Discussões Tributárias em matéria tributária ano 2017 Marciano Buffon Marina Furlan.

Transcrição

1 Discussões Tributárias em matéria tributária ano 2017 Marciano Buffon Marina Furlan

2 Decisão da Receita Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais A Secretaria da Receita Federal publicou, no Diário Oficial da União de 27 de março de 2017, a Solução de Consulta nº , de 18 de outubro de 2016, a qual trata da incidência de contribuições sociais previdenciárias sobre algumas verbas que compõem a folha de salários das empresas, com os seguintes esclarecimentos: 1 AVISO-PRÉVIO INDENIZADO, exceto seu reflexo no 13º salário NÃO INTEGRA A BASE DE CÁLCULO para fins de incidência;

3 Decisão da Receita Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais 2 - FÉRIAS INDENIZADAS E 1/3 DE FÉRIAS NÃO INTEGRAM A BASE DE CÁLCULO para fins de incidência; 3 - FÉRIAS GOZADAS E 1/3 DE FÉRIAS INTEGRAM A BASE DE CÁLCULO para fins de incidência; 4 - AUXÍLIO DOENÇA PAGO PELO EMPREGADOR NOS 15 PRIMEIROS DIAS DE AFASTAMENTO INTEGRA o conceito de salário de contribuição para fins de incidência das contribuições sociais.

4 Decisão da Receita Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais Todas têm sido objeto de discussões judiciais que se estendem nos últimos anos; Quanto ao aviso-prévio indenizado, o teor da Solução de Consulta da Receita Federal decorre do entendimento do Supremo Tribunal Federal (em Repercussão Geral), pela não incidência da contribuição previdenciária quanto ao aviso prévio indenizado; Aqui estão envolvidas a contribuição patronal e a dos empregados;

5 Decisão da Receita Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais O posicionamento da Receita Federal do Brasil não autoriza a compensação/restituição dos valores que foram pagos indevidamente, sendo que, para tanto, os contribuintes necessitam ingressar com demanda judicial respectiva, a qual garantirá o direito de compensar/restituir valores pagos a esse título nos últimos cinco anos contados retroativamente à propositura da ação;

6 Decisão da Receita Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais Para aqueles que já moveram a ação judicial, será necessário aguardar o trânsito em julgado do processo para efetuar compensação ou pedir a restituição; Relativamente às férias indenizadas e 1/3 férias respectivo, há muito vige o entendimento e orientação para que não haja o recolhimento de contribuição previdenciária, em face ao caráter indenizatório de tais verbas;

7 Decisão da Receita Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais No que tange às férias gozadas, dificilmente o Supremo Tribunal Federal acatará a tese defendida pelos contribuintes pela nãoincidência; Diferentemente do exposto no item anterior, há consolidada jurisprudência no sentido de excluir da incidência da contribuição previdência os valores pagos a título de 1/3 de férias.

8 Decisão da Receita Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais A solução de consulta também esclarece que, na hipótese de o contribuinte apurar crédito passível de compensação, relativamente à contribuição previdenciária prevista no inciso I do artigo 22 da Lei 8.212/1991¹, esta haverá de ser efetuada, nos termos dos artigos 56 a 59 da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, sendo o crédito compensado com débitos de contribuições previdenciárias correspondentes a períodos subsequentes, a ser informada em GFIP na competência de sua efetivação.

9 Decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais Cabe comentar, ainda, que na data de 29 de março de 2017, o Supremo Tribunal julgou o Tema 20, que trata do alcance da expressão folha de salários, para fins de instituição de contribuição social sobre o total das remunerações; A partir dessa decisão, que irá definir todos os processos que estão vinculados a esse tema, foi decidido que "A contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional nº 20/1998"

10 Decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a incidência de INSS sobre verbas salariais Não se pode deixar de referir que o referido entendimento (ainda não foi publicado o inteiro teor), poderá definir que todas as verbas habituais, aqui inserido o pagamento do 1/3 de férias, serão base da contribuição previdenciária; Dessa forma, todas as ações judiciais que estejam pendentes, em decorrência do Tema 20, poderão não mais reconhecer a exclusão do 1/3 de férias da base da contribuição previdenciária.

