) CBO 5 CQO SST P total N total Urbana Industrial Total Fonte - Adaptado de Plano de Bacia Hidrográfica do Tejo Tal como se observa a partir do quadro anterior, a poluição tópica urbana é mais relevante que a poluição tópica industrial. A poluição tópica desta sub-bacia é elevada no contexto da área do PBH do Rio Tejo, representado 8,6% da carga em CBO5, 5,2% da carga em CQO e 9,1% em SST. 4.6 ASPECTOS ECOLÓGICOS O presente capítulo apresenta a situação de referência para as componentes de fauna, flora e vegetação efectuado no âmbito dos estudos ambientais da Fábrica de Cimentos de Rio Maior. Integram também a análise desta componente uma carta de biótopos e habitats classificados Desenho 1349-EA Carta de Biótopos e Habitats) e no Anexo IV, Tomo 3 - Anexos Técnicos apresentam-se ainda as listas de espécies faunísticas e florísticas gerais Metodologia Definição da área de estudo a área de estudo engloba grosso modo a área de intervenção directa (área da pedreira) e uma envolvente de cerca de 200 m. A área de intervenção directa, refere-se à zona de implementação da unidade cimenteira. Para a elaboração dos estudos relativos a esta componente ambiental, recorreu-se a fontes bibliográficas, nomeadamente: outros estudos ambientais efectuados para a região do empreendimento, fontes bibliográficas especializadas, nomeadamente atlas faunísticos, bem como a outros estudos sobre a região em causa, como o Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Tejo. Os dados desta forma obtidos foram complementados com trabalho de campo, com o objectivo de verificar, complementar e pormenorizar a informação previamente compilada. A metodologia seguida em relação à flora e vegetação foi a seguinte: reconhecimento das unidades de vegetação e das espécies dominantes, com caracterização sumária da composição e estrutura dos povoamentos dominantes, estádio de maturidade e factores de perturbação humana/ambiental; elaboração da Carta de Biótopos e Habitats, com base no trabalho de campo efectuado; elaboração de inventário florístico para caracterização dos biótopos mais importantes em presença (a lista florística apresenta-se no Anexo II); identificação e localização dos habitats naturais e semi-naturais classificados no Decreto-lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro (transposição e actualização da Directiva europeia sobre os habitats naturais e espécies selvagens). Em relação à fauna, para além da análise bibliográfica, foi efectuada especificamente uma saída de três dias, dirigida para a detecção de vestígios, tendo-se utilizado a seguinte metodologia de campo: TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-61

142 Mamíferos - observação directa, pesquisa de rastos, fossadas, excrementos e ossadas; Aves - efectuaram-se transectos lineares de observação directa, realizando deslocações lentas, complementando-se a observação directa de indivíduos com a sua identificação em função do som que emitem; Répteis e Anfíbios - observação directa e pesquisa de rastos, com pesquisa dirigida ao grupo dos anfíbios na área de estudo; As espécies inventariadas (Anexo IV do Tomo 3) foram classificadas segundo o seu estatuto de conservação de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal 2006 que compreende as seguintes classes: Criticamente Em Perigo (CR), Em Perigo (EN), Vulnerável (VU), Quase Ameaçado (NT), Pouco Preocupante (LC), Não avaliado (NE), e Informação Insuficiente (DD) e Não Aplicável (NA). Uma vez que, devido à sua raridade, estatuto de ameaça ou outros factores, muitas espécies estão sujeitas a disposições legais visando a sua protecção e conservação do seu habitat, ao longo deste relatório é indicada a legislação nacional e comunitária que abrange as espécies presentes na área de estudo, às quais, por isso, se dará especial atenção. Deste modo, são mencionadas as seguintes Convenções Internacionais e Directivas Comunitárias, transpostas para o quadro legal nacional: Directiva Aves e Directiva Habitats, respectivamente 79/409/CEE e 92/43/CEE (Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 Fevereiro); Convenção de Berna; Convenção de Bona; CITES. A avaliação do valor da área de estudo é realizada relativamente a cada biótopo confirmado e sua valorização qualitativa dentro da região onde se insere, utilizando para tal os seguintes parâmetros: 1. existência e número de Habitats ou espécies classificados a nível das directivas 2. existência de espécies endémicas ou ameaçadas a nível nacional ou regional; 3. existência confirmada de habitats/espécies representativos e/ou autóctones a nível nacional ou regional considerados em relação às séries de vegetação potencial para a área em estudo Áreas Classificadas pelo seu Valor Ecológico A área de estudo situa-se na envolvente dos limites do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC), criado pelo Decreto-Lei n.º 118/79, de 4 de Maio e regulamentado pelo Decreto Regulamentar n.º 21/88, de 12 de Janeiro. Actualmente (Dezembro 2009) esta área protegida tem em curso uma revisão do Plano de Ordenamento, que se encontra na segunda fase de consulta pública, segundo informação "online" do ICNB. A área de intervenção directa encontra-se incluída no SIC (Sítio de Interesse de Conservação) da Serra de Aire e Candeeiros (Sítio PTCON0014 da 2ª fase, Resolução do Conselho de Ministros n.º 76/00, de 5 de Julho) (Desenho EA Localização de Áreas Protegidas). Nas áreas classificadas referidas são encontrados os seguintes habitats classificados (Pereira dos Santos et al, 2007): 4-62 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

143 I. Habitats com componente hidrológica: 3110 Charcos temporários mediterrânicos Lagos eutróficos naturais com vegetação do tipo Magnopotamion ou Hydrocharition Cursos de água mediterrânicos intermitentes. II. Habitats endémicos, pateoclimáticos e de tipicidade biótica ou abiótica regional: 6210 Formações naturais secas e fácies de desmatação em calcáreos (Festuco brometalia) importantes habitats de orquídeas Rochas calcárias nuas Matagais de Laurus nobilis Vegetação casmósfita das vertentes rochosas calcárias Depósitos rochosos de vertente mediterrânicos ocidentais Grutas não exploradas pelo turísmo Formações estáveis de Buxus sempervirens das formações rochosas calcárias (Berberidion p.) Carvalhais galaico-portugueses com Querqus pyrenaica. III. Habitats prioritários com excelente representatividade e excelente ou bom estado de conservação: 6220 Ssubestepes de gramíneas e plantas anuais (Thero-Brachypodietea) Prados calcáreos cársicos (Alysso-Sedion albi). IV. Habitats de Comunidades no seu óptimo ecológico: 9330 Florestas esclerófilas mediterrânicas: florestas de Quercus suber Florestas esclerófilas mediterrânicas: florestas de Quercus rotundifolia Carvalhais de Quercus faginea. V. Outros habitats: 5330 Matos termomediterrânicos pré-estepários de todos os tipos Matos termomediterrênicos de Cylisus e Genista Prados de molínea em calcáreo e argila (Eu-Molinion) Prados mediterrânicos de ervas altas e juncos (Molinio-Haloschoenion). O SIC da Serra de Aire e Candeeiros encontra-se abrangido pelo Plano de Gestão Sectorial da Rede Natura 2000, ao abrigo da RCM n.º 115-A/2008 de 21 de Julho. O SIC destaca-se pela presença de grutas não exploradas pelo turismo e pela flora dependente de substratos calcáreos. No âmbito deste plano destacam-se as orientações de gestão para a actividade de extracção de inertes, nomeadamente Regular a Extracção de Inertes [em relação aos habitats] 3170*; 6110*; 8130; 8210; 8240*; 8310 e Arabis sadina (tomar medidas que impeçam a extracção de inertes nos locais relevantes para a espécie) Flora e Vegetação Enquadramento Fitossociológico e Vegetação Potencial De acordo com a classificação de Rivas-Martinez (1987) e de Alves et al (2000), a área de estudo enquadra-se no Reino Holártico, Região: Mediterrânica, Sub-Região: Mediterrânica Ocidental, Superprovíncia: Mediterrânica-Iberoatlântica, Província Gaditano-Onubo-Algarviense, Sector Divisorio Português, SubSector Oeste-Estremenho, Superdistrito Estremenho. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-63

144 O Superdistrito Estremenho é essencialmente calcícola, localizando-se no andar mesomediterrânico. Inferior, húmido a sub-húmido. Agrega uma série de serras de baixa altitude, como a Serra do Sicó, rabaçal, Alvaiázere, Aire e Candeeiros e Montejunto. A vegetação potencial do Superdistrito Estremenho pertence a (Costa et al, 1998): Série de vegetação do carvalho-cerquinho (Arisaro-Querceto broteroi S.); Série de vegetação do sobreiro (Asparago aphylii -Quercetea suberis S.); Bosques de azinheiras instalados em solos derivados de calcáreos cársicos Lonicero implexae Quercetum rotundifoliae Quercetum cocciferae-airensis Teucrium capitatae Thymetum sylvestris. Destacam-se também a vegetação rupícola calcícola, nesta região (Asplenietalia petrarchae Narciso calcicolae Asplenietum ruta-murariae). Na vegetação ripícola são comuns os juncais de solos cálcareos mal drenados Juncetum acutiflori valvatus. As galerias ripícolas de amieiros tem carácter residual na região, muito por acção humana (Pereira dos Santos et al, 2007). Figura Zonas Biogeográficas, Segundo a Classificação de Costa et all (1998) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

145 Vegetação Actual A área de estudo apresenta um carácter misto: salienta-se a presença da Pedreira de Vale da Pedreira, da Tecnovia, a qual está rodeada por povoamentos florestais de produção com predominância de eucalipto, matos (Fotografia 4.6.1) e algumas zonas agrícolas. Fotografia Vista Geral sobre a Área de Estudo: Pedreira Circundada por Matos Autóctones e Floresta A área de estudo ainda é atravessada por varias rodovias, com destaque para o IC2. O aglomerados urbanos mais próximos são o lugar de Quintã e o Alto da Serra, a cerca de 4 km para Noroeste e Nordeste da área de intervenção directa, respectivamente. A área de intervenção directa constitui uma pedreira de grandes dimensões em laboração, pelo que possui também alguns edifícios, maquinaria e parque automóvel. Na floresta de produção domina o eucalipto, por vezes misto com pinheiro-bravo, carvalhos e acácias. A agricultura é representada pela pequena propriedade, com culturas anuais de regadio (hortícolas, milho) e sequeiro com forragem. No sob-coberto ou em clareiras da floresta, ocorrem matos autóctones. De seguida, descrevem-se as principais unidades de vegetação identificadas na área de estudo. Floresta de Produção Esta unidade é composta essencialmente por eucaliptos (Eucalyptus globulus), por vezes misto com pinheiro-bravo, Pinus pinaster, que surge em proporção variável (Fotografia 4.6.2). Observam-se também clareiras ou zonas menos densas, observando-se então colonização com matos baixos autóctones dominados pela urze, uma das primeiras espécies arbustivas a aparecer, enquanto elemento da Calluno-Ulicetea (Fotografia 4.6.3). TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-65

