EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DESAFIO DE TODOS. PALAVRAS-CHAVE: processo, necessidades educativas especiais, qualidade de vida.

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1 RESUMO III CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DESAFIO DE TODOS JUNQUEIRA, Regina Mara 1 rmjunqueira03@hotmail.com PAULINO, Paulo Cesar 2 paulino@utfpr.edu.br Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Cornélio Procópio III Curso de Especialização em Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos PROEJA Disciplina: Educação Inclusiva O artigo em questão dissertará sobre um pouco da realidade acerca da inclusão de alunos com necessidades especiais no processo de ensino-aprendizagem no Brasil. O qual deve ampliar a participação de todos os educandos nos estabelecimentos de ensino regular, englobando uma imensa diversidade de necessidades educacionais especiais, tendo como objetivo principal promover uma melhor qualidade de vida àqueles que por algum motivo precisam de um atendimento mais adequado à sua realidade física, mental, sensorial e social, e de também dar a estes o direito a exercer sua cidadania plenamente. Uma pergunta permeia a mente dos educadores brasileiros, como receber e passar conhecimentos a um estudante com necessidades educacionais especiais? A deficiência financeira e organizacional da educação no país não permite aos profissionais se aprimorarem e buscarem novos métodos e didáticas de ensino pertinentes ao cotidiano do indivíduo. É fácil expor o conteúdo sem que o mesmo esteja relacionado com a vida diária do aluno? Para que a associação seja eficaz e a aprendizagem uma experiência além sala de aula, esta caminhada deve contar com a participação, colaboração e engajamento de toda a sociedade. PALAVRAS-CHAVE: processo, necessidades educativas especiais, qualidade de vida. INTRODUÇÃO Para que haja uma proposta eficaz e com resultados satisfatórios na Educação Inclusiva, é necessário que as políticas educacionais sejam elaboradas com muita seriedade e compromissadas com a realidade do país. O professor deve estar comprometido a abraçar este desafio com respeito para com o aluno, ações rápidas e objetivas são essenciais neste processo, há que se ter paciência com os mesmos para que a motivação inicial do trabalho não se perca diante das dificuldades, que com certeza aparecerão no caminho. A motivação do professor é o motor que impulsiona o aprendizado para o trabalho inclusivo, é necessário 1 Autora: Pós-Graduada em Gestão Escolar (UNOPAR), Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia UENP - FAFICOP, pós-graduanda no III Curso de Especialização em Educação Profissional Integrada a Educação Profissional de Jovens e Adultos. 2 Orientador: Especialista em Metodologia do Ensino Tecnológico pela UTFPR, Mestrando em Ensino de Ciência e Tecnologia UTFPR Campus Ponta Grossa e professor da Universidade Tecnológica e Federal do Paraná Campus Cornélio Procópio.

2 aceitação e dedicação para saber conduzir a diversidade que certamente fará parte da sua realidade na sala de aula, e de sua realidade de mundo, porque não dizer. Não se pode deixar de observar que as escolas, assim como a sociedade em geral, não estão preparadas para este desafio que é a inclusão em todos os segmentos, do ponto de vista educacional, arquitetônico, estrutural. Deve-se desenvolver projetos de qualquer natureza, sempre voltados para pessoas ditas normais, que sobem escadas com as próprias pernas, que leem placas e ouvem o apito que indica a aproximação do perigo. A preocupação com a pessoa que está fora do padrão estabelecido pela sociedade, é algo recente, que está longe do ideal numa sociedade inclusiva, portanto, a quebra de paradigmas para transformar velhos conceitos em desafios, que por sua vez provoquem, instiguem os novos conhecimentos é essencial. Transformar essas escolas em ambientes inclusivos é o maior de todos os desafios, e durante este processo muitas tentativas, às vezes frustrantes acontecem, acarretando por vezes angústias, reflexões e dúvidas. Desde o princípio,quando se falou em inclusão, final da década de 1980, início da década de 1990 que esta experiência vem sendo difundida, estudada, e que se procura a forma adequada de tornar o sistema educacional brasileiro realmente inclusivo, uma escola que acolha a todos, no sentido exato da palavra, não importando a condição social, física, intelectual, ou qualquer que seja, a escola ideal é aquela que cumpre seu papel na totalidade, não deixando margem para exclusão de nenhuma ordem. Procurando legitimar idéias e conceitos sobre inclusão, vários documentos surgiram pelo mundo, definindo normas, que conscientizassem a sociedade sobre as mudanças necessárias em vários setores, para que houvesse a real inclusão, tais como o Programa Mundial de Ação Relativo às Pessoas com Deficiência ( 1983), Equiparação de Oportunidade para pessoas com Deficiência (1994), da ONU, e também a Declaração de Salamanca (1994), da UNESCO (Sassaki, Inclusão:paradigma do século 21,Revista Inclusão, no 1, pág.19). A educação inclusiva tem como objetivo maior a quebra de paradigmas, uma sociedade só pode ser considerada justa, quando dá oportunidades iguais para todos, não se prendendo a políticas educacionais e sociais que privilegiem uma pequena parte de seus

