Matéria/Aula : Direito Civil ( Contratos, Consumidor e Obrigações) / aula / facebook: Rafael da Mota Mendonça

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1 Turma e Ano: Flex B ( 2014 ) Matéria/Aula : Direito Civil ( Contratos, Consumidor e Obrigações) / aula 01 Professor: Rafael da Mota Mendonça rafaeldamota@gmail.com / facebook: Rafael da Mota Mendonça Conteúdo: Teoria Geral das Obrigações / Conceito / Classificação / Teoria Dualista. Bibliografia: Coleção do Nelson Rosenvald ( Obrigações), Cristiano Chaves ( contratos), Fabrício Carvalho( Obrigações) Ed. Impetus. (Livro objetivo de controvérsias e jurisprudências), Flávio Tartuce coleção de dir. civil de contratos ( É o melhor livro de todos em contratos). Início: Começaremos pelo Direito Obrigacional e depois o contratual Inicialmente, vamos dividir o estudo do direito obrigacional em 5 módulos sendo: 1º Módulo: Teoria geral do dir. obrigacional onde vamos estudar toda a parte conceitual e estrutural do dir. obrigacional. 2º Módulo: Teoria do adimplemento (como as obrigações são cumpridas (pelo pagamento ou sem pagamento). 3º Módulo: Teoria do inadimplemento (efeitos do inadimplemento e o que acontece quando no contrato uma das partes não cumpre o que foi acordado) Estudaremos a execução especifica, a mora, os juros, a cláusula penal, as arras, ou seja, a responsabilidade contratual. 4º Módulo: Modalidades de obrigações, a partir da ótica do adimplemento e inadimplemento. Obrigação de fazer, de não fazer, divisível, indivisível, etc... 5º Módulo: Transmissão das obrigações ( cessão de credito e assunção de dívidas ).

2 1º Módulo Teoria Geral do Direito Obrigacional Conceito de Obrigação: É um vinculo jurídico que une credor e devedor permitindo que o primeiro exija do segundo uma prestação economicamente apreciável. (Inspirado na doutrina de Caio Mário) Antigamente só eram prestações economicamente apreciáveis, hoje já não se vai pelo lado econômico. Art. 391, C.C e art. 591, CPC. Art Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. ( Hoje não é mais dessa forma, antigamente, era corporal e passou a ser com o tempo patrimonial, Porém, hoje em dia, sabemos que não é mais assim na prática). Art O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. A obrigação é um processo intersubjetivo que envolve direitos e deveres de natureza patrimonial e extrapatrimonial, permitindo que uma das partes (credor), exija a realização da prestação através da cooperação da outra parte (devedor). Ou seja, quer mostrar que a obrigação hoje tem caráter dinâmico, pois o credor pode exigir o cumprimento da prestação através da cooperação do devedor. A palavra da moda é processo intersubjetivo/obrigacional, pois exijo a realização da prestação através da cooperação do devedor. Os holofotes estão voltados para o devedor que deve cumprir a sua coobrigação. Esse processo intersubjetivo envolve direitos e deveres de natureza patrimonial e extrapatrimonial. Podem ser situações jurídicas existenciais que também são tuteladas( extrapatrimoniais). A obrigação que se dá pelo cumprimento de cooperação com o credor no processo, aparece na prática, senão vejamos alguns exemplos: Patrimônio mínimo do devedor que é preservado: - Bem de família - Responsabilidade subsidiaria do menor pelos danos causados. Art O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

3 Logo, o credor não exije o cumprimento da obrigação a todo custo, mas sim pela cooperação. Pra quem fizer prova para a DPGE, tem um excelente livro (Estatuto do patrimônio mínimo). Classificação das obrigações: Pode ser classificada a partir do seu número de objetos. O objeto da obrigação é a nossa prestação, pode ser de dar, fazer, não fazer, pagar. No direito processual é chamado de bem da vida. A classificação da obrigação se dá a partir do numero de obrigações Obrigação - Simples (aquela com apenas 1 prestação) Ex: Obrigação facultativa - Composta (aquelas com 2 ou mais prestações) Ex: Obrigação Alternativa Obrigação facultativa: é uma obrigação simples em que o devedor pode substituir a prestação devida por outra. Não tem previsão legal e depende de convenção das partes. Ela tem base somente na autonomia da vontade. Depende de expressa previsão contratual. Ex: Na prova cai a diferença entre obrigação facultativa e dação em pagamento. A resposta é que a obrigação facultativa é modalidade de obrigação, já a dação em pagamento é modalidade de pagamento. A obrigação facultativa precisa ser previamente convencionada no momento da celebração do contrato e a dação em pagamento não precisa ser previamente convencionada e se dá somente após o vencimento. Na obrigação facultativa é o devedor que tem a faculdade de substituir a coisa por outra e na dação em pagamento é o credor que pode consentir receber coisa diversa. Isso cai direto em concurso e com essa resposta leva ponto cheio na questão. Obrigação Alternativa: Obrigação composta em que o devedor cumpre apenas uma das prestações. Ex: Te entrego um carro ou pagar 20 mil reais. O devedor vai escolher quais das prestações irá cumprir. Nesse caso, em regra o devedor escolhe quais bem deseja. Chamamos a escolha feita pelo devedor de concentração do débito. Pergunta de prova: Em até quanto tempo antes do vencimento o devedor tem que concentrar o débito nas obrigações alternativas? No dia do vencimento? R: Não, temos um período que está no art. 571, do CPC, no capítulo de execução das obrigações e é de 10 dias antes do prazo para o devedor concentrar.

