A DEMOCRATIZAÇÃO AO USO DE COMPUTADORES E A ESCOLA D. D. CHIESA 1 ; C. B. LOUREIRO 2
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- Júlio César Aranha de Miranda
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1 A DEMOCRATIZAÇÃO AO USO DE COMPUTADORES E A ESCOLA D. D. CHIESA 1 ; C. B. LOUREIRO 2 RESUMO: Este artigo tem como propósito refletir sobre o verdadeiro sentido de inclusão digital aliado a aplicação de uma política pública criada pelo governo federal. O uso de computadores em salas de aula nos remete a necessidade de uma avaliação da realidade em nossas escolas. Dentro desse novo panorama mundial, nosso estudo coloca em foco um dos programas que foram criados com o objetivo de inclusão digital o PROUCA (Programa Um Computador do Aluno). O PROUCA surgiu a partir de uma tendência de globalização ao acesso as tecnologias digitais e esse trabalho surge com a necessidade de compreender alguns fatores que englobam a educação e a sociedade. PALAVRAS-CHAVE: inclusão digital; PROUCA; educação. INTRODUÇÃO A democratização ao acesso às tecnologias da informação com a finalidade de inserção das pessoas no mundo globalizado assim como, o uso dessas tecnologias no ensino, com o intuito de disseminar o conhecimento entre as pessoas, tem chamado nossa atenção nos últimos anos. Em termos de inclusão, educação e políticas públicas podemos citar o Programa Um Computador por Aluno PROUCA, como um dos projetos que tem por objetivo a inclusão digital aliada ao ensino. Iniciativas como essa surgem a partir de uma tendência do governo de que as escolas façam o papel de incluir digitalmente as pessoas na sociedade. O PROUCA iniciou em 2007, sendo ainda hoje uma proposta bem recente. Seu princípio básico 1 Estudante, Curso de Licenciatura em Matemática, IFRS câmpus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP , Bento Gonçalves, RS. Fone , daniela.chiesa@bento.ifrs.edu.br 2 Profa. Orientadora, Mestre em Ciência da Computação, IFRS câmpus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP , Bento Gonçalves, RS. Fone , carine.loureiro@bento.ifrs.edu.br 1
2 consiste na distribuição de laptops para alunos, professores e gestores da educação pública com a finalidade de incluí-los digitalmente e aliar o ensino e a aprendizagem ao uso das tecnologias da informação. Diligências como essas nos fazem perceber que a informática tem atingido um papel de destaque na sociedade e também tem assumido uma posição diferente em relação ao processo educacional. Juntamente com essas transformações encontramos dificuldades ligadas ao uso dessas tecnologias em nossas salas de aula. As várias inovações que ao mesmo tempo trazem ao professor uma nova possibilidade de construção de conhecimentos exigem um aperfeiçoamento contínuo e uma mudança nos currículos e concepções escolares. Quando são desenvolvidos projetos, até por uma questão política, existe uma forte tendência de que sejam feitas exposições errôneas. Numa primeira ideia podemos pensar que o PROUCA surge como a solução para a inclusão digital quando possibilita o acesso a computadores dentro da própria escola, contudo se formos analisar alguns determinantes do processo de ensino e inclusão encontramos uma realidade bem diferente. Este artigo está dividido em duas seções; na primeira seção traremos uma apresentação do programa PROUCA e na seção seguinte apresentamos uma reflexão sobre inclusão digital e o Programa Um Computador por Aluno. UM COMPUTADOR POR ALUNO CONHECENDO O PROJETO O Programa Um Computador do Aluno (PROUCA) é um projeto educacional do governo federal que, conforme o artigo 7, capítulo II, da Lei de 11 de junho de 2010 tem por objetivo promover nas escolas das redes pública municipal, estadual distrital e federal, assim como, em escolas, sem fins lucrativos, que atendem a pessoas com deficiência, a inclusão digital mediante a utilização e aquisição de equipamentos de informática, de programas de computadores e de assistência e suporte técnico para seu funcionamento. O programa tem como essência a disponibilização de laptops para o uso educacional de alunos e professores em seu dia a dia, seja na escola ou fora dela. 3o Os equipamentos mencionados no caput deste artigo destinam-se ao uso educacional por alunos e professores das escolas das redes públicas de ensino federal, estadual, distrital, municipal ou das escolas sem fins lucrativos de atendimento a pessoas com deficiência, exclusivamente como instrumento de aprendizagem. (BRASIL, 2010) 2
