COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO DE ALGODÃO

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1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO DE ALGODÃO Ticiana Leite Costa 1 Francisco das Chagas Vidal Neto 2 Francisco Jardel Rodrigues da Paixão 1 Regilane Marques Feitoza 1 Luciana Façanha Marques 1 Dyalla Ribeiro 3 RESUMO Este trabalho teve o objetivo de avaliar a composição do óleo nas sementes de cultivares e linhagens de algodoeiro produzidas pela Embrapa Algodão, em relação aos constituintes químicos, para fins de melhoramento genético. Foram avaliados sete genótipos de algodão do Programa de Melhoramento Genético da Embrapa Algodão, produzidas sob irrigação, na Estação Experimental de Barbalha-CE: BRS-VERDE, CNPA , BRS-201, BRS-200, TB-90 e CNPA Foram determinados os índices de acidez, saponificação, e iodo. Houve presença de significância estatística apenas quanto ao indice de acidez. Verificou-se ainda a existência de uma variação entre os genótipos estudados, indicando que é possível selecionar materiais para melhorar as características quantitativas e qualitativas do óleo de algodão. Palavras chave: Gossypium hirsutum, composição química, melhoramento genético. 1 INTRODUÇÃO As sementes de algodão são excelentes fontes de óleo e proteína de baixo custo para formulações alimentícias. Por causa do alto teor destes constituintes e da qualidade dos seus ácidos graxos e aminoácidos, eles representam uma fonte alimentícia importante para suplementar dietas deficientes em proteínas nas áreas mais pobres do mundo (GILHAM, FERREIRA e FREIRE, 1999). A obtenção de óleo das sementes é facilitada pelo rompimento do tecido e das paredes das células, diminuindo a distância entre o centro da semente e sua 1-Mestranda em Eng. Agrícola, UFCG/COPEAg,, Campina Grande, PB, ticianaleitecosta@yahoo.com.br; fcojardel@gmail.com 2 Pesquisador Dr. da Embrapa Algodão, Campina Grande, PB, Campo Experimental de Barbalha, CE; 3-Tecnóloga de Alimentos, Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Ceará, CENTEC. , dyalla_ribeiro@hotmail.com. 516

2 superfície e aumentando a superfície de saída de óleo e a desintegração dos grãos ativa as enzimas celulares, especialmente a lipase e a peroxidase, o que têm um efeito negativo sobre a qualidade do óleo (MORETTO e FETT, 1988). O Óleo produzido pelo algodoeiro esta entre os sete mais importantes do mundo, e como ocorre com a maioria dos grãos oleaginosos, dois terços de sua produção são triturados para o preparo de um óleo comestível. Além de bastante rico em vitamina E (alta tocoferol) antioxidante natural, bastando apenas a ingestão de 11g diárias, segundo Bauredy e Hau, citado por Marquie e Hequet (1994). Este tem, como todos os outros óleos, quantidades variáveis de substâncias não glicerídicas, e principalmente ácidos graxos livres. Devido às variações climáticas, a qualidade do óleo pode variar a cada ano, mesmo quando consideramos uma mesma região (MORETTO e FETT, 1998). Pesquisas realizadas têm demonstrado a existência de variabilidade genética, de modo a permitir a seleção de materiais melhorados para produção e qualidade do óleo, sem afetar o desempenho da fibra. Com base nessas considerações, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de quantificar e qualificar os índices de acidez, iodo e saponificação de seis genótipos de algodão herbáceo adaptados às condições do nordeste do Brasil. 2 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Bromatologia do Instituto Centro de Ensino Tecnológico CENTEC, utilizando-se sementes de algodão de três genótipos com línter e três deslintadas quimicamente, listados na tabela 1, oriundo do Programa de Melhoramento Genético da Embrapa Algodão, produzido na Estação Experimental de Barbalha CE, no ano agrícola de Óleo bruto utilizado para as amostras foram obtido pelo processo de extração por solvente, após foi feito as análises determinações químicas dos índices de acidez, iodo e saponificação.os índices de acidez, iodo e saponificação foram analisados seguindo-se as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985), descritas no volume 1 Métodos Químicos e Físicos para Análises de Alimentos, em que o índice de iodo foi medido empregando-se o Método Hubl, que utiliza a solução de iodo e cloreto de mercúrio; o de acidez, por titulação com solução padronizada de álcali de acidez do alimento, empregando a fenolftaleína como indicador do ponto de titulação; igualmente determinou-se o índice de saponificação empregando-se como titulante a solução alcoólica de KOH. 517

