Rede Nacional de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública

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1 Código / Área Temática Educação Indígena Código / Nome do Curso Culturas e História dos Povos Indígenas Etapa de ensino a que se destina Educação Básica Pública Nível do Curso Aperfeiçoamento Rede Rede Nacional de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública Objetivos Geral Formar professores das redes das escolas municipais e estaduais com vistas a qualificar a abordagem das temáticas das culturas e história dos Povos Indígenas nas propostas pedagógicas e curriculares, visando a contribuir para a implementação qualificada da Lei /2008. Específicos Promover a formação teórica para a abordagem informada sobre as realidades contemporâneas dos Povos Indígenas no Brasil nas propostas pedagógicas das escolas. Oferecer formação para apropriação de referenciais conceituais para conhecimento e valorização da sociodiversidade indígena. Identificar e desconstruir noções equivocadas e preconceituosas sobre os Povos Indígenas, valorizando a

2 multietnicidade e a pluralidade cultural como patrimônio dos Povos Indígenas e da sociedade brasileira. Ampliar, por intermédio da EAD, o acesso às tecnologias educacionais para a formação docente. Ementa Formar professores das redes das escolas municipais e estaduais com vistas a qualificar a abordagem das temáticas das culturas e história dos Povos Indígenas nas propostas pedagógicas e curriculares, visando a contribuir para a implementação qualificada da Lei /2008. Fundamentos Teóricos e Metodológicos O tratamento das temáticas das culturas e história dos Povos Indígenas afirma alguns marcos conceituais relativos à sociodiversidade que toma por referência os projetos societários e identitários construídos autonomamente por cada povo indígena, às mudanças/dinâmicas sociais, às diferenças culturais, às relações interétnicas assimétricas, à territorialidade e sustentabilidade socioambiental e aos diferentes conceitos sobre cultura e suas implicações nas ideias construídas socialmente sobre os Povos Indígenas. Uma das ideias-chave para o tratamento das temáticas é o reconhecimento da multietnicidade e da pluralidade cultural. No Brasil contemporâneo existem mais de 239 povos indígenas (Censo IBGE, 2010) que, cultural e linguisticamente, representam uma magnífica soma de experiências históricas e sociais diversificadas, de elaborados saberes e criações, de arte, de música, de conhecimentos, de filosofias originais, construídos ao longo de milênios pela pesquisa, reflexão, criatividade, inteligência e sensibilidade de seus membros. (...) Sua variedade e sua originalidade são um patrimônio importante não apenas para eles próprios e para o Brasil, mas, de fato, para toda a humanidade (Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas/RCNEI, MEC, 1998). No entanto, os povos indígenas vêm sendo concebidos indistintamente, a partir da perspectiva do índio genérico, sem contemplar as especificidades em termos culturais, linguísticos, de histórias de contato com a sociedade nacional, de projetos de futuro e de presente, dos movimentos e entidades criadas em defesa de seus direitos, de sua inserção em espaços políticos e de gestão pública, de seu protagonismo frente às relações com o Estado brasileiro, suas instituições, e com a sociedade nacional. Na perspectiva da História, os Povos Indígenas, no processo de colonização, sofreram deslocamentos de seus territórios

3 tradicionais, foram forçados a se adaptarem aos processos de aldeamentos pluriétnicos para liberação de seus territórios para as novas atividades de ocupação das frentes colonizadoras (pecuária, mineração, busca das ervas do sertão etc.), vivenciaram grandes reduções no contingente demográfico causadas por massacres, por transmissão de doenças contagiosas, escravização (sendo chamados de negros da terra) etc. Esses processos afetaram os modos de viver dos povos, gerando reconfigurações ideológicas e sociais para enfrentamento da situação de contato com frentes colonizadoras. Daí se originaram narrativas míticas que atualizaram as cosmologias desses Povos, incorporando a presença do conquistador europeu e do neo-brasileiro. Desse modo é relevante conhecer essas narrativas e a memória oral dessa(s) História(s), no que aportam sobre sua(s) visão(ões) a respeito dos conquistadores e dos modos de viver, pensar e agir dos não índios atuais. Os Povos Indígenas são falantes de cerca de 274 línguas originárias (Censo do IBGE, 2010), a maioria delas em grave risco de extinção, dado o impacto da expansão do uso da língua portuguesa nos territórios indígenas. Essa diversidade linguística implica em enorme heterogeneidade de situações sociolinguísticas vivenciadas pelos povos em constante contato entre si e com falantes de língua portuguesa. Assim, os direitos linguísticos dos Povos Indígenas, assegurados na Constituição de 1988, trazem a atenção para as diferentes realidades das comunidades que fazem uso cotidianamente de uma ou mais línguas nativas, além da língua portuguesa e de outras utilizadas em regiões de fronteira internacional. Ao desenvolver o conhecimento sobre a diversidade linguística é importante situar-se no contexto crítico em que a língua portuguesa passa de língua de contato para primeira língua e tudo o que isso representa historicamente. Muitos povos indígenas, nesse processo histórico, foram forçados a deixar de falar suas línguas originárias e a adotarem a língua portuguesa. Assim, a chamada língua de contato vem adquirindo traços linguísticos específicos e peculiares, que denotam a diversidade cultural por meio da diversidade linguística. Essas variedades têm que ser levadas em conta frente à variedade de maior prestígio, pois espelham o pertencimento étnico. Título Concedido / Certificação Formação Continuada para a Implementação da Lei /2008