3 O PROUCA além de disponibilizar equipamentos de informática, deve conceder infraestrutura e capacitação aos gestores e docentes dando ênfase a inclusão da escola e da comunidade em uma cultura digital. O experimento, denominado pré-piloto, entrou em vigor no ano de 2007 com implantação do projeto em cinco escolas públicas brasileiras. Em 2010, o projeto entrou em sua fase 2, denominada piloto, com a distribuição de cerca de laptops e seleção de cerca de 300 escolas participantes, divididas em todo o território nacional. O projeto também contou com o atendimento de todas as escolas de seis municípios, no denominado UCA TOTAL. A primeira fase de implantação visou à escolha das escolas baseadas em alguns critérios de seleção, dentre estes critérios encontra-se: assinatura do termo de adesão, número de alunos e professores, infraestrutura, anuência do corpo docente e localização. Destacamos que dava-se preferência às escolas com número de alunos e professores em torno de 500, que tenham energia elétrica e armários para guardar os computadores e que fossem localizadas próximas a Instituições de Educação Superior públicas ou Escolas Técnicas Federais ou a centros de Núcleos de Tecnologias Educacionais - NTE - ou similares. Sendo que ao menos uma escola deverá estar localizada na capital do estado e uma na zona rural. Juntamente com a criação do PROUCA criou-se um Grupo de Trabalho denominado GTUCA. O grupo é formado por especialistas no uso das tecnologias da informação e comunicação na educação. O GTUCA foi criado com a proposta de assessorar o Ministério da Educação na implantação do PROUCA e para isso foi dividido em três frentes: Grupo de Trabalho em Formação (GT Formação), Grupo de Trabalho em Avaliação (GT Avaliação) e Grupo de Trabalho em Pesquisa (GT Pesquisa). Com o GTUCA foi elaborado um plano de formação que contou com a participação dos Núcleos de Tecnologia Educacional dos Estados e Municípios (NTE/NTM) e das Instituições de Ensino Superior (IES) tal plano abrangeu a qualificação pedagógica, tecnológica e teórica dos envolvidos no projeto 3. O PROUCA E A INCLUSÃO DIGITAL 3 Todas as informações acima nos fazem ter um entendimento geral do programa e de como é o seu funcionamento. Os dados informados foram retirados através do site e foram buscados com a finalidade de melhor entender as discussões que seguirão ao longo desse trabalho. 3
4 Nos últimos anos é crescente o discurso que faz referência ao uso de tecnologias de ensino nas escolas brasileiras. O termo inclusão digital tem sido mencionado, muitas vezes por modismo, sem real atenção para sua definição e características. Diante desse contexto o que é realmente inclusão digital, quais são seus objetivos? O jornalista Paulo Rebêlo (2005) em sua reportagem sobre Inclusão Digital nos responde bem a essa pergunta: É que inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia. Em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas alfabetizar a pessoa em informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores. Como fazer isso? Não apenas ensinando o bê á bá do informatiquês, mas mostrando como ela pode ganhar dinheiro e melhorar de vida com ajuda daquele monstrengo de bits e bytes que de vez em quando trava. O erro de interpretação é comum, porque muita gente acha que incluir digitalmente é colocar computadores na frente das pessoas e apenas ensiná-las a usar Windows e pacotes de escritório. Segundo o jornalista incluir digitalmente não significa distribuir computadores, mas sim criar uma mudança na realidade social das pessoas, é propiciar condições para que as pessoas possam se inserir em um espaço informatizado e que a partir dessa inserção possam se beneficiar de todas as ferramentas disponíveis para ajudar a melhorar sua vida e a se socializar. Existem várias discussões acerca da real definição de inclusão digital. Para Lemos (2003 apud BONILLA; OLIVEIRA, 2011, p. 35) incluir é um dogma e reflete