Fraude contra credores clássica = Transferência de bens realizada pelo devedor com o intuito de dificultar o adimplemento da obrigação:
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- Izabel Oliveira Figueiroa
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1 Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Civil (Parte Geral) / Aula 14 Professor: Rafael da Motta Mendonça Conteúdo: Fraude Contra Credores. Prescrição e Decadência. 6) FRAUDE CONTRA CREDORES (cont.): Fraude contra credores clássica = Transferência de bens realizada pelo devedor com o intuito de dificultar o adimplemento da obrigação: Transmissão gratuita (art. 158 CC) Insolvência (transmissão gratuita pelo devedor já insolvente ou quando a transmissão levar à insolvência) Transmissão Onerosa (art. 159 CC) - Insolvência + Notoriedade da insolvência = Conluio na fraude Para evitar a configuração da fraude contra credores (art. 160 CC): Pagar o preço de mercado + depositar em juízo + citação de todos os credores Anulabilidade x Ineficácia: De acordo com a interpretação dogmática, a fraude contra credores gera um negócio jurídico anulável (art. 171, II CC). Questão do Concurso Tabelionato Pernambuco: Crítica: No entanto, a doutrina critica a opção legislativa pela anulabilidade, pois a esta exige vício nos elementos essenciais do negócio jurídico, o que não ocorre na fraude contra credores. Diante disso, a doutrina defende a fraude contra credores gera a ineficácia em relação ao credor, haja vista que o instituto se destina a proteger o credor. Portanto, a fraude contra credores atuaria no plano da eficácia do negócio jurídico, e não da validade por ausência de vício. Ação Pauliana ou Revocatória: Configurada a fraude contra credores, poderão impugnar as transferências sob esta alegação somente o credor quirografário (sem garantia real) ou o credor com garantia real insuficiente (art. 158, caput e 1º CC). Fraude contra Credores Ação Pauliana ou Revocatória
2 A Ação Pauliana deverá ser proposta em face do devedor e de todos os adquirentes, constituindo um litisconsórcio passivo necessário. Muitos defendem que a fraude contra credores é o embrião da função social do contrato, em razão da possibilidade do credor responsabilizar terceiros estranhos à relação contratual pelo seu inadimplemento. O outro embrião está presente no direito do consumidor - fato do produto, casos em que haverá a responsabilização do fabricante. Os bens transferidos retornam ao patrimônio do devedor transmissão ineficaz (não recaindo diretamente sobre o patrimônio do credor). Obs1: Remissão de dívidas: A remissão de dívidas pode ser considerada hipótese de fraude contra credores? Sim (art. 158 CC). Art. 158 CC. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. Obs2: Dívida Prescrita: Se o cumprimento de obrigação natural (dívida prescrita) pelo devedor levá-lo à insolvência, o credor poderá ajuizar Ação Pauliana com o objetivo de impugnar tais pagamentos, fazendo com que o valor retorne ao patrimônio do devedor.
3 A obrigação natural é caracterizada pela irrepetibilidade, tendo em vista que apesar da pretensão do credor estar prescrita, o seu direito subjetivo não está. Esta hipótese de dívida prescrita caracterizando fraude contra credores configura uma exceção à irrepetibilidade das obrigações naturais como uma forma de proteção a terceiro de boa fé. Obs3: Ausência de notificação: Diante da ausência de notificação, a cessão de crédito será ineficaz em relação ao devedor: Art A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. Mesmo diante de ausência de notificação da cessão de crédito ao devedor, o cessionário poderá alegar fraude contra credores, a fim de impugnar transmissões gratuitas. Ademais, a própria citação da Ação Pauliana funcionará como forma de notificação do devedor. Art Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. Obs4: Garantia real sobre bem de família em relação a apenas um dos credores: O estabelecimento de garantia real sobre um bem de família afasta a garantia da impenhorabilidade. Se o devedor constituir garantia real sobre um bem de família em
4 relação a apenas um dos credores restará configurada a fraude contra credores em relação aos demais? CESPE Considerou hipótese de fraude contra credores, pois o devedor deveria constituir a garantia real sobre o bem de família, abrindo mão da impenhorabilidade, em relação a todos os credores. Segundo a Banca, a fraude contra credores decorre de qualquer conduta do devedor que venha a dificultar ou não privilegiar o pagamento da dívida PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA No CC de 1916, a grande preocupação da doutrina era criar critérios de diferenciação entre prescrição e decadência, tendo em vista estarem previstos no mesmo dispositivo. Atualmente, o CC/02 separa o prazo prescricional do decadencial: Prazo Prescricional arts. 205 (prazo prescricional ordinário aplicação residual = 10 anos) e 206 CC Prazo Decadencial todos os demais prazos. Prazos Prescricionais: Art A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Art Prescreve: 1 o Em um ano: I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
