MANEJO DE PLANTIO E ORDEM DO RACEMO NO TEOR DE ÓLEO E MASSA DE SEMENTES DA MAMONEIRA
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- Bianca Paixão Lancastre
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1 MANEJO DE PLANTIO E ORDEM DO RACEMO NO TEOR DE ÓLEO E MASSA DE SEMENTES DA MAMONEIRA Anielson dos Santos Souza¹ e Francisco José Alves Fernandes Távora². Universidade Federal do Ceará 1 anielsonsantos@gmail.com, 2 tavora@ufc.br. RESUMO - A mamoneira constitui-se em grande potencial para a economia do semi-árido nordestino. O óleo extraído de suas sementes é de elevada importância devido a sua versatilidade química, sendo utilizado na fabricação de inúmeros produtos. O trabalho teve como objetivo avaliar a variação no teor de óleo e massa de sementes de diferentes ordens de racemos da mamoneira. O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental do Vale do Curu, no município de Pentecoste - Ceará. O solo foi preparado e adubado convencionalmente. A semeadura da cultivar BRS 149 foi feita no espaçamento 1,5m x 1,0m. O delineamento foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3x8, sendo 3 ordens de racemo e 8 manejos de cultivo, em 4 repetições. Os manejos foram compostos por 4 épocas de plantio e em cada uma delas instalaram-se dois tratamentos com diferentes regimes de irrigação. Dos resultados verificou-se que as sementes dos racemos secundários e terciários possuem maior teor de óleo e massa de sementes do que as dos primários. A época de semeadura e irrigação não influenciaram a massa das sementes dos racemos secundários e terciários. Na semeadura de dezembro os racemos primários tiveram as sementes mais leves. INTRODUÇÃO O teor de óleo na semente da mamoneira (Ricinus. communis L.) varia de 35% a 55%, dependendo da cultivar, das condições ambientais e do modo de extração. A formação do óleo ocorre entre 20 e 70 dias após a fertilização sendo a temperatura o fator ambiental mais importante, apesar de a época da colheita e as práticas culturais também terem grande importância. A colheita de frutos imaturos, associada a temperaturas acima de 35ºC, e a falta de água no florescimento afetam negativamente o conteúdo de óleo na semente (WEISS, 1983; KOUTROUBAS et al., 2000; FREIRE, 2001). Diante disso, fica evidente a importância do manejo cultural adequado desde a época de plantio até a colheita, para a obtenção de elevados rendimentos de óleo. A produtividade da mamoneira está intimamente relacionada com a massa das sementes, e em alguns trabalhos tem sido verificado que sob cultivo irrigado os valores desta característica são superiores aqueles de sequeiro. Também é importante destacar a existência de correlação positiva entre o conteúdo de óleo e o peso das sementes (KOUTROUBAS et al., 2000). De acordo com estes autores a ocorrência de baixo teor de óleo em alguns genótipos está relacionada a um menor peso de mil sementes. Kittock e Williams (1967) verificaram redução na massa de cem sementes, e conteúdo de óleo em condições irrigadas e
2 atribuíram estes resultados ao atraso na maturação dos frutos, estes mesmos autores observaram redução no peso da semente com o avanço da categoria do racemo. Entretanto, Lins (1976) obteve peso de cem sementes nos racemos secundários e terciários, superior ao dos racemos primários. Para este autor o teor de óleo também foi influenciado pela ordem do racemo, sendo os primários àqueles com os menores valores. São poucos os trabalhos na literatura que relatam à influência da ordem dos racemos no teor de óleo e massa de sementes da mamoneira, que são componentes importantes do rendimento de óleo e grãos. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo avaliar a variação no teor de óleo e massa de sementes de diferentes ordens de racemos da mamoneira semeada em quatro épocas diferentes. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido entre dezembro de 2003 e dezembro de 2004, na Fazenda Experimental do Vale do Curu, pertencente à Universidade Federal do Ceará no município de Pentecoste, CE, geograficamente situado nas coordenadas de 3º47 34 S e 39º16 13 W a uma altitude média de 60m. O clima é, segundo a classificação de Köppen, do tipo Aw, tropical chuvoso (BRASIL, 1973). Durante o experimento foi registrada uma precipitação pluvial de 930,9mm. O solo da área experimental foi classificado como Neossolo Flúvico, que foi preparado com uma aração profunda e uma gradagem niveladora, recebendo adubação com NPK ( ), antes do plantio. A semeadura da mamoneira cultivar BRS 149 foi feita distribuindo-se três sementes por cova no espaçamento 1,5m x 1,0m, deixando-se uma planta por cova após o desbaste, que foi feito quando as plantas estavam com aproximadamente 20 cm de altura. O delineamento foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3x8, sendo 3 ordens de racemo (primários, secundários e terciários) e 8 manejos culturais, com 4 repetições. Os manejos culturais foram compostos por 4 épocas de plantio eqüidistantes em 30 dias, o primeiro plantio foi feito em 05 de dezembro de 2003 e o último em 05 de março de Em cada época a cultura foi submetida a dois manejos, ambos irrigados por microaspersão até março de 2004, e apenas um irrigado após o término do período chuvoso. Nas semeaduras de março não houve irrigação no início do ciclo, uma vez que este mês foi considerado como época de plantio de sequeiro. Cada manejo foi identificado utilizando-se as inicias do mês correspondente à respectiva época de plantio e os números 1 (um) quando houve irrigação no início do ciclo e 2 (dois) no início e após o término da estação chuvosa. O tratamento Jan2, p.ex., indica que a cultura foi semeada em janeiro e irrigada no início do ciclo e ao término do período chuvoso. Após a fase de campo do experimento, foram tomadas amostras de sementes de
3 cada tratamento e ordem de racemo separadamente, para a determinação da massa de mil sementes segundo as regras para análise de sementes, e do teor de óleo pelo método de ressonância magnética nuclear (RMN), conforme procedimentos analíticos descritos em Oxford (1995). Em seguida os dados obtidos foram submetidos à análise da variância pelo teste F, e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p 5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO Pela análise da variância verificou-se que os manejos culturais, bem como a interação entre manejos e ordem de racemo não influenciaram significativamente o teor de óleo na semente, contudo tal característica variou com a ordem do racemo no nível de 1% de probabilidade pelo teste F. Já para a massa de mil sementes foi verificada variação estatística no nível de 5% de probabilidade para a interação, manejo x ordem de racemo (Tab. 1). A comparação das médias dos teores de óleo para o efeito ordem de racemo pode ser observada na Tabela 2. O maior teor de óleo foi verificado nas sementes dos racemos secundários e terciários, que foi superior, estatisticamente, ao teor dos racemos primários. Estes resultados corroboram com informações de Lins (1976) ao verificar que as sementes dos racemos primários possuem conteúdo de óleo inferior as dos secundários e terciários. É possível que as condições ambientais predominantes no amadurecimento dos frutos, e no momento da colheita de cada ordem de racemo tenham contribuído com estes resultados, pois, como salientam Koutroubas et al. (2000) as condições ambientais interferem decisivamente no teor de óleo da semente, especialmente temperatura e disponibilidade de umidade. O conteúdo de óleo 47,04% verificado nas sementes dos racemos terciários (Tab. 2) é semelhante ao apresentado por Embrapa Algodão (1998) para a cultivar BRS 149 Nordestina. Os valores médios da massa de sementes podem ser observados na Tabela 3. Considerando os manejos dentro de cada ordem de racemo (colunas), verifica-se que os racemos primários tiveram menor massa de sementes nos manejos de plantio de dezembro (Dez1=543 g e Dez2=544 g). Já para os racemos secundários e terciários, os manejos aplicados não promoveram alterações significativas no peso das sementes. Com relação às ordens de racemo dentro de cada manejo (linhas), os secundários e terciários não diferiram estatisticamente entre si, mas superaram a massa de sementes dos racemos primários nos manejos Dez1, Dez2 e Jan2. As massas de sementes dos racemos primários nos manejos Fev1 e Mar1, também foram estatisticamente inferiores àquelas obtidas nos racemos secundários. As condições ambientais predominantes no período de frutificação, bem como
