AVALIAÇÃO ECOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS
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- Mirela Macedo Faro
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1 AVALIAÇÃO ECOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS Claudia Berlim de Mello PPG Educação e Saúde - UNIFESP Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil/NANI
2 Funções executivas Conjunto de processos cognitivos que, de forma integrada, permitem ao indivíduo direcionar comportamentos a metas, avaliar eficiência destes comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras mais eficientes e, deste modo resolver problemas a curto, médio e longo prazo (Malloy-Diniz, Fuentes, Sedó & Leite, 2008)
3 Funções executivas - domínios Inibição / Controle inibitório - controle de interferências, inibição de respostas automáticas, automonitoramento Flexibilidade cognitiva - capacidade de mudar a linha de raciocinio ou execução quando de mudanças na atividade Memória Operacional - atualização, alternância e manipulação mental de informações Miyake et al, 2000
4 Funções executivas quentes (hot) e frias (cold) Quentes Processos motivacionais e emocionais Modulação do afeto e das respostas emocionais Cognição social percepção afetiva e reconhecimento das expressões emocionais em faces Frias Memória operacional Planejamento e organização da ação Flexibilidade cognitiva Zelazo & Carlson, 2012
5 Componentes das FE Memória Operacional Controle inibitório Flexibilidade Cognitiva FE complexas Raciocinio / Resolução de problemas / Planejamento Inteligência Fluida Diamond, 2013
6 F.E. e Inteligência Inteligência cristalizada (Gc) Aquisição de conhecimentos formais, compreensão de relações entre conceitos Inteligência fluida (Gf) Habilidades para resolver problemas novos Flexibilidade Memória operacional Controle inibitório Friedman et al. 2006
7 Memoria Operacional e Inteligência Fluida 122 crianças de 5 a 9 anos de idade (Luxemburgo) Matrizes coloridas de Raven (Gf) Habilidade de manutenção ativa de informação relevante à tarefa Working memory and fluid intelligence in young children (Engel de Abreu, Conway e Gathercole, 2010)
8 FE e desempenho escolar Podem explicar 40% da variação de resultados de alunos em testes de língua materna e 30% de matemática (Waber et al, 2006) Preditivas de desempenho em testes de habilidades matemáticas e leitura e escrita; impacto das habilidades de autorregulação na adaptação à classe (Neuenschwander, Röthlisberger, Cimeli e Roebers, 2012). Em crianças com dislexia: associado a melhor desempenho academico (Altemeier, Abbott e Berninge, 2008)
9 FE e desempenho em leitura 106 crianças (Bahia e SP), de 6 a 8 anos, bons e maus leitores Análise de componentes principais com 12 testes de FE identificou 4 fatores: Memória Operacional/Flexibilidade Cognitiva; Supressão de Interferência; Atenção Seletiva; Resposta Inibitória Memória Operacional/Flexibilidade melhor preditor de leitura PMJ. Engel de Abreu, N Abreu, C. Nikaedo, ML. Puglisi, CJ. Tourinho, MC. Miranda, DM. Befi-Lopes, OF. A. Bueno and R.Martin. (2014) Funcionamento executivo e desempenho em leitura na escola: um estudo de crianças Brasileiras identificadas por seus professores como Maus Leitores. Frontiers in Psychology. 5:550
10 FE e habilidades sociais Agir com competência no contexto social: Comunicar sentimentos, opiniões e necessidades em função das demandas sociais; Autocontrole; Assertividade na resolução de problemas sociais; Comportamento pro social (empatia, cooperação) FE Quentes Autorregulação - Controle do comportamento por representações internas orientadas para um plano social futuro - influência sobre a aprendizagem (Barkley, 2001)
11 Programas de intervenção em FE em crianças Sentimentos de vínculo e apoio social Autoconfiança, senso de auto eficácia Concentração Foco, disciplina, armazena mento de sequencias complexas na MO, adaptação a mudanças Melhora do desempenho acadêmico Adele Diamond (2012) Activities and Programs That Improve Children s Executive Functions; Current Directions in Psychological Science 21(5)
