CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Fábio Cáceres. (Aula 16/05/2018) Obrigação de fazer e não fazer.

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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Fábio Cáceres. (Aula 16/05/2018) Obrigação de fazer e não fazer. 1ª opção: Exigir que o próprio devedor faça, sob pena de multa diária + P.D. 2ª opção: próprio credor fazer ou pedir que terceiro fazer com direito a ressarcimento a ser feito pelo devedor principal. Se for urgente a situação o credor pode fazer ou pedir que 3º faça, mesmo sem ordem judicial, assegurado o direito ao ressarcimento + P.D. 1

2 Para Maria Helena Diniz a diferença da obrigação de dar para a de fazer, é que na obrigação de dar consiste na entrega de um objeto ao credor sem que se tenha de fazê-lo previamente, e na de fazer consiste na realização de um ato ou confecção de uma coisa, para depois entregá-la ao credor. Obrigação de Fazer. A obrigação de fazer enseja a confecção do objeto a ser entregue posteriormente ao credor. Obrigação de fazer comum qualquer pessoa pode fazer, o credor contrata o devedor para que ele confeccione uma determinada coisa, mas não especifica como dever ser feito e nem por quem. Obrigação de fazer personalíssima quando for convencionado que o devedor cumpra pessoalmente a prestação, se torna personalíssima pelas características de quem desenvolveu a obrigação de fazer. 2

3 Inadimplemento na obrigação de fazer comum. Sem culpa extingue a obrigação. Relativo ainda tem interesse no objeto contratado, multa. Com culpa Absoluto não há por parte do credor interesse pela coisa, perdas e danos. A diferença do inadimplemento relativo para absoluto está ligado ao interesse do credor. No absoluto não tem mais interesse nenhum por parte do credor, cabe perdas e danos, pois, até o objeto obrigacional por ter um prejuízo irreversível se converte em indenização, reparação de dano ampla. Exemplos: Absoluto danos. entregar o vestido da noiva depois do casamento, cabe perdas e Relativo um mês antes do casamento vai provar o vestido, e este ainda não está pronto, inadimplemento relativo: pode requerer que o próprio devedor faça sob pena de multa diária mais perdas e danos se houver, para a aplicação da multa requer uma ação judicial. Na hipótese de urgência requer que a terceiro faça ou o próprio credor fazer, sem prejuízo de obter o devido ressarcimento do devedor inadimplente além de perdas e danos. A urgência é subjetiva. Art Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. 3

4 Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. Inadimplemento na obrigação de fazer personalíssima. É de suma importância que nas discussões jurídicas com objeto obrigacional de fazer, o profissional do direito se atenha, de forma redobrada, a maneira de construção do objeto, eis que a indiferença na realização da coisa torna a obrigação de fazer comum. Entretanto, se ao desenhar o objeto, o profissional destacar que o negócio se dá em razão das qualidades inerentes ao devedor, tem-se que esta obrigação de fazer é personalíssima. Sem culpa extingue a obrigação. Relativo Astreintes. Com culpa Absoluto Perdas e Danos. No inadimplemento relativo para que o devedor cumpra é possível exigir via judiciário a aplicação das astreintes conforme artigos 536, I e 537 CPC. O juiz pode conceder a multa indiferentemente do requerimento da parte, pois é direito processual (meio coercitivo). Exemplos: Relativo uma noiva contrata um famoso estilista para que ele faça seu vestido de noiva, fica convencionado que 30 dias antes do casamento deva ser feita a prova do vestido, contudo no dia da prova o vestido ainda não está pronto, o estilista está inadimplente, é possível ingressar no judiciário e pedir a aplicação de astreintes para obrigar o estilista a cumprir a obrigação. Por força do artigo 492 do CPC, o juiz não pode dar o que não foi pedido, assim o ideal é 4

5 quando ingressar com a ação pedindo que seja o réu coibido a fazer, pedir também a conversão caso não faça, como o exemplo abaixo. Art É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. Condene o réu a fazer imediatamente a obrigação personalíssima, sob pena de multa diária e caso o réu não cumpra na data máxima tolerável de X/X que seja convertido em perdas e danos, que será apurado em sede de liquidação de sentença Absoluto mesmo com a aplicação de multa diária o estilista não confecciona o vestido e a noiva casa com o vestido da avó, neste momento se deu o inadimplemento absoluto, cabe perdas e danos. Obrigação de não fazer. Para cumprir a obrigação de não fazer basta ser omisso, abster de praticar o ato. Se houver a pratica do ato tem-se que o devedor estará inadimplente. Entretanto, se a pratica do ato ocorrer sem culpa a obrigação estará extinta, mas se houver culpa o devedor devera desfazer o ato e responder por perdas e 5

6 danos, sendo certo que se não for possível desfazer o ato, o devedor responderá por perdas e danos somente. Inadimplemento. Sem culpa extingue a obrigação. Desfazimento da coisa + D.P. Com culpa Se não for possível desfazer, tudo se resolve em Perdas e Danos. Exemplos: Sem culpa Fábio compra uma casa em um condômino fechado onde as casas não têm muro sendo um padrão do condomínio, contudo, tem uma lei municipal que exige que todas as casas tenham muro. Fábio constrói o muro e fica inadimplente com o condomínio em sua obrigação de não fazer, contudo, extingui a obrigação, pois, não teve culpa. Com culpa se fizer o muro porque quer mais privacidade, ato de mera liberalidade, se for possível o desfazimento da coisa mais perdas e danos ou se não for possível desfazer, tudo se resolve com perdas e danos. Multa. Astreintes é a multa diária fixada pelo órgão julgador como sanção ao réu por descumprimento de ordem judicial na obrigação de fazer e não fazer, encontra amparo no CPC: Art No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de 6

7 tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto no art. 846, 1o a 4o, se houver necessidade de arrombamento. 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber. 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. (Grifo nosso). O artigo 536 do CPC preceitua a aplicação da multa na fase da execução, contudo, o artigo 537 do CPC deixa claro que pode ser em qualquer fase do processo. Também temos o artigo 139 do CPC, que prevê outras medidas cominatórias (por exemplo, apreensão de documento) em qualquer fase do processo, conforme segue: Art O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela duração razoável do processo; 7

8 III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; (...) (Grifo nosso). O artigo 412 do código civil prevê aplicação de multa e preceitua que o valor desta não pode ser maior que a obrigação principal, contudo, a multa prevista no artigo em questão está relacionada ao direito material, cláusula contratual, que não se confunde com a multa imposta pelo juiz de direito. Porém, tem juiz que utiliza este artigo para fundamentar a redução da multa aplicada no processo. Contudo, o novo código de processo civil no seu artigo 537, parágrafo 1º, deixa claro que só pode ser modificar ou excluir a multa vincenda, que vai vencer, as vencidas não podem ser modificadas. Art A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que: I - se tornou insuficiente ou excessiva; II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento. (...) (Grifo nosso). 8

9 Extinção das obrigações. DIRETA / NORMAL / NATURAL EXTINÇÃO INDIRETA / ANORMAL / ESPECIAL Direta a extinção natural se dá quando a obrigação é cumprida no tempo (dia), modo (cumpri a obrigação de fazer, não fazer ou dar) e lugar pactuado (casa do devedor). Extinção indireta. Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte. 9