5 IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. 2 o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. 3 o Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de máfé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. 4 o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. 5 o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
6 II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. Diferenças Prescrição Decadência Direito Subjetivo é o poder que a lei confere ao indivíduo para exigir determinada prestação de outrem (condutas ou prestações). Quanto ao direito envolvido Quanto à sentença envolvida Quanto ao objeto Quanto aos prazos Sentença Condenatória Pretensão (art. 189 CC) dá exigibilidade ao direito subjetivo. Obs. A prescrição não extingue o direito subjetivo Prazos prescricionais obrigatoriamente estarão previstos em lei arts. 205 e 206 CC (art. 192 CC) Direito Potestativo É a possibilidade que a pessoa tem de influenciar a esfera jurídica alheia (conceito muito utilizado pela CESPE) - Ex. Divórcio. Sentença Constitutiva Direito Potestativo Obs: Nem todo direito potestativo tem prazo para ser cumprido (alguns poderão ser exercidos a qualquer tempo). Prazos decadenciais podem estar previstos em lei (espalhados pelo CC) ou decorrer do encontro de vontades. Obs1: Dívida Prescrita: Obrigação Débito (shulfd) Direito Subjetivo obrigação propriamente dita Responsabilidade (haftung) Pretensão obrigação sucessiva decorrente do não cumprimento do débito. Obrigação Civil = Débito + Responsabilidade Obrigação Natural = Débito (sem responsabilidade) Ex1. Dívidas de jogo (art. 814 CC) Ex2. Dívida Prescrita (art. 882 e 883 CC) a prescrição extingue a pretensão (art. 189 CC) ou seja, a exigibilidade do direito subjetivo.
7 Porém, aquele que cumprir voluntariamente a obrigação natural não poderá exigir de volta o que pagou porque o não há extinção do direito subjetivo irrepetibilidade da obrigação natural. Quais são as exceções à irrepetibilidade das obrigações naturais? 1. Proteção a terceiro de boa fé (fraude contra credores) 2. Proteção a incapaz construção jurisprudencial sistemática de tutela do incapaz presente no direito brasileiro. Prazo? Muitos defendem que seria o mesmo prazo da pretensão. É possível a compensação de dívida prescrita? Requisitos da compensação (art. 369 CC): dívidas líquidas, vencidas (exigível) e fungíveis entre si. Como a dívida prescrita não é exigível, não será possível a compensação. É possível novação de dívida prescrita? A novação consiste na extinção de uma obrigação pela criação de uma nova. A novação de dívida prescrita nada mais é do que uma renúncia tácita à prescrição, sendo admitida (art. 191 CC). Porém, considerando-se que o objetivo da prescrição é liberar o devedor, a doutrina contemporânea defende a interpretação sistemática do art. 191 c/c 202 possibilitando a renúncia à prescrição apenas uma vez. Sendo assim, a novação de dívida prescrita será admitida apenas uma única vez (despatrimonialização do direito civil e igualdade material na relação privada credor e devedor). É possível a constituição de garantia pessoal ou real para cumprimento de obrigação natural (dívida prescrita)? Sim, constituindo uma forma de renúncia da prescrição no limite da garantia prestada. # Dívida de jogo (art. 814 CC) proíbe a constituição de garantia, pois significaria uma legalização de jogos não regulamentados ao tornar a obrigação exigível.
8 Obs2: Supressio / Surrectio: Os institutos da supressio e surrectio serão aplicáveis nas hipóteses de exercício de direito potestativo sem prazo estabelecido: Supressio é a perda de um direito devido ao exercício tardio. Surrectio surgimento de um direito devido a uma situação jurídica consolidada no tempo. Concurso Petrobrás: A Petrobrás assinou um contrato de locação de determinado maquinário com uma empresa africana, constando duas cláusulas: 1) Após a assinatura do contrato, o locatário tinha 6 meses para devolver os bens locados sem qualquer ônus 2) Em caso de inadimplência do locatário, a Petrobrás teria 1 ano para cobrar os aluguéis em atraso Analise a validade das cláusulas: Cláusula 1 - Válida: A devolução dos bens locados pelo locatário decorre do exercício de direito potestativo, sendo o prazo decadencial, admitindo-se que seja convencionado pelas partes. a possível a Cláusula 2 Nulidade Absoluta (arts. 192 c/c 166, VI CC fraude à lei imperativa): Cobrar os aluguéis em atraso decorre do exercício de um direito subjetivo, sendo o prazo prescricional e este deverá estar previsto exclusivamente em lei.
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