12 Aspectos da avaliação de FE em crianças Construto teorico multidimensional / Neurodesenvolvimento Avaliação isolada dos diferentes componentes das FE Avaliação isolada de outras habilidades cognitivas Adaptação do nivel de dificuldade e complexidade das tarefas nas diferentes idades Variaveis da tarefa: natureza da codificação (semântica, não semântica) e da modalidade (visual vs auditiva) dos estímulos; Validade ecológica
13 Avaliação de controle inibitório em préescolares O urso é bonzinho, nós fazemos o que ele nos pede para fazer. O dragão não é, nós não fazemos o que ele nos pede para fazer. Bear and Dragon test (Reed, Pien e Rothbart, 1984)
14 Controle inibitório - Stroop de animais NOMEAÇÃO Verbalizar o nome do animal CONFLITO (STROOP) Verbalizar o corpo do animal e inibir a cabeça de outro animal CONTROLE Verbalizar o corpo sem a interferência (forma geométrica) CARVALHO, C. F. ; ANDRADE, N. C. ; MIRANDA, J. G. V. ; AGUIAR, Q. ; CORREIA, T. ; MELLO, C. B. ; ABREU, N. Estudo Piloto da Tarefa de Stroop Animal: Uma medida de Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva para Crianças. In: V reunião Anual IBNeC, 2014, J.Pessoa.
15 Tarefas informatizadas e tradicionais (Engel de Abreu et al, 2014)
16 Validade ecológica Validade ecológica dos testes relação funcional e preditiva entre o desempenho da pessoa nos instrumentos e seu comportamento em situações do mundo real (Sdorbone e Long, 1996); Avaliação compreensiva das FE na infância deve levar em consideração comportamento no contexto social Procedimentos de avaliação funcional; Inventários comportamentais (pais, professores, pp criança)
17 Avaliação ecológica/funcional das FE Propor uma tarefa do dia a dia Organizar a mochila Preparar um lanche Planejar uma viagem Avaliação dinâmica níveis de mediação 1. Chamar a atenção você acha que está bom? 2. Repetir as instruções (não compreendeu? Motivação?) 3. Dizer que há um erro está faltando alguma coisa! 4. Apontar o erro você esqueceu de colocar Dar o modelo deixa eu te mostrar...
18 Children s Kitchen Task Assessment 2007 Kristy Rocke Paige Hays Dorothy Edwards Christine Berg The Children s Kitchen Task Assessment
19 ORGANIZAÇAO DA TAREFA Objetivo: analisar o nível de assistência para concluir a tarefa, não se consegue executar (Aprendizagem sem erro) Avaliação conforme nível de assistência necessária: sem pistas(0) orientação verbal(1) orientação gestual (2) ajuda direta verbal (3) ajuda física (4) fazer pelo participante (5)
20 Habilidades avaliadas Iniciação Planejamento/sequenciação execução dos passos da tarefa na ordem apropriada Julgamento de segurança criança prevê ou evita situações de perigo (ex: não pegar o recipiente se está quente) Memória operacional lembrar ingredientes, passo atual Conclusão da tarefa colocar a massinha no saco plástico Rocke, R. et al (2008) Development of a performance based assessment of executive function: the Children s Kitchen Task Assessment. American Journal of Occupational Therapy 2008: 62(5):
21 Behavior Rating Inventory of Executive Function (BRIEF) Objetivo: avaliar FE Idades: 5-18 anos; Versões: pais; professores; pessoal Reage com exagero a pequenos problemas. Quando são dadas três coisas para fazer, lembra somente da primeira ou da última. Não tem iniciativa. Fica chateado com novas situações. Tem explosões de raiva. Continua tentando a mesma abordagem para resolver um problema apesar de não obter um resultado positivo. Traduzido, adaptado e validado por Carim, Miranda & Bueno, 2011.
22 BRIFE- índices inibição/metacognição/memória operacional/planejamento organização
23 Objetivos da avaliação para reabilitação Quadro detalhado dos níveis cognitivos, emocionais e de funcionamento interpessoal; Habilidades moderadas ou forças compensatórias; Funções adaptativas; Meios efetivos para facilitar aprendizado e cognição; Avaliação de acompanhamento: desempenho-chave de áreas ao longo do tempo.
