PROCEDIMENTOS PARA CONFECÇÃO DE DISPOSITIVO ADAPTADO: PONTEIRAS DE CABEÇA E QUEIXO. Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Filosofia e Ciências
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- João Gabriel Raminhos Estrela
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1 PROCEDIMENTOS PARA CONFECÇÃO DE DISPOSITIVO ADAPTADO: PONTEIRAS DE CABEÇA E QUEIXO Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Filosofia e Ciências UNESP/MARÍLIA. Financiador: PROEX Programa de Extensão Universitária da UNESP. RESUMO O objetivo do estudo é o de descrever os procedimentos para confecção de duas ponteiras, uma de cabeça e uma de queixo a serem utilizadas num centro de atendimento especializado. Este recurso é utilizado para acoplar-se à cabeça ou ao queixo auxiliando pessoas que tenham dificuldades na utilização dos membros superior e inferior para o manuseio de páginas de livros, teclas do computador e acionamento de botões. A partir do projeto Tecnologia Assistiva: confecção de recursos de baixo custo que ocorre no mesmo local, são produzidos recursos que se destinam aos pacientes da instituição. Palavras- chave: Ponteira. Dispositivo adaptado. Baixo custo. I - INTRODUÇÃO Segundo o Decreto nº 3.298, de 1999, da Previdência da Repúblicahttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/ DEC ?OpenDocument, a Deficiência física é conceituada como alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano que acarreta comprometimento da função física. (DECRETO ). Um estudo realizado por Castro et al (2008), demonstrou que a prevalência de deficientes físicos no Brasil está em terceiro lugar com 13,3% só perdendo para as deficiência visuais e auditivas respectivamente. Para os americanos, a deficiência trata-se de uma incapacidade que limita a realização de uma atividade principal da vida em comparação com uma pessoa média na população geral que a realiza com pouca ou nenhuma dificuldade. Essas atividades são citadas pela lei como andar, falar, respirar, executar tarefas manuais, ver, ouvir, cuidar de si mesmo, trabalhar, sentar, levantar, erguer e ler. (SMITH, 2005). Neste contexto destaca-se a prescrição dos recursos da tecnologia assistiva, que serão definidos a seguir. Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam
2 promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (TECNOLOGIA ). A tecnologia assistiva, tem como áreas de aplicação: adaptações para atividades da vida diária, sistemas de comunicação alternativa, dispositivos para utilização de computadores, unidades de controle ambiental, adaptações estruturais em ambientes domésticos, profissionais ou público, adequação da postura sentada, adaptações para déficits visuais e auditivos, equipamentos para mobilidade, adaptações em veículos. (ROCHA; CASTIGLIONI, 2005). Os recursos de acessibilidade ao computador são divididos em três grupos; adaptações físicas ou órteses que são utilizadas no corpo do indivíduo para facilitação a interação com o equipamento, conjuntos de hardware e de software sentido que permitam ser utilizados por pessoas com privações sensoriais e motoras. São exemplos de equipamentos de entrada os teclados modificados, os teclados virtuais com varredura, mouses especiais e acionadores diversos, softwares de reconhecimento de voz, ponteiras de cabeça, de queixo com luz ou sem. (BERSCH, 2008). As limitações do indivíduo com deficiência tendem a tornar-se uma barreira para seu aprendizado. (GALVÃO FILHO; DAMASCENO, 2008) Mais especificamente na deficiência física, a utilização da informática tem contribuído significativamente para o processo educativo, principalmente em favor dos alunos ampliando assim suas capacidades intelectuais e motoras. (BECK, 2007). Existem inúmeras possibilidades de recursos simples e de baixo custo, que devem ser disponibilizados nas salas de aula, conforme as necessidades específicas de cada aluno. II - OBJETIVO Confeccionar ponteiras de cabeça e de queixo para pacientes com deficiência física de um centro de reabilitação no setor de