a ausência de discussão, significando, na maioria dos casos, oferecer condições materiais de acesso às tecnologias, sem envolver processos cognitivos questionadores. Parte-se do princípio que assim a sociedade deve ser incluída à era da informação. Devido a uma divergência de opiniões sobre o termo, no presente artigo, admitimos como inclusão digital a definição defendida por Rebêlo. Definido inclusão digital e seus princípios vamos nos remeter ao Programa Um Computador por Aluno. Em pesquisa realizada em duas escolas da rede que utilizam o PROUCA, Lopes e Schlemmer (2011), se propuseram a analisar e refletir sobre o módulo dois. Esse módulo trabalha com a utilização de s, blogs e outros recursos para publicação de conteúdo. Conforme os autores, as escolas não efetuaram a entrega dos computadores para os alunos levarem para casa, isso devido a um consenso entre os pais e as escolas. Fato este que nos 4
5 chama atenção, uma vez que se o objetivo é incluir os estudantes e familiares a uma cultura digital esse é um primeiro indício de que os computadores estão sendo utilizados de forma pontual e não há livre acesso aos alunos e aos familiares. Continuando a análise os autores descrevem que foram criados blogs, porém os mesmos se restringem à divulgação de eventos, informações gerais, exposição de fotos entre outros e sua atualização não ocorre em tempo real e acrescentam que a possibilidade de interação e a publicação por parte dos alunos ainda não foi explorada pelos professores, os alunos só têm utilizado os laptops para fins de pesquisas online sendo que a escrita analógica continua predominante nas escolas. Diante dos expostos os autores concluem que os professores e gestores estão na fase de exploração dos recursos e parecem estar abertos para essa nova possibilidade de ensino, contudo Resta saber se estão bem certos do significado e das implicações que uma ecologia cognitiva digital tem no contexto da cultura da escola. (LOPES; SCHELEMMER, 2011, p.12) O relato feito acima nos mostra que a implantação do PROUCA nessas duas escolas ainda não tem contribuído de forma a incluir digitalmente os alunos e a comunidade de modo que possam participar socialmente de novo mundo digital e usufruir da tecnologia em seu cotidiano. CONSIDERAÇÕES FINAIS À medida que aumentam o uso de recursos em sala de aula, aumentam as responsabilidades de gestores e docentes, pois de certa forma, atrelados a essa mudança no ensino, encontramos desafios que devem ser superados a todo o momento. A implantação do PROUCA faz parte dessa nova realidade, contudo a partir do momento em que são inseridos computadores nas mãos dos estudantes, para que sejam utilizados em salas de aula, abrimos um leque de possibilidades de ensino que talvez faça com que seja necessário mudar a posição que as tecnologias digitais ocupam na escola. Talvez seja necessário uma mudança de postura, procurando estabelecer relações entre o uso dos laptops no ensino e a criação de uma concepção que consiga trazer o computador para sala de aula e que busque explorar todos os recursos oferecidos por essa tecnologia de forma eficiente e capaz de construir aprendizagem e também que traga suporte às avaliações. 5
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONILLA, M. H. S.; OLIVEIRA, P. C. S. de. Inclusão Digital: Ambiguidades em Curso. In: BONILLA, M. H. S.; PRETTO, N. de L. (Org.) Inclusão Digital Polêmica Contemporânea. Coleção Educação Comunicação e Tecnologia, Salvador, v. 2, p , Disponível em:< Acesso em: 23 set BRASIL, Lei , de 11 de junho de Cria o Programa Um Computador por Aluno - PROUCA e institui o Regime Especial de Aquisição de Computadores para Uso Educacional RECOMPE. Disponível em: < Acesso em: 23 set LOPES, D. de Q.; SCHLEMMER, E. A cultura digital nas escolas: para além da questão do acesso às tecnologias digitais. Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Disponível em: < RV.pdf>. Acesso em: 23 set REBÊLO, P. Inclusão Digital: O que é e a quem se destina? Websinter, Disponível em: < Acesso em 21 set MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. UCA Um Computador por Aluno Disponível em: < em: 21 set
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