4 Art Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não Ihe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença. 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo marcado. 2o Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da execução. Teoria dualista das obrigações O Brasil adotou esta teoria e dividiu a obrigação em 2 momentos que são: Débito/debitum É a obrigação propriamente dita. Responsabilidade/obrigatio É uma obrigação sucessiva que decorre do não cumprimento do débito. Se não cumpre o débito/obrigação surge a obrigação sucessiva. Ex: Uma obrigação que tem esses dois momentos é chamada de obrigação civil, ou seja, tenho que pagar um debito e se não pago, posso aplicar multa, penhorar bem para o pagamento, etc... Tem que respeitar os limites do patrimônio mínimo. É possível ter débito sem responsabilidade e é chamada de obrigação natural. Tenho o direito mas não tenho a exigibilidade. Os 2 exemplos de obrigação natural é a divida de jogo (art. 814, C.C) e a dívida prescrita nos arts. 882 e 883, C.C. São os jogos socialmente aceitos, lícitos, mas não regulamentados, tais como sueca, buraco, etc... A dívida prescrita ( art. 198, C.C) diz que a prescrição extingue a pretensão que é a exigibilidade do direito). A principal característica da obrigação natural é que são irrepetíveis, ou seja, que uma vez cumprida a obrigação natural, quem pagou não pode exigir de volta a quantia. Se eu pago uma divida prescrita não posso exigir de volta, pois o credor tinha o direito subjetivo de receber.

5 Perguntas de prova: Quais são as exceções à irrepetibilidade das obrigações naturais? R: São irrepetiveis, mas temos exceções, que são : 1ª exceção - Para proteger incapaz se um incapaz cumpre obrigação natural, poderá exigir de volta o que pagou pelo sistema de proteção e vulnerabilidade dado ao incapaz no C.C. 2ª exceção: Pode ser mitigada para a proteção a terceiro de boa fé. Pode se aplicar essa exceção na fraude contra credores. Vejamos: C1 Credor Credor devedor C2 Credor Logo, pelo exemplo acima, o cara deve para um credor e mais 3 pessoas. C3 Credor A pretensão de C1, C2 e C3, já prescreveu. Mesmo assim, o devedor voluntariamente cumpre a obrigação natural e paga as dívidas prescritas. Em regra, o cumprimento é irrepetivel e o devedor não pode exigir de volta o que pagou, porém, se esse pagamento de dívida prescrita o leva a insolvência e prejudica o pagamento/cumprimento ao terceiro de boa fé, esse terceiro de boa fé pode fazer uso da Ação Pauliana, fundamentada em uma fraude contra credores. Nesse caso, ele vai impugnar o pagamento, fazendo com que esse pagamento retorne ao patrimônio do devedor. Vai anular o pagamento ou tornar ineficaz. A fraude contra credores, ocorre com qualquer postura do devedor que obste o adimplemento e esse é um dos casos. É possível compensar obrigação natural? R: Art A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. Devemos observar os requisitos da compensação no art. 369, C.C A dívida vencida, é a divida exigível e a obrigação natural não é exigível. Logo, não é possível compensar obrigação natural.

6 É possível fazer novação de obrigação natural? R: Essa obrigação nova será uma obrigação civil, exigível. Para responder, devo dividir a divida de jogo e dívida prescrita. Em relação a divida de jogo, no art. 814, 1º proíbe a novação por divida de jogo, pois acabaria regulamentando os jogos que não foram regulamentados pelo Legislativo. Expressamente o C.C neste artigo proibiu. Em relação a divida prescrita, estou renunciando a divida e na novação, ocorre uma renuncia a prescrição. Logo, é possível renunciar à prescrição? Sim, de forma expressa e tácita. Exemplo de renúncia tácita : Novação de divida prescrita (vou extinguir uma divida prescrita por uma prestação exigível). Art A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Art A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez. É possível a Constituição de garantias pessoais ou reais para o cumprimento de obrigação natural? R: Em relação a dívida de jogo, o art. 814, 1º proíbe a constituição de fiança para garantia de pagamento de divida de jogo. Interpretamos uma norma proibitiva ( art. 814, 1º) de forma restrita. Logo, as outras garantias seriam possíveis. Posição Majoritária. Temos uma outra orientação que diz que toda e qualquer garantia é proibida pois a intenção do legislador era de proibir que jogos não regulamentáveis se tornassem exigíveis. Em uma prova de múltipla escolha segue a lei e se for discursiva, coloca as 2 correntes. Porém se na prova perguntar se é possível a constituição de uma hipoteca para assegurar um pagamento de dívida de jogo? R: Sim, pois a lei só proibiu a fiança. Mas se for discursiva falar nas duas correntes. É possível constituir fgarantia pessoal ou real para dívida prescrita? R: Sim, art. 191, CC. Posso renunciar a prescrição e contrair garantia. Art A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.

7 Concluimos nesta aula, que existe a responsabilidade sem débito, como por exemplo: Ex1: O contrato de fiança, pois quem tem o debito é o locatário e a responsabilidade é do fiador. Não tem nome pra isso. Ex2: Responsabilidade do cônjuge pelas dividas contraídas pelo outro que repsonde pela sua meação. É a responsabilidade sem débito. Ex3: art. 592, CPC Responsabilidades executiva secundárias ( responsabilidades sem débitos) Art Ficam sujeitos à execução os bens: I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando em poder de terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. Fim da 1ª aula!!!