146 Fotografia Floresta de Produção com Eucalipto e Zonas de Mato, a NE da Área de Intervenção Fotografia Matos de Tojo Sob-Coberto no Eucaliptal Área Agrícola Estas áreas encontram-se na periferia da área de estudo e próximo das povoações. As áreas de maior dimensão estão cultivadas com olival, enquanto que nas pequenas parcelas se observam culturas anuais de sequeiro ou regadio. Matos Autóctones Os matos da área de estudo apresentam elevada diversidade, mantendo um estrutura relativamente baixa, onde assomam por vezes elementos da arbóreos como o carvalho-cerquinho (Quercus faginea) ou o sobreiro, típicos da floresta original da região (Fotografia 4.6.4). Em termos de composição destacam-se o carrasco (Quercus coccifera), um elemento dominante nos matos do Sub-sector Oeste-Estremenho, cistáceas (Cistus salvifolia e C. crispus), elementos da comunidade Pistacio lentisci Ramnetalia alaterni, como a aroeira (Pistacia lentiscus), o lentisco-bastardo (Ramnus alaternus), a urze-branca (Erica arborea) e o medronheiro (Arbutus unedo). Da Calluno-Ulicetea observam-se o tojo (Ulex europaeus), rosmaninho (Lavandula stoechas), alecrim (Rosmarinus officinalis), tomilho (Thymus spp.), queiró (Calluna vulgaris) ou trovisco-fêmea (Daphne gnidium) (Fotografia 4.6.5). Fotografia Matos Autóctones de Carrasco com Regeneração de Carvalho-Cerquinho, A Norte da Pedreira Fotografia Matos com Tojo (Ulex europaeus) 4-66 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

147 Junto das linhas de água torrenciais, em particular do leito seco do Rio Maior, que corresponde ao trecho a montante e adjacente da pedreira, os matos apresentam algumas espécies de zonas mais húmidas ou constituintes de galerias ripícolas, como a roseira brava (Rosa sp.) e o pilriteiro (Crataegus monogyna). Como elementos ripícolas arbóreos apenas de refere o choupo negro (Populus nigra) e apenas a jusante da pedreira, onde o rio se desenvolve sobre formações mais impermeáveis e passa a apresentar um caudal (Fotografia 4.6.6). De facto, na pedreira e a montante desta, o leito do rio encontra-se quase sempre seco (Fotografia 4.6.7). Fotografia Leito do rio Maior, na zona da Pedreira, totalmente seco Fotografia Galeria Ripícola com Silvas e Choupos a Sul da Pedreira Povoamentos de Carvalho São pequenas manchas de carvalho-cerquinho (Quercus faginea), ou de sobreiral (Quercus suber) bem desenvolvidos, muitas vezes crescendo também nas clareiras de povoamentos com pinheiro; São acompanhados no sob-coberto por gilbardeira (Ruscus aculeatus), salsaparrilha (Smilax aspera), murta (Myrtus communis), silvas (Rubus sp.), medronheiro e feto-ordinário (Pteridium aquilinum) (Fotografia e 3.6.9). Fotografia Povoamento de Sobreiro, a Sul da Pedreira Fotografia Floresta Mista com Pinus spp, carvalho cerquinho e sobreiro, a SE da Pedreira (IC2) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-67

148 Áreas Humanizadas Correspondem aos aglomerados populacionais do Alto da Serra e da Quintã. Apresentam escasso coberto vegetal, constituído por espécies ornamentais (na sua maioria introduzidas), agrícolas (hortícolas, vinha, etc.) ou ruderais, as quais ocupam também as bermas da estrada, como a malva (Malva sp.), a cana (Arundo donax) ou o rícino. Áreas Industriais ou sem Vegetação Consistem essencialmente em zonas de exploração de inertes ou áreas recentemente terraplenadas, que não apresentam qualquer coberto vegetal. Apresentam paredes verticais que podem constituir habitat potencial para espécies rupícolas ou nidificação de aves (Fotografia ). Lagoas Correspondem a antigas zonas de extracção de inertes na pedreira, que se encontram no presente totalmente artificializadas e sem vegetação (alteração completa da superfície do terreno, devido à exploração do subsolo), pelo que não apresentam interesse em termos vegetais (Fotografia ). Fotografia Pedreira Fotografia Lagoa Artificial na Pedreira A área de estudo apresenta um valor baixo a médio no contexto regional, pois a maior parte dos povoamentos vegetais tem elevada influência antropogénica e baixo valor florístico e ecológico. A área de intervenção directa tem valor florístico nulo, pois é destituída de vegetação. No entanto, apresenta algum interesse pontualmente, que reside: 1) floresta autóctone de sobreiro ou carvalho-cerquinho, por vezes mista com coníferas, que ocupa pequenas áreas junto à estrada ou nas encostas e que constituem vestígios da floresta clímax das comunidades vegetais potenciais e enquadráveis também num habitat classificado; 2) zonas com matos autóctones, que representam uma das etapas de substituição da floresta autóctone, correspondendo também a um habitat classificado TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

149 Espécies RELAPE Foram identificadas as seguintes espécies classificadas ou endémicas: Lavandula stoechas ssp. luisieri (subespécie endémica); Ruscus aculeatus (espécie classificada no anexo V da Directiva habitats (Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro; Quercus suber (protegido em maciço pelo Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, revisto pelo Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de Junho). Habitats Naturais e Semi-Naturais Classificados A informação do ICNB, identifica habitats classificados dentro da área da Rede Natura 2000, nomeadamente o 9240 carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Q. canariensis, a Sul da pedreira e o 5330 matos termomediterrânicos prédesérticos, 6210 Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (Festuco-Brometalia) (* importantes habitats de orquídeas) e 6220 * Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea, localizados a NE do Alto da Serra. O trabalho de campo e caracterização das unidades de vegetação efectuada com base nas fichas de habitats naturais divulgada pelo ICNB ( através do Plano Sectorial para a Rede Natura 2000, permitiu a identificação dos seguintes habitats classificados: 5330 matos termomediterrânicos pré-desérticos correspondem a matagais altos e matos baixos meso-xerófilos mediterrânicos; na área de estudo correspondem aos carrascais e aos tojais, designados como Matos Autóctones na carta de biótopos; 6310 montados de Quercus spp. ocupa uma pequena área a sul da pedreira, onde existem poucos sobreiros mas que são explorados; 9240 carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Q. canariensis coexiste nas formações mistas de carvalho e sobreiro em que está presente em proporção apreciável o carvalho-cerquinho, a Sul e SE da pedreira. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-69

150 Área em Estudo Figura Extracto com os Habitas Cartografados para a Área em Estudo (ICNB) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

151 Síntese e Avaliação do Valor Relativo dos Biótopos A avaliação do valor das fitocenoses foi elaborada segundo os critérios enunciados na metodologia e apresentada com a ordenação seguinte: Valor Alto 1. floresta autóctone de carvalho e sobreiro; 2. vegetação ripícola dos cursos de água, junto às lagoas renaturalizadas estas franjas, escassas e descontínuas podem considerados como uma regeneração do habitat 92A0 - galerias ribeirinhas de Salix alba e Populus alba; Valor Médio 3. matos autóctones - colonizam áreas a oeste e a norte, bem como clareiras ente zona florestada; apresentam como elementos autóctones de maior interesse botânico, o rosmaninho (Lavandula stoechas), o alecrim (Rosmarinus officinalis), tomilhos, a Torga (Calluna vulgaris) e o Tojo (Ulex spp.); 4. vegetação ripícola arbustiva e arbórea, a sul da pedreira, ao longo do leito do Rio Maior; Valor reduzido 5. área agrícola constituída essencialmente por variedades plantares, sem interesse botânico, mas com função ecológica; 6. áreas humanizadas nas áreas urbanizadas o coberto encontra-se consideravelmente alterado em relação aos povoamentos originais e com áreas impermeabilizadas. A riqueza vegetal é elevada devido essencialmente às introduções, dizendo respeito a espécies sem valor conservacionista, mas que podem ser um suporte para comunidades faunísticas; incluem se também dentro desta designação as áreas sem vegetação que consistem em áreas desbastadas, terraplenadas ou impermeabilizadas, representadas por rodovias, que não detêm praticamente vegetação; são consideradas com valor florístico e faunístico quase nulo; 7. pedreira e lagoas áreas sem vegetação praticamente com valor nulo em termos botânicos, mas com potencial função em termos ecológicos Fauna Os biótopos presentes na área de estudo formam um mosaico bastante variado floresta, matos, campos agrícolas incluindo ainda as lagoas e as escarpas da pedreira. Esta diversidade de habitats proporciona uma maior disponibilidade de nichos o que aumenta potencialmente a riqueza faunística. Por outro lado, a presença de actividades humanas por toda a região e as estruturas lineares que percorrem esta região induzem o efeito contrário, condicionando a ocorrência das espécies pouco tolerantes à presença humana e as espécies com maiores territórios Mamíferos A área de estudo apresenta uma variedade representativa de habitats, embora também seja caracterizada por um elevado grau de humanização, pelo que as espécies presentes são diversificadas, embora a ocorrência de espécies com valor conservacionista, à excepção da lontra e de morcegos, seja pouco provável. No que respeita a espécies cinegéticas, encontram-se referenciadas para a região: a lebre (Lepus granatensis), o coelho (Oryctolagus cuniculi), a raposa (Vulpes vulpes) e o javali (Sus scrofa). TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-71

152 De destacar que o coelho é actualmente considerado como uma espécie Quase Ameaçada (Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 2006), tendo as respectivas populações sofrido um declínio nas últimas décadas, provavelmente devido a uma conjunção de factores como as epizootias (mixomatose, febre hemorrágica), perda de habitat, caça excessiva, etc.. No biótopo florestal dá-se relevo para os pequenos carnívoros: a geneta (Genetta genetta), o texugo (Meles meles), o musaranho-comum (Crocidura russula) e o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), espécies estas todas não ameaçadas. A nível de quirópteros, a área do PNSAC é rica em abrigos, nomeadamente em cavidades abundantes do maciço cársico. Os abrigos mais próximos da área de estudo encontra-se para norte e albergam morcego-de-ferradura-grande, Rhinolopus ferrumequinum e o morcego de peluche, Miniopterus schreibersii, sendo ainda referenciados na mesma zona o morcego rabudo, Tadarida teniotis (Rainho et al., 1998). Os morcegos ocorrentes no PNSAC encontram-se indicados no Quadro Na área de estudo em concreto não se encontram abrigos. As ocorrências de morcegos devem situar-se sobre o carvalhal (folhosas) e zonas de matos, sendo o eucaliptal um biótopo não utilizado, segundo os estudos efectuados (Rainho et al, 1998). Quadro Morcegos Potenciais na Área de Estudo. Nome Científico Nome Vulgar Estatuto de Conservação Directiva Habitats Rhinolophidae B-II, B-IV Rhinolophus ferrumequinum morcego-de-ferradura-grande VU B-II, B-IV Rhinolophus hipposideros morcego-de-ferradura-pequeno VU B-IV Rhinolophus euryale morcego-de-ferradura-mediterrânico CR B-II, B-IV Rhinolophus mehelyi morcego-de-ferradura-mourisco CR Vespertilionidae Myotis emarginatus morcego-lanudo DD B-IV Myotis myotis morcego-rato-grande VU B-II, B-IV Myotis blythii morcego-rato-pequeno CR B-IV Myotis daubentonii morcego-de-água LC B-IV Pipistrellus pipistrelus morcego-anão LC B-IV Pipistrellus nathusii morcego-de-nathusii NE B-IV Nyctalus leisleri morcego-arboricola-pequeno DD B-IV Nyctalus lasiopterus morcego-arboricola-gigante DD B-IV Eptesicus serotinus morcego-hortelão LC B-IV Barbastella barbastellus morcego-negro DD B-II, B-IV Plecotus auritus morcego-orelhudo-castanho DD B-IV Miniopteridae Miniopterus schreibersii morcego-de-peluche VU B-II, B-IV Molossidae Tadarida teniotis morcego-rabudo DD B-IV VU Vulnerável; CR Criticamente em Perigo; DD - Informação Insuficiente; LC pouco preocupante; NE Não avaliado B-IV 4-72 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

