Conteúdo: Direitos da Personalidade - Direito ao Nome. Pessoa Jurídica.
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- Manuel Bennert Palma
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1 Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Civil (Parte Geral) / Aula 08 Professor: Rafael da Motta Mendonça Conteúdo: Direitos da Personalidade - Direito ao Nome. Pessoa Jurídica. 4. Espécies de Direitos da Personalidade: 4.2 Direito ao Nome (arts. 16 a 19 CC; Lei 6015/73 - Registro Público): O nome é a principal forma de identificação da pessoa (natural ou jurídica). Não é só um direito, mas também uma obrigação (proteção de terceiros). Art. 54 da Lei nome e prenome. Art. 16 CC - ognome - identifica a ancestralidade - "filho, júnior, neto" ( cai muito na FCC). Recusa em realizar o registro do nome (art. 55, p. único da Lei 6015) - o oficial do Cartório tem o direito de recusa quando o nome expõe a pessoa ao ridículo. Alteração do nome (art. 57 da Lei 6015): Antes das alterações da Lei de Registro Público em 2009, o nome não podia ser modificado. O rol de hipóteses de alteração do nome é exemplificativo, sendo a única exigência que a decisão seja motivada. Obs: Ver decisão do STJ sobre alteração de nome - caso "Maria Raimunda" - (REsp /RJ). Maria Celina Bodin - "Danos à pessoa humana" e "Casos controvertidos" a alteração de nome não pode ser um mero capricho, sendo necessário fundamentar que o nome impede a pessoa de exercer os atributos da personalidade. Processo TRF2 - negou a supressão do sobrenome "Silveirinha", pois consideraram que o motivo não justificava a alteração do nome.
2 No caso, os filhos desejavam retirar o nome do pai em razão de condenação criminal deste. Anderson Schreiber - o nome deve ser alterado sempre que impedir o livre desenvolvimento da personalidade daquele ser humano. Art. 17 CC: Críticas: Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. O art. 17 disciplina o uso alheio de determinado nome. Uma interpretação a contrário senso dá a impressão que se pode utilizar o nome alheio quando não o leva ao desprezo público, sendo esta uma conclusão equivocada. Portanto, ainda que não se leve ao desprezo público a utilização do nome alheio pode ser proibida. A redação do art. 17 do CC generaliza a proibição. No entanto, é permitida a utilização do nome alheio que leve a desprezo público quando em favor do direito à informação (direito ao nome x direito à informação). A proteção do direito ao nome independe da violação de outro direito da personalidade (direito à honra) Art. 18 CC: Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Viés patrimonialista adotado pelo legislador - "propaganda comercial". O nome deve ser protegido independentemente de aferição de vantagem econômica por terceiro. Em uma interpretação a contrário senso, seria possível a utilização de nome alheio sem autorização em propaganda não comercial (propaganda ideológica, eleitoral), o que está equivocado. Isso porque, sem autorização, o uso de nome alheio é proibido em qualquer tipo de propaganda, seja comercial ou não. Portanto, o rol do art. 18 CC - propaganda comercial - é exemplificativo. Art. 19 CC - Pseudônimo: Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
3 Nada impede que o apelido seja incorporado ao nome, sendo esta alteração simples realizada no cartório (ex: Lula - Luiz Inácio Lula da Silva). Porém, ainda que não haja opção por incorporar o apelido ao nome, o pseudônimo poderá ser registrado no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) para fins de proteção. Em casos de conflito, os tribunais utilizam como critério a anterioridade do registro (Ex: Tiririca), sendo este criticado pela doutrina. Nesse sentido, Anderson Schreiber defende que a anterioridade no uso e o alcance social do pseudônimo deve prevalecer em face do registro. Alteração do nome relacionado ao gênero: Atualmente, é pacífico o entendimento pacífico no STJ de que a alteração do nome é permitida quando foi realizada a cirurgia de mudança de sexo. A discussão gira em torno da possibilidade de alteração do nome sem a cirurgia de mudança de sexo. Outro tema que vem sendo debatido no âmbito dos Cartórios de Registro Civil é a necessidade ou não de publicização nos casos de alteração do nome relacionada ao gênero. Obs: A pessoa quando completa 18 anos tem o prazo de 2 anos para requerer a alteração administrativa do nome, de forma motivada, sem a necessidade de procedimento judicial PESSOA JURÍDICA - 1. Pessoa Jurídica na perspectiva civil-constitucional: Com o fenômeno da constitucionalização, todos os institutos de direito civil foram redefinidos a partir dos pilares constitucionais da dignidade, solidariedade e igualdade. Assim, a pessoa jurídica deve ser vista como instrumento de promoção da dignidade humana, assim como a família. Nesse panorama, temos a função social da empresa. Na jurisprudência, temos várias decisões sobre a função social da empresa - acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades especiais, meia entrada para estudantes, extinção de torcidas organizadas como ocorreu no TJ/SP que extinguiu temporariamente a Gaviões da Fiel,