11 Exclusão do ICMS da base PIS e COFINS A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS foi proferida no dia 15 de março de 2017; O STF, por maioria de votos, confirmou o entendimento pela inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições para o PIS/COFINS. Tendo em vista a complexidade desta questão, bem como sua ampla e nem sempre adequada divulgação na mídia, convém, por hora, esclarecer o seguinte:

12 Exclusão do ICMS da base PIS e COFINS A) muito provavelmente, o acórdão, quando vier a ser publicado, será objeto de embargos de declaração, no sentido de modular os efeitos da decisão, sendo que a Fazenda Pública defende a tese de que a inconstitucionalidade apenas ocorreria a partir de 2018 o que se mostra de todo insustentável; B) Alternativamente a isso, é possível que a Suprema Corte estabeleça que a inconstitucionalidade teria cessado com o advento da Lei /14; ou que, apenas aqueles contribuintes que vierem a mover a ação judicial até o término deste julgamento, fariam jus ao direito da referida exclusão;

13 Exclusão do ICMS da base PIS e COFINS Em face desta situação, recomenda-se a todos aqueles que ainda não moveram ações judiciais que o façam imediatamente, no sentido de suspender os recolhimentos e, ao final, obter o direito à restituição/compensação dos valores indevidamente recolhidos, relativamente aos últimos cinco anos (isso NÃO se aplica para empresas optantes pelo SIMPLES NACIONAL).

14 Exclusão do ICMS da base PIS e COFINS Ao nosso ver, a ação é apenas recomendável para aqueles contribuintes que apuram ICMS a pagar, pois há o considerável risco de que o Fisco entenda que dos créditos relativamente a tais contribuições, na sistemática nãocumulativa aplicável às empresas optantes pelo Lucro Real, também seja excluído o ICMS da base de cálculo (para empresas optantes pelo Lucro Presumido o risco não existe);

15 Exclusão do ICMS da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta Em agosto de 2011, mediante a Medida Provisória nº 540, foi criado o Plano Brasil Maior. Entre as alterações adotadas na Medida Provisória, convertida na Lei nº /11, constava/consta no art. 8º, a substituição da contribuição previdenciária prevista nos incisos I e III, do artigo 22 da Lei nº 8.212/91 (20% sobre a folha de salários), pela contribuição incidente sobre a receita bruta;

16 Exclusão do ICMS da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta Não obstante, em relação às possibilidades de exclusões da base de cálculo da referida contribuição, a legislação previu somente as vendas canceladas e os descontos incondicionais, o IPI quando incluído na receita bruta e o ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou serviços na condição de substituto tributário;

17 Exclusão do ICMS da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta Dessa forma, tendo em vista a decisão do STF no tocante à exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições para o PIS e COFINS, pode-se aplicar, por analogia, que referido entendimento também se aplica à Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta; Já há algumas decisões no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, reconhecendo tal entendimento, motivo pelo qual há fundamento para eventual discussão judicial.

18 Extinção da desoneração da folha de pagamento, a partir de 1º de julho de 2017 O Governo Federal, com a edição da Medida Provisória nº 774/2017, altera, a partir de 01 de julho de 2017, a forma de se calcular a contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta, como previsto na lei nº /2011. A aplicação da lei nº /2011, conhecida como a lei desoneração da folha de pagamento, continuará sendo opcional, porém a partir de 01 de julho de 2017, só estarão abrangidas pela norma as empresas:

19 Extinção da desoneração da folha de pagamento, a partir de 1º de julho de 2017 A) de transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal, intermunicipal em região metropolitana, intermunicipal, interestadual e internacional enquadradas nas classes e da CNAE 2.0; B) do setor de construção civil, enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0; C) de transporte ferroviário de passageiros, enquadradas nas subclasses /01 e /02 da CNAE 2.0;

20 Extinção da desoneração da folha de pagamento, a partir de 1º de julho de 2017 D) de transporte metroferroviário de passageiros, enquadradas na subclasse /03 da CNAE 2.0; E) de construção de obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da CNAE 2.0; F) jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens de que trata a lei nº /2002, enquadradas nas classes , , , , , , , e da CNAE 2.0.

21 Extinção da desoneração da folha de pagamento, a partir de 1º de julho de 2017 Assim, a partir da entrada em vigor do referido normativo, pode-se afirmar que o regime da desoneração estará praticamente extinto, pois a maioria dos setores não mais poderão adotar a sistemática da contribuição sobre receita bruta, instituída pelo artigo 7º da lei nº /2011. Dessa forma, somente restará às empresas voltar a recolher a contribuição previdenciária sobre a folha de salários, nos termos previstos no artigo 22, incisos i e iii da a lei nº 8.212/1991.

22 Extinção da desoneração da folha de pagamento, a partir de 1º de julho de 2017 Referida Medida Provisória deverá ser convertida em lei em até 120 dias da sua publicação, sendo que entendemos que até lá, muitas alterações poderão ocorrer no texto original; A discussão judicial que pode ser feita, no tocante a esse ponto, será quanto à entrada em vigor do referido dispositivo no meio do ano, o que fere o princípio da segurança jurídica.

23 Permanecendo alguma dúvida, entrar em contato pelo Muito obrigada!!!