153 Aves Foram escassas as aves referenciadas durante o trabalho de campo, limitando-se aos passeriformes mais comuns, rola, peneireiro, etc.. Da pesquisa bibliográfica efectuada considera-se a presença potencial das seguintes espécies, com valor conservacionista (Pereira dos Santos et al., 2007; Equipa Atlas, 2008): açor (Accipiter gentilis) tem com estatuto de Vulnerável em Portugal; podem frequentar os biótopos florestal e agrícola como área de alimentação; águia-cobreira (Circaetus gallicus) - estatuto de Quase Ameaçado, presente no Anexo I da Directiva Aves (DA); frequenta os biótopos de matos e zonas agrícolas; tartaranhão-azulado (Circus cyaneus) espécie do Anexo I da DA, detém estatuto de Vulnerável; potencial nos biótopos de matos; águia-calçada (Hieraaetus pennatus) espécie do Anexo I da DA, considerada Quase Ameaçada; está referenciada para os matos; Corvo (Corvus corax) com estatuto de Quase Ameaçado em Portugal e presente no Anexo III da convenção de Berna. Pode nidificar nas paredes da pedreira; Noitibó-da-europa (Caprimulgus europaeus) nidificante na área envolvente, pode frequentar as florestas de folhosas na área de estudo. Outras espécies que podem nidificar na parede da pedreira são o Melro-azul (Monticola solitarius) e o rabirruivo (Phoenicurus ochrurus). Destaca-se ainda a possibilidade de ocorrência da petinha-dos-campos (Anthus campestris), da calhandrinha (Calandrella brachydactyla) e da felosa-do-mato (Sylvia undata), não ameaçadas mas classificadas no Anexo I da DA. Considera-se pois a área de estudo como de médio-alto valor em termos de aves, com a ocorrência potencial de 50 espécies Herpetofauna Na área de estudo não foi confirmada a presença de espécies de anfíbios, sendo de esperar encontrar a rã-verde (Rana perezi), uma espécie muito comum em Portugal classificada no Anexo V da Directiva Habitats (referente às espécies que podem ser alvo de regulamentação da apanha). Entre as espécies de provável ocorrência destacam-se o tritão-de-ventrelaranja (Triturus boscai), uma espécie endémica, o tritão-marmorado (T. marmoratus), os sapos (Bufo-bufo e Bufo calamita). Destaca-se a referência para o Rio Maior, a jusante da pedreira, da rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi), uma espécie endémica classificada no Anexo II da Directiva Habitats (D.L. n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro). A nível de répteis confirma-se a ocorrência da lagartixa (Psammodromus algirus; Podarcis spp), sendo ainda de considerar a presença de cobras (cobra-rateira, Malpolon monspessulanus, cobra-de-escada, Elaphe scalaris) Povoamentos Ícticos A área de estudo possui duas lagoas artificiais e um leito de curso de água seco. Desta forma não se considera a existência de fauna íctica. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-73

154 4.7 PAISAGEM A resultante paisagística de um local é, em cada momento, o reflexo da interacção de vários factores, quer de ordem biofísica (entre os quais se salienta o relevo/geomorfologia, a geologia/litologia, as características da rede hidrográfica e o coberto vegetal), quer de ordem sócio-cultural (relacionando-se estes últimos com as acções de natureza antrópica), que têm manifestações diferentes na construção do território. Na presente caracterização faz-se uma descrição e análise da paisagem envolvente da zona de implementação da Fábrica de Cimento de Rio Maior, por forma a possibilitar uma posterior avaliação da sua reacção à nova infra-estrutura Metodologia Adoptada O método de caracterização mais frequente no que respeita à paisagem consiste na definição (e posterior avaliação) de Unidades de Paisagem, isto é, de unidades territoriais que concretizam e exprimem a caracterização do sistema biofísico (...), baseada em ( ) critérios de homogeneidade relativa a um conjunto de componentes significativos (...). (Abreu, 1989). Este método apresenta grande utilidade prática dado que permite individualizar zonas homogéneas, quer do ponto de vista das respectivas características visuais de maior relevância, quer do ponto de vista do tipo de resposta a perturbações externas. Neste sentido, a caracterização e avaliação da paisagem de uma determinada região deve ser acompanhada pela análise dos seus componentes intrínsecos, os quais se podem sistematizar em: Biofísicos/Ecológicos: relacionados, em termos básicos, com os aspectos de morfologia e do coberto vegetal, resultantes das componentes naturais dos territórios atravessados, nomeadamente da interacção da geologia/litologia, tipo de solos, geomorfologia, características da rede hidrográfica e consequentemente no tipo de coberto vegetal; Antrópicos: integram os aspectos que reflectem as diferentes formas de que se reveste a acção humana sobre a Paisagem, seja ela de natureza social, cultural ou económica (incluindo as transformações de natureza agrícola e florestal), resumindo-se habitualmente essa acção no factor Ocupação do Solo; Estéticos e Percepcionais: prendem-se com o resultado, em termos estéticos, da combinação de todos os factores anteriormente referidos (tendo em consideração que as mesmas características podem combinar-se de diversas maneiras), e com a forma como esse resultado é percepcionado/apreendido pelos observadores potenciais. No âmbito do presente estudo, e tendo presente uma relativa homogeneidade da paisagem que caracteriza o território atravessado, a caracterização da Paisagem compreendeu, a identificação e descrição da Unidades de Paisagem atravessada, incluindo a caracterização das suas componentes mais relevantes. Tendo em conta a caracterização efectuada, foi então estabelecida uma classificação para a Unidade de Paisagem, pelo método da Análise Visual, o qual tem como objectivo qualificar / quantificar a Sensibilidade da Paisagem a potenciais a alterações, sustentada em conceitos de Qualidade Visual e de Fragilidade Visual (Figura 4.7.1) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

155 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PAISAGEM (MACRO-ESTRUTURA ) DEFINIÇÃO DAS UNIDADES DE PAISAGEM QUALIDADE VISUAL FRAGILIDADE VISUAL ACESSIBILIDADE VISUAL DA PAISAGEM AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE DE CADA UNIDADE DE PAISAGEM Figura Metodologia Adoptada para a Caracterização da Paisagem Refira-se ainda que, para assegurar a avaliação da área de influência visual da paisagem em estudo, considerou-se uma envolvente de cerca de um quilómetro, medida na horizontal, em torno dos limites estabelecidos para a implantação da cimenteira, assumindo-se, no presente caso, como sendo a distância limite até à qual se admite alguma visibilidade com nitidez, na ausência de obstáculos à visão. A delimitação desta área também teve por base a forma da bacia visual interessada por este estudo, caracterizadas por patamares hipsométricos muito extensos, o que estabelece campos de visibilidade, de um modo geral, com horizontes pouco profundos, decorrentes da situação da paisagem em causa, não se observando pontos dominantes de referência, com acessibilidade visual sobre o local previsto para implantação da cimenteira Caracterização da Paisagem Breve Caracterização Regional A área em estudo insere-se numa região caracterizada pela presença de relevos calcários, por vezes imponentes, marcada pelas serras de Aires e Candeeiros a Norte, conjunto que se evidencia pela sua elevação em cerca de 200 m relativamente à envolvente, constituindo-se como nota dominante na paisagem. Em termos de ocupação, o uso florestal predomina quer nas zonas mais baixas como nas encostas da serra, sendo o povoamento relativamente concentrado. Contrastando com o elevado valor estético da paisagem cársica serrana, onde os matos rasteiros deixam revelar maciços calcários esculpidos pela erosão, as zonas mais baixas que envolvem as serras manifestam menores qualidades paisagísticas, função da monotonia da floresta de produção e do desordenamento espacial marcado pelas estradas (e sua ocupação marginal) e inúmeras pedreiras que se distribuem em toda a região Unidades de Paisagem Na presente análise, e para uma melhor compreensão da forma como se organiza e estrutura a paisagem a um nível mais local, apresentou-se uma divisão espacial do território estudado em Unidades Paisagísticas (UP). TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-75

156 Face ao exposto, optou-se por desenvolver uma abordagem da estrutura da paisagem, (fisiografia, ocupação do solo, entre outros) necessariamente sucinta, que resultou na caracterização deste descritor sustentada em: Pesquisa bibliográfica (com destaque para o estudo Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental DGOTDU, 2004); Elaboração da cartografia (escala 1/25 000) de análise fisiográfica e da definição de sensibilidade da paisagem incluindo: avaliação hipsométrica, caracterização de festos e talvegues, definição de unidades de paisagem e identificação da amplitude visual dentro da área em estudo; Análise conjunta das cartas de festos e talvegues, hipsometria e ocupação do solo (Desenhos 1349-EA Carta de Análise Fisiográfica e 1349-EA Carta de Uso Actual do Solo); Reconhecimento de campo para assegurar a validação das unidades de paisagem identificadas e assegurar a pesquisa de elementos relevantes na paisagem. De acordo com a classificação em Unidades e grupos de Unidades de Paisagem estabelecidos no estudo Contributos para a identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental (DGOTU; 2004), a zona em estudo integra-se no Grupo de Unidades de Paisagem dos Maciços Calcários da Estremadura, sendo que a um nível macro se enquadra na Unidade de Paisagem (UP) das Colinas de Rio Maior - Ota (Figura 4.7.2). Esta definição de UP, visa cumprir o conceito definido anteriormente (Abreu, 1989), não dispensando contudo, no âmbito de um estudo desta natureza, a justificável diferenciação paisagística TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

157 Fonte: Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental, DGOTDU, 2004 Figura Unidades de Paisagem na Área em Estudo (1) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-77

158 UP - Colinas de Rio Maior Ota Esta unidade enquadra-se nos maciços calcários da estremadura e caracteriza-se em termos gerais por uma paisagem desestruturada, sem uma identidade clara (sobretudo tendo em atenção as unidades que a circundam de muito maior definição estrutural). O relevo ondulado e o uso florestal que predomina, essencialmente com eucaliptal e pinhal de produção, revelam pontualmente vinhas, olivais e pinheiros mansos, embora sem expressão relevante enquanto enquadramento de mosaico. Marcada também pelo atravessamento de importantes vias rodoviárias (destacando-se nas proximidades da área em estudo o IC2), o povoamento, não sendo muito denso, acompanha estas vias, marginadas também por uma componente industrial e armazenista/comercial, sendo o principal aglomerado populacional Rio Maior. Também a presença de pedreiras, dissimiladas por toda a região, contribuem para o caracter desordenado e desinteressante da paisagem. Fotografia Panorâmica da Pedreira e sua Envolvente Para facilitar a rápida apreensão das principais características associada à Unidade de Paisagem identificada, elaborou-se o seguinte quadro síntese (Quadro 4.7.1). Quadro Componentes Visuais e Estruturais mais Relevantes da UP Unidade de Paisagem Relevo e Geomorfologia Dominante Ocupação Dominante do Solo Estrutura Visual UP Colinas de Rio Maior Ota Relevo ondulado Uso Florestal Estrutura visual fechada marcada pela presença da serra dos Candeiros Sensibilidade Paisagística Para apuramento e interpretação dos elementos recolhidos na caracterização da paisagem, utiliza-se o método da Análise Visual, que tem como objectivo quantificar a sensibilidade da paisagem a potenciais a alterações, assentando nos 4-78 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