24 NANI / Experiência em Reabilitação Holística grupos de adolescentes com lesão cerebral Encontros semanais - Atividades individuais e coletivas Equipe interdisciplinar Abordagem ecologicamente válida da avaliação neuropsicológica entender a deficiência na vida real (Wilson, 2002;Wilson e Gracey, 2009)
25 Turma 1 - Participantes AJ MT HKT MS Menina, 13 anos Lesão congênita por hemorragia neonatal Queixas: dificuldades acadêmicas Menina, 13 anos Agenesia do Corpo Caloso Queixas: dificuldades acadêmicas, cognitivas e baixa autonomia Menino, 14 anos Paralisia cerebral diplegia espástica Queixas: dificuldades de socialização e acadêmicas, principalmente em matemática Menina, 14 anos Craniofaringioma Queixas: dificuldades motoras e para alfabetização
26 Avaliação em grupo Tarefa de Múltiplas incumbências Atividades coletivas - Ida ao supermercado, lanche coletivo; Organização passo a passo Mapa do entorno Definição de regras: 5 reais para cada um, compras delimitadas Observação: planejamento, autorregulação, habilidades adaptativas
27 Preparação da festa junina Observações: Tomada de decisão, planejamento, automonitoramento, trabalho cooperativo
28 AV Multi disciplinar Visitas Domiciliar/ escolar AV ECOLOGICA Hipóteses sobre as dificuldades (queixas) REAB
29 OBRIGADA! N A N I
30 Avaliação das FE Testes neuropsicológicos Observação sistemática do desempenho Inventários de comportamentos Escalas de desempenho intelectual
31 Funções executivas - habilidades Organização e planejamento da ação definição de estratégias Manutenção da disposição para agir - iniciativa Verificação e regulação da ação autorregulação Inibição seletiva do comportamento controle inibitório Adaptar plano de ação a mudanças na tarefa Flexibilidade mental Memória Operacional / Atenção seletiva e vigilância Resolução de problemas Controle emocional
32 TDAH Déficit primário: inibição de comportamentos (Barkley, 1997) Índice de regulação emocional
33 Dificuldade central no Transtorno do Espectro do Autismo Problemas no funcionamento executivo explicariam Comportamento rígido Dificuldade para se envolver em interações sociais recíprocas Auto regulação Perceber o todo Dificuldade para selecionar respostas adequadas a situações Cognição social Tendência a agir de forma perseverativa Intolerância a mudanças de rotina Neuropsychological Profile of Autism and the Broad Autism Phenotype Arch Gen Psychiatry. 2009;66(5):
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36 Psicometria X Funcionalidade Testes neuropsicológicos tradicionais Objetivo: isolar uma habilidade específica para análise detalhada Problemas: No cotidiano, diversas habilidades são exigidas numa mesma tarefa Medidas psicométricas VS vida real Tarefas distantes das exigências da vida real; Pouco eficazes para estimar ou predizer a natureza ou o grau de dificuldades nas AVDs
37 Ideal Combinação de métodos vinculados aos procedimentos de reabilitação; Tarefas próximas aos contextos naturais Ex: lembrar o nome de alguém ou onde um objeto foi colocado Medidas ecologicamente válidas
38 Testes formais Procedimentos ecológicos Escalas Observações
39 DESENVOLVIMENTO FE - Maturação cerebral Áreas frontais - últimas a amadurecer, maturação consolida-se na idade adulta jovem;
40 Desenvolvimento do controle cognitivo e emocional Da infância à adolescência Conexões CPF-amídgala: evitação de estimulos negativosperigosos Conexões CPF-estriado (accumbens): aproximação de estímulos positivos e de recompensa; regulação do input emocional sobre o comportamento dirigido a metas Hare &Casey, 2005
41 Provas tradicionais
42 Avaliação em grupo Foco: aspectos de identidade, habilidades sociais, funções cognitivas no contexto de atividades cooperativas (funcionamento executivo) Estratégias: construção de pasta individual com fotos, definição dos combinados do grupo (regras), execução de tarefas em conjunto
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