Da Cláusula Penal. Da Cláusula Penal. Da Cláusula Penal. Da Cláusula Penal. Do Adimplemento e Extinção das Obrigações

Transcrição

1 Do Adimplemento e Extinção das Obrigações TÍTULO IV Do Inadimplemento das Obrigações CAPÍTULO V 1 2 Conforme afirma Orlando Gomes, a cláusula penal, também chamada pena convencional, é o pacto acessório pelo qual as partes de um contrato fixam, de antemão, o valor das perdas e danos que por acaso se verifiquem em consequência da inexecução culposa da obrigação. Também conhecida como: Pena convencional Multa contratual 3 De acordo com Agostinho Alvim, a indenização pelo inadimplemento poderá resultar de três vias: (a) perdas e danos que são fixados pelo magistrado (fruto de apuração judicial) (b) juros moratórios determinados por lei (c) cláusula penal e as arras formas prévias de indenização, oriundas de negócio jurídico bilateral ou unilateral (testamento, por ex.), objetivando o cumprimento da obrigação principal 4 A Cláusula Penal assiste ao Credor Da mesma forma que as garantias especiais reais ou pessoais, a Cláusula Penal serve de garantia para o caso de inadimplemento ou do descumprimento culposo, parcial ou integral, da obrigação principal É um poderoso remédio de apoio ao pacta sunt servanda, pois desetimula o inadimplemento e reforça o princípio da segurança jurídica. 5 Natureza Jurídica da Cláusula Penal: Dúplice: Caráter ressarcitório: o credor fica dispensado de produzir provas em processo de liquidação, quanto aos eventuais danos emergentes e lucros cessantes. Caráter coercitivo: sua imposição é uma sanção de caráter punitivo que constrange o devedor a adimplir o contrato, reduzindo os riscos de descumprimento. Caráter acessório: uma vez que não existe caso o negócio jurídico não existe ou seja declarado nulo Conforme art. 416 do CC, não é necessário que o credor 6 alegue prejuízo para exigir a Cláusula Penal

2 Deve estar fixada antes de ser exigida Não precisa ser, necessariamente, dinheiro, pode ser uma obrigação de dar, fazer ou não fazer, ou um reforço a uma dada garantia Muitas vezes, a cláusula penal pode ser representada pela perda de um desconto, se o inadimplemento não se der em prazo hábil. Essa cláusula é conhecida como sanção premial. Pode ser estipulada para a ocorrência de: Inadimplemento absoluto; Inadimplemento parcial; Mora; ou 7 8 Descumprimento de alguma cláusula contratual específica. Modalidades 02 tipos: Cláusula Penal Compensatória Cláusula Penal Moratória Modalidades 02 tipos: Cláusula Penal Moratória: a cláusula penal é aquela instituída com o fito de preservar cláusula específica do contrato ou em virtude de mora do devedor. Será a multa exigida conjuntamente à obrigação principal não adimplida, com feição de indenização complementar (art. 411 do CC). O credor ainda deseja a obrigação porque ainda pode ser útil 9 10 Modalidades 02 tipos: Cláusula Penal Compensatória: é aquela que estipula multa para a total inexecução contratual, ou seja, nas hipóteses de absoluto descumprimento da obrigação ao tempo de seu vencimento. No instante do inadimplemento, o credor exigirá a pena convencional previamente pactuada e, em caso de recusa ao pagamento da multa, na maioria das vezes disporá de uma ação de execução, alicerçado em contrato subscrito por duas testemunhas título executivo extrajudicial. Aqui a cláusula penal tem feição de indenização substitutiva. 11 a cláusula penal moratória terá um valor reduzido, enquanto a cláusula penal compensatória, por substituir a própria prestação, apresentará soma elevada. Cumulação Contratual: é lícita a cumulação contratual de cláusula penais, moratória e compensatória, sendo os fatos geradores distintos. É igualmente pacífico cumular a Cláusula Penal com honorários de advogados, custas processuais e juros. Súmula 616 do STF: É permitida a cumulação da multa contratual com os honorários de advogado, após o advento do Código de 12 Processo Civil vigente.

3 Cumulação Judicial: o credor pode ingressar com ação pleiteando a obrigação principal, e, subsidiariamente, a cláusula penal, não podendo cumular os pedidos Obrigações indivisíveis: a cláusula penal só pode ser exigida na totalidade contra quem agiu faltosamente Obrigações divisíveis: só incorre na pena o devedor infrator, proporcionalmente à parte de sua cota É lícito estipular a Cláusula Penal e um Indenização Suplementar A Cláusula Penal dispensa a prova, a Indenização Suplementar não A soma da cláusula penal compensatória com a indenização suplementar poderá sobrepujar o valor da obrigação principal (art. 412 do CC). 13 Se não houver fixação prévia de Indenização 14 Suplementar, o Credor suportará o prejuízo excedente Redução Equitativa: O juiz pode reduzir o valor da Cláusula Penal se esta se mostrar desproporcional (art. 413 do CC) 15 Limites Legais às Cláusulas Penais Contratos de Compra e Venda: 10% sobre o débito (Lei 6.766/79 e Decreto-Lei 58/37) Condomínio Edilício: 2% sobre o débito (art , 1º, do CC) Obrigações de trato sucessivo (contratos de duração): 2% sobre o valor da prestação inadimplida Concessão de financiamento ao consumidor: 2% do valor da prestação (art. 52 do CDC) Lei da Usura: reputa inválida a cláusula penal superior a 10% sobre o valor da obrigação 16 Art Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. Art A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora

4 Art Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. Não confundir Alternativa com Obrigação Alternativa Art Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal Art O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. Cláusula Penal de 03 aluguéis frente ao atraso do aluguel mensal Art A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio Art Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota. Art Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação. Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena

5 Art Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. 25 Referência Toda a apresentação foi elaborada com base na seguinte obra: FARIAS, C. C., ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil: 2 Obrigações. 9 ed. rev. ampl. Atual. São Paulo: Atlas,