Difilobotríase: alerta e recomendações
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- Amália Brezinski Gomes
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1 MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Difilobotríase: alerta e recomendações Desde março de 2005, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS) tem sido notificada da ocorrência de casos confirmados de difilobotríase causados pelo Diphilobotrium latum ou tênia do peixe. Os consumidores de pescados crus ou mal cozidos constituem a população de risco, pois podem ingerir larvas do parasita se os peixes não t iverem sido devidamente congelados. Os primeiros casos foram notificados pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que até o momento registra 28 casos autóctones confirmados e está finalizando investigação epidemiológica dos casos suspeitos. Posteriormente a Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal notificou um caso confirmado cujo paciente ingeriu, nos últimos dois anos, peixes crus no Brasil e em outros países. A SVS tem recebido informações sobre a ocorrência de casos em outros Estados, mas ainda não confirmados oficialmente. Os sinais e sintomas da doença são: distensão abdominal, flatulência, cólica abdominal intermitente, emagrecimento e diarréia. A complicação mais grave da difilobotríase consiste em uma anemia megaloblástica que pode ocorrer em até 2% dos parasitados. O quadro clínico varia de acordo com o desenvolvimento atingido pelo parasita no homem, mas a maioria dos casos apresenta a forma assintomática da doença e, normalmente não oferece risco à vida. Pacientes com queixa de diarréia intermitente, dor e/ou desconforto abdominal e com história de ingestão de peixes crus ou mal cozidos, devem procurar atendimento médico e realizar exame parasitológico das fezes para o diagnóstico da difilobotríase. O diagnóstico laboratorial é realizado por microscopia mediante a detecção de ovos ou proglotes nas amostras de fezes. É importante a diferenciação do parasita com outras espécies de cestódeos e helmintos para o tratamento adequado. O tratamento da difilobotríase é baseado na administração via oral de praziquantel (medicamento de escolha) em dose única, podendo ser necessária à administração de vitamina B12 para a correção da anemia. Recomendamos que não haja auto -medicação e que o tratamento seja instituído somente sob prescrição médica. Recomendações A SVS/MS, recomenda que:
2 1. Os serviços de saúde públicos e privados solicitem exames parasitológicos de fezes dos pacientes com queixa de diarréia intermitente, dor e/ou desconforto abdominal e com história de ingestão de peixes crus ou mal cozidos; 2. Os laboratórios com dificuldades na confirmação laboratorial, que é realizada por meio de identificação dos ovos e proglotes do Diphilobotrium latum, devem encaminhar as amostras suspeitas ao Instituto Adolfo Lutz - Laboratório de Referência Nacional para identificação desse parasito em amostras clínicas e bromatológicas; 3. As unidades de saúde, assim como os laboratórios da rede do Sistema Único de Saúde, das Universidades e da rede privada, devem notificar os casos confirmados laboratorialmente às Secretarias de Saúde de seus municípios e/ou Estados. A Secretaria Estadual de Saúde notificarão a Secretaria de Vigilância em Saúde, conforme fluxo estabelecido para as demais doenças de interesse epidemiológico; 4. A notificação destes casos será implantada de forma provisória, com o objetivo de avaliar a magnitude do problema, com vistas a proposição de medidas de prevenção e controle; 5. Como instrumento para notificação de casos confirmados, pode ser utilizada a planilha que consta em anexo. A ANVISA, considerando a necessidade de orientação aos estabelecimentos de alimentação e aos consumidores, recomenda que: 1. O consumo de pescados crus ou mal cozidos e que não tenham sido congelados adequadamente, oferece risco de infestação pelo Diphyllobotrium latum, bem como por outros agentes, devendo ser dado preferência aos pescados que recebam processo térmico; 2. O prato preparado ou que contenha peixe cru ou mal cozido deve ser precedido de congelamento do pescado em pelo menos -20ºC (menos vinte graus centígrados) por um período mínimo de 7 dias ou menos -35ºC (menos trinta e cinco graus centígrados) por um período de no mínimo 15 horas, condição suficiente para inativar a larva do parasita. Maiores informações nos sites: Nos restaurantes onde são servidos pratos que contenham peixes crus ou mal c ozidos, os proprietários devem garantir o mesmo procedimento de congelamento referido no item anterior antes de servi-lo ao consumidor.