3 membros, mas sim revolucionando, aceitando a diversidade e dando reais condições de crescimento, autonomia para que barreiras sejam literalmente derrubadas. O objetivo deste trabalho é buscar conhecimento acerca da Educação Inclusiva no Brasil, através dos meios disponíveis e obter através deste estudo um panorama do que tem sido disponibilizado de forma concreta, real para que as pessoas com necessidades educativas especiais tenham seus direitos de cidadãos garantidos de fato na sociedade. REFERENCIAL TEÓRICO Segundo Vieira (2007), em seu artigo O que são deficiências?, 01/08/2007, em 1980, a Organização Mundial de Saúde publicou um sistema de classificação de deficiências, visando a criação de uma linguagem comum para a pesquisa e a prática clínica, intitulado na tradução portuguesa de 1989 Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens ( CIDID), sendo mais tarde alterado para Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Embora o termo deficiência seja visto como inadequado por alguns segmentos da sociedade por considerá-lo preconceituoso,ela continua sendo utilizada, mas desde a Declaração de Salamanca o termo mais aceito é necessidades educativas especiais. As deficiências estão classificadas em: Física, Mental, Visual, Auditiva e Múltipla. O mais recente censo demográfico do Brasil realizado pelo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2002, revela que 14,5% da população total, ou seja, 24,5 milhões de brasileiros possuem alguma espécie de incapacidade física, mental ou sensorial (auditiva ou visual), entre as crianças e adolescentes brasileiros de 0 a 17 anos, cerca de 2,9 milhões tem alguma deficiência conforme tabela 01. Senso 2002 IBGE Do total da população N o de brasileiros 0 a 17 anos Deficiências 14,5% 24,5 milhões 2,9 milhões Tabela 01 Número de brasileiros com deficiência. Fonte: Autoria própria No total de casos declarados de portadores das deficiências investigadas, 8,3% possuíam deficiência mental, 4,1% deficiência física, 22,9% deficiência motora, 48,1% deficiência visual e 16,7% deficiência auditiva.

4 Fonte: Autoria própria Pelas estatísticas da Secretaria de Educação Especial do país, apenas têm acesso à educação em creches, ensino fundamental e médio da rede pública e particular entre os jovens com 15 anos ou mais, com pelo menos um tipo de deficiência, ainda segundo os dados do IBGE, 32,9% têm no máximo dois anos de escolaridade. Segundo o Senso Escolar de 2003, está aumentando o número de crianças com necessidades especiais matriculadas nas redes oficiais de ensino. De cada 100 estudantes com deficiência, 29 deles assistem aulas em classes comuns, ainda é pouco, mas é um crescimento de 30,6% em relação ao senso de Os dados indicam que praticamente um terço da população com alguma deficiência em idade de entrar no mercado de trabalho tem no máximo dois anos de estudo, um quadro que precisa ser revertido para que as pessoas com necessidades especiais possam incluir-se na sociedade, ocupando os cargos reservados para elas por lei nas empresas. O Brasil procura buscar durante esse período de adaptação a realidade da escola inclusiva, tornar-se um país com consciência e respeito a diversidade de seus cidadãos, este segmento da educação necessita de organização das instituições escolares para que essa mudança possa ocorrer efetivamente. A questão fundamental para que se implante uma educação inclusiva de qualidade e que atenda as expectativas é a formação continuada dos professores, onde estes devem receber por meio de cursos específicos a formação necessária para atuarem de maneira satisfatória no atendimento a alunos com necessidades especiais, e

5 quando se fala em inclusão, essa deve ser considerada plena, ativa, não apenas uma proposta feita no papel, porém, de modo prático e absoluto, inserindo o aluno no convívio real do ambiente escolar e em total sintonia com os demais. Estudos de Rivero (1998), Schmelkes (1996) e Torres (1999) sobre a realidade da educação de adultos na América Latina comprovam, que também em outros países, a falta de prioridade e de atenção na educação por parte das ações governamentais,faz aumentar esse problema, e quando se trata da inclusão é ainda mais complexo, por ser tratado muitas vezes como algo sem muita importância, que não dá aos governantes a visibilidade política que almejam, fazendo com que outras áreas da educação sejam priorizadas. Segundo Sassaki (1997), as pessoas com necessidades especiais são membros da sociedade e têm o direito de permanecer em suas comunidades recebendo o apoio que necessitam dentro das estruturas comuns da educação, saúde, emprego e serviços sociais, pois eles são capazes de realizar trabalhos produtivos. Há que se lembrar que a inclusão de pessoas com necessidades especiais é uma questão de responsabilidade social, todos temos que ter a devida cota de participação neste processo de mudanças. Numa sociedade onde, cada vez mais cobramos dos governantes ações que tragam mais oportunidades e qualidade de vida para todos, cabe também cobrar atitudes participativas, e buscar na literatura respaldo para a busca do conhecimento tão necessário a essa questão.embora seja recente, o processo de inclusão vem sendo bastante debatido, e isso permite melhorar de modo relevante as condições de pessoas com necessidades especiais.[...] A partir da 2ª metade do século XX [...] começaram surgir propostas educacionais alternativas de atendimento a essa população.(...). A educação inclusiva também tornou-se um campo de saber com o desenvolvimento de métodos e recursos humanos em diferentes níveis na maioria dos países[...] (Glat, 1998, p11). Pode-se afirmar que a Educação de inclusão real garante acesso e permanência do individuo na rede comum de ensino, não basta apenas colocá-lo na sala de aula, é preciso oferecer condições para sua continuidade, que o professor esteja preparado para atendê-lo em suas necessidades e respeite o seu ritmo de aprendizagem. Segundo Glat (1998) o processo de inclusão da pessoa com necessidade especial pode causar um prejuízo psicológico e social muito grande para o próprio indivíduo, se

