Licenças Livres resultam em Liberdade de Comunicação e expressão na Internet. Fedro Leal FRAGOSO 1 Universidade Paulista, Mestrado em Comunicação
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- Otávio Igrejas Palha
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1 Licenças Livres resultam em Liberdade de Comunicação e expressão na Internet Fedro Leal FRAGOSO 1 Universidade Paulista, Mestrado em Comunicação Resumo: Esse artigo pretende ampliar a discussão contra-hegemônica ao analisar a relação que há entre os suportes enquanto mediadores das relações sociais e o uso não comercial de ferramentas de comunicação. Ao tratar conceitualmente do licenciamento aberto na Internet como o alicerce da comunicação livre no ciberespaço, além da sua formatação no mercado de produção de idéias o enfoque recai também sobre a cultura livre digital, e a relação que há entre a comunicação social e o movimento do software livre como ferramenta para a iniciativa de modelos mais sustentáveis do uso de sistemas simbólicos sem foco no consumo. Ao discutir o processo de virtualização das cidades nas atuais sociedades pós-históricas, os sinais apontam para o alargamento da fratura social entre incluídos e excluídos da sociedade informacional. Isto tem consolidado as fronteiras da segregação entre os grupos sociais que incorporaram as tecnologias para melhorar suas condições de vida e trabalho, e aqueles que estão privados de seu acesso. O estudo propõe pensar em programas de desenvolvimento de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), especialmente orientados à inclusão digital, educação e capacitação técnica como um ponto de partida efetivo que agregue valor às políticas públicas e aos grupos sociais no sentido de reforçar a apropriação tecnológica e democratizar o sentido e o uso da Internet. Conclui-se que somente o uso de ferramentas de comunicação que não envolvam a lógica mercantilista poderá, em essência, democratizar o uso e promover a inclusão digital pela internet. Palavras-chave: comunicação livre, licença livre, liberdade de escolha. 1 Possui Graduação em Marketing pela Universidade Paulista (2006), Pós Graduado em Projeto e Desenvolvimento de Sistemas WEB pela UNIP, cursando Mestrado em Comunicação pela UNIP. Atualmente é Consultor de Tecnologia e Comunicação Web da Sociedade de Instrução e Beneficência. Professor Universitário na UNIP. Contato: 1
2 Introdução Há mudanças na sociedade e isso é, constantemente, observável pela/na mídia. A dinâmica social, que se altera a passos largos e velozes, é modificada e modifica os meios de comunicação culturalmente codificados. Portanto, lançar um olhar para os sistemas de mediação em suas transversalidades é um imperativo para compreensão da estrutura social. Neste artigo o interesse recai sobre a lógica disseminada pelos discursos que é a da mídia a serviço do mercado, ou sobre o mecanismo da hegemonia midiática sobre o as transformações tecnológicas destes meios e a necessidade imperativa de transformar essa lógica em modelos de negócio. Esse discurso é perverso, porque aponta para o consumismo. Ao mesmo tempo (e contraditoriamente) levanta importantes questões sobre essa supremacia midiática e traz indícios da existência de outros fatores que envolvem a relação entre ser humano e os meios de comunicação que não apenas o mercadológico. Esse artigo analisa essas duas faces, pretende ampliar a discussão contra-hegemônica ao analisar a relação que há entre os suportes enquanto mediadores das relações sociais e o uso não comercial de ferramentas de comunicação. A mídia indica Paiva (2004), é um esquema de produção e representação comprometida com as forças ordenadoras do mercado. O mercado, por sua vez, está comprometido com a manutenção da situação atual, que é a do consumismo. Outros autores, como Flusser (1985) e Baudrillard (1985), também argumentam essa relação da mídia com o mercado e do mercado com a manutenção de um estado social de atuação somente para o mercado. Pesquisadores como Pelegrini (2008), Contrera (2001) e Cazeloto (2008) vêm analisando esse fenômeno sob outra ótica que não é a da hegemonia mercadológica. Esse artigo vem ampliar essa discussão contra-hegemônica ao analisar a partir de uma leitura semiológica a relação que há entre a mídia enquanto mediadora das relações sociais e o uso de ferramentas de comunicação não comercial, que são chamadas de código aberto. O objetivo aqui é tratar das licenças livres na internet como o alicerce da comunicação livre no ciberespaço, além da sua formatação no mercado de produção de idéias e pensamentos sem censura. O enfoque recai também sobre a cultura livre digital, e a relação que há entre a comunicação 2