159 conceitos de Qualidade Visual e de Fragilidade Visual. Estes conceitos cuja definição se explicita seguidamente são aplicados à unidade caracterizada que enquadra a zona em estudo. A Qualidade Visual da paisagem está relacionada com aspectos como a grandeza, a ordem, a diversidade, a raridade e a representatividade, devendo ser encarada como um recurso natural. Na análise qualitativa da Qualidade Visual, atendem-se a diversos atributos (biofísicos, antrópicos e estéticos) das UP definidas atribuindo, a cada um deles, um valor (Quadro 4.7.2). Quadro Qualidade Visual da Paisagem (QV) Componentes Atributos UP - Colinas de Rio Maior Ota Biofísicos Antrópicos Estético / Percepcionais Relevo 1 Coberto vegetal 1 Presença de água 1 Uso do solo 1 Elementos Históricos 0 Valores sócio-culturais 0 Harmonia Funcional 1 Diversidade/Complexidade 0 Singularidade 0 Intervisibilidade 1 Estrutura visual dominante Heterogénea TOTAL (Σ) 6 Classe de QV Classificação para cada atributo 2 - Elemento de Grande Valorização Visual da UP 1 - Elemento de Valorização Visual da UP 0 - Elemento não Interveniente na Qualidade Visual da UP Média Classes de Qualidade Visual (Qv) QV > 10 Elevada 5 > QV > 10 Média QV < 5 Baixa A Fragilidade Visual constitui outro indicador importante para a análise de uma paisagem, avaliando a sua maior ou menor capacidade para absorver uma acção externa sem alteração perceptível na sua estrutura visual. As paisagens que apresentam maior fragilidade visual serão aquelas que não suportam actuações externas, sem sofrerem alterações consideráveis nas suas características visuais. Pelo contrário, as de baixa fragilidade, serão as que admitem a presença de acções externas, sem sofrerem modificações visuais de relevo. A avaliação da Fragilidade Visual para cada UP, é também efectuada a partir da combinação de vários factores (Quadro 4.7.3), nomeadamente da acessibilidade visual. A acessibilidade visual pretende medir a ausência ou potencial presença de observadores, assim como a existência de barreiras físicas naturais, determinando as relações visuais existentes entre estradas, caminhos rurais, áreas sociais, panorâmicas de interesse paisagístico, pontos cénicos e a área em estudo. A Sensibilidade da Paisagem indica, por sua vez, o grau de susceptibilidade da paisagem face a uma determinada acção de carácter depreciativo. Através da combinação dos dois indicadores Qualidade Visual e Fragilidade Visual (Quadros e 4.7.3), é possível determinar a vulnerabilidade ou sensibilidade paisagística para cada uma das UP. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-79

160 Quadro Fragilidade Visual da Paisagem (FV) Componentes Atributos UP - Colinas de Rio Maior Ota Biofísicos Relevo 1 Uso do solo 1 Campo Visual Relativo 1 Morfológicos de Posicionamento do Espaço Visualização 1 Relativamente à Bacia Visual Características Histórico-culturais 0 Acessibilidade Visual 1 TOTAL (Σ) 5 Classe de FV Classificação para cada atributo 2 - Elemento Determinante no Aumento da Fragilidade Visual 1 - Elemento Medianamente Determinante no Aumento da Fragilidade Visual 0 - Elemento não Interveniente na Fragilidade Visual Média Classes de Fragilidade Visual (FV) FV > 10 Elevada 5 > FV > 10 Média FV < 5 Baixa Da aplicação dos conceitos acima referidos para a unidade de paisagem identificada e caracterizada, e tendo presente a definição da sensibilidade da paisagem com recurso a uma escala qualitativa de baixa, média e elevada, foi possível determinar a Sensibilidade Paisagística da Unidade em presença (Quadro 4.7.4). Quadro Sensibilidade da Paisagem (SP) Unidade de Paisagem Qualidade Visual Fragilidade Visual UP Colinas de Rio Maior Ota Sensibilidade Paisagística Média Média Média Da análise efectuada foi possível concluir que a Unidade Paisagística de Colinas de Rio Maior Ota, atinge valores de sensibilidade médios, maioritariamente em função da baixa fragilidade e média qualidade que a estrutura aparentemente desinteressante da paisagem lhe confere. 4.8 QUALIDADE DO AR A caracterização da qualidade do ar na zona de influência do empreendimento, baseia-se na análise das condições predominantes locais, na avaliação das informações quantitativas existentes (ou extrapoláveis), no levantamento possível das potenciais fontes poluidoras que poderão contribuir de algum modo para a degradação qualitativa do ar e na percepção da situação, a partir do contacto directo, estabelecido no conhecimento adquirido em visitas ao local Características Gerais da Região O espaço em análise, inserido no concelho de Rio Maior enquadra-se numa região agro-florestal, de relativa intervenção humana. Em termos agro-pecuários destacam-se, sobretudo, as culturas de vinha e a criação de gado suíno. Associada a estas práticas, sublinha-se a presença, na envolvente do corredor em estudo, de várias unidades industriais ligadas à agricultura e pecuária (alimentos para animais, máquinas agrícolas, e curtimentos), à silvicultura (carpintarias e industrias do mobiliário), indústrias extractivas (barro, cimento e cal) e unidades agro-industriais (alimentos, aguardentes e azeites), metalúrgicas, metalomecânicas, e os minerais não metálicos TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

161 4.8.2 Programa de Avaliação da Qualidade do Ar em Portugal O diagnóstico efectuado estendeu-se também à análise dos elementos disponibilizados pelo programa de Avaliação da Qualidade do Ar em Portugal (DGA/FCT-UNL, 2001), resultantes de duas campanhas nacionais de amostragem para o Dióxido de Azoto, Dióxido de Enxofre e Ozono (realizadas em Julho de 2000 e Maio de 2001). As medições foram efectuadas recorrendo ao uso de amostragem por difusão passiva, tendo sido utilizados tubos de difusão sujeitos a um período de 7 dias de exposição por campanha. A amostragem, definida a nível nacional, foi estabelecida a partir de uma malha dividida em quadrículas de 20 por 20 km, quadrículas estas onde se inseriam os pontos escolhidos de cada amostragem. Assim, procedeu-se à escolha dos pontos de amostragem situados mais próximos da zona em estudo, considerando-se, a partir da quadrícula definida a nível nacional, que o ponto 130 seria aquele que se enquadram na região de interesse, cobrindo na sua totalidade uma área global de 60 km por 60 km (dado que se consideram 3 quadrados de 20 km por 20 km) que abrange não só a zona de inserção do empreendimento, mas também a região envolvente, de acordo com a localização apresentada para estes pontos segundo a Avaliação da Qualidade do Ar em Portugal - NO2 e SO2 - Tubos de Difusão; O3 - Tubos de Difusão (DGA/FCT-UNL, 2001). Assim, procedeu-se à escolha dos pontos de amostragem, a partir da quadrícula definida a nível nacional, por forma a cobrir, na sua totalidade a área global em estudo (Figura e Quadro 4.8.1). Área de Estudo Fonte: Avaliação da Qualidade do Ar em Portugal (DGA/FCT-UNL, 2001) Figura Representação Esquemática da Malha Estatística Adoptada na Avaliação Preliminar da Qualidade do Ar em Portugal / Zona em Estudo TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-81

162 Quadro Resultados Obtidos nas 3 Campanhas de Amostragem para o Dióxido de Azoto, Dióxido de Enxofre e Ozono Ponto de Amostragem NO 2 (μg/m 3 ) SO 2 (μg/m 3 ) O 3 (μg/m 3 ) 1ª Camp. 2ª Camp. 1ª Camp. 2ª Camp. 1ª Camp. 2ª Camp ,8 4,7 <1,3 <1,3 64,1 42,6 (a) amostra não analisada, por roubo ou outro; (b) amostra em falta Fonte: Avaliação da Qualidade do Ar em Portugal - NO2 e SO2 - Tubos de Difusão; O3 - Tubos de Difusão (DGA/FCT-UNL, 2001) Tratando-se de valores indicativos, por se inserirem, ainda, num quadro preliminar de avaliação da qualidade do ar, a nível nacional, embora possam ser representativos das condições aproximadas de qualidade do ar ambiente local e, consequentemente, dos níveis de poluição de fundo. Embora os resultados obtidos não possam ser directamente comparados com os valores legislados (por serem referentes a uma média de 7 dias), constituem uma indicação aproximada à zona em estudo, que indicia que os níveis de concentrações locais se situaram abaixo dos valores-limite legislados. Também as conclusões expressas no documento Avaliação Preliminar da Qualidade do Ar em Portugal, no Âmbito da Directiva 1999/30/CE (Agência Portuguesa do Ambiente - APA, Julho 2002), baseadas igualmente nas referidas campanhas, apontam para que na zona em estudo os resultados obtidos para alguns poluentes, designadamente SO 2, NO 2, NO x, PN 10 e Pb, expressam valores de limiar inferior de avaliação no ar ambiente, para registos de fundo, que são ultrapassados em algumas situações, com maior incidência no caso das partículas. Por último, foram ainda analisadas informações recolhidas do programa CORINAIR, promovido pela Agência Europeia do Ambiente (1985), programa este que efectuou o inventário de emissões de poluentes atmosféricos para Portugal (realizado de forma integrada na União Europeia, no que respeita a procedimentos de colheita, tratamento, armazenamento e disseminação de informação). CORINAIR90 apresenta o mais recente inventário publicado (1990), pelo que se tomou como referência na presente análise. Assim recorreu-se a estimativas de emissões dos principais poluentes para as unidades territoriais - NUT s III, de acordo com as unidades territoriais estabelecidas no CORINAIR90, a que correspondem a Sub-Região Lezíria do Tejo e o na qual se insere o concelho de Rio Maior, sendo que os valores apresentados no Quadro traduzem, no contexto nacional, emissões de poluentes pouco significativas. Quadro Emissões Estimadas dos Principais Poluentes na Sub-Região da Lezíria do Tejo - NUT s III Sub-Região da Lezíria Poluentes do Tejo Ton ton/km 2 SOx ,493 NOx ,544 COVNM (*) ,381 CH ,959 CO ,152 CO ,206 N2O ,454 NH ,375 (*) Compostos Orgânicos Voláteis Fonte: CORINAIR90, M.A TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