Terapia Ocupacional. III - METODOLOGIA 3.1- Participantes Participaram da confecção da ponteira quatro pessoas; a terapeuta ocupacional, supervisora do grupo, e mais três alunos do curso de Terapia Ocupacional Local Setor de Terapia Ocupacional do Centro de Estudo da Educação e da Saúde (CEES) da UNESP, Campus de Marília/FFC Materiais e Equipamentos Foram utilizados os seguintes materiais para a confecção das ponteiras: termoplástico para a estrutura da coroa acima da cabeça, EVA suficiente para o revestimento da estrutura, velcro autocolante para fixação e regulagem, aquecedor elétrico para modelagem do termoplástico, tesoura multi-uso para o recorte do mesmo, lápis de borracha na ponta para utilizar com a digitação, como virador de
3 página ou para o acionamento de botões e fita métrica para obtenção de medidas de um dos e um teclado de computador para a realização dos testes Procedimentos para a coleta de dados Devido à necessidade na Instituição, foram confeccionadas de forma experimental as ponteiras de queixo e cabeça com os materiais citados a cima. O procedimento para a coleta de dados foi baseado em quatro etapas: 1) Reunião com a equipe para a escolha do modelo do recurso; 2) Verificação da disponibilidade de materiais presentes na instituição; 3) Confecção dos recursos adaptados; 4) Teste de funcionalidade; IV - Resultados e Discussões Durante a reunião realizada entre os ficou decidido que seriam confeccionados dois dispositivos alternativos, uma ponteira de queixo e uma ponteira de cabeça. Os materiais disponíveis na instituição e escolhidos para confecção do recurso foram: termoplástico, aquecedor elétrico de termoplástico, EVA, velcro, tesoura multi-uso para termoplástico, lápis, borracha para colocar na ponta do lápis, cola de contato, fita métrica. É importante ressaltar que os materiais utilizados são de baixo custo, que vai ao encontro dos objetivos do projeto. A etapa 3 ocorreu da seguinte forma: inicialmente foram obtidas a medida do perímetro da região superior da cabeça para a ponteira de cabeça e uma outra medida da região temporal até o queixo para a ponteira de queixo. A partir daí, no próprio termoplástico foram desenhados os moldes em formato de retângulo com respectivamente 40cm de comprimento e 3cm de largura e 30cm de comprimento e 3cm de largura. Os recortes dos moldes foram realizados com a tesoura multi-uso. As estruturas foram colocadas no aquecedor elétrico para os acabamentos e modelagens na própria face do aluno escolhido para os testes de funcionalidade. Após a secagem do material, para encapar as estruturas com EVA foi passada a cola de contato. Com uma tira de termoplástico reaproveitada, foram confeccionados os suportes para o encaixe dos lápis com as borrachas nas pontas. Esses suportes foram colados junto às duas estruturas esquentando-os para a fixação e centralização com o objetivo de melhorar sua eficiência. Os velcros auto-colantes foram utilizados para melhorar a estabilidade e segurança unindo as extremidades de cada estrutura. A etapa 4, foi realizada da seguinte forma: com a ponteira de queixo e a de cabeça foram realizados três testes para verificar a funcionalidade dos recursos confeccionados. No primeiro, o indivíduo participante utilizou os recursos para a digitação num teclado de computador. No segundo, a revista foi escolhida para verificar o desempenho do participante para virar as páginas. Já no terceiro, o pesquisador utilizou os recursos confeccionados para o acionamento de diversos botões, como o botão de ligar do computador, por exemplo. O material escolhido para a estrutura das ponteiras foi o termoplástico de baixa temperatura, porque o mesmo possui uma eficácia comprovada, devidos a suas características de conforto, praticidade e variações, no que diz respeito à espessura, cor, tamanho, rigidez e memória (AGNELLI; TOYODA, 2003). Ainda segundo as autoras, é indicado que os recursos de tecnologia assistiva sejam confeccionados individualmente para atender as necessidades de cada um, portanto