3 midiática e o movimento do software livre como ferramenta fundamental para a iniciativa da comunicação sem foco no consumo. Mídia, mediação e capital Não se pode colocar a alternativa simplista: é a imprensa (ou o cinema, ou o rádio etc.) que faz o público, ou é o público que faz a imprensa? (MORIN, 1987, p. 47) Morin indica que a relação que estabelecemos com a mídia é mais complexa do que a resposta para uma pergunta fechada cuja resposta possível seria somente um caminho. Analogamente, a pergunta não pode ser respondida como BRANCO ou PRETO, porque entre essas duas cores há uma infinidade de gamas de CINZA; dito de forma mais simples, a mídia ora influencia o público, ora o público influência a imprensa, mas há também outras possibilidades, como a mídia utilizada para divulgar terror (MELO NETO, 2002), para substituir os cultos religiosos (MARTINO, 2003), para modificar o imaginário (FORTUNATO, 2009), dentre outros. No meio de tantas possibilidades está a característica da mídia de unir e reunir as pessoas em torno de algo comum. Um ambiente comunicacional, disse Baitello Junior (2007, p. 5), não é apenas o pano de fundo para uma troca de informações, mas uma atmosfera gerada pela disponibilidade dos seres (pessoas ou coisas), por sua intencionalidade de estabelecer vínculos. Vínculo no sentido proposto por Pichon-Rivière (2000), ou seja, é sempre social. Aproveitando-se dessa característica, as instituições que operam a favor do mercado capitalista utilizam-se dos meios eletrônicos e da sua capacidade de produzir vínculos para vender seus produtos. Esse ato pode ser explícito, ao escancarar peças publicitárias nos sites de relacionamento, páginas de , sites de notícias ou de conteúdos específicos, como moda, comportamento e saúde. Mas esse ato também pode estar implícito, quando permite que os indivíduos tenham acesso ao meio eletrônico somente via programas cujas licenças sejam pagas; nesse sentido, a mediação característica acontece exclusivamente quando há ganhos capitalistas. Nessa direção, é possível indicar que há a manipulação social porque a liberdade de escolha fica reduzida a meios comerciais que tem por objetivo último o lucro da hegemonia dominante. Há um movimento contra-hegemônico, preocupado 3
4 em resgatar a cidadania pela inclusão digital de forma não comercial, que é a comunicação livre, promovida pelos pesquisadores da comunicação via código aberto. O papel da comunicação via código aberto na organização social Ao discutir o processo de virtualização das cidades nas atuais sociedades pós-industriais, André Lemos anunciou que o que está em jogo com as cibercidades é o intuito de lutar contra a exclusão social, regenerar o espaço público e promover a apropriação social das novas, até o momento, os sinais apontam para o alargamento da fratura social entre incluídos e excluídos da sociedade informacional. Isto tem consolidado as fronteiras da segregação entre os grupos sociais que incorporaram as tecnologias para melhorar suas condições de vida e trabalho e aqueles que estão privados de seu acesso. Entre as elites que criam hardware e softwares, adequados as suas necessidades, e as comunidades e populações carentes que não estão aptas a produzir e voltar a tecnologia para si. O cenário mundial para as indústrias de Tecnologia da Informação, TI (principalmente de telecomunicações, hardware, software e suporte), tem sido afetado por inúmeros fatores negativos que lhe impuseram um ritmo de crescimento reduzido, principalmente a partir do estouro da bolha da Internet, em Os próximos anos apontam o Brasil como um dos possíveis grandes mercados compradores de TI arrastado pela modernização administrativa dos governos e municípios e pela incorporação da telemática nas políticas sociais e educacionais. Um programa de desenvolvimento de TI, especialmente orientado à inclusão digital, educação e capacitação técnica pode ser um ponto de partida efetivo para consolidar uma indústria de hardware e software que agregue valor à economia nacional, baseado em equipamentos otimizados e softwares não-proprietários. Somente o uso de ferramentas de comunicação que não envolvam a lógica mercantilista poderá, em essência, democratizar o uso e promover a inclusão digital pela internet. 4
5 Referências bibliográficas BAITELO, Jr. N. Para que servem as imagens mediáticas? Os ambientes culturais da comunicação, as motivações da iconomania, a cultura da visualidade e suas funções. Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cultura, do XVI Encontro da Compós, na UTP, em Curitiba, PR, em junho de 2007 BAUDRILLARD, J. À sombra das maiorias silenciosas: o fim do social e o surgimento das massas. Tradução Suely Bastos. São Paulo: Editora Brasiliense, CAZELOTO, E. Inclusão digital: uma visão crítica. São Paulo: SENAC, CONTRERA, M. S. O Império dos Não-Sentidos - Visibilidade e Anestesia. In: X COMPÓS - Semana de Encontro da Associação Nacional de Programas de Pós- Graduação em Comunicação, 2001, Brasília. Anais do X COMPÓS, FORTUNATO, I. Shrek, ou como o ogro devorador é devorado pela mídia de massa. GHREBH, Vol. 2, nº. 14, FLUSSER, V. Filosofia da Caixa Preta. São Paulo: Hucitec, LEMOS, A. L. M. Cyberpunk: apropriação, desvio e despesa improdutiva. Revista FAMECOS, PUC-RS, Porto Alegre, RS, MARTINO, L. M. S. Mídia e poder simbólico: um ensaio sobre comunicação e campo religioso. São Paulo: Paulus, MELO NETO, F. P. Marketing do terror. São Paulo: Contexto, MORIN, E. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo 1 NEUROSE. Tradução de Maura Ribeiro Sardinha. 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, PAIVA, R. Minorias flutuantes: novos aspectos da contra-hegemonia. Campo Grande: Intercom, PELEGRINI, M. As inverdades, as meias verdades e as versões do Jornalismo. GHREBH, Vol. 1, nº. 11, PICHON-RIVIÈRE, E. Teoria do Vínculo. Tradução de Eliane Toscano Zamikhouwsky. São Paulo: Martins Fontes,
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