4 Metodologia A metodologia será desenvolvida de forma semipresencial com encontros presenciais e a distância a partir da interatividade do tutor com os cursistas, via internet, na plataforma Moodle. O curso terá como portais de referência, para o desenvolvimento das atividades, o Portal da Rede de Educação para a Diversidade e o Portal do Professor. Os tutores acompanharão os cursistas que poderão formar grupos de estudo a fim de facilitar a leitura, a compreensão e a elaboração de novos textos de maneira virtual na Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede. O curso estará disponível também off-line, por meio de material impresso e multimídia. A metodologia do curso contemplará o desenvolvimento de um percurso individual de aprendizagem, no qual o estudante compõe a sua trajetória mediante opção pelos módulos da formação. Modalidade de Ensino O Curso será desenvolvido de forma semipresencial com encontros presenciais e a distância a partir da interatividade do tutor com os cursistas, via internet, na plataforma Moodle. Curso com Oferta O curso pode ser ofertado interestadualmente a critério da IFES Interestadual Carga Horária O curso poderá compor um total de 240 horas com duração média de 6 meses Número de 35 alunos estudantes por turma

5 Periodicidade de I Módulo e VI Módulo Monitoramento Infraestrutura Recomendada Sala de Recursos Multifuncionais Localização da Escola Localização Diferenciada da Escola Custo/Aluno estimado R$ 1,70

6 Período de Oferta do Média de seis meses Curso Coordenação Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena/DPECIRER/SECADI - MEC responsável no MEC ou na CAPES

7 Organização do Curso (Módulos) Tipo Nome Modalidade Hora Hora Carga Carga Descrição da Subdivisão Aula Aula Horária Horária (Min.) (Máx.) Presencial Presencial Exigida % Exigida % (Min.) (Máx.) I EAD e Ferramenta Moodle semipresencial 20 EAD + Introdução à Educação para Diversidade II Conhecendo os Povos Indígenas no Brasil Contemporâneo semipresencial 50 A sociodiversidade indígena no Brasil - onde estão e quais são os povos indígenas; Territorialidade e povos indígenas - Dados gerais sobre a demografia indígena; Classificação dos povos indígenas pela diversidade linguística - troncos e famílias linguísticas; Direitos dos povos indígenas. III Estudo e análise das categorias de compreensão da diversidade sociocultural - reconhecendo preconceitos sobre os semipresencial 40 Análise das concepções e pré-conceitos referentes aos povos indígenas noções errôneas nas ciências sociais e no senso comum sobre a diversidade sociocultural: primitivo / bárbaro / selvagem / bugre / gentio / isolado/arredio / nômade, sedentário / silvícola / povos tribos, comunidades, etnia; primitivo / aculturado / integrado; branco / índio puro / índio

8 Povos Indígenas misturado; assimilação, civilização, integração, aculturação. imaginário do índio amazônico - estereótipos e preconceitos. IV Marcos conceituais referentes à diversidade sociocultural semipresencial 70 Conceitos de cultura - dinâmicas sociais em contexto de relações interétnicas; poder e desigualdade - assimetria nas relações interétnicas; História e Histórias dos Povos Indígenas - deslocamentos de territórios tradicionais/aldeamentos/ descimentos / guerras justas /redução demográfica/escravização; narrativas míticas que atualizaram cosmologias incorporando o conquistador europeu; concepções indígenas sobre o não índio; Movimentos Indígena e Indigenista - lutas dos povos indígenas na defesa dos seus direitos; concepções e práticas socioculturais dos povos indígenas cosmologias, processos próprios de aprendizagem; a oralidade como recurso de transmissão, produção / reprodução cultural memória oral; organização social, perspectivas políticas e culturais. Diversidade linguística e situação das línguas indígenas no Brasil contemporâneo. V Transformando a realidade: Projeto Pedagógico de Abordagem das Culturas e História dos Povos Indígenas semipresencial 30 Construção de um projeto pedagógico sobre os conteúdos do curso pelos participantes.