4 produtos pré-fabricados não tem a mesma eficácia do que os confeccionados para os pacientes. Outros fatores importantes para prescrição e confecção de recursos de tecnologia assistiva são: a aceitação social, a motivação para uso do dispositivo, além de sua aparência. É Importante levar em consideração esses fatores, pois influenciam muito no abandono do recurso adaptado, que se tornou frequente na prática clínica, e a principal consequência disso é o impacto negativo sobre a qualidade de vida do indivíduo (BRACCIALLI, 2007). Foi possível verificar a eficácia dos recursos confeccionados, após os testes realizados, já que o participante conseguiu fazer todas as atividades propostas, sem intercorrências em um tempo razoável. O participante não relatou diferenças significativas entre a função dos dois dispositivos. Com relação a atividade de virar as páginas, foi mais fácil realizá-la em uma revista, já que suas folhas são de menor espessura. Uma dificuldade observada durante o estudo é a questão estética do recurso e sua aceitação social, já que o mesmo não possui uma aparência esteticamente aceitável, o que dificultaria seu uso, e contribuiria para o seu abandono, portanto é importante que o paciente tenha desejo pelo uso do recurso, não se pode impor sua utilização. V - Conclusão Os recursos confeccionados foram eficazes na realização das atividades propostas, portanto podem ser utilizados por pessoas com deficiência física para a realização de atividades de vida diária, destacando-se seu uso para o acesso ao computador, que pode ser utilizado no contexto escolar, ampliando suas capacidades intelectuais. Mas é importante ressaltar que apesar do recurso cumprir seus objetivos, o mesmo não possui uma aparência esteticamente aceitável, o que limita seu uso e contribui para o seu abandono, portanto esses fatores devem ser levados em consideração no processo de prescrição e confecção de recursos de tecnologia assistiva. REFERÊNCIAS AGNELLI, L.B.; TOYODA, C.Y. Estudo de materiais para confecção de órteses e sua utilização prática por terapeutas ocupacionais no Brasil. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v. 11, n 2, p.83-94, jul./dez BECK, F.L. A informática na educação especial: interatividade e representações sociais. Cadernos de educação - UFPEL, Pelotas RS, v.28, p , BERSCHI R. Introdução à tecnologia assistiva, Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil (CEDI), Porto Alegre-RS, BRACCIALLI, L.M.P. Tecnologia assistiva: perspectiva de qualidade de vida para pessoas com deficiência. In: VILARTA, R; GUIERREZ, G L; DE CARVALHO, T H P F; GONÇALVES, A. (Org.). Qualidade de vida e novas tecnologias. Campinas: IPES, p , 2007.
5 CASTRO, S. S, et al. Deficiência visual, auditiva e física: prevalência e fatores associados em estudo de base populacional. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 8, p , DECRETO Nº 3.298, de 20 de dezembro de In: Presidência da república casa civil subchefia para assuntos jurídicos Disponível em: < Acesso em: 8 ago GALVÂO FILHO, T.F; DAMASCENO, L.L. Tecnologia assistiva em ambiente computacional: recursos para a autonomia e inclusão sócio-digital da pessoa com deficiência. In: Boletín del Real Patronato Sobre Discapacidad, Ministerio de Educación, Política Social y Deporte, Madri, Espanha. n. 63, p , Abril/2008. ROCHA, E. F.; CASTIGLIONI, M. C. Reflexões sobre recursos tecnológicos: ajudas técnicas, tecnologia assistiva, tecnologia de assistência e tecnologia de apoio. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, São Paulo SP, v. 16, n. 3, p , set./dez., SMITH, P. Lei dos Americanos Portadores de Deficiências: Adaptações para portadores de deficiências físicas. In: PEDRETTI, L.W; EARLY, M.B. Terapia Ocupacional Capacidades práticas para as disfunções físicas, 5ª edição, São Paulo: ROCCA, TECNOLOGIA Assistiva - Conceito. In: Comitê de Ajudas Técnicas, Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (CORDE/SEDH/PR) Disponível em: < > Acesso em: 8 ago
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