4 características da própria planta, podem ser as causas mais prováveis para a menor massa de sementes dos racemos primários, confirmando informações de Lins (1976) que também obteve menor massa de sementes nos racemos primários das cultivares Paraibana e Sipeal-1. CONCLUSÕES Os racemos secundários e terciários possuem maior teor de óleo e massa de sementes do que as sementes oriundas de racemos primários. O manejo da época de semeadura e irrigação não influenciaram a massa das sementes dos racemos secundários e terciários de mamoneira BRS 149 Nordestina. Nas semeaduras em dezembro as plantas produziram os racemos primários com a menor massa de sementes. AGRADECIMENTOS Ao Dr. Napoleão Esberard de Macedo Beltrão e a M.Sc. Rosa Maria Mendes da Embrapa Algodão, pela indispensável colaboração nas análises de óleo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura. Levantamento Exploratório Reconhecimento de Solos do Estado do Ceará. Rio de Janeiro: MAPA/SUDENE, v. 1, p.301 (Boletim Técnico, 28). EMBRAPA ALGODÃO. Nova cultivar de mamona: BRS 149 Nordestina. Campina Grande:Embrapa Algodão, folder. KITTOCK, D. L.; WILLIAMS, J. H. Castor bean production as related to length or growing season. I. Effect of date of plant desiccation. Agro. Journal, v. 59, p , sep-oct KOUTROUBAS, S. D.; PAPAKOSTA, D. K.; DOITSINIS, A. Water requeriments for castor oil crop (Ricinus communis L.) in a Mediterranean climate. J. Agro. & Crop Science, Berlin, p , Disponível em: < Acesso em: 21 de jan LINS, E. de C. Efeito da ordem de racemo nas características das sementes de mamona, Ricinus communis L f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. OXFORD INSTRUMENTS. Instruction manual. England, p. WEISS, E. A. Oil seed crops. London: Longman, p.
5 Tabela 1. Resumos das análises das variâncias para os dados de teor de óleo e massa de sementes da mamoneira cultivar BRS 149 Nordestina. Pentecoste, CE, Fontes de variação GL Quadrado Médio Teor de óleo Massa de sementes Manejos de plantio (M) 7 3,997 ns 3826,50** Ordem de racemo (O) 2 37,090 ** 39265,51** Interação M x O 14 2,154 ns 2013,48 * Bloco 3 2,478 ns 1083,55 ns Resíduo 69 2, ,81 Total CV (%) - 3,48 5,22 (**), (*), (ns), significativo a 1% e 5% de probabilidade e não significativo, respectivamente pelo teste F. Tabela 2. Teor de óleo na semente da mamoneira cultivar BRS 149 Nordestina em função do manejo cultural e ordem do racemo Pentecoste, CE, Teor de óleo (%) Manejos de Plantio Ordem do racemo Médias Primários Secundários Terciários Dez1 45,94 45,42 45,85 45,73 Dez2 43,41 46,44 47,56 45,80 Jan1 44,62 46,75 47,03 46,13 Jan2 44,56 47,28 46,70 46,18 Fev1 44,81 46,83 46,78 46,14 Fev2 45,16 45,93 47,61 46,23 Mar1 44,75 46,35 46,33 45,81 Mar2 46,61 47,58 48,44 47,54 Médias 44,92 b 46,57 a 47,04 a 46,20 Dms Linha 1,04 Médias seguidas por letras diferentes na linha, diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 3. Massa de sementes de mamoneira, cultivar BRS 149 Nordestina por manejo cultural e ordem de racemo. Pentecoste, Ce, Massa de sementes (g) Manejos de Plantio Ordem do racemo Primários Secundários Terciários Dez1 543,07 Bb 634,10 Aa 667,66 Aa Dez2 544,54 Bb 641,78 Aa 635,28 Aa Jan1 633,90 Aa 667,84 Aa 668,49 Aa Jan2 570,27ABb 649,05 Aa 657,24 Aa
6 Fev1 593,10 ABb 666,55 Aa 631,71 Aab Fev2 622,12 Aa 639,57 Aa 649,28 Aa Mar1 624,31 Ab 685,21 Aa 632,76 Aab Mar2 618,26 Aa 670,49 Aa 670,13 Aa Dms Linha 55,99 Dms Coluna 72,89 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
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