163 4.8.3 Análise Quantitativa da Informação Regional Disponível A estação de medição da qualidade do ar da Chamusca, apresenta-se como sendo a mais próxima do empreendimento em análise, sendo caracterizada pelo ambiente rural, como influência predominante de fundo, a qual se encontra integrada na rede de medição da Região de Vale do Tejo e Oeste. (Figura 4.8.2). Zona em Estudo Chamusca Fonte: Site da APA (2009) Figura Localização da Estação de Medição da Qualidade do Ar na Região de Vale do Tejo e Oeste face à Zona em Estudo Neste contexto, a área em estudo insere-se na zona de abrangência da Rede da Qualidade do Ar da Chamusca, pelo que se procedeu à análise dos mais recentes dados validados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) (e CCDR Lisboa e Vale do Tejo) para a referida estação. No Quadro apresentam-se os valores máximos horários da concentração dos poluentes registados na referida estação; ressalva-se no entanto o facto desta iniciar o registo dos valores em 2002, não apresentando até ao momento medições de CO. Estação de Monitorização da Chamusca Fonte: Quadro Dados de Qualidade do Ar na Estação de Monitorização da Chamusca (2008) Dióxido deenxofre (SO2) μg/m 3 Máx. Média horária diária Dióxido de Azoto (NO2) μg/m 3 Máx. Média horária diária Ozono (O3) μg/m 3 Máx. horária Máx. 8 horas Partículas < 10 μm (PM10) μg/m 3 Mvx. horário Média diária Partículas < 2,5 μm (PM2,5) μg/m 3 Máx. horário ,6 1,1 50,1 7,3 190,6 174,5 89,9 16,1 60,0 7,7 Em relação ao Ozono foram registados, durante o período de avaliação, 31 excedências do limiar de protecção da saúde humana ( 110 ug/m 3 - valor 8 horas), de acordo com a Portaria n.º 623/96. No que se refere às Partículas, designadamente as PM10 (<10 μm), cujos limites se encontram estabelecidos pelo Decreto-Lei n.º 111/2002, relativamente ao limiar da protecção da saúde humana, verifica-se que esta apenas registou 1 excedência face ao limiar de 50 μg/m 3 (base diária), contudo abaixo do número de excedências permitidas (35). Média diária TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-83

164 Relativamente ao Dióxido de Azoto e Dióxido de Enxofre os registos obtidos evidenciam que não ocorreram excedências dos valores limites estipulados por lei, geralmente de boa qualidade do ar. Em síntese, da avaliação efectuada relativamente aos dados fornecidos durante o ano de 2008 para a estação da Chamusca, pode-se concluir que as concentrações do poluentes atmosféricos indiciam uma baixa degradação da qualidade do ar Índice de Qualidade do Ar (IQar) O Índice de Qualidade do Ar de uma determinada área resulta da média aritmética calculada para cada um dos poluentes medidos, no caso, na estação considerada. De entre os diversos poluentes atmosféricos, focou-se a atenção apenas naqueles que fazem parte do cálculo do índice de qualidade do ar (de acordo com a metodologia preconizada pelo Agência Portuguesa do Ambiente (APA)), não só por fazerem parte deste último, mas também por serem comuns, especialmente nas áreas urbanas e industriais quotidianas. São cinco os poluentes englobados no IQar: Monóxido de carbono (CO); Dióxido de azoto (NO 2 ); Dióxido de enxofre (SO 2 ); Ozono (O 3 ); Partículas finas ou inaláveis (medidas como PM10) O IQar é uma ferramenta que permite: uma classificação simples e compreensível do estado da qualidade do ar. Este índice foi desenvolvido para poder traduzir a qualidade do ar, especialmente das aglomerações existentes no país, mas também de algumas áreas industriais e cidades; um fácil acesso do público à informação sobre qualidade do ar; dar resposta às obrigações legais. O índice varia de Muito Bom a Mau para cada poluente de acordo com a matriz de classificação seguidamente apresentada (Quadro 4.8.4). Independentemente de quaisquer factores de sinergia entre diferentes poluentes, o grau de degradação da qualidade do ar estará mais dependente da pior classificação verificada entre os diferentes poluentes considerados, pelo que o IQar será definido a partir do pior dos qualificativos entre os poluentes considerados (ex.: valores médios registados numa dada área: SO 2-35 µg/m 3 (Muito Bom), NO µg/m 3 (Médio); CO µg/m 3 (Bom), PM10-15 µg/m 3 (Muito Bom) e O µg/m 3 (Mau) o IQar será mau, devido às concentrações observadas para o ozono) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

165 Poluente em Causa / Classificação Quadro Classificação do Índice de Qualidade do Ar proposto (calculado para 2010) CO NO2 O3 PM10 SO2 Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Mau Fraco Médio Bom Muito Bom Fonte: site da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), 2009 NOTA: Todos os valores anteriormente indicados estão em µg/m 3 Na Figura 4.8.3, apresentam-se os Históricos Anuais dos Índices de Qualidade do Ar calculados para o ano de 2005 a 2008 (resultados validados disponíveis) para Vale do Tejo e Oeste, na qual se inclui a estação da Chamusca, indicativos das condições gerais da qualidade do ar registadas nestes anos. Estes resultados, relativos à estação em funcionamento na Chamusca, traduzem apenas alguns episódios em que as concentrações de poluentes atmosféricos se situam acima dos valores estipulados no quadro legal vigente, função sobretudo das emissões do tráfego automóvel. De qualquer forma, é igualmente possível constatar que para além destas situações consideradas episódicas, os valores estatísticos de concentrações de poluentes são reveladores de condições geralmente aceitáveis a boas, no que diz respeito à qualidade do ar local. De acordo com os resultados das medições efectuados na rede de medição da Qualidade do Ar em funcionamento, na estação da Chamusca, o Índice de Qualidade do Ar (IQAr), para o ano de 2008, foi maioritariamente Bom (82,8% dos dias), Muito Bom (4,3% dos dias) e Médio (12,3% dos dias). Contudo, regista-se também, a ocorrência das classes Fraco (0,6% dos dias). Avaliando a contribuição de cada poluente para o índice final registado na estação da Chamusca, constata-se que dos cinco poluentes usados no cálculo do IQAr, apenas as partículas (PM 10 ) e o ozono (O 3 ) foram responsáveis pelo índice final, nas situações em que este foi Médio, Fraco ou Mau. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-85

166 Fonte: Site da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) (Índices de Qualidade do Ar - Dezembro de 2009) Índice de QAr: muito bom; bom; médio; fraco; mau Figura Índice de Qualidade do Ar para a Vale do Tejo e Oeste - Históricos Anuais para 2005 a Análise de Fracção de Poeiras PM 10, na Área Envolvente da Pedreira, em Introdução No âmbito do Programa de Monitorização em curso decorrente da exploração de inertes no Vale da Pedreira, têm sido medidas e caracterizadas as poeiras em suspensão, fracção PM10, por um período de 24 horas consecutivas, em dois locais pré-definidos, na pedreira. Com esta avaliação pretende-se efectuar a análise de conformidade em época seca face aos valores definidos para PM10 no Decreto Leinº111/2002, de 16 de Abril TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

167 De um modo geral, partículas de grandes dimensões depositam-se facilmente nas proximidades dos seus pontos de emissão, enquanto que partículas mais finas podem-se dispersar a longas distâncias. Por exemplo, partículas com diâmetros> 50μm tendem a depositar-se rapidamente enquanto que partículas <10μm têm um pequena taxa de deposição relativa. Partículas grandes (>30μm), responsáveis pelos problemas de empoeiramento (cobertura de edifícios, viaturas, roupas, solo e vegetação vizinha), geralmente depositam-se até cerca de 100 metros da fonte. Partículas de dimensões intermédias (10-30μm) podem se deslocar cerca de m da fonte enquanto partículas finas (<10μm PM10) podemse deslocar a 1 km da fonte ou até mais. Considera-se usualmente que as emissões de material fino apenas ocorrem com teores de humidade nos inertes inferiores a 1.5% (EPA), situação que apenas se verifica nos meses secos de Verão e na ausência de qualquer sistema de humedecimento do material. Desta forma, este tipo de emissões está restrito aos quatro meses secos do ano tipicamente de Junho a Setembro (teores de precipitação média diária inferior a 0,25 mm) que correspondem a 88 dias de laboração da empresa. A suspensão de material proveniente de estradas não pavimentadas constitui tipicamente a principal fonte de emissão de material fino uma vez que nos processos e nas pilhas, o teor de humidade relativa destes é tipicamente sempre superior a 3% Descrição do Programa de Monitorização de Patículas As análises foram efectuadas com base na norma europeia de referência EN Determination of the PM10 fraction of suspended particulate matter constante na secção IV do Anexo XI do Decreto-Lei n.º 111/2002, de 16 se Abril e todos os elementos constantes na NP2266 ( Colheita de ar para análise de partículas sólidas e liquidas ) sendo colhidas e analisados as partículas de dimensão inferior a 10μm (PM10). Foram colocados dois amostradores com caudal constante em locais geograficamente sob influência directa da actividade industrial, tendo sido efectuada a amostragem a caudal constante durante 24 horas consecutivas. A análise é efectuada por gravimetria após estabilização do peso do material colhido em ambiente controlado. Fotografia Sistema de Amostragem Isocinetico com Cabeça PM10 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-87

168 Na selecção dos pontos de amostragem foram tidos em conta o seguinte factores: Amostradores preferencialmente a 1,5 2 metros de altura para traduzir a zona de respiração humana; Não deverão estar localizados próximo de obstruções como edifícios altos e muros devendo estar a pelo menos 0.5 metros do edifício mais próximo; Amostradores devem estar em campo aberto no hemisfério superior, sem copas e árvores ou telheiros (20 m distância mínima dos topos de arvores); Os amostradores não devem estar sob influência de outras fontes pontuais de emissão tais como chaminés, ventiladores, parques de estacionamento e outras fontes importantes de poluição num raio de 50m. As amostragens não devem ser realizadas a menos de 30 m de estadas com tráfego intenso e a menos de 10m de qualquer estrada, salvo se pretenda medir as emissões dessas fontes; No caso de dispositivos orientados para tráfego, estes devem ser instalados a uma distância mínima de 25 metros da esquina dos principais cruzamentos e pelo menos a 4 metros do centro de faixa de rodagem mais próxima; No caso de estes critérios não serem passíveis de aplicação devem ser usados métodos direccionais de amostragem. Na ausência de estação de monitorização em contínuo da qualidade do ar na área de influência da pedreira em questão (com valores anuais de longo termo), colocou-se os amostradores a jusante da direcção dos ventos dominantes no período de amostragem, no sentido de se avaliar a situação mais desfavorável de propagação de material em suspensão, sendo ainda usual obter um valor de concentração de fundo num lugar oposto à direcção dos ventos dominantes. Como a avaliação efectuada utiliza um método de amostragem omnidireccional, a influência de outras fontes de emissão vizinhas foi tida em conta no sentido de se estimar a contribuição de cada uma das demais fontes no valor global obtido. No caso presente foi possível colocar os dois amostradores, no plano do rumo de vento dominante (NW), sendo que nesta situação o Ponto 2 funcionou como concentração de fundo e o ponto 1 como ponto crítico. As amostragens pontuais foram realizadas no sentido de avaliar a situação mais desfavorável de propagação de material em suspensão. Deste modo, um dos pontos de amostragem foi colocado a jusante da direcção dos ventos dominantes no período de amostragem ( ponto crítico ). Foi ainda colocado um amostrador num ponto a montante da direcção dos ventos dominantes, para avaliar a concentração de fundo. O relatório fornecido pelo cliente reporta os resultados das medições efectuadas no dia 03 de Setembro de 2008, dia característico de época seca TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

