PIBID: CONSTRUINDO UMA CÉLULA EUCARIÓTICA USANDO O QUADRO NEGRO COMO CITOPLASMA

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1 PIBID: CONSTRUINDO UMA CÉLULA EUCARIÓTICA USANDO O QUADRO NEGRO COMO CITOPLASMA Dieison Prestes da Silveira 1 * Josiana Scherer Bassan 2 Eixo Temático: A docência na escola e a formação de professores Resumo: Atividades que despertam a atenção e a curiosidade dos alunos pode ser uma alternativa para promover a mediação dos saberes. O uso de jogos, maquetes, dinâmicas, aulas práticas podem contribuir no desenvolvimento da imaginação dos alunos e auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. Os bolsistas do Projeto Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) de Biologia do Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos que atuam na Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Júlio Prates de Castilhos confeccionaram, em E.V.A., as organelas de uma célula eucariótica e utilizaram o quadro negro para elucidar o citoplasma e a membrana plasmática de uma célula animal, portanto este trabalho tem por objetivo demonstrar a importância do uso do lúdico em sala de aula e sua relação direta com o aprendizado. A dificuldade de compreensão das organelas presentes em uma célula eucariótica motivou os bolsistas do Projeto Pibid a elaborarem uma atividade diferenciada de ensino. A intenção desta atividade era promover o conhecimento sobre a função, composição e estrutura das células eucarióticas. No Campus do Instituto Federal Farroupilha, em Júlio de Castilhos, os bolsistas confeccionaram as organelas que serão utilizadas na sala de aula tentando sanar as dúvidas dos alunos perante as dificuldades de aprendizagem apresentadas. As organelas foram confeccionadas em E.V.A., visando despertar o lúdico em sala de aula. Na escola Dr. Júlio Prates, elas foram coladas no quadro negro, fazendo com que os alunos do primeiro ano do ensino médio, que participam do Pibid, imaginassem que o quadro era o citoplasma e as bordas, membrana plasmática de uma célula eucariótica. Durante e após a explicação os pibidianos realizaram alguns questionamentos aos alunos, visando promover o aprendizado significativo. A atividade demonstrou-se satisfatória e as hipóteses dos bolsistas de que o 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha Campus Júlio de Castilhos, Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, CAPES, . dieisonprestes@gmail.com 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha Campus Júlio de Castilhos, Professora de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico de Ciências Biológicas e Coordenadora de Área do Pibid de Biologia, CAPES, . josiana.bassan@iffarroupilha.edu.br

2 lúdico auxilia na aprendizagem foi corroborada. Ocorreu à participação dos alunos de forma interativa e estes, sem perceber, trocavam saberes e aprendiam o conteúdo. Palavras-chave: Lúdico. Organela. Saberes Introdução Aulas que são ministradas com muita teoria acabam por dificultar o aprendizado dos alunos. Atualmente há um crescente desenvolvimento tecnológico que surge para beneficiar o homem e sua relação com o meio. Nas escolas a tecnologia contribui com a interação global entre os professores e os estudantes, como por exemplo, no uso da internet. A acessibilidade a diversas informações faz com que os alunos não se interessam tanto por aulas tradicionais quanto por aulas ministradas de maneira diferenciada. Os professores precisam adequar-se a estas tecnologias fazendo com que suas aulas se tornem atrativas e assim ocorra o aprendizado de forma significativa. A prática docente consiste em uma formação continuada, onde os professores precisam estar constantemente atualizados. A busca por uma educação de qualidade e que atenda a todos os alunos de diferentes etnias, culturas e condições socioeconômicas é que perfaz a construção de diferentes Projetos voltados a área educacional. O Projeto Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) é um exemplo de Projeto que visa elevar a qualidade da educação, sendo implantado nas escolas que apresentam o IDEB (Índice do Desenvolvimento da Educação Básica) abaixo da