TERCEIRA IDADE: SUJEITOS, PRÁTICA E EXPERIÊNCIAS 1
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- Elisa Furtado de Miranda
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1 1 TERCEIRA IDADE: SUJEITOS, PRÁTICA E EXPERIÊNCIAS 1 Dayanne Mota de Oliveira 2 Jamilson Fernandes de Matos 3 Sônia Frota dos Santos 4 Sônia Maria Alves de Oliveira Reis 5 Resumo Este trabalho visa apresentar informações em relação a estudos que estamos realizando em relação à terceira idade, destacando reflexões sobre envelhecimento no âmbito local e global, políticas para terceira idade e dos modelos de assistência ao idoso no país e em Guanambi-Ba. Além disso, apresentamos o Estatuto do Idoso e alguns conceitos sobre os aspectos biopsicossociais e culturais do processo de envelhecimento. Para orientar a realização deste estudo, destacamos Beauvoir (1990); Duarte (1999); Estatuto do Idoso (2003); Peixoto (1998); Moletta (2000) e outros. A compreensão dos dados fundamentase nos pressupostos da abordagem qualitativa. Do ponto de vista técnico-metodológico, utilizamos diário de campo, constituído a partir da observação nos espaços que atendem sujeitos da terceira idade e entrevistas visando apresentar os significados da experiência vivenciada por eles e pelos profissionais que realizam as atividades socioeducativas. Os resultados da investigação reafirmam a necessidade de atuação do pedagogo nas equipes multiprofissionais de programas, projetos e atividades voltados para a pessoa idosa. O trabalho aponta alguns fundamentos e pressupostos teórico-metodológicos para o trabalho na educação dos educandos da terceira idade. Palavra Chaves Terceira idade, envelhecimento, equipe multiprofissional e experiencias. Introdução 1 Este trabalho foi apresentado na atividade eixo interdisciplinar, resultados das discussões na disciplina TEC Terceira Idade oferecida no 3º semestre do curso de Pedagogia. 2 Graduanda do curso de Pedagogia, UNEB - Campus XII. 3 Graduando do curso de Pedagogia, UNEB - Campus XII. 4 Graduanda do curso de Pedagogia, UNEB - Campus XII. 5 Profª da disciplina TEC Terceira Idade, UNEB Campus XII.
2 Existe hoje uma crescente presença dos idosos nos espaços públicos; observamos que cada vez mais eles "ocupam a cena" e, às vezes, no papel decisivo de protagonistas. A classificação de um indivíduo como idoso não deve limitar-se apenas à idade cronológica, embora a mesma tenha sido adotada de forma geral e quase como exclusiva nas discussões sobre o envelhecimento. É fundamental também levar em conta as idades biológica, social e psicológica que não coincidem necessariamente com a cronológica. Diante disso, se faz necessário esclarecermos o conceito de alguns termos como: velhice, envelhecimento populacional, terceira idade, psicologia do envelhecimento, qualidade de vida (saúde e lazer), Estatuto do Idoso e outros, para compreendermos melhor a temática em estudo. 2 Mapa conceitual A partir de um mapa conceitual construído no decorrer do levantamento bibliográfico sobre estudos e pesquisas no campo da Terceira Idade podemos dizer que a velhice é um processo pessoal, natural, indiscutível e inevitável, para qualquer ser humano na evolução da vida. Nessa fase sempre ocorrem mudanças biológicas, fisiológicas, psicossociais, econômicas e políticas que compõe o cotidiano das pessoas. Segundo Beauvoir (1990, p.15) a velhice é um fenômeno biológico: o organismo do homem idoso apresenta certas singularidades; acarreta consequências psicológicas: certos comportamentos são considerados, como característicos da idade avançada. Como todas as situações humanas, ela tem uma dimensão existencial: modifica a relação do indivíduo com o tempo e, portanto, sua relação com o mundo e com sua própria história. De acordo com os estudos que realizamos não há um consenso sobre qual a idade em que se inicia a chamada Terceira Idade. Segundo Duarte (1999), do ponto de vista cronológico, chama-se de Terceira Idade a faixa etária em torno dos 65 anos, aproximadamente; ancianidade dos 70 aos 75 anos e última senectude, ao redor dos 80 anos. Conforme Peixoto (1998), a Terceira Idade é um termo que vem a fazer um corte na velhice. Dessa forma, os idosos recém aposentados, que continuam em atividade são considerados pertencentes à Terceira Idade, enquanto que aqueles que já avançam um pouco mais na idade e apresentam um quadro de fragilidade e decadência são chamados de velhos.