169 Pontos de Medição Cimenteira Figura Localização dos Pontos de Medição Resultados Obtidos No Quadro apresenta-se os resultados das análises obtidas ao parâmetro PM10 analisado, sendo efectuado o comparativo com o normativo nacional aplicável, concretamente o disposto no Anexo III do Decreto-Lei nº 111/2002 de 16 de Abril. Quadro Comparação com a legislação vigente, das PM10 medidas no local onde será implantada a Fábrica de Cimento. REFERÊNCIA PARÂMETRO BASE DIÁRIA Decreto Lei nº 111/2002 PM10 Valor Medido Ponto a jusante dos ventos 288 (µg.m -3 ) Ponto a montante dos ventos 44 Valor Limite (µg.m- 3 ) 50 Dos valores obtidos é possível verificar que na situação presente analisada se observa que no ponto crítico sito a Sul (downwind) o valor obtido encontra-se acima do valor-limite. Considerando que as emissões irão ocorrer apenas em época seca (88 dias possíveis do ano), significará que existe a possibilidade de excedência legal do valor de 50 μg/m³ em mais 34 dias dos restantes 87, ou seja, em mais 39% dos dias de época seca. Refira-se que as avaliações foram efectuadas no interior da zona de exploração e não junto de receptores sensíveis, pelo que os resultados poderão ser considerados normais face ao tipo de processos existentes nesse locais, nada se TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-89

170 podendo por ora inferir sobra a situação existente junto do receptores sensíveis mais próximos (lugar de Freiria, sito a 2 km a NE). Síntese Interpretativa As PM10 apresentam um valor muito acima do limite diário (50 µg.m-3) no ponto situado a jusante da direcção dos ventos dominantes no período de amostragem. No ponto de amostragem que pretendia avaliar a concentração de fundo durante o período de medição, o valor obtido é elevado, contudo inferior ao valor limite legislado Potenciais Fontes de Poluição Genericamente, a área em estudo enquadra-se numa zona rural com aglomerados populacionais dispersos, a par de áreas industriais com alguma importância, mas relativamente afastadas da área de influência directa do empreendimento. Assim, as principais fontes poluentes estão essencialmente associadas à circulação do tráfego automóvel, destacando-se como vias mais importantes na região, o A15 (Caldas da Rainha - Santarém) e o IC2 (Lisboa - Porto). O concelho em análise é servidos por estradas e caminhos municipais. Na área de estudo, destaca-se a EN114. A rede viária local e regional apresenta-se, actualmente, relativamente desenvolvida, representando uma fonte emissora de poluentes atmosféricos, do tipo linear, importante no contexto da área em estudo. As emissões poluentes geradas pelos escapes dos veículos motorizados, principal causa da degradação qualitativa do ar, são compostas por monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NO x ), hidrocarbonetos (HC), dióxidos de enxofre (SO 2 ), partículas em suspensão (TSP) e chumbo (Pb), entre os de maior significado quantitativo. Em termos regionais, apresenta-se um tecido industrial disperso, ou concentrado, em áreas industriais, constituído em especial por pequenas e médias indústrias, destacando-se os sectores ligados aos laticínios, agricultura, pecuária, extracção de inertes, metalurgia, papel, madeiras entre outras. As emissões de poluentes associadas a este tipo de fontes traduzem-se fundamentalmente em emissões de SO 2 e NO X, proveniente de fontes de queima de combustível (Fuel-óleo ou gasóleo) para produção de energia, ou vapor necessário à produção industrial. Também de referenciar a presença dispersa por toda a região de pedreiras, responsáveis pela emissão de elevados quantitativos de poeiras para atmosfera, cuja deposição é visível e marcante nas suas imediações. A zona de implantação da Fábrica de cimento em estudo situa-se no interior de uma importante exploração de inertes (Pedreira de Rio Maior Tecnovia), onde para além da extracção de inertes também outras actividades: como a britagem, a central de betão e a circulação constante de veículos e maquinaria pesada são geradoras de elevadas quantidades de emissões de material particulado. Também a central de betuminoso a operar nesta pedreira produz efluentes gasosos poluentes, sobretudo resultante do aquecimento do betuminoso e dos processos de combustão inerentes (Fotografias a 4.8.2) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

171 Fotografias a Várias Emissões Atmosféricas dentro da Área da Pedreira Condições de Dispersão Atmosférica As características climáticas e a morfologia do terreno ao longo do corredor em estudo, constituem os principais factores que influenciam a dispersão atmosférica local, e consequentemente a capacidade de depuração e de sedimentação/deposição, relativamente a poluentes gasosos e a partículas emitidas. A análise das condições climáticas regionais, sobretudo das que mais influenciam a dispersão atmosférica, baseia-se na análise dos valores registados nas estação climatológica de Rio Maior (Capítulo 4.2). Quanto ao regime de ventos predominantes assinala-se uma maior frequência do rumo Noroeste (NW), com uma velocidade média anual de ventos que ronda em os 7,3 km/h. A frequência de calma registada, em que a velocidade do vento é inferior a 1,0 Km/h, varia entre 12,0%. Relativamente às condições morfológicas locais, salienta-se o caracter relativamente regular do relevo da região em estudo, embora enquadrada a Norte pelo Sistema Montanhoso da Serra de Aire e Candeeiros a Norte, não ocorre localmente grandes obstáculos orográficos à deslocação das massas de ar. Assim, a qualidade do ar na zona de influência do empreendimento, ainda que se encontre influenciada pela situação regional, marcada por alguma da pressão das zonas urbanas, não regista condições preocupantes de degradação TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-91

172 qualitativa do ar, sendo que o diagnóstico da situação referencial nesta área ambiental é considerado bom, em termos regionais Modelação da Dispersão de Poluentes Nesta fase, tal como referido anteriormente, é efectuada a modelação da dispersão atmosférica de poluentes, considerando as emissões das fontes actualmente existentes no domínio de estudo. Assim, foram consideradas as emissões geradas pelo tráfego rodoviário circulante na EN114, EN361 e IC2 e na A15. O tráfego considerado diz respeito ao ano 2008 para a Auto-Estrada e ao ano 2005 para as restantes vias, correspondendo ao tráfego mais recente disponível para consulta. Foram ainda consideradas as emissões da Pedreira, estimadas por modelação reversa, tal como referido. Na Situação Actual não são apresentados resultados de SO 2, pois não foram inseridas emissões deste poluente no modelo de dispersão, por não terem sido identificadas fontes emissoras de SO 2 no domínio de estudo. Apresentação dos resultados obtidos Dióxido de Azoto As Figuras e apresentam os mapas de distribuição de valores máximos das médias horárias e médios anuais de NO 2, respectivamente. A escala de concentrações aplicada abrange o valor limite horário e anual estipulado no Decreto-Lei nº 111/2002 para este poluente, 200 µg.m -3 e 40 µg.m -3, respectivamente TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

173 Figura Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de NO2 (μg.m-3) verificadas no domínio em análise (Situação Actual) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-93

174 Figura Campo estimado das concentrações médias anuais de NO2 (μg.m-3) verificadas no domínio em análise (Situação Actual) 4-94 TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

175 Síntese Interpretativa Os mapas de distribuição das concentrações máximas horárias e médias anuais de NO 2, mostram que os valores mais elevados deste poluente, ocorrem nos receptores localizados na envolvente próxima do IC2, via que atravessa o domínio; Os valores de NO 2 registados em todo o domínio de análise, apresentam-se numa gama de concentrações bastante reduzida e afastada do valor limite, para ambos os períodos de integração avaliados. No Quadro resume os valores máximos estimados para o NO 2 na Situação Actual e estabelece a sua comparação com os respectivos valores limite legislados. Quadro Resumo dos valores estimados de NO2 e comparação com os respectivos valores limite legislados VE (μg.m -3 Área do domínio (km ) 2 ) com excedências VL Exc. Referência Período em n.º superior ao permitido (μg.m -3 ) Permitidas Sem F2 (1) Com F2 (2) Sem F2 (1) Com F2 (2) 26,3 0 Horário , Decreto-Lei 105,0 0 n.º 111/2002 0,44 0 Anual 40 0,87-0 1,74 0 Legenda: VE Valor Máximo Obtido na Simulação VL Valor Limite (1) Sem aplicação do Factor F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais (2) Com a aplicação do Factor F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro ou metade dos valores estimados Síntese Interpretativa Os níveis máximos horários de NO 2 estimados na Situação Actual são inferiores ao valor limite estipulado para este período de integração com e sem aplicação do factor F2 aos resultados; Em termos anuais os valores estimados são muito reduzidos em todo o domínio, mantendo-se numa gama de concentrações pelo menos uma ordem de grandeza abaixo do valor limite estipulado para o NO 2 Partículas em Suspensão PM 10 As Figuras e apresentam os mapas de distribuição de valores máximos das médias diárias e médios anuais de PM 10, respectivamente. A escala de concentrações aplicada abrange o valor limite diário e anual estipulado no Decreto-Lei nº 111/2002 para este poluente, 50 µg.m -3 e 40 µg.m -3, respectivamente. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-95

176 Figura Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de PM10 (μg.m-3) verificadas no domínio em análise (Situação Actual) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

177 Figura Campo estimado das concentrações médias anuais de PM10 (μg.m-3) verificadas no domínio em análise (Situação Actual) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-97