média Nacional. Kenski (2003, p.48) salienta que: [...] não é possível pensar na prática docente sem pensar na pessoa do professor e em sua formação, que não se dá apenas durante seu percurso nos cursos de formação de professores mas durante todo o seu caminho profissional, dentro e fora da sala de aula. No Instituto Federal Farroupilha - Campus Júlio de Castilhos existe o Projeto Pibid de Biologia que desenvolve atividades diferenciadas de ensino. São onze bolsistas que atuam em duas escolas do munícipio de Júlio de Castilhos, no estado do Rio Grande do Sul. Cinco desses realizam atividades na Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Júlio Prates de Castilhos com os alunos dos primeiros anos. Já os outros seis bolsistas atuam na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dolores Paulino com os alunos do nono ano. Um dos bolsistas desta escola atua como bolsista voluntário neste Projeto de Iniciação à Docência. Para Mortimer, (2000, p. 151): tanto é relevante que o professor crie oportunidades para o estudante ampliar o que já conhece quanto tenha a consciência de que tais oportunidades podem conduzir ao desenvolvimento de conhecimentos paralelos aos que os estudantes já tinham, resultando em um acervo múltiplo de conceitos a serem empregados em contextos que estes julguem apropriados. Conteúdos aplicados com muita teoria podem acabar com alunos dispersos em sala de aula. Atividades que necessitam de aulas no laboratório e a visualização no microscópio podem ser desinteressantes aos alunos quando a escola não apresenta algum destes recursos. Conteúdos sobre células, como por exemplo, podem ser aplicados com o uso de recursos lúdicos, considerando a ideia de que a escola não possuía microscópio ou outros dispositivos didáticos para auxiliar na mediação do ensino-aprendizagem. O uso de recursos lúdicos em sala de aula pode favorecer o aprendizado dos alunos e consequentemente os saberes. Os alunos vão à escola para buscar novidades e adquirirem o conhecimento através da aplicação de aulas diferenciadas. O Pibid realiza e aplica metodologias diferenciadas de ensino, como por exemplo, jogos, vídeos, maquetes e aulas práticas, ou seja, são usadas aulas diferenciadas das tradicionais visando despertar a curiosidade dos alunos e assim construir os saberes dos alunos.

3 Os bolsistas deste Projeto atuam no turno inverso das aulas normais, portanto como a professora titular da disciplina de Biologia atua, semanalmente, na parte da manhã, uma vez na semana os bolsistas do Pibid atuam no turno da tarde. São abordados diferentes temas e assuntos pertinentes ao interesse dos alunos e que tenha relação direta com o conhecimento de conteúdos sobre Biologia. A dificuldade apresentada pelos alunos no conteúdo de organelas citoplasmáticas motivou os bolsistas do Pibid a elaborarem uma célula eucariótica utilizando E.V.A. para a confecção das organelas e para elucidar a membrana plasmática e o citoplasma utilizou-se o quadro negro, portanto este trabalho tem por objetivo demonstrar a importância do uso do lúdico em sala de aula e sua relação direta com o processo de aprendizado dos alunos. Desenvolvimento Para a realização desta aula diferenciada foi confeccionado, no Instituto Federal Farroupilha - Campus Júlio de Castilhos, as organelas citoplasmáticas. Os bolsistas deste Projeto de Iniciação à Docência encontram-se, pelo menos uma vez na semana no Campus do Instituto para trocarem informações e planejarem diferentes atividades, já que são turmas e escolas distintas que são trabalhadas. Todas as organelas presentes em uma célula eucariótica foram construídas tendo como material básico, E.V.A. Elas foram desenhadas e recortadas elucidando sua morfologia, visando utilizar como método de aprendizagem o uso do lúdico em sala de aula. Rizzo Pinto (1997) citado por Knechtel e Brancalhão (2008, p. 04) destaca a importância no uso de atividades lúdicas no ensino: Não há aprendizagem sem atividade intelectual e sem prazer; a motivação através da ludicidade é uma boa estratégia para que a aprendizagem ocorra de forma efetiva. As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais além de desenvolver vários aspectos da personalidade como a cognição, afeição, socialização, motivação e criatividade. Ao finalizar os moldes das organelas, foi colada uma fita com dupla face na parte traseira de cada uma das organelas, fazendo com que no momento da aplicação da atividade, ela fosse colada, em sala de aula, no quadro negro da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Júlio Prates de Castilhos. Primeiramente, em sala de aula, os alunos foram questionados quanto à diferença entre uma célula procariótica para uma célula eucariótica. Conforme eles respondiam, novos questionamentos iam surgindo, dando seguimento à atividade proposta que era a aprendizagem das organelas citoplasmáticas através da problematização. Posteriormente, as organelas foram coladas, uma a uma, no quadro negro da escola. A cada organela colada, uma pergunta era proposta aos alunos. Os pibidianos instigavam a curiosidade dos alunos, ou seja, os próprios alunos trocavam conhecimentos uns com os outros, ocorrendo dessa forma à aprendizagem em conjunto entre eles. Os bolsistas esperavam os alunos responder de forma correta as perguntas para passar para outra organela. Após a colagem de todas as organelas, houve o questionamento, por parte dos bolsistas, de qual parte seria o citoplasma e a membrana da célula, referenciando a pergunta a toda a imagem que eles estavam visualizando a frente. Os alunos responderam que seria o quadro negro o citoplasma e as bordas seria a membrana plasmática da célula, respondendo com êxito a pergunta dos pibidianos. A intenção desta atividade era promover o conhecimento lúdico, enfatizando a função, composição e estrutura das células eucarióticas. Para Demo (2011, p. 51): O professor precisa saber com profundidade analítica inequívoca a condição de aprendizagem

4 do aluno, ou seja, o professor precisa criar métodos de aprendizagem e acreditar no potencial de cada estudante. O conteúdo de organelas citoplasmáticas trabalhado pelos pibidianos serviu de apoio ao conteúdo explanado pela professora da disciplina de Biologia, enquanto que na parte da manhã foi abordado de forma essencialmente teórica o conteúdo, a tarde foi proposto uma atividade diferenciada de ensino, visando à construção dos saberes dos alunos. Avaliação/Discussão dos Resultados Pode se observar que a atividade de apoio aplicada, de forma lúdica, aos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Júlio Prates da Castilhos teve êxito. A criatividade dos bolsistas em desenvolver recursos didáticos diferenciados tornase uma vivência, no que diz respeito à futura profissão de docente, mesmo estes, serem alunos-acadêmicos, ou seja, os bolsistas são inseridos no ambiente escolar público, contudo, ainda são alunos do Instituto. Esta situação beneficia-nos a termos uma visão prévia dos ofícios da profissão de docente. Moreira e Candau (2005, p. 23) salientam que: É necessário um destaque a necessidade de se pensar uma formação continuada que valorize tanto a prática realizada pelos docentes no cotidiano da escola quanto o conhecimento que provém das pesquisas realizadas na Universidade, de modo a articular teoria e prática na formação e na construção do conhecimento profissional do professor. No momento das indagações, que foram aplicadas durante e após a colagem das organelas, os alunos demonstraram compreender o que estava sendo exposto, já que os mesmos responderam de forma correta as indagações apresentadas, portanto a hipótese levantada de que a ludicidade contribuiu nos saberes dos alunos foi corroborada perante os alunos que participam do Pibid de Biologia do Instituto Federal Farroupilha - Campus Júlio de Castilhos. Durante a colagem das organelas no quadro negro, alguns questionamentos eram levantados, fazendo com que ocorresse o aprendizado de forma homogênea entre os alunos. A construção das respostas ocorria de forma em conjunta entre os estudantes e os bolsistas mediavam à atividade. Os bolsistas do Pibid indagavam os alunos, como por exemplo, quais são as organelas que são responsáveis pela produção de proteínas, o quadro negro seria qual parte da célula? Os