PROVA DE LITERATURA 3 o TRIMESTRE DE 2014
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- Isadora da Silva Espírito Santo
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1 PROVA DE LITERATURA 3 o TRIMESTRE DE 2014 PROF. BANDINI NOME N o 1 a SÉRIE A compreensão do enunciado faz parte da questão. Não faça perguntas ao examinador. A prova deve ser feita com caneta azul ou preta. É terminantemente proibido o uso de corretor. Respostas com corretor serão anuladas. Esta prova tem ONZE questões em CINCO páginas. ESCREVA SEU NOME EM TODAS AS FOLHAS DA PROVA. 01. Leia o soneto abaixo, de Cláudio Manuel da Costa, e responda: Brandas ( 1) ribeiras, quanto estou contente De ver-vos outra vez, se isto é verdade! Quanto me alegra ouvir a suavidade, Com que Filis entoa a voz cadente! Os rebanhos, o gado, o campo, a gente, Tudo me está causando novidade: Oh! como é certo que a cruel saudade Faz tudo, do que foi, mui diferente! Recebei (eu vos peço) um desgraçado, Que andou té (2) agora por incerto giro Correndo sempre atrás do seu cuidado (3): Este pranto, estes ais (4), com que respiro, Podendo comover o vosso agrado, Façam digno de voz o meu suspiro. (1) suaves, delicadas. (2) até (3) preocupação amorosa (4) dores, sofrimentos a) Explique qual o traço fundamental presente no texto para caracterizá-lo como um soneto árcade. 02. Leia o trecho abaixo, extraído de Liras de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, e responda: Entremos, Amor, entremos, Entremos na mesma Esfera, Venha Pala, venha Juno, Venha a deusa de Citera, Porém não, que se Marília No certame antigo entrasse, Bem que Páris não peitasse, A todas as três vencera. Vai-te, Amor, em vão socorres Ao mais grato empenho meu: Para formar-lhe o retrato Não valem tintas do Céu. a) Qual certame antigo Marília venceria? O que o eu-lírico afirma nesse trecho a respeito de sua amada? 1
2 03. Leia o poema abaixo, extraído de Liras de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga. (...) Nesta triste masmorra de um semivivo corpo sepultura, inda, Marília, adoro a tua formosura Amor na minha idéia te retrata; busca, extremoso, que eu assim resista à dor imensa, que me cerca e mata. Quando em meu mal pondero, então mais vivamente te diviso (1): vejo o teu rosto e escuto a tua voz e riso. Movo ligeiro para o vulto os passos: eu beijo a tíbia (2) luz em vez de face, e aperto sobre o peito em vão os braços. (2) fraca (1) vejo Conheço a ilusão minha; a violência da mágoa não suporto; foge-me a vista e caio, não sei se vivo ou morto Enternece-me Amor de estrago tanto; reclina-me no peito, e com mão terna me limpa os olhos do salgado pranto. Depois que represento por largo espaço a imagem de um defunto, movo os membros, suspiro, e onde estou pergunto. Conheço então que Amor me tem consigo; ergo a cabeça, que inda mal sustento, e com doente voz assim lhe digo: Se queres ser piedoso, procura o sítio (3) em que Marília mora, pinta-lhe o meu estrago, e vê, Amor, se chora. Se a lágrima verter a dor a arrasta, uma delas me traze sobre as penas, e para alívio meu só isto basta. (3) lugar a) O eu lírico refere-se à Marília, mas dialoga com outro personagem. Quem é esse com quem o eu lírico conversa? b) Explique o que o eu lírico propõe na última estrofe. 2
3 NOME N o 1 a SÉRIE 04. No capítulo 31 ( Pai Quicé ) da primeira parte de Til, de José de Alencar, aparece o seguinte trecho: Chegado que foi junto à casa, [Brás] trepou a uma jabuticabeira para alcançar o peitoril da janela, cuja vidraça estava erguida, mostrando entre as cortinas de cassa uma linda cama de mogno coberta por colcha de damasco azul, um toucador, guarda-vestidos e outros móveis da recâmara [quarto] de uma senhora. Era a alcova [o quarto] de Linda. (...) Acabava o idiota de preparar assim o primeiro ato da obra de extermínio, que ele ruminava em sua feroz estultícia [idiotice, estupidez], quando o fez estremecer a voz de Berta, que se encaminhava para a alcova.(...) a) Explique o que Brás apronta no trecho. b) A partir desse trecho, o romance sobre alteração em sua estrutura temporal. Explique a que tempo o narrador direciona o enredo para contar a história de qual personagem (diga de quem se trata), fundamental para a vida de Berta (seja conciso, não se está pedindo resumo de enredo). c) Qual o desfecho da cena transcrita do capítulo 31, em que Berta entra no quarto de Linda? 05. No capítulo 4 ( Bebê ) da segunda parte de Til, aparece o seguinte trecho: (...) Algum tempo viveu Besita com sua filhinha no mesmo isolamento, sem outra companhia além de Zana, que lhe dera de mamar, e do capanga, o qual a servia como um escravo humilde e fiel da casa. Convencida de que seu marido a abandonara de vez, habituara-se com o correr do tempo à placidez [tranqüilidade] e serenidade daquela existência recôndita [escondida], que embeleciam as efusões do amor materno. No seio dessa tranquila solidão, cercada de afeições sinceras, sentia-se quase feliz. (...) a) Releia o trecho e, entre parêntesis, escreva o nome da filhinha ( ), do capanga ( ) e do marido ( ). b) Conte o que ocorre para destruir a serenidade daquela existência e qual a importância do capanga nesse episódio. 3
4 06. Ainda quanto ao romance de José de Alencar, no seu capítulo 31 ( Alma sóror ) da segunda parte da narrativa, aparece o seguinte trecho: Não teve Luís Galvão coragem para resistir ao pedido de Berta. Parecia-lhe que assim cumpria um voto de Besita. Dona Ermelinda condescendeu [concordou] prontamente com o desejo do marido, ansiosa por vê-lo restituído à sua tranquilidade e arrependida da confissão que provocara.(...) a) Explique qual o pedido de Berta e como ele se cumpre nesse desfecho da narrativa. 07. Leia o soneto abaixo ( Já te vi ), de Cláudio Manuel da Costa, e responda: Destes penhascos fez a natureza O berço, em que nasci! ó quem cuidara, Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! Amor, que vence os tigres, por empresa Tomou logo render-me; ele declara Contra o meu coração guerra tão rara, Que não me foi bastante a fortaleza. Por mais que eu mesmo conhecesse o dano, A que dava ocasião minha brandura, Nunca pude fugir ao cego engano: Vós, que ostentais a condição mais dura; Temei, penhas, temei; que Amor tirano, Onde há mais resistência, mais se apura. a) O que o eu-lírico quis dizer com amor, que vence os tigres, por empresa tomou logo render-me? b) Explique o que o eu-lirico afirma na última estrofe do poema. TESTES A B C D E 4
5 NOME N o 1 a SÉRIE 08. A respeito de Cartas Chilenas, leia a afirmação abaixo e responda: I. Critilo escreve a Doroteu e conta a respeito do governador chileno, apelidado de Fanfarrão Minésio, líder de uma quadrilha de funcionários que roubava os tesouros do reino. II. A obra faz alusão ao contexto de Minas Gerais, na década de 1780, quando o então governador da província ficou conhecido por sua violência e corrupção. III. Escrita por Tomás Antônio Gonzaga, a obra pertence à produção satírica do poeta. Está correto somente o que se afirma em: a) I, II e III. b) II e III. c) I e III. d) III. e) I e II. 09. Leia as observações seguintes, a respeito de Bocage, poeta que viveu entre 1765 e 1805: I. Principal autor do Arcadismo português, produziu poesia satírica, política e lírico-amorosa. Adotou o pseudônimo de Elmano Sadino. II. Sua vida foi marcada pela boemia. Produziu extensa poesia satírica, com a qual ganhou inúmeros desafetos. III. Manuel Maria Barbosa du Bocage escreveu poesia religiosa de qualidade, além da obra satírica que lhe deu fama. Foi um dos grandes autores do Arcadismo. Está correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) II. e) I, II e III. 10. Leia o trecho de soneto abaixo, de Bocage, e responda: Importuna Razão, não me persigas; Cesse a ríspida voz que em vão murmura; Se a lei de Amor, se a força da ternura Nem domas, nem contrastas, nem mitigas; Se acusas os mortais, e os não abrigas, Se (conhecendo o mal) não dás a cura, Deixa-me apreciar minha loucura, Importuna Razão, não me persigas Essas estrofes comprovam que a poesia do autor: a) abandona os padrões métricos regulares, em busca de uma expressão rítmica mais adequada aos impulsos emotivos. b) recria uma experiência notadamente emotiva, apesar de o eu-lírico reconhecer que o comportamento racional, comedido [controlado], é a única via de acesso à felicidade. c) utiliza uma linguagem ainda presa a esquemas argumentativos, embora revele o desejo do eu lírico de se satisfazer com a loucura provocada pelo fluxo emotivo. d) manifesta a angústia de um homem exilado, numa linguagem marcadamente confessional, livre dos travamentos impostos pela razão. e) tem como traços estilísticos períodos longos, cuja pontuação imprime um ritmo de desespero e desregramento a que o eu lírico se entrega. 11. Assinale a alternativa em que a explicação NÃO corresponde à regra árcade indicada: a) Fugere urbem: os árcades defendiam uma vida simples e natural, junto ao campo, longe dos centros urbanos e dos palácios do poder. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização corrompe o homem, que nasce naturalmente bom. b) Locus amoenus: no plano amoroso da poesia árcade, quase sempre há um pastor que confessa seu amor por uma pastora. c) Aurea mediocritas: o equilíbrio vale ouro, ou seja, deve-se viver tranquilamente, sem grandes preocupações. d) Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível tema já bastante explorado no Barroco é retomado pelos árcades e faz parte do convite amoroso. e) Inutilia truncat: eliminar os excessos,optando por uma linguagem simples, sem complicados torneios verbais. 5
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