3 Informações sobre o ciclo de vida do Diphyllobothrium latum A difilobotríase é uma parasitose intestinal causada por espécies do gênero Diphyllobothrium, destacando-se a espécie D. latum. Ovo - D.latum Adulto - D.latum As áreas em que o D. latum é altamente endêmico (prevalência > 2%) incluem áreas de lagos e deltas da Sibéria, Europa (especialmente Escandinávia e outros países bálticos), América do Norte, Japão e Chile, havendo também descrição da ocorrência da doença na Argentina, Peru e Coréia. O hospedeiro definitivo é o homem, entretanto, outros mamíferos (canídeos e felídeos, domésticos ou silvestres, ursos, etc) que consomem peixes crus, podem servir de hospedeiros. O ciclo vital do parasita envolve dois hospedeiros intermediários: o primeiro é um pequeno crustáceo do plâncton (copépode) e o segundo é uma espécie de peixe de água doce ou anádromo (peixes que migram da água salgada à água doce para procriar). Os ovos imaturos são liberados através das fezes 1. Sobre condições apropriadas, os ovos se desenvolvem (em aproximadamente 18 a 20 dias) 2 até o estágio de coracídeo na água 3. Após a ingestão por um copépode, o coracídio se desenvolve em larva procercóide 4. Este crustáceo é ingerido por pequenos peixes. A larva procercóide é liberada do crustáceo e migra para a musculatura do peixe onde se desenvolve em larva plerocercóide 5 que é o estágio infectivo para seres humanos. Como os seres humanos geralmente não ingerem pequenos peixes crus ou mal-cozidos, estes não representam importante fonte de infecção. Entretanto, os pequenos peixes podem ser ingeridos por espécies de peixes maiores e predadores 6. Nestes casos, a larva plerocercóide pode migrar para a musculatura do peixe predador e os seres humanos se infectam pelo consumo do peixe cru ou mal cozido 7. Após a ingestão, a larva plerocercóide se des envolve em verme adulto imaturo, localizando-se no intestino delgado. Os vermes adultos do D. latum se aderem à mucosa intestinal através do escólex 8 e podem chegar a medir mais de 10 metros de comprimento, com mais de 3000 proglotes. Os ovos imaturos são liberados dos proglotes (mais de 1 milhão de ovos por dia por verme) 9 e passam para as fezes 1. Os ovos podem ser observados nas fezes, cinco a seis semanas após a infecção.
4 Ciclo do Diphyllobotrium latum O crustáceo infectado é ingerido por um pequeno peixe. A larva procercóide é liberada do crustáceo e se desenvolve em larva plerocercóide Um peixe predador come o pequeno peixe infectado Larva procercóide nas cavidades corporais dos crustáceos O ser humano ingere o peixe infectado cru ou mal-cozido Estágio infectivo Estágio diagnóstico Escólex Coracídeo eclode do ovo e é ingerido por pequenos crustáceos Adultos no intestino delgado Ovos embrionados na água Ovos não-embrionados são liberados através das fezes Liberação de proglotes com ovos imaturos Adaptado de
5 Anexo 1- Planilha para registro dos casos confirmados de Difilobotríase. UF: Município Ano: Iniciais idade sexo Município residência Data da Notificação Data do início dos.sintomas Laboratório Dt exame Distensão abdom Flatus Sinais e sintomas Cólica Perda peso Diarréia Anemia Ingestão de peixe cru Desde (ano) Ingestão peixe mal cozido Desde (ano) Tipo de Peixe ingerido Local de consumo Tratamento OBS
6 Instrucional Iniciais: Iniciais do nome paciente Idade: dia/mês/ano Sexo: M= masculino F= feminino Mun.residência: Município de residência do paciente Data da Notificação: Data da notificação à vigilância epidemiológica estadual ou municipal Data do início dos sintomas: dia/ mês/ano (provável) Laboratório: Nome do laboratório que realizou o exame Dt exame: Data em que fo i realizado o exame parasitológico Sinais e sintomas: 1= sim 2= não 9= ignorado Ingestão de peixe cru: 1= sim 2= não 9= ignorado Desde (ano): desde que ano o paciente relata história de ingestão de peixe cru Ingestão de peixe mal cozido: 1= sim 2= não 9= ignorado Desde (ano): desde que ano o paciente relata história de ingestão de peixe mal cozido Tipo de Peixe ingerido: tipo de peixe cru ou mal cozido freqüentemente consumido Local de consumo: principais locais de consumo de peixes crus ou mal cozidos Tratamento: Se fez uso de tratamento específico para a difilobotríase:1= sim 2= não 9= ignorado OBS: anotar quaisquer outras observações importantes/relevantes para o acompanhamento do caso.
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