questionamentos, ordenadamente, eram respondidos pelos alunos construindo, dessa forma, nos saberes dos mesmos. A aplicação de recursos lúdicos pode sanar dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos, ou seja, são estratégias didáticas e pedagógicas que favorecem no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Vygotsky (1989): O lúdico influencia no desenvolvimento do aluno, ensinando o a agir corretamente em uma determinada situação e estimulando sua capacidade de discernimento. Os jogos educacionais são uma alternativa de ensino e aprendizagem e ganham popularidade nas escolas. Sua utilização deve ser adequada pelos professores como um valioso incentivador para a aprendizagem, estimulando as relações cognitivas como o desenvolvimento da inteligência, as relações afetivas. Portanto, jogos educativos usados em sala de aula podem auxiliar na aprendizagem (apud GODOY e MENEGAZZI, 2011, p. 610). Segundo Piaget (1996, p.25): precisamos de alunos ativos, que aprendam a descobrir por si mesmos, em parte através de materiais que organizamos para eles, ou seja, o aprendizado deve ocorrer mediante o desenvolvimento de atividades que agreguem conhecimento de forma significativa aos alunos. Santomé (1998, p. 41) relata que:

5 A aprendizagem significativa ocorre quando as novas informações e conhecimentos podem relacionar-se de uma maneira não-arbitrária com aquilo que a pessoa já sabe. No momento em que aquilo que está aprendendo pode entrar em relação a integrar-se a conhecimentos já possuídos, é possível incorporá-los às estruturas de conhecimentos atuais. Observa-se que o uso da ludicidade em sala de aula favorece nos saberes dos alunos. A aplicação de um recurso lúdico, pelos bolsistas do Pibid, estimulou-os a confeccionarem e utilizarem diferentes metodologias para aplicar em sala de aula. O trabalho desenvolvido e aplicado pelos bolsistas do Pibid contribui no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, pois para sermos docentes necessitamos adequar-se as realidades de cada escola, ou seja, há escolas que apresentam poucos recursos didáticos e, os professores precisam criar dispositivos para elaborarem uma aula atrativa. O Projeto Pibid atua em escolas que apresentam o IDEB abaixo da média Nacional, portanto são escolas que necessitam de uma maior atenção no que diz respeito à qualidade da educação. A atuação de alunos licenciandos na realidade escolar, a partir de Projetos de Iniciação à Docência, como o Pibid, é uma preparação para a futura carreira de docente. A inserção dos bolsistas visa não apenas a elevação do IDEB nas escolas, mas também o aprendizado tanto dos alunos quanto dos bolsistas. Os bolsistas sentem-se preparados a sanar dificuldades de aprendizado dos alunos, pois há a elaboração de materiais e recursos didáticos que são importantes para a aplicação em uma aula diferenciada. A ludicidade favorece nos saberes dos alunos. Conteúdos que não são compreendidos apenas com aulas teóricas podem ser aplicados juntamente com o uso de recursos lúdicos, fazendo com que ocorra um estímulo nos alunos para ocorrer à construção de diferentes conhecimentos, ocorrendo assim o aprendizado significativo. Referências GODOY, Cyntia Luane Silva. MENEGAZZI, Marlene. O uso de jogos no ensino da Matemática. Disponível em: < artigos/matematica/salao/881.pdf>. Acesso em: 02 nov DEMO, Pedro. Ser professor é cuidar que o aluno aprenda. Porto Alegre: Editora Mediação, KENSKI, V. M. Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância. Campinas, SP: Papirus, KNECHTEL, Carla; BRANCALHÃO, Rose. Estratégias lúdicas no ensino de ciências. Paraná, MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Educação escolar e cultura(s): construindo caminhos. In: Educação como exercício de diversidade. Brasília: UNESCO, MEC, ANPEd, p. (Coleção Educação para todos; 6). MORTIMER, E. F. Linguagem e formação de conceitos no ensino de ciências. Belo Horizonte: Ed. UFMG, PIAGET, J. Biologia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognoscitivos. Petrópolis: Vozes, 1996.

6 SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre, Editora Artmed, 1998.