9 VI Seminários Locais de avaliação curso (presencial) Presencial 30 Avaliação do Curso e apresentações dos trabalhos finais. O módulo 2 é pré-requisito para os outros módulos. Os tempos presenciais deverão ocorrer durante todo o curso, como espaço de reflexão sobre os conteúdos e elaboração de projetos de pesquisa a serem desenvolvidos nas escolas. Os módulos 5 e 6 serão realizados com o objetivo de orientar os projetos de intervenção local (trabalho de final de curso) e a avaliação dos educandos. EQUIPE Categoria de Membro de Equipe Qtd. Função Função Mínimo Máximo Unidade de Referência Nível de Escolaridade Atribuição Outros Requisitos Formador 1 para cada 3 turmas Prof. Conteudista 1 bolsa para cada 10h Coordenador Institucional 1 por IPES

10 Coordenador 1 por curso Supervisor de Tutoria 1 Tutor 1 por turma Apoio Técnico e Apoio Administrativo 1 por curso Público Alvo Função Exercida Todas as prefeituras/secretarias municipais e estaduais que apresentaram demanda por essa formação no PAR dos Municípios/Estados que possibilitarem algum tipo de acesso à internet banda larga, seja na própria Secretaria de Educação, em Polos da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em Núcleos Tecnológicos de Educação (NTE) ou Pontos de Cultura com computadores disponíveis para usuários da rede de ensino durante cerca de 90 (noventa) minutos/dia. Prioritariamente, em municípios de baixo IDEB, inseridos nos Territórios Etnoeducacionais. Nível de escolaridade permitido Preferencialmente formação superior.

11 Área de Formação Todas as áreas de formação Disciplina(s) que leciona Todas as disciplinas, de acordo com o nível e modalidade de ensino. Etapa de Ensino em que Leciona Educação Básica Pública. Modalidade em que leciona Todas as modalidades. Outras Exigências Professores deverão estar em exercício nos sistemas públicos estaduais ou municipais. Curso disponível para demanda social? Sim. Percentual máximo de participantes na demanda social Reservar a porcentagem de 20% das vagas para demanda social. Público alvo da demanda social Integrante da Comissão Gestora dos Territórios Etnoeducacionais (TEEs) Integrante da Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena Integrante do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena Integrante de Fórum/Comitê ligado à temática da Educação Escolar Indígena Servidores da FUNAI

12 CONTATO NO MEC Telefone Principal (61) Telefone Adicional (61) Nome Rita Gomes do Nascimento Site Outras Informações O curso deverá aparecer no PDE Interativo. Os tutores dos cursos, preferencialmente, devem ser egressos das licenciaturas interculturais para a formação de professores indígenas. Bibliografia CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras: LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo, Brasiliense:l989. LEÔN-PORTILLA, Miguel. A Conquista da América vista pelos índios - relatos astecas, maias e incas. Petrópolis, Vozes:1984. LIMA, Antonio Carlos de Souza. Um Grande Cerco de Paz. Poder Tutelar, Indianidade e Formação do Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes, MONTEIRO, John Manuel. Negros da Terra. Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo, no séc.xvi. São Paulo: Companhia das Letras,

13 1999. TEIXEIRA-PINTO, Marnio. História e Cosmologia de um Contato: a atração dos Arara. In: ALBERT, Bruce & RAMOS, Alcida. (Org.). Pacificando o branco: Cosmologias do Contato no Norte-Amazônico. São Paulo: Ed. UNESP, LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: O que Você Precisa Saber sobre Os Povos Indígenas no Brasil Hoje. Coleção Educação para Todos. Série Vias dos Saberes, Volume 12. Brasília: Ministério de Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; Rio: LACED/Museu Nacional, FREIRE, José Ribamar Bessa. Rio Babel a história das línguas na Amazônia. Rio de Janeiro: Atlântica; EdUERJ, GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. (Org.). Índios no Brasil. São Paulo: Global, OLIVEIRA, João Pacheco de, FREIRE, Carlos Augusto da Rocha. A presença Indígena na formação do Brasil. Coleção Educação para Todos. Série Vias dos Saberes, Volume 13. Brasília: Ministério de Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; Rio: LACED/Museu Nacional, Povos Indígenas no Brasil, 1996/2000. Instituto Socioambiental. São Paulo: Videos: Índios no Brasil, Ministério da Educação, Programa TV Escola, 1998.