3 Nesse sentido, é oportuno refletirmos sobre o envelhecimento populacional, que nada mais é que o crescimento da população considerada idosa em uma dimensão tal que, de forma sustentada, amplia a sua participação relativa no total da população. A participação da população idosa em 2000 segundo o IBGE correspondia a 5,1% da população total do País. Este processo de envelhecimento populacional provocado pela redução da mortalidade, a diminuição da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida, nos colocam diante de novos desafios que exigem respostas urgentes. Tal modificação na base da pirâmide populacional tem profundas repercussões sobre as políticas sociais, principalmente em termos de investimentos no que se refere à saúde, previdência social, educação, etc. Ao observar uma população cada vez mais envelhecida, evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida. O conceito de qualidade de vida está relacionado à auto-estima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive. Nessa direção compreendemos que o conceito qualidade de vida é subjetivo depende do nível sociocultural, da faixa etária e das aspirações pessoais do indivíduo. A saúde e a qualidade de vida dos idosos, mais que em outros grupos etários, sofrem a influência de múltiplos fatores físicos, psicológicos, sociais e culturais. Assim, promover a saúde do idoso significa considerar variáveis de distintos campos do saber, numa atuação interdisciplinar e multidimensional. Nessa perspectiva a Psicologia do Envelhecimento estuda as transformações do desenvolvimento humano, percebendo o sujeito como um ser processual, onde cada indivíduo envelhece de modo singular, ou seja, de acordo com experiências que lhe são peculiares. 3 Estatuto do idoso Com o objetivo de assegurar os direitos da pessoa idosa, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República elaborou o Estatuto do Idoso em parceria com os Estados e Municípios. De iniciativa do Projeto de Lei n de 1997, o Estatuto do Idoso foi também fruto da organização e mobilização dos aposentados, pensionistas e
4 idosos vinculados à Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (COBAP), sendo uma grande conquista para a população idosa e para a sociedade. O idoso possui direito à liberdade, à dignidade, à integridade, à educação, à saúde entre outros direitos fundamentais. Com ênfase na temática em estudo, observamos que o Estatuto do Idoso prevê no Artigo 21 que o Poder Público deve criar oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados a eles. Com isso, observamos, que as instituições educacionais e sociais devem promover aos sujeitos da terceira idade experiências socioeducativas, culturais, esportivas e outras. Neste estudo, concluímos que o ensino para idosos apresenta especificidades que precisam ser bem mais pesquisadas e sistematizadas, nesse sentido as atividades pedagógicas devem ter suas próprias características, adotando-se recursos e técnicas de ensino destinadas à aprendizagem de pessoas da terceira idade. Todavia, notamos que a educação voltada para o idoso ainda se vê abandonada e incompreendida. Infelizmente o sistema educacional e social não reconhece os direitos dos idosos. As autoridades brasileiras não amparam de forma mais consistente o idoso com relação aos estudos, o que se constitui em um profundo desrespeito. "De modo geral, o público da terceira idade busca o contato com novas pessoas, novas culturas, participação em eventos de confraternização e a vivência de experiências diferenciadas." (MOLETTA, 2000). 4 A Terceira Idade em Guanambi Com o propósito de fazer um levantamento dos espaços reservados para a terceira idade na cidade de Guanambi-Bahia visitamos o Centro de Convivência do Idoso Otelino Ferreira Costa localizado na Rua Joaquim Chaves, Bairro Santo Antônio. Este espaço é mantido pela Secretaria de Ação Social e Prefeitura Municipal de Guanambi- BA. Atende sujeitos da terceira idade a partir dos 60 anos de idade. Em entrevista realizada com a diretora do Centro de Convivência do Idoso e no decorrer das visitas e observações feitas no local constatamos que o espaço oferece aos idosos momentos de lazer, assistência médica e aconselhamento sobre questões de ordem pessoais, profissionais e sociais. Além disso, funciona também como um espaço onde o sujeito da terceira idade ou comunidade pode prestar queixas de maus tratos sofridos pelos idosos.
5 Observamos que o Centro de Convivência do Idoso conta com uma equipe formada por médicos, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais e outros, porém notamos a falta de um pedagogo, que a nosso ver poderia contribuir e auxiliar na organização de um atendimento e desenvolvimento de trabalho pedagógico numa perspectiva multidisciplinar. Nessa direção, compreendemos que a atuação do pedagogo no trabalho com idosos deve ser articulada a uma equipe multiprofissional com meios adequados para melhor atingir objetivos e ideais. Para tanto o educador deve ter uma boa formação para saber lidar com esses sujeitos que já possuem uma experiência sólida, se atentando para: conhecimentos já acumulados, velocidade de aprendizagem, dificuldades de ordem visual, dificuldades de ordem auditiva e problemas de locomoção. Considerações finais 5 Assim, podemos inferir que o propósito desse trabalho foi provocar a reflexão sobre a educação que temos e a educação que queremos para o aprendiz idoso na contemporaneidade, entendendo que é urgente a necessidade de um redimensionamento no modo de ver a velhice, para que se instalem no pensamento pedagógico novas práticas educativas para além das velhas práticas de alfabetização dos adultos, assim como a mudança de estereótipos e preconceitos sociais relacionados às pessoas idosas. O grande desafio está em buscar a compreensão do processo de como se chegar ao envelhecimento com sucesso e qualidade de vida, e isto vai depender de uma educação numa perspectiva interdisciplinar. Referencias teóricos BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Tradução de Maria Helena Franco Martins. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, DUARTE, L. R. S. Idade cronológica: mera questão referencial no processo de envelhecimento. Est. Interdiscipl. Envelhec.. UFRGS, Porto Alegre, v.2, p , ESTATUTO DO IDOSO. Lei Federal nº , de 01 de outubro de PEIXOTO, C. Entre o estigma e a compaixão e os termos classificatórios: velho, velhote, idoso, terceira idade... In: LINS DE BARROS, M. M. (Org). Velhice ou terceira idade? Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.
6 MOLETTA, V. F.; GOIDANICH, K. L. Turismo para a terceira idade. 2 ed. Porto Alegre: SEBRAE/RS,
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