178 Síntese Interpretativa Os mapas de distribuição das concentrações máximas diárias de PM 10, mostra que uma parcela significativa do domínio apresenta valores máximos diários acima 50 μg.m -3, sendo que os valores mais elevados ocorrem na Pedreira e envolvente próxima. As manchas apresentadas na Figura IV-7, superiores ao valor limite para protecção da saúde humana atingem os aglomerado populacionais mais próximos, como Alto da Serra, Freiria, Casais da Memónia, Casal do Rei, Venda da Nataria, Santa Susana, Bairradas, Casais dos Silvas e Vale de Óbidos. È de realçar que a Pedreira se encontra envolta por um manto de árvores que não fizeram parte do projecto de modelação, e que constituem um obstáculo natural á dispersão das massas de ar que provêm da Pedreira; O campo de concentrações médias anuais, por sua vez, mostra um foco de concentrações em excedência do valor limite para a protecção da saúde humana na zona da pedreira, a partir do qual os valores diminuem gradualmente para todas as direcções, atingindo-se concentrações reduzidas (inferiores a 20 μg.m -3 ) nas zonas de aglomerados populacionais. As manchas representativas de valores mais elevados apresentam uma configuração concordante com a direcção de vento mais frequente, com uma tendência de se estender para Sudeste. No Quadro resume-se os valores máximos estimados para as PM 10 na Situação Actual e estabelece a sua comparação com os respectivos valores limite legislados. Quadro Resumo dos valores estimados de PM10 e comparação com os respectivos valores limite legislados Referência Período VL (μg.m -3 ) VE (μg.m -3 ) Sem F2 (1) Com F2 (2) Exc. Permitidas 547 Diário Decreto-Lei ,00 n.º 111/ ,4 Anual 40 84,8 169,6-0,75 Legenda: VE Valor Máximo Obtido na Simulação VL Valor Limite (1) Sem aplicação do Factor F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais (2) Com a aplicação do Factor F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro ou metade dos valores estimados Síntese Interpretativa Área do domínio (km 2 ) com excedências em n.º superior ao permitido Sem F2 (1) Com F2 (2) O valor máximo diário de Pm10 estimados é muito elevado, excedendo com uma margem muito significativa o valor limite estipulado para a protecção da saúde humana, com e sem aplicação do factor F2. Contudo, estas excedências ocorrem em mais de 35 dias no ano, num número reduzidos de receptores localizados na zona da pedreira e envolvente. De facto, as áreas afectadas por valores em incumprimento atingem o valor máximo de 3,5 km 2 (0,88% do domínio), no caso de se aplicar o factor F2 mais conservativo aos resultados, e não abrangem os aglomerados populacionais existentes na envolvente da pedreira; Os valores médios anuais, por sua vez, também apresentam ultrapassagem do valor limite com e sem aplicação do factor F2 aos resultados estimados. Assumindo que os valores estimados são representativos dos valores reais, observa-se o incumprimento do valor limite em 0,75 km 2, o que corresponde a 3 receptores (0,19% do domínio). Com aplicação do factor F2 aos resultados o número de receptores aumenta para o dobro, atingindo-se 0,38% do domínio (1,5 km 2 ). Da aplicação do factor mais permissivo resulta apenas um receptor em incumprimento do valor limite, o que corresponde a 0,25 km 2 (0,06% do domínio). 0,75 3,50 0,25 1, TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

179 4.9 AMBIENTE SONORO O ruído constitui um factor de degradação do ambiente podendo causar impactes negativos ao nível de saúde física e comportamental das populações afectadas. A incomodidade devida ao ruído resulta essencialmente da sua intensidade, traduzida pelo critério de exposição máxima, e da emergência relativamente ao ambiente sonoro existente, regulada pelo critério de incomodidade. A prevenção do ruído e controle da poluição sonora, visando a salvaguarda da saúde humana e o bem-estar das populações, encontra-se patenteada no Regulamento Geral do Ruído, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro, de cujo âmbito fazem parte as actividades ruidosas, permanentes e temporárias, e outras fontes de ruído susceptíveis de causar desconforto. A implantação de uma fábrica de cimento poderá causar alterações no ambiente sonoro, na fase de construção, exploração e desactivação, sendo de particular importância o ruído na fase de exploração. A intensidade do ruído na fase de exploração e o carácter permanente da sua duração podem determinar situações de incomodidade. Para efectuar esta análise foram inicialmente avaliadas as condições acústicas actuais, por forma a estabelecer um referencial à identificação de impactes, tendo sido efectuadas medições na área de implantação da fábrica e na sua envolvente para conhecer os actuais níveis de ruído associados as actividades que presentemente influenciam o ambiente local Enquadramento Normativo As medições para caracterização do ambiente sonoro actual foram efectuadas tendo em conta a normalização portuguesa aplicável: NP :1996 (Descrição e medição do ruído ambiente Parte 1: Grandezas fundamentais); NP :1996 (Descrição e medição do ruído ambiente Parte 2: Recolha de dados relevantes para o uso do solo); NP :1996 (Descrição e medição do ruído ambiente Parte 3: Aplicação aos limites do ruído). Foi ainda considerado o documento Procedimentos Específicos de Medição de Ruído Ambiente, de Abril de 2003, do Ex- Instituto do Ambiente, actual Agência Portuguesa do Ambiente (APA) Descrição da Área em Estudo A área em estudo é a envolvente da actual pedreira de Vale da Pedreira, sendo atravessada pelo IC2 e pela EN 114, e localiza-se a Oeste da cidade de Rio Maior, concelho de Rio Maior. Nesta área identificaram-se como receptores potencialmente expostos ao ruído da exploração da Fábrica de Cimento nas localidades de Vales, Quintão, Alto da Serra e um lugar designado por Jugadouro, pertencentes à freguesia de Rio Maior. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE. 4-99

180 O ambiente sonoro destes locais é influenciado pelo tráfego rodoviário da EN114 e do IC2 e pelo funcionamento da actual Pedreira. Consideraram-se 4 situações objecto de análise e o levantamento foi efectuado na área envolvente à zona de implantação da unidade Cimenteira. Os receptores sensíveis potencialmente expostos ao ruído agrupam-se em situações que se encontram identificadas e descriminadas no quadro seguinte. Consta do Desenho 1349-EA Localização dos pontos de Medição de Ruído, a identificação dos locais das situações analisadas. Quadro Identificação e Descrição das Situações Analisadas Situação Ponto de medição 1 P1 Localização da situação A Sudoeste da Cimenteira, na EN114, junto ao Entroncamento com a EM 1467 Distância à Cimenteira * 1200 m Descrição da situação Capela da Sra. da Luz, edifício com 1 piso, próximo da povoação de Vales. 2 P2 A Noroeste da Cimenteira, ao longo da EM m Diversos edifícios de habitação e edifícios de pecuária, com 1 piso, em lugar designado por Quintão. 3 P3 4 P4 A Nordeste da Cimenteira, com acesso por estrada de terra batida, junto ao IC2 A Sudeste da Cimenteira, junto à EN 114 * Distância aproximada ao limite da área de implantação da Cimenteira m 1070 m Dois edifícios de habitação, com 1 e 2 pisos, próximos da povoação de Alto da Serra. Um edifício de habitação, com 1 piso, em lugar designado por Jogadouro, próximo da povoação de Freiria. As medições realizaram-se no(s) receptor(es) mais próximo(s) da Cimenteira, em 4 pontos representativos das situações consideradas. Foram ainda efectuadas medições no ponto de medição identificado como P5 representativo do ambiente sonoro actual junto à entrada Sul da pedreira Caracterização do Ambiente Sonoro Actual Equipamento de Medição O equipamento utilizado nas medições constou de: Sonómetro da marca Bruel & Kjaer, modelo 2260, n.º de série ; Anemómetro AIRFLOW LCA6000; Termohigrómetro da marca Rotronic AG. Os equipamentos são sujeitos, de acordo com os termos regulamentares, a operações periódicas de verificação metrológica, em laboratório acreditado para o efeito. Resultados das Medições As medições foram efectuadas no dia 20 de Novembro de 2008, recolhendo-se amostras durante os períodos diurno, entardecer e nocturno, nas condições meteorológicas apresentadas no Quadro Quadro Condições Meteorológicas TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

181 Ponto de medição Temperatura do ar [ºC] Velocidade do vento [m/s -1 ] Humidade relativa [%] P.d. P.e. P.n. P.d. P.e. P.n. P.d. P.e. P.n. P n.a. n.a. n.a P n.a. n.a. n.a P n.a. n.a. n.a P n.a. n.a. n.a P n.a. n.a. n.a P.d. Período diurno P.e. Período do entardecer P.n. Período nocturno n.a. Nada a assinalar Níveis Sonoros Apresentam-se no Quadro os valores dos níveis sonoros, em termos de nível sonoro contínuo equivalente, L Aeq (R) para os indicadores L d (diurno), L e (entardecer) e L n (nocturno), a partir das medições efectuadas in situ e para o indicador L den (diurno/entardecer/nocturno) calculado. Da análise deste Quadro em comparação com os valores legalmente definidos e considerando que se está perante uma zona não classificada, verifica-se que o valor do limite legal [63 db(a)] para o indicador de ruído diurno-entardecernocturno, L den, é excedido nos pontos P1, P4 e P5. Por sua vez, o indicador nocturno, L n, apresenta valores superiores ao limite legal [53 db(a)] nos pontos P1, P3, P4 e P5. Apenas na Situação 2 se verifica a influência do funcionamento da pedreira. Ponto de medição Situação Quadro Caracterização do Ambiente Sonoro Actual (Situação de Referência) Situação de Referência LAeq(R) Ld Le Ln Lden Fontes de Ruído P Tráfego rodoviário da EN 114 e tráfego rodoviário distante do IC2 P Tráfego rodoviário distante do IC2 e funcionamento da Pedreira no período diurno (entre as 8h e as 17h) P Tráfego rodoviário do IC2 P Tráfego rodoviário da EN 114 e tráfego rodoviário distante do IC2 P5 2 (3) Tráfego rodoviário da EN 114, tráfego rodoviário do IC2 (especialmente devido à zona do viaduto) e tráfego de veículos pesados de acesso à Pedreira, em período diurno (entre as 8h e as 17h) Ld Indicador de ruído diurno Le Indicador de ruído do entardecer Ln Indicador de ruído nocturno Lden Indicador de ruído diurno-entardecer-nocturno 1 Indicador calculado com base nos valores medidos com a Pedreira em funcionamento (entre as 8h e as 17h) e com a Pedreira parada (entre as 17h e as 20h); 2 Ponto junto à entrada Sul da actual Pedreira; 3 Não corresponde a qualquer situação potencialmente exposta. Evolução do Ambiente Sonoro na Ausência do Projecto Tendo em conta a importância que o tráfego rodoviário da EN114 e do IC2 tem no ambiente sonoro das situações analisadas a sua evolução dependerá sempre do ruído dessas infra-estruturas de transporte, sendo de prever um crescimento de tráfego e consequentemente um crescimento dos níveis de ruído. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE

182 Quanto ao ambiente sonoro influenciado pelo funcionamento da actual pedreira não se prevê um aumento dos níveis sonoros. Importa ainda considerar que se encontra-se em fase de projecto a Linha de Alta Velocidade que poderá influenciar o ambiente sonoro nas situações 1, 2 e 3, com valores de: Situação 1: L den e L n < 35 db(a); Situação 2: 50 db(a) L den 53 db(a) e 40 db(a) L n 45 db(a); Situação 3: L den e L n < 35 db(a) ASPECTOS SÓCIOECONOMICOS Este capítulo tem por objectivo assegurar a definição do quadro diagnóstico demográfico e social do espaço onde se insere a área de estudo, considerando os parâmetros social e económico, numa abordagem metodológica e dirigida, segundo uma visão enquadradora do território a diferentes escalas de análise Metodologia e Considerações Prévias De acordo com a Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins estatísticos actualmente em vigor, que tem por base o Decreto-Lei n.º 244 / 2002, de 5 de Novembro e o Regulamento (CE) n.º 1059 / 2003 do Parlamento Europeu e do Conselho de 26 de Maio de 2003, publicado no JOCE L 154, de 21 de Junho de 2003, o projecto em apreço irá desenvolver-se em apenas uma freguesia (Rio Maior), pertencente ao concelho de Rio Maior, que se insere na sub-região da Lezíria do Tejo (NUT III), região Alentejo (Figura ). A região Alentejo é constituída por cinco sub-regiões: Alentejo Litoral, Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo e Lezíria do Tejo. NUT II NUT III Concelho Freguesia Região Alentejo Sub-Região da Lezíria do Tejo Rio Maior Rio Maior A implementação da Fábrica de Cimento de Rio Maior, que terá como objectivo o fabrico de Cimento Portland, através de uma linha de via seca, com capacidade instalada para t/ano, será instalada no limite interior da Pedreira n.º Vale da Pedreira. Com o objectivo de decompor correctamente os dados essenciais para a realização deste projecto, a informação apresentada baseia-se na análise do quadro socio-demográfico e económico do concelho de Rio Maior e do seu confronto com a sub-região e região onde se insere, Continente e Portugal. As escalas de abordagem serão efectuadas a dois níveis distintos: um primeiro, mais geral, que terá como referência o concelho, e um segundo, mais detalhado, onde se fará a análise ao nível das freguesias. A informação de base utilizada na caracterização social e económica é proveniente de informação disponibilizada pela Câmara Municipal de Rio Maior, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em particular no que respeita aos dados compilados nos Anuários Estatísticos Regionais, nos Recenseamentos Gerais da População e da Habitação e no Recenseamento Geral Agrícola, assim como, no levantamento de campo efectuado TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