3 As análises dos dados dos índices de acidez, iodo e saponificação foram feitos utilizando-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com três repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias dos fatores quantitativos comprovadas pelo teste de Tukey e 5% de probabilidade. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos na análise de variância dos dados das sementes de algodão herbáceo (índice de acidez, iodo e saponificação) encontram-se na Tabela 1 e 2. Na tabela 1 está os quadrados médios das Características Químicas do óleo das sementes de sete genótipos de algodão herbáceo produzidos pela Embrapa Algodão. Na tabela 2 são apresentados os valores médios dos tratamentos. TABELA 1 Quadrados médios das Características Químicas do óleo do caroço de sete genótipos de algodão herbáceo produzidos pela Embrapa Algodão. Juazeiro do Norte-Ce, Causas de Variação G.L Índice de Acidez Quadrado Médio Índice de Iodo Índice de Saponificação Variedade 6 0,13824** 67,33984 ns 358,93405 ns Resíduo 13 0, , ,43896 Total 19 CV(%) 10, , ,06438 * Significativo a 5% de probabilidade ** Significativo a 1% de probabilidade I - Índice de acidez: Observa-se a presença de significância estatística indicando a presença de variação entre os genótipos.(tabela 1). O índice de acidez variou de 0,14 I.A (BRS 200) a 0,67 I.A (BRS Verde), com média de 0,39 I.A. Conforme ANGELLUCI et al (1987), um óleo e considerado de baixa qualidade quando o teor de acidez for maior que 1%. (tabela 2). Portanto a variedade BRS-200 é considerada a melhor para o beneficiamento, pois apresentou o índice mais baixo entre todas as outras em estudo. 518

4 II - Índice de iodo: Observa-se que não houve variações significativas entre os diversos genótipos. (tabela 1). O índice de iodo variou de 69,9 I.I (BRS verde) a 82,8I.I (CNPA-1682), Como mostra na tabela 2, com média de 76,3 I.I. Segundo CECCHI (2003), o óleo em estudo pode ser classificado como semi-seco, pois se encontrou no intervalo de Porém, ARAUJO (1995) quando a faixa for <100, ele classifica como não secante. III - Índice de saponificação: Não houve variações significativas entre os diversos genótipos. Como mostra na tabela 1. O índice de saponificação variou de 184,3 IS (BRS verde) a 212,4 IS (TB-90), com média de 190 I.S Segundo ARAUJO (1995) o índice de saponificação do óleo de algodão deve ser de 193 IS, se obteve resultado próximo a literatura, justificado pelo uso do óleo em estudo ser um óleo bruto e não refinado, conforme analisados em algumas referências estudadas. TABELA 5 Médias dos Resultados obtidos quanto ao índice de acidez, iodo e saponificação do óleo do caroço do de sete genótipos de algodão herbáceo produzidos pela Embrapa Algodão. Juazeiro do Norte-Ce, VARIEDADES Acidez (%) Índice de Iodo Índice de Saponificação BRS-VERDE 0,66 a 69,6 a 183,2 a CNPA ,17 b 81,8 a 197,8 a BRS-201 0,21 b 80,1 a 173,6 a BRS-200 0,14 b 79,5 a 197,8 a TB 90 0,60 ab 80,4 a 207,0 a CNPA ,50 bc 71,7 a 193,8 a CNPA ,40 c 75,9 a 189,61 a Médias seguidas da mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 4 CONCLUSÕES Não houve diferença entre os genótipos para índice de iodo e de saponificação. A variação existente entre os genótipos indica que é possível selecionar materiais para melhorar as características quantitativas e qualitativas do óleo de algodão. Todos os óleos podem ser considerados de boa qualidade, pois, o índice de acidez apresentou inferior a 1%. 519

5 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGELLUCCI, E., CARVALHO, L.R;CARVALHO, N.R.P.; FIGUEIREDO, B.I; MANTOVANI, B.M.D.; MORAES, M.R. Análise química de alimentos: manual Técnico. Campinas, SP. 1987,123p. ARAUJO, C.N.l.; MAIA, G.ª; NUNES, R de P.; GUEDES, Z.B de L.; MONTEIRO, J.C.S.Caracterização de doze genótipos de girassol ( Helinathus annuus L.) obtidos sob condições climáticas do estado do Ceará. Pesquisa Agropecuária Brasileira. V.29,n. 6, p ,1994 CECCHI, Heloisa Máscia. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2 a ed, Editora Unicamp, Campinas-SP:,2003. CHERRY, J.P. E LEFFLER, H.R. Seed. In: KOHEL, R.J. E LEWIS, C.F. (Ed.) Cotton. Madison: American Society of Agronomy, p CHERY, JP, LEFFLER, HR Seed IN: KOHEL,R.J.,LEWIS,C.F eds Cotton. Madison Wisconsin American Society of Agronomy, FREIRE, R.M.M. et al. Composição química de linhagens e cultivares de algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. r. latifolium H). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 2., Ribeirão Preto, Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1,999. p INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análises de alimentos. São Paulo V.1, p , , MARQUIÉ C; HEQUET. E, O algodoeiro sem gossipol: utilização do caroço de Algodão na alimentação. CIRAD, França, p. 1-13,1994. MARQUIÉ C;HEQUET.E, Estudo Preliminar: Projeto de cultura Algodão Glandless no estado do Ceará (Brasil), CIRAD, França, p.1-10,1994. TRÊS caminhos para o Nordeste. In: Beling, R.R. ed. Anuário Brasileiro do Algodão Santa Cruz do Sul: Gazeta Grupo de Comunicações, p MORETTO, E.; FETT, R. Definição de Óleos e Gorduras Tecnologia de óleos e gorduras vegetais na indústria de alimentos. São Paulo: Varella, p.7-8 e p ALGODÃO. Aboissa Óleos vegetais, Disponível em: < Acesso em: 31/05/