6 porventura não conseguir sucesso na tentativa de inclusão na sociedade ou no ambiente escolar, que não o aceite como igual. Para Mantoan (2005) a adequação das práticas pedagógicas à heterogeneidade dos alunos fornecendo a eles a chance de obter progressos, é a base para o sucesso da efetivação da educação inclusiva. Se levarmos em consideração que a educação compreende os processos de desenvolvimento humano, nos quais cada indivíduo é preparado para conviver em sociedade, a escola é o meio pelo qual o educando será levado a descobrir novos conceitos, a buscar mudanças na sua realidade e do mundo que o cerca, desenvolvendo seu senso crítico, sua capacidade cognitiva e com isto estar sempre a procura do mais profundo conhecimento, ver além do que parece obvio a um primeiro confronto, e, por que não oferecer ao educando com necessidade especial esta mesma oportunidade para exercer seus direitos a cidadania? São muitos os direitos garantidos nos documentos legais, contudo garantir que a efetivação destes direitos chegue a todos os cidadãos é tão importante quanto tê-los conquistado. Carvalho (2002) afirma a letra das leis, os textos teóricos e os discursos que proferimos asseguram os direitos, mas o que os garantem são as efetivas ações, na medida que concretizam os dispositivos legais e todas as deliberações contidas em textos de políticas públicas. Para tanto, mais do que prever recursos é necessário provê-los, permitindo que os direitos humanos sejam respeitados de direito e de fato. Como propõe Libâneo: Educação de qualidade é aquela que promove para todos o domínio de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas, operativas e sociais necessários ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos, à inserção no mundo do trabalho, à constituição da cidadania, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Em outras palavras, escola com qualidade social, significa a inter-relação entre qualidade formal e política, é aquela baseada no conhecimento e na ampliação de capacidades cognitivas, operativas e sociais, com alto grau de inclusividade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Toda essa discussão em torno da educação inclusiva, pessoas com necessidades educativas especiais, acesso a todo e qualquer processo de conhecimento, tem como saldo positivo a própria discussão em si, a fazer a sociedade saber que o problema existe, e que é de

7 todos, enquanto cidadãos que tiveram a felicidade de ser não deficientes, mas que nem por isto pode-se fechar os olhos ao que se passa diante de si. Um país grande como o Brasil, com potencial de crescimento tão promissor, tem como obrigação incluir todos os seus cidadãos, independentemente de sua condição física, social, intelectual neste processo de busca por uma melhor qualidade de vida. Deve ser parte integrante das ações governamentais planos de educação que atinjam a todos, a inclusão social, educacional deve dar reais oportunidades de interação entre as pessoas com ou sem deficiências, proporcionando assim, pleno acesso aos recursos da sociedade. O caminho é a união de todos os setores para que estas medidas tornem o acesso a educação e ao trabalho digno, uma ação fundamental e de responsabilidade de todos. REFERÊNCIAS CARVALHO, Rosita. Removendo barreiras da aprendizagem: educação inclusiva, GLAT, R.A. A Integração dos Portadores de Deficiências, 1998, p.54. INCLUSÃO Revista da Educação Especial, Ano 1- Nº 1 outubro/2005. IBGE: - Acesso em 09/08/2009 LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor,adeus professora?são Paulo:Cortez, 2001.p.53 MANTOAN, M.T.E Caminhos pedagógicos da Inclusão, SASSAKI, Romeu K. Inclusão:construindo uma sociedade para todos, SASSAKI, Romeu K. Inclusão:o paradigma do século 21-Revista Inclusão, Nº 1 p.19. SECRETARIA de Educação Especial MEC- Disponível em - Acesso em 20/08/2009 SILVA, Maria Ecione, Estudo preliminar sobre trabalho de campo na perspectiva da Educação Inclusiva, UNESCO- Conferência Mundial sobre Educação para Necessidades Especiais, UNESCO- Declaração de Salamanca, VIEIRA, Ubiratan Garcia. O que são deficiências?, WIKIPÉDIA. A enciclopédia livre. Disponível em: programa de educacaoinclusiva. Acesso em 18/08/ Acesso em 16/08/2009.