183 Figura Enquadramento do Concelho na NUTIII Lezíria do Tejo Enquadramento Regional As últimas quatro décadas do Século XX impuseram profundas transformações políticas, económicas e sociais na sociedade portuguesa, alterações essas sem precedentes, que tiveram efeitos muito vastos na população portuguesa, nomeadamente nos aspectos da distribuição e estrutura urbano-demográfica. De facto, no Continente português, a população residente aumentou de 7,8 milhões para 10,4 milhões, entre 1950 e 2001; o Continente urbanizou-se e reforçou territorialmente as suas diferenças populacionais. Fruto dessas transformações verifica-se hoje que a distribuição geográfica da população apresenta a maior densidade populacional na faixa litoral, entre Viana do Castelo e a Península de Setúbal, com particular destaque para as Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, incluindo as áreas até onde se faz sentir a sua influência. Refere-se ainda que este fenómeno também se tem verificado na maioria dos concelhos do litoral Algarvio. Neste quadro de mudança, o território da Lezíria do Tejo, surge como unidade espacial com estruturas económicas e sociais distintas, embora enquadradas num único território a região Alentejo. A sub-região da Lezíria do Tejo é composta por onze concelhos: Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém. De um modo geral, no último período intercensitário ( ), a Sub-Região regista um pequeno aumento populacional, as taxas de natalidade são inferiores às taxas de mortalidade e existe uma tendência para o envelhecimento populacional. Actualmente, o sector terciário é o grande motor de desenvolvimento da NUT III Lezíria do Tejo, determinando a sua actual estrutura económica, que se assemelha em parte à base económica nacional, embora com valores inferiores a Portugal, dado o importante papel do Sector Primário que desempenha uma referência no desenvolvimento deste Território. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE

184 A Lezíria do Tejo é considerada um território estratégico por toda a atractividade que representa, garantindo o acesso a qualquer tipo de bens e serviços às populações distribuídas essencialmente pela Área Metropolitana de Lisboa, que motivadas pelas substanciais melhorias nas acessibilidades rodoviárias, estabelecem fortes ligações socioeconómicas com a Sub-Região Caracterização do Concelho da Área em Estudo Caracterização Demográfica A região Alentejo, de 1981 para 1991 e de 1991 para 2001, regista um decréscimo populacional de 6% e 0,7%, assim como a sub-região Lezíria do Tejo, mas apenas para o período entre 1981 e 1991 (-0,5%), dado que entre 1991 e 2001 registou um aumento de população residente (3,4%). Rio Maior afigura um acréscimo populacional de 4,9%, um valor semelhante ao apresentado por Portugal, manifestando uma percentagem que denota que este concelho oferece boas condições relativamente à fixação de população, salientando o papel fundamental que desempenha na sua proximidade a Lisboa. (Figura ). Fonte: INE CENSOS 1991, 2001 Figura Taxa de Variação Populacional entre e Relativamente à densidade populacional, a região Alentejo regista um valor muito inferior ao de Portugal para 2001 (Quadro ), (24,6 hab./km 2 e 112,4 hab./km 2 ). Este indicador, quando observado para a sub-região Lezíria do Tejo e concelho de Rio Maior apresenta-se igualmente como pouco significativo (56,3 hab./km 2 e 77,4 hab./km 2 ) o que se poderá justificar sobretudo, pela considerável área de que ambos dispõem (4,275 km² e 272,8 km²). Unidades Territoriais Quadro População Residente, Densidade Populacional e Área, 1981 a 2001 População Residente Área (km²) Densidade Populacional Portugal ,1 106,7 107,1 112,4 Continente ,1 104,9 105,3 110,8 Alentejo * * , ,6 Lezíria do Tejo ,0 54,8 54,5 56,3 Rio Maior ,8 72,9 73,8 77,4 Fonte: INE CENSOS 1991, 2001 e Anuário Estatístico da Região Alentejo, TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

185 A população estrangeira presente na região Alentejo em 2001 é de cerca de 1,3%, um valor inferior ao de Portugal (3,4% de estrangeiros), sendo indício da menor atractividade que algumas sub-regiões pertencentes a esta NUTII oferecem às populações. A Lezíria do Tejo apresenta uma percentagem de residentes estrangeiros de 2%, o que representa exactamente indivíduos. As nacionalidades mais representadas são a dos indivíduos oriundos de outros países fora da EU e dos PALOP (27,5% e 19,2%). No mesmo sentido, em Rio Maior a percentagem de população residente estrangeira, ainda mais se distancia do valor nacional. Em 2001, existem 1,7% de estrangeiros residentes, correspondendo a 242 estrangeiros, oriundos tal como na sub-região, de outros países fora da UE e dos PALOP (45,9% e 12,8%). Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001 Figura População Estrangeira Residente por Nacionalidade, em 2001 Dados referentes à Taxa de Natalidade para 2001 e 2007, revelam valores inferiores comparativamente à Taxa de Mortalidade na região Alentejo, assim como para a NUT III - Lezíria do Tejo e o respectivo concelho em análise, o que contraria a tendência nacional, onde a Taxa de Natalidade embora que ligeiramente, é ainda superior à Taxa de Mortalidade (Figura e ). O município de Rio Maior apresenta valores inferiores aos nacionais quanto à Taxa de Natalidade (9,7 Portugal e 8,9 Rio Maior para 2007), bem como no que respeita à Taxa de Mortalidade que ostenta uma taxa superior em 1,5 pontos percentuais (9,8 - Portugal e 11,3 Rio Maior). A diferença entre as duas taxas apresenta-se como negativa nos territórios da Lezíria do Tejo e Rio Maior, resultando um saldo fisiológico negativo e numa Taxa de Excedente de Vidas em 2007 de -2,8 na NUT III e de -2,4 no Concelho. TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE

186 Fonte: INE CENSOS 2001 e Dados Estatísticos Figura Taxa de Natalidade em 2001 e 2007 Fonte: INE CENSOS 2001 e Dados Estatísticos Figura Taxa de Mortalidade em 2001 e 2007 Analisando a população residente e decompondo o volume populacional identificado nos diversos grupos etários que o constituem, é possível aferir que, entre 1991 e 2001, existe uma diminuição do peso do grupo etário dos mais jovens em todas as unidades territoriais em estudo e um aumento do grupo etário dos mais idosos, sendo a proporção deste grupo (65 e mais anos) superior ao grupo dos jovens (0 aos 14 anos), o que vai de encontro à tendência nacional (Figura e ) TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

187 Fonte: INE CENSOS, 2001 Figura População Residente por Grandes Grupos Etários, em 1991 Fonte: INE CENSOS, 2001 Figura População Residente por Grandes Grupos Etários, em 2001 De facto, um dos problemas com que o concelho se depara é o perigo para o envelhecimento da população, embora de uma forma menos gravosa, comparativamente a concelhos situados no interior do país ou na região Alentejo Interior, por exemplo. O grupo etário dos 0 aos 14 anos, que em 1991 representa 18,9% da população de Rio Maior, dez anos depois representa apenas 15,4% da população residente. Em contrapartida, a representatividade da população com 65 e mais anos aumentou de 15,6% para 18,3%, tendência que se fez sentir em todas as unidades territoriais, de forma ligeiramente mais gravosa (Figura ). TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE

188 Fonte: INE CENSOS, 2001 Figura Variação Populacional por Grandes Grupos Etários, entre 1991 e 2001 A redução do peso das classes etárias mais jovens, mais do que o aumento da representatividade da população mais idosa, tem conduzido a um progressivo aumento do Índice de Envelhecimento, que resulta do processo de transição demográfica em curso, o que constitui um grave problema actual para a renovação das gerações, bem como, elevados custos sociais. Com efeito, o Índice de Envelhecimento no concelho em apreço apresenta, entre 2001 e 2007, um agravamento geral, que reflecte a tendência nacional, regional e sub-regional onde se insere. O valor registado para Rio Maior (120 idosos por cada 100 jovens em 2001 e 131,3 em 2007) é substancialmente superior ao de Portugal (104,2 idosos por cada 100 jovens em 2001 e 113,6 em 2007). As consequências deste envelhecimento populacional traduzem-se em dificuldades sociais e económicas, tais como as pressões sobre os regimes de pensões e finanças públicas, os crescentes cuidados de saúde e de assistência a pessoas idosas e no declínio da população activa e envelhecimento da mão-de-obra existente (Figura ). Fonte: INE Dados Estatísticos Figura Índice de Envelhecimento, 1991 e TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE.

189 Análise das Pirâmides Etárias Uma pirâmide etária é um histograma que oferece uma representação precisa da população, possibilitando uma visão de conjunto da sua repartição por sexos e idades, bem como a sua evolução demográfica ao longo dos anos. De um modo geral, podem ser considerados quatro tipos de pirâmides etárias: Pirâmide em acento circunflexo caracteriza-se por ter uma base larga e topo estreito, característica de um país em desenvolvimento com elevadas taxas de natalidade e mortalidade; Pirâmide de transição ou adulta caracteriza-se pelo centro ser tão largo quanto a base e geralmente é característica de países que começam a beneficiar de progressos ao nível da medicina que diminuem a mortalidade e conservam a natalidade; Pirâmide decrescente ou idosa caracteriza-se por a base ser mais estreita que as partes intermédias, onde o envelhecimento da população é acentuado, quanto maior for o volume da secção intermédia. É típica dos países desenvolvidos, onde se registam grandes quebras nos índices de natalidade, associados a uma elevada esperança média de vida; Pirâmide rejuvenescente caracteriza-se pela diminuição do volume da parte intermédia, apresentando um peso importante do volume de adultos e idosos e também uma recuperação registada na base da pirâmide devido ao aumento recente da natalidade. A pirâmide delineada para o concelho de Rio Maior em 2001 indica que, a pirâmide é do tipo decrescente ou idosa, como se poderá constatar pela figura apresentada de seguida: Fonte: INE CENSOS, 2001 Figura Pirâmide Etária do Concelho de Rio Maior, 2001 De um modo geral, poder-se-ão traduzir as principais características demográficas do concelho e freguesia em análise através destas pirâmides. É perceptível o processo de envelhecimento da população do concelho e freguesia de Rio Maior (cujo tipo de estrutura é comum dos países desenvolvidos), provocado pela quebra da taxa de natalidade nos últimos TOMO 1 - RELATÓRIO SÍNTESE

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