4 com base no não cumprimento da função social (violação dos atributos da pessoa humana). 2. Conceito: Pessoa Jurídica é o conjunto de seres humanos ou de bens constituídos na forma da lei, afetados a uma destinação específica, com personalidade jurídica distinta da dos seus integrantes (Conceito clássico - Caio Mário). Obs1: A possibilidade de constituição da EIRELI, constituída por apenas uma pessoa natural, relativiza o conceito de pessoa jurídica como conjunto de seres humanos. Obs2: A pessoa jurídica formada por conjunto de bens são as fundações, que podem ser públicas, privadas ou públicas de direito privado. Obs3: A pessoa jurídica tem personalidade distinta da dos seus integrantes - Princípio da Separação das Personalidades, que no Código Civil de 1916 era tratado de forma absoluta. Atualmente, este princípio é relativizado por meio da desconsideração da personalidade jurídica. 3. Classificação da Pessoa Jurídica: Quanto à nacionalidade (art. 176 CF): Nacional - o art. 176 da CF elenca as atividades que somente poderão ser exercidas por pessoa jurídica nacional Estrangeira Quanto à estrutura interna: Universitas bonorum - fundações (universalidade de bens) Universitas personarum - sociedades ou associações (universalidade de pessoas - affectio societatis) Universalidade de pessoas: Obs1: Liberdade associativa (art. 5º, XX da CF) - direito fundamental. Destaca-se que as entidades sindicais tem natureza associativa.
5 Obs2: Art. 8º da CF - a lei não pode exigir a autorização do Estado para a fundação de sindicato. Isso porque o Estado não pode intervir nas entidades sindicais ( o último informativo do STF tratou muito da liberdade sindical) Obs3: A associação tem legitimidade para impetrar MS coletivo (art. 5º, LXX da CF) - exemplo de legitimidade extraordinária. Súmula 629 STF- A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. Quanto à natureza jurídica: Direito Público Interno - art. 41 (cai muito na Magistratura (VUNESP) e concursos federais) Direito Privado - art. 44 Externo - art. 42 Obs1: Art. 41, IV CC - "inclusive as associações públicas" = associação que administra o Consórcio Público. Obs2: Pessoa jurídica de direito público interno - o rol do art. 41 do CC é exemplificativo (inc. V - "demais entidades de caráter público criadas pela lei"). Obs3: Quais são as pessoas jurídicas de direito público com estrutura de direito privado citadas no parágrafo único do art. 41 do CC? Fundações Públicas e entes de fiscalização profissional. Qual a natureza jurídica dos bens dessas pessoas jurídicas? Bens públicos dominicais (art. 99, p.único CC). Enunciado 141 CJF: Art. 41: A remissão do art. 41, parágrafo único, do CC às pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, diz respeito às fundações públicas e aos entes de fiscalização do exercício profissional.
6 Obs4: Pessoa Jurídica de direito privado - o rol do art. 44 é exemplificativo. Enunciado 144 CJF: Art. 44: A relação das pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil, não é exaustiva. A doutrina majoritária considera o condomínio, principalmente o edilício, uma pessoa jurídica de direito privado (e não mais um ente despersonalizado). Enunciado 90 CJF: Art : Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao condomínio edilício nas relações jurídicas inerentes às atividades de seu peculiar interesse. 4. Início da personalidade: O início da personalidade da pessoa jurídica ocorre com o registro dos seus atos constitutivos, que possui natureza constitutiva (# pessoa natural - natureza declaratória - nascimento com vida). Obs: Art. 36 da Lei 8934/94 - registro público de Empresas Mercantis. O registro dos atos constitutivos da pessoa jurídica tem efeito retroativo de 30 dias para conferir regularidade aos